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Monday, December 13, 2010

EU TE AMO!! coroa de sonetos 47
645




Sequer raiar aurora, a ansiedade
Não deixa e determina a negritude
Que toma todo o céu. Felicidade,
Longínquo e quase seco, arcano açude.

Apelos que eu já fiz sem ter resposta,
Convites esquecidos sobre a mesa.
Há tempos que eu perdi qualquer aposta,
O quanto que eu sonhara, sem defesa.

Envolto pelos braços do vazio
Saudade pelo menos, lenitivo...
Queria te dizer do vento frio,
Mas nada mais consigo, sobrevivo...

De tanto te esperar, chuva, tempesta.
Caricatura, apenas, o que resta...


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Caricatura, apenas, o que resta
Deste amor que arrasou o quarteirão,
Do quanto tive outrora riso e festa
Naufraga a mais sutil embarcação;

Projetos que eu tivera no passado,
Agora estão pra sempre engavetados.
Do amor um bandoleiro desarmado
Gravetos de arvoredos mal plantados.

Espinho que se encrava na garganta
Escravo desta imensa estupidez.
A deusa que se fez rainha e santa
Mostrando suas garras de uma vez.

Nas altas madrugadas te procuro,
Apenas o que vejo: o céu escuro...

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Apenas o que vejo: o céu escuro
Tomando todo o palco, amanhecer.
Sumindo pelas ruas, eu te juro
Que um dia ainda tento te esquecer.

A noite vai passando, eu na espera,
A moça diz que um dia vai voltar,
Quem sabe ela trazendo a primavera
De novo eu possa enfim recomeçar.

Faz tempo que saiu pra dar plantão,
Depois do carnaval, Vila Isabel
Pensei que ela voltasse, foi em vão,
Decerto noutra tenda faz seu mel.

Restando este vazio, e tanto anseio,
Aguardo um telegrama, carta, e-mail.

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Aguardo um telegrama, carta, e-mail,
Mas nada de notícias, vou à luta.
Apenas carregando este receio
Da vida que se deu em massa bruta.

Da brita da esperança faço a casa,
Porém ela não quer viver comigo,
Às vezes incendeia intensa brasa
Depois, virando o rosto: nem te ligo!

Amigo o quê fazer se eu gosto dela?
Perfuma mesmo longe, o meu jardim,
É filha com certeza da costela
Quebrada há tanto tempo dentro em mim.

Parece que é vingança desta moça,
Destino preparando cada troça!

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Destino preparando cada troça
Às vezes me pegando de surpresa
No fogo que queimou minha palhoça
Quem fora caçador agora é presa.

Bebendo uma cachaça no boteco
Eu vejo as belas pernas, rijas coxas,
Em pensamento; amigo, eu sempre peco.
Porém as esperanças ficam coxas

E nada do que eu quis se realiza,
Nem mesmo qualquer sombra de prazer.
Vivendo tão somente de uma brisa
Sem nada pra sonhar ou pra comer.

Eu sinto que talvez não tenha cura,
No amor que se fez mais bela moldura...


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No amor que se fez mais bela moldura
Encontro agora a chave do segredo,
Brotando dentre nós rara ternura,
Eu quero e te desejo desde cedo.

Não temas nosso passo em direção
Ao mais belo e sublime amanhecer,
O quanto nos devora esta emoção
Também já nos permite conceber

Em meio a tempestades, o sentido
Que faz a nossa vida ter um rumo,
O bem que eu te desejo, decidido
Permite finalmente um novo prumo.

O sumo deste encanto eu quero inteiro,
Vivendo amor intenso e verdadeiro...


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Vivendo amor intenso e verdadeiro
Não canso de querer e sempre mais.
Além deste desejo costumeiro
Não quero mais caminhos desiguais.

Seguindo par a par a mesma estrada
Olhando com firmeza a direção,
A vida se permite iluminada
Revigorando em paz, nossa emoção.

Repare na beleza do horizonte
Que a vida preparou só para nós.
Por mais que muitas vezes desaponte
A sorte vai firmando laços, nós.

Somente recolhendo o fruto bom,
A vida se promete em claro tom.


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A vida se promete em claro tom
Pra quem se dá com força e com vontade.
O tempo desejado, claro e bom,
Talvez possa impedir cruel saudade.

O quanto ela se mostra qual raiz
Que aos poucos vira praga no canteiro.
Um novo sonho muda este matiz
Permite muito além do corriqueiro

Um canto mais sublime que acalente
O peito em que se deu a solidão.
De toda esta esperança eu ando crente
Estando do teu lado. Eu cevo o chão

Plantando a fantasia no meu peito,
Espero na colheita, amor perfeito...

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Espero na colheita, amor perfeito,
Valorizando assim o jardineiro
Que tanto se dedica e deste jeito
Aguarda a flor mais bela do canteiro...

Sabendo ser possível nosso sonho,
Não temo mais sequer os vendavais,
O quanto eu te desejo e já proponho
Além do corriqueiro, muito mais.

Amor que não permita terremotos,
Que viva intensamente por si só,
Por mais distante, olhares tão remotos
Não deixe que se perca em fino pó

O amor que nos transforma e nos embala
Tomando toda casa, o quarto, a sala...

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Tomando toda casa, o quarto, a sala
Tristeza não permite mais que eu veja
Beleza aonde a vida não se cala
E a dor deste vazio inda poreja.

O quanto que eu te quero e nada vês
Talvez seja difícil conceber
No quanto eu te desejo, mas não crês
Distante dos meus sonhos de prazer.

Às vezes ao olhar o teu retrato,
Eu sinto o minuano me tocando.
Guaiaca vai vazia, adentro o mato,
Castelo de ilusões já desabando.

Percorro em pensamento, vou ao Sul,
Buscando o céu mais claro em pleno azul.


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Buscando o céu mais claro em pleno azul
Espaços percorrendo num segundo,
Olhar entristecido, o peito blues
Rondando vai ao léu, qual giramundo.

Tua presença está sempre comigo,
Embora não te veja junto a mim.
Imagem deslumbrante que persigo,
Carrego o tempo inteiro, sempre assim.

Olhando para os lados vejo um vulto
Andando passo a passo o tempo inteiro,
Amor sempre presente, embora oculto
Exala em fantasia, aroma e cheiro.

O quanto que eu te quero! Amor imenso;
Não sabes, mas somente nele eu penso...


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Não sabes, mas somente nele eu penso,
No amor que nos transtorna e nos domina,
Um sentimento enorme, firme e denso
A cada novo verso me alucina.

Quem dera flutuar, alçar espaços,
E junto a ti vencer as amplidões.
Estreitam-se deveras nossos laços,
Tocados pelo fogo em turbilhões.

Eu te convido agora para a dança
Que é feita com loucura e fantasia;
Felicidade plena já se alcança
No mundo em que o amor em sonhos cria

Levando ao mais sublime patamar,
Mostrando quanto é bom poder te amar...

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Mostrando quanto é bom poder te amar
Por tantas vezes tive a rara glória
De ter em minha boca e paladar
O gosto que transcende uma vitória

O fruto que eu julgara inacessível,
Desejo soberano e sem limites
Agora que percebo e sei ser crível
Imploro: meu carinho, não evites.

Seguindo cada passo que tu dás,
Encontro o que almejara a vida inteira.
O quanto em harmonia eu sinto a paz
Imensa e com certeza verdadeira

Transforma totalmente o que eu pensara,
Manhã vai se mostrando bem mais clara...


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Manhã vai se mostrando bem mais clara
Tomando toda a praia em raro sol
O verso mais audaz ora declara
O quanto sou de ti um girassol.

Os ventos assanhando os teus cabelos,
As marcas de teus pés na branca areia.
Delírios tão gostosos de vivê-los
Tanto amor adentrando em minha veia.

Sereia que se fez em fantasia,
Desejo te buscar a cada instante
As ilusões que amor, insano cria
Permitem cada raio deslumbrante.

Não suporto esperar, eis a verdade,
Sequer raiar aurora. Ansiedade
Publicado em: 24/02/2008 12:29:41
Última alteração:22/10/2008 17:28:39




EU TE AMO!! coroa de sonetos 48
659


Agora que percebo ser possível
Mesmo que inconstante coração
Demonstre um muro alto, intransponível,
Encontro as minhas asas na paixão.

Castelos de mentiras que criaste
Defesa em fortaleza, mas tão frágil,
O vento feito amor causa desgaste
O barco da ilusão cede em naufrágio.

Eu tenho estes momentos dentro em mim,
Recordações que vão e sempre voltam,
No amor que agora eu sei, não tem mais fim,
Supera mesmo as ondas que revoltam

Tomadas por procelas e tempestas
Amor vai adentrando pelas frestas...

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Amor vai adentrando pelas frestas
Sei que ao meu coração cabe escolher
O quanto de desejo já me emprestas
Atesta quanto eu posso recolher.

Tanto cabe sonhar com outros dias,
Caminhos que a saudade mal traçou
Deságuam nesta foz melancolias
Roubando o quanto o sonho me entregou.

Vou tentando; e daí? Nem mais pergunto
O todo não se prende num detalhe.
Contigo caminhando longe ou junto
O barco; jamais quero que se encalhe.

Nem mesmo que destrua ancoradouro,
O amor que eu preconizo: duradouro...

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O amor que eu preconizo: duradouro
Resiste a qualquer vento, estrela guia
No céu emoldurando este tesouro
O quanto brilha entorna poesia.

Domina os meus caminhos traça trilhos,
Estampa nos meus olhos universos,
Perpetuando o sonho em nossos filhos
Recolhe os pensamentos mais dispersos.

No verso da moeda, a solidão
Farrapo desgrenhado, este astro triste
Fazendo da alegria arribação,
Batendo em nossa porta, volta, insiste.

Antídoto perfeito para a fera,
Sorriso eternizando a primavera...


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Sorriso eternizando a primavera
Acalma um coração tão leviano
Cansado de sofrer a dura espera
Envolto em tanta dor e desengano.

Tramando o que sonhou felicidade
Depois de tantas vezes naufragar,
Mergulho em frias águas; na verdade
Não deixa que se veja o bem do mar.

Dragões, serpentes, lutas e procelas
O quanto imaginei enfim um porto,
Porém sempre faltavam tantas velas,
Deixando o cais distante, o sonho morto.

O canto que entoaste qual sereia,
Levando para a praia, ganha a areia...


663






Levando para a praia, ganha a areia
Depois de atravessar as pradarias,
Corcel que se encantou pela sereia
Em raras e formosas pedrarias.

Diamantino sonho segue os rastros
Deixados pela prenda em seu caminho.
Seguindo em noite clara, guias, astros
Bebendo da alegria o farto vinho.

Cansado de viver em desengano,
Eu me espalho agora pela vida,
Tocado pelo frio em minuano,
A sorte está decerto decidida.

Cevando todo o amargo da esperança
Felicidade imensa, amor alcança...

664





Felicidade imensa, amor alcança
Nas ondas em volúpia desenhadas.
O vento quantas vezes traz lembrança
Das horas que se foram, transtornadas.

Lateja dentro em mim esta vontade
Vencendo os desafios, refazendo
As sendas que vislumbram claridade
Espaços benfazejos percorrendo.

Da vida que se fez chuva e granizo,
No tempo em que sozinho eu hibernei,
Ao ter de uma esperança, enfim, o aviso
Nos braços deste sonho eu acordei.

Distante deste mar em turbulência
Nas mãos do imenso amor vejo clemência...


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Nas mãos do imenso amor vejo clemência
Rolando estas estrelas no meu céu.
Depois de tanto tempo em penitência
Sem nuvens, sobre mim um claro véu.

Não quero em minha vida validade,
Amor que necessito nem tem prazo,
A cura que se dá em liberdade
Não deve ser somente por acaso.

Tampouco nosso amor não tem limite
Nem mesmo se permite grade, algema,
No quanto neste sonho se acredite
Encontro a jóia rara em rica gema.

Da lama ao apogeu, tanto degrau
Amor vencendo a tudo, triunfal...

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Amor vencendo a tudo, triunfal
Desvenda tantas lendas no caminho.
O quanto eu te desejo sensual,
Acende em explosão e aquece o ninho.

No canto que se mostra fascinante,
Encantos que eu coleto vida afora,
A lua sorridente neste instante
Com raios prateados nos decora.

Na doce melodia, os madrigais
Convidam para o belo amanhecer.
Desejo e cada vez te quero mais,
Entranhas em perfume, todo o ser.

Servindo ao grande amor, não me interessa
Se a vida corre mansa ou vai depressa...

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Se a vida corre mansa ou vai depressa
O barco se livrando do naufrágio.
Desejo? Não conheço quem o meça,
É pago por quem ama, sempre em ágio.

O canto das sereias me convida
Ao gozo sem igual à lua cheia,
Ninguém do quanto eu quero mais duvida
Amor é festa imensa que recheia

O coração de um velho trovador
Deitando nas canções sua esperança,
Nos braços do poder transformador
A sorte se propõe em aliança.

A festa que fizeste dentro em mim
Alegra do começo até o fim...


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Alegra do começo até o fim
O sonho que me trouxe para ti.
Se o São Francisco eu trago dentro em mim,
Descendo para o Sul eu descobri

Nas margens do Guaíba uma sereia
Embora fluvial, seu canto atrai,
Do sertanejo mote em lua cheia
Na busca deste encanto o peito vai.

Nas águas azuladas deste rio,
O coração que em secas se criou,
Aos poucos sem domínio eu me vicio,
Bebendo deste amor que me tocou.

Descendo estas montanhas das Gerais
Encontro nas coxilhas o meu cais...



669

Encontro nas coxilhas o meu cais
Mineiro coração de um sonhador.
Um cantador de eternos madrigais
Percebe as mãos serenas de um amor.

Tomado pelo sonho imperioso
Urgência em ser feliz sela o cortejo.
Qual pavilhão do céu, maravilhoso,
A lua refletindo o meu desejo.

Encontro em passarela desfilando
As cores deste amor, raro troféu,
O vento da alegria me mostrando
Este azulejo imenso, claro céu.

Avenida em aquarela verdejante
Uma esperança em glória, radiante...

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Uma esperança em glória, radiante
Permite que se doure a fantasia,
Nos olhos de quem ama, num instante
A vida se transforma em tal magia.

Cobertos pelos imenso e claro manto,
Seguimos sem olhar sequer pra trás.
Desejo transformado em puro encanto
Promete esta colheita feita em paz.

Craveja em diamantes meu destino,
Criando um Eldorado em fortaleza.
Encanto deste sonho esmeraldino
Trazendo para nós farta beleza.

Na mão que acaricia e adoça a vida
De tantas expressões, a preferida...

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De tantas expressões, a preferida
Aquela que se mostra em puro ardor,
Servindo enquanto em luzes é servida
Traduz intensamente o bom do amor.

Teu cheiro se entranhando em minha pele
Teu gosto permanece nos meus lábios,
À dança interminável me compele
Os versos sedutores, belos, sábios...

Esplendores fantásticos sutis,
Vencendo assim receios e temores.
Podendo, finalmente ser feliz,
Deixando para trás velhos rancores.

Trazendo empolgação, tanta alegria,
Amor quando demais, já contagia...


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Amor quando demais, já contagia
E deixa a nossa casa em plena festa
Vivendo a mais sublime fantasia
A vida em esperanças, sorte gesta.

O quanto tantas vezes fui sozinho,
Um ledo caminheiro sempre ao léu,
O amor veio chegando de mansinho,
Abrindo uma porteira para o céu.

Capacho da tristeza, frágil cativo,
Não tinha outro estribilho, solidão;
Do sonho que alimenta e mantém vivo
A seca dominando o coração.

Tocar felicidade? É bem plausível,
Agora que percebo ser possível.
Publicado em: 24/02/2008 15:08:56
Última alteração:22/10/2008 17:28:34


EU TE AMO!! coroa de sonetos 49
673



O canto matinal dos passarinhos
Relembra antigos tempos de criança
Tocando levemente esta lembrança
Adoça com certeza os velhos ninhos

Sentindo mansamente os teus carinhos
Renova-se no meu peito uma esperança
E a glória de viver de novo alcança
Deixando para trás pedras e espinhos.

O quanto tantas vezes fui feliz,
O gosto alvissareiro da amizade
Permite bem mais firme cada passo.

Às vezes a tristeza contradiz.
Mas tendo um sonho feito em liberdade.
O meu destino agora eu já refaço...


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O meu destino agora eu já refaço
E traço com firmeza nova senda.
Ao ter bem junto a mim a bela prenda
Esqueço totalmente do cansaço

Buscando nestes céus maior espaço
Mistérios nossa vida, assim desvenda,
Deitando uma alegria em mesma tenda
Contigo caminhando passo a passo.

Recebo o teu gostar como reflexo
Do quanto que eu te gosto e te desejo.
Vibrando dentro em nós amor intenso.

A vida vai ganhando rumo e nexo,
Um paraíso em vida, enfim prevejo,
Sonhando com teu bem me recompenso...


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Sonhando com teu bem me recompenso
Concebo um dia claro e deslumbrante
O quanto é necessário que se cante
Mostrando este carinho tão imenso.

Em ti somente e sempre tanto eu penso
Não deixo de lembrar nenhum instante
Por mais que a vida às vezes desencante
Da força em sentimento eu me convenço.

Sentindo o teu perfume delicado,
Eu quero e necessito te dizer
Do amor que se mostrando sina e fado

Permite que eu sinta realizado;
Tocando a minha pele, o teu prazer
Deixando-me pra sempre apaixonado.


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Deixando-me pra sempre apaixonado
Um sonho em aliança já se espraia
Prossigo o meu caminho do teu lado
Avista-se do mar areia e praia.

A vida noutro tempo em amargura
Vivendo um temporal quase constante
Uma esperança vibra enquanto cura
Trazendo alvorecer bem mais brilhante.

Deixando no passado um frio inverno
Recebo do futuro este carinho,
Amor que se permite ser eterno
Matiza em alegria qualquer ninho.

Vagando em liberdade, ganho espaços
Contando na chegada, com teus braços...



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Contando na chegada, com teus braços
Do que já fora outrora um vago esboço
Fortalecendo a vida em novos traços
Permite que se veja tal colosso.

Nas sendas delicadas do porvir,
Ao pressupor assim real grandeza
Sem nada que me impeça de seguir
A vida descortina a fortaleza

Que toma a nossa vida e brilhará
Certeza que se mostra sem igual,
Permite que se sonhe desde já
Prazer de intensidade magistral.

Dourando de esperança esta amplidão,
Amor já pressupõe libertação.


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Amor já pressupõe libertação
E o coração audaz agora brada
Mudando num momento a direção
Florindo em primavera a nossa estrada.

Olhando para os céus vislumbro um Deus
No qual toda a grandeza assim se encerra.
Revejo então a luz dos olhos teus,
Ao ver o sol que toma a vasta terra.

Andara caminheiro, em tantas plagas,
Marchando com a força destes ventos,
Os mares da esperança em calmas vagas,
Refletem toda a paz dos firmamentos.

O quanto de esperança sei do mar
Permite, a cada instante, mais te amar...

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Permite, a cada instante, mais te amar,
As melodias raras, mesmos tons
Deitando sob os rastros do luar
Espalhas claridades em néons.

Apascentando o medo, cruel fera
Que espreita na tocaia, o coração.
Nos braços deste sonho amor tempera
A glória de seguir na direção

Do sol que intenso, aquece todo o mundo,
Recebo o bom calor em forte abraço
Desejo eternizado em um segundo,
Na sede de formar intenso laço.

Qual mar a se entregar à mansa areia,
Bendito seja amor que a paz semeia...


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Bendito seja amor que a paz semeia
E torna o meu caminho luminoso,
A vida que em amor já se permeia
Permite que se veja a chama e o gozo.

O rio da esperança adentrando a alma
Abrindo em novas sendas, paraísos,
Decerto multiplica enquanto acalma
Trazendo para todos bons sorrisos.

No amor a mais sublime redenção,
Arauto de um momento mais perfeito,
Retendo forte lume na amplidão
Entranha em alegria cada peito.

Na sede de viver felicidade,
O gozo em sedução depressa invade..


681




O gozo em sedução depressa invade
O coração de quem se deu sem medo,
Calando num momento a tempestade
Amor já vai mudando antigo enredo.

Seara deste sonho; tão formosa
Em flóreas escaladas alça infinitos
Perfume inebriante de uma rosa,
Odorífero prado em novos ritos.

Nas Formas de luares, cristalinas
Espalhas entre nós imagens claras,
Vencendo estas cinzentas, vãs neblinas,
Adoça nossas vidas tão amaras.

Constelações supremas, almas puras
No amor encontram vivas as ternuras...

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No amor encontram vivas as ternuras
Quem sonha com momentos mais serenos
Tocando nossas almas com canduras
Deixando para trás cruéis venenos.

Volúpica vontade de poder
Alçar etéreos campos libertários,
Edênica esperança passo a ter
Qual rio que se dá em estuários

Trazendo uma promessa feita em mar,
Vivenciando os sonhos mais dispersos,
Podendo finalmente desfrutar
Cantando os mais sutis, suaves versos.

Diáfanas imagens se levantam
Enquanto os corações felizes cantam...

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Enquanto os corações felizes cantam
Do céu se espalham raios em cristal,
O quanto os sentimentos já se encantam
Permite a claridade magistral.

Amor que em pura essência traz a graça
Delicadeza extrema em liberdade.
A vida nos teus braços calma passa
Deixando um rastro pleno em liberdade.

Vestido de desejos, em lascívia
Amor se torna audaz e convulsivo,
Manhã que se aproxima, clara e nívea
Trazendo em perfeição um lenitivo

Calando esta geleira, solidão,
Mudando destes ventos, direção.


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Mudando destes ventos, direção
Um flamejante barco ronda a noite
Nos seios da mulher, a sedução
No colo deste sonho, o meu pernoite.

Do quanto a vida fora insânia e treva
O coração apenas um granito,
Amor em precisão prepara e ceva
Um rumo que se mostre mais bonito.

Na boca tão voraz da dura fera
Um grito desumano ronda a casa,
Porém amor refaz a primavera
Incendiando a vida nos abrasa.

Os desencantos rudes, mais atrozes
Calaram já faz tempo nossas vozes...


685

Calaram já faz tempo nossas vozes
Deitando sobre todos; a amargura
De tantas esperanças vis algozes
Aos quais nem mesmo a morte, enfim, depura.

Enquanto o manso amor aqui floria
Espinhos espalhados pelos ventos,
Matando em nascedouro a poesia
Gerando em triste aborto estes tormentos

Na podridão dos olhos da pantera
O vício no hemorrágico banquete
Recobrem com mortalha a primavera
Fazendo de minha alma atroz joguete

Esparramando a dor tão simplesmente
O desamor sorri; cruel serpente...


686



O desamor sorri; cruel serpente
Tomando toda a terra por instantes,
De tudo o que perdi; já se pressente
Servis momentos tolos, revoltantes.

Acesa a fria chama no meu peito,
Revejo o que passei e o que perdi.
O rio na vazante esquece o leito
Somente a treva em vida eu conheci.

Após a noite feita em pesadelos,
Mergulho na escaldante e movediça
Areia que tecendo os seus novelos
Destrói enquanto vence qualquer liça.

Distante, bem distante dos meus ninhos
O canto matinal dos passarinhos.
Publicado em: 24/02/2008 20:44:11
Última alteração:22/10/2008 17:27:59



EU TE AMO!! coroa de sonetos 50
687

Tornando o coração quase invencível
A força inusitada em sentimento
Enquanto amor não seja perecível
Transforma toda a vida em um momento.

Expresso em cada verso esta certeza
De ter além de tudo, a sorte imensa
Sabendo que vencendo a correnteza
Terei ao fim do jogo a recompensa.

O canto em que se dá transformação
Encanta e já domina toda a sorte.
Amor causando em nós farta emoção
Mudando num segundo nosso norte

Estende uma esperança no varal
Tramando maravilhas sem igual...

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Tramando maravilhas sem igual
Eu vejo quanto eu gosto de você
Meu mundo feito em paz, por ritual
Do jeito e da maneira em que se vê

Estampa eternidade em cada verso,
Revelando o poder de uma alegria,
Juntando todo o sonho já disperso
Molduras de esperança, ele recria.

O tempo de viver é desde já
Não temo os temporais que eu sei, virão
A mão do puro amor me levará
Causando a mais sutil revolução

E assim do bem que a vida traz agora,
Felicidade imensa se assenhora...

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Felicidade imensa se assenhora
Do peito de quem busca amor sincero,
De tudo o que eu desejo desde agora
Eu tenho, tendo amor, o que mais quero.

Estendo minhas mãos, convido à dança
Harmoniosamente passo a passo,
A glória mais suprema em temperança
Permite ao manso amor maior espaço.

Qual lua que ilumina em vária fase
No amor evoluções são percebidas,
Mantendo com firmeza a mesma base
As tramas são deveras concebidas

Selando o meu destino com firmeza
Amor não teme mais a correnteza.

690


Amor não teme mais a correnteza
Nem mesmo a tempestade ou vendaval.
O quanto se pressente a sobremesa
Transforma este banquete magistral.

Beber em tua boca esta aguardente
Divina que inebria e me fascina.
Amar é ser deveras mais clemente
Vivenciando o bem que determina

Um dia mais feliz que eu sei virá
Depois de fartas dores no passado.
Sabendo que esta estrela brilhará
Eternamente eu sigo lado a lado

Alados pensamentos vão ao céu
Roubando da alegria o farto mel...

691

Roubando da alegria o farto mel
Meus sonhos embalados pelo canto
Da Musa que se fez em claro véu
Tomando esta amplidão em raro encanto.

Por tanto que eu te quero e sempre quis
Eu sinto que terei a boa sorte
De ser e perceber bem mais feliz
A vida que se dá em novo norte.

No aporte deste sonho dentro em mim,
Mergulho nas fagulhas, ganho o mar
Alvíssaras encontro no jardim,
Nas flores de beleza já sem par.

Nas leves transparências posso ver
Um mundo que permite mais prazer...

692


Um mundo que permite mais prazer
Desejos se tornando magistrais
Vontade de ganhar e me perder
Nas sendas mais sublimes, sensuais

Sentir o teu perfume me entranhando,
Tocar a tua boca mansamente,
O vento do prazer nos procurando
Mostrando um mundo insano plenamente.

Querendo o teu querer eu não me canso
Da bela fantasia que nos move.
Nos braços de quem amo, eu já me lanço
E o fogo em alegria me comove.

Teu corpo navegando a noite inteira
Num mundo todo nosso e sem fronteira...


693



Num mundo todo nosso e sem fronteira
Eu sigo sem limites flórea senda,
Entrega que se dá tão verdadeira
Amor em plenitude se desvenda

Desnuda a nossa pele, faz a farra
Chegando de mansinho nos convida
Enquanto em contradança nos amarra
E muda num momento a nossa vida.

Eu quero estar contigo e não descanso
Enquanto eu não puder sentir teu gozo
Bebendo cada gota, logo alcanço
Este Eldorado insano e tão gostoso.

Vem logo que o desejo nos domina,
Volúpia sem limites me alucina...

694


Volúpia sem limites me alucina
Tua nudez – convite irrecusável
Loucura, insensatez cedo fascina
No gozo em plenitude imaginável

A fonte dos desejos, teu rocio,
Orvalha nossa cama, nos repleta
No jogo que tu tramas me vicio
A refeição servida vem completa,

Comendo e repetindo cada prato,
Até chegar enfim saciedade,
Em devaneios tantos, me retrato,
Percebo a perfeição em qualidade.

Teus seios, tua pele, belas pernas,
As noites do teu lado sempre ternas...

695

As noites do teu lado sempre ternas
Em total transparência tu caminhas
Adentro tuas furnas e cisternas
Vontades que são tuas, também minhas.

Nos corpos que se dão, sofregamente
Luxúrias e desejos percebidos
O fogo nos transtorna totalmente
Em gozos e suores embebidos.

Gemidos e sussurros, rios, mares,
Destinos entrelaçam nossos rumos.
Desfruto das delícias dos pomares
De cada fruto bebo todo o sumo,

Desejo de te ter sempre comigo,
Nos corpos sem fronteira, eu já me abrigo...


696


Nos corpos sem fronteira, eu já me abrigo
Nas locas, tocas, furnas eu me entranho,
No gozo insaciável eu persigo
O amor que assim se dá, forte e tamanho.

Total insensatez em fogo intenso
Estampa nos teus olhos maravilhas,
Urgências nos tocando, eu quero e penso
Poder já desvendar as tuas trilhas

E ter a recompensa mais gostosa
Na orgástica loucura que se entorna,
A noite que se dá maravilhosa
Decerto em lua intensa ela retorna

Trazendo a mesma sede que inebria
No jogo que nos doma e sevicia...

697



No jogo que nos doma e sevicia
Enlanguescente deusa em transparência
Rolando em minha cama principia
Incêndio delicado em rara ardência.

Tocando a maciez de tua pele,
Percorro cada parte e sem descanso,
A toda esta loucura amor compele
Nas pernas confundidas, meu remanso.

Alcanço a liberdade em plenitude
No orgástico caminho quer percorro,
O gozo mais profano em atitude
Trazendo à solidão, paz e socorro.

Assim enamorados sem juízo
Encontro do teu lado o paraíso...

698


Encontro do teu lado o paraíso
Inebriadamente o mundo explana
O fogo necessário e mais preciso
Na chama que se faz divina, insana.

Refém deste prazer o amor empresta
Os lumes necessários, desejados,
A cada nova noite a mesma festa
Em sonhos e carinhos perfilados.

Na catedral do amor, a sacra prece
Que é feita em elegância, em alegria
O corpo que se mostra e se oferece
Deleita-se no ardor desta magia

Eu quero estar contigo a cada orgasmo,
Amor que não se permite mais marasmo...


699



Amor que não se permite mais marasmo
Nem quer qualquer rotina como guia.
Tampouco o frio olhar parado e pasmo
Que amor sem fantasias cedo cria.

Eu quero esta fornalha que se acende
A cada novo toque mais audaz
Ao gozo mais ardente amor recende
E desse jeito sempre satisfaz.

Não vejo outra saída nem pretendo,
Apenas me entranhar e ser só teu,
Segredo, eu reconheço e já desvendo
Entregue ao farto sonho teu e meu,

Tu sabes quanto eu quero o teu prazer,
Na fonte tão gostosa de beber...


700


Na fonte tão gostosa de beber
Mergulho a minha sede e me inebrio
Derramas sobre mim teu bem querer
Realizando assim, divino cio.

O vício de deitar amor insano
Cobertas e lençóis vão pelo chão
O tempo se mostrando soberano
Na cama esta divina inundação.

Eu sinto que o poder do amor transgride
Por ser tão libertário nada teme,
Decerto minha amada não duvide
A vida nos teus braços, remo e leme

Desejo feito amor, é força incrível,
Tornando o coração quase invencível.
Publicado em: 24/02/2008 23:50:42
Última alteração:22/10/2008 17:27:35



EU TE AMO!! coroa de sonetos 53
729


Eu sinto a brisa mansa, em calmo vento
Mostrando um ar tão puro em dia claro.
Carinho nos tomando o pensamento
Servindo com firmeza de anteparo.

O quanto é necessária uma atenção
Permite que se vá com passo firme,
O vento em que se dá transformação
Sublime, sempre faz com que se afirme

O tempo que em outrora revoltoso
Agora em calmaria nos invade.
Sentindo este perfume tão gostoso,
Apascentando sempre a tempestade.

Não quero recompensa, eu te garanto,
Bastando que se entregue ao raro encanto...

730


Bastando que se entregue ao raro encanto
Por vezes eu me ausento, mas retorno.
Aqui minha morada templo e canto
Amor saiu tostado do teu forno.

Embornal em que trago a liberdade,
Tristeza vai deixando a gente em paz.
Capaz de tempestade e claridade
Amor emoldurado não compraz.

Atrás do que se foi e não mais volta
À solta pelas ruas e calçadas.
A pele da morena, plena escolta
Cantantes esperanças, madrugadas.

Às vezes posso ser até pernóstico
Do amor que nós tivemos, nem acróstico...

731


Do amor que nós tivemos, nem acróstico,
Estúpida quimera que tempera
Um coração que teima em ser agnóstico
Sem óstios, hóstias, beija amarga fera.

Acendo o meu cigarro, bebo o vinho
Entendo cada senda como sanha
A cada passo assolo o sol sozinho
O verde se espalhando na montanha.

Apanho os meus bonés espero esquife
A paz celestial, o que pretendo.
O amor que não se mede vai patife
Em todos os meus poros mel vertendo.

Mas saiba que te quero bem, ainda.
Palavra que me dizes é bem vinda...

732



Palavra que me dizes é bem vinda
E muda minha vida num segundo,
Perceba que na lua que deslinda
A prata vai tomando todo o mundo.

No quanto que eu pressinto transparência
Com toda esta elegância em sentimento.
Aos poucos neste lume tanta ardência
O fogo da paixão queimando lento.

Se eu tento a cada intento, atento bem
Explodindo as intensas emoções
O vento abençoando sempre vem
Gerando inundação nos corações.

Padrões eu nem respeito, sou teu par.
A par do quanto é bom teu caminhar...

733




A par do quanto é bom teu caminhar
Estampo o teu retrato na camisa,
A brisa avisa e invade devagar
O tempo ao mesmo instante se ameniza.

Depois deste granizo que caiu,
Matando minha sede em tua boca
O verso que se versa mais gentil
Atraca meu saveiro em bela toca

Retoca cada passo com ternura,
Texturas delicadas, belos seios,
A gente de contente não tem cura
Não tema quando exprimo os meus anseios.

Na rede sem moinhos, nosso céu,
Redemoinhos giram carrossel...

734

Redemoinhos giram carrossel
Princesa adolescendo qual bacante
Deixando como um rastro feito em mel
Aborda o seu centauro ao mesmo instante.

Rodando nas roldanas, nos moinhos,
Baladas embalando lisergismos
Alucinadamente trama vinhos
Causando mais furores, sinergismos

Cataclismos provoca, ebulição
Calcinha à mostra leva a tempestade
Poder que sempre traz transformação
Moleca desfilando mocidade

Ficante oficial do condomínio,
Amor exerce sempre o seu fascínio...

735


Amor exerce sempre o seu fascínio;
Um hino que se entoa em noite intensa
Sentindo este poder, pleno domínio
O quanto que se quer é o que se pensa.

Despensas não dispensas, logo lotas
Das sórdidas mordidas que me deste
O Judas já perdeu as suas botas
Em léguas a distância em que se investe.

Afasto o desgastado pensamento
E minto quando digo que esqueci.
Não temo e na verdade ainda tento
Beber o que melhor existe em ti.

Lição que não se aprende no colégio,
Amor quando é sincero. Um privilégio...



736


Amor quando é sincero. Um privilégio
Que poucos podem ter em sua vida.
Poder que nos transforma, em fogo régio
Permite que se tenha uma saída

Em todos os problemas romperá
Algemas emblemáticas ferinas.
O vento quando inventa venta cá
Adentra pelos poros e narinas.

Inebriante sonho que fomenta
A fome de viver e ser feliz.
Sinceridade sempre representa
O que em pleno amor, eu sempre quis.

Eternidade dá-se a quem se deu,
No amor que sendo nosso é teu e meu.


737


No amor que sendo nosso é teu e meu.
Um coração ateu já se encontrou
Se toda a direção ele perdeu
Agora vai mostrando quem eu sou.

Soleiras e sobrados adentrando
Errando muitas vezes, logo acerta
Desperta, faz a festa desde quando
Amor serve de aviso, sempre alerta.

Cobertas entre fronhas, travesseiros
Nudez se prateando em lua cheia.
Procurando entre as flores do canteiro
Amor alvissareiro me incendeia

E tece entre mil teias, belas telas,
Corcel no qual a vida; logo atrelas...


738


Corcel no qual a vida; logo atrelas,
Estrelas vai transpondo num galope
Repondo neste céu as velhas velas
Não quer pastor, nem padre ou mesmo pope

Arcanjos em arranjos mais diversos
Não tendo ortodoxia se faz terno.
O quanto cavalgar teus universos
Permite ao terno um corte mais moderno.

No inverno eterno sonho, eu ponho em ti,
Reponho todo estoque e recomeço.
Partindo do princípio que eu venci
Comemorando tive o meu tropeço.

Se eu peço e não impeço o novo dia,
Estendo no varal farta alegria...

739


Estendo no varal farta alegria
Sem alfa nem tampouco ômega ou pi.
Somando o que ganhei com o devia
Refaço toda a conta e sei perdi.

Decido a minha sorte, jogo os dados,
Rolando no tapete dos meus sonhos.
Os dias justamente estão fadados
A serem ou melhores ou medonhos.

No norte baseado nestas lendas,
O corte se entranhando em minha pele
Se a sela não serviu quero contendas
O quanto deste sonho não se vele.

Revelo ao fim da festa por que vim,
Bebendo de teu corpo, meio e fim.


740

Bebendo de teu corpo, meio e fim,
No cálice divino multiforme
Sabendo quanto quero sigo assim
Desvendo a cada novo informe.

Amor se performático permite
Malabarismos enquanto arquitetura.
O canto que me encanta sem limite
Decora enquanto mira a partitura

Numa aquarela insana, nos mosaicos
Em asteriscos riscos programados.
Ariscos asteróides tão prosaicos
Arcaicos sentimentos consagrados.

Sagrando, sangra sempre peles, lábios,
Revendo anotações em alfarrábios

741

Revendo anotações em alfarrábios
Eu vejo que se estampa em um retrato
Os lábios que se foram sempre sábios
Com astrolábios sigo o nosso trato.

Audácia sem falácia e sem desculpa
Com lupa eu posso ver o gozo estúpido
Daquela que sem vela estende a culpa
Com olhos sensuais e um jeito cúpido.

Na típica mentira atira os guizos
Abalroando o barco abarca a sanha
Deitando em minhas costas lanhos, frisos
Partida que eu pensara estar já ganha

Agora se perdendo em pouco tempo,
Mostrou que fui somente um passatempo...
.

742


Mostrou que fui somente um passatempo
O riso em ironia da pantera
Que quer ou não serviu de contratempo
Causando cruel seca em primavera


Tempera a minha vida numa espreita
Tapera que se fez outrora casa.
Na lua que se entorna enquanto deita
Eu sinto o coração loução em brasa.

Loções que se aspergiram giram mundo,
As soluções somente foram chistes
O beijo em que se dá por um segundo
Imunda sensação de olhares tristes.

Depois que se passou este tormento,
Eu sinto a brisa mansa, em calmo vento
Publicado em: 25/02/2008 17:53:37
Última alteração:22/10/2008 17:01:17


EU TE AMO!! coroa de sonetos 51

701

Mudando toda a sorte em um momento
As fases deste amor bebem da lua.
Às vezes diminui, noutras aumento
Porém o sentimento continua.

Nascendo de mansinho em lua nova
Aos poucos como em mágica envolvente
Quanto mais se pensa mais se prova
Até que em outra fase está crescente.

Chegando ao apogeu nada receia
Poeira toma assento noutro instante
A lua que se fez tão plena e cheia
Depois de certo tempo na minguante.

Mas saiba que entre as fases do luar
Eu nunca deixarei de sempre amar...


702

Eu nunca deixarei de sempre amar
Crisálida se faz em borboleta
Levando em suas asas o luar
Mantendo a claridade como meta

Completamente solta vai liberta
Buscando sempre a luz da estrela guia,
Do quanto a vida; às vezes, nos alerta
Ao mesmo tempo foge enquanto cria

Atravessando a noite encontro o lume
E dele tantas vezes sobrevivo.
No vício extasiante de costume
Decerto deste algoz, vivo cativo.

No quanto que inebria a claridade
Esqueço; hipnotizado, a liberdade...

703

Esqueço, hipnotizado, a liberdade
E vivo a minha vida sem destaque
O quanto se espalhando a mortandade
Permite que se entenda o contra ataque.

Nos baques que tomei a vida afora,
Mofino e mesmo entendo o que não tenho.
Pensando no vazio, eu vou embora
Sem hora de voltar, nada retenho.

A fêmea em minha cama, moça bela,
Estrela de cinema ou meretriz,
Às vezes num sorriso me revela
O quanto na verdade nada diz

Quisera ser feliz, mas quem me dera,
A fera dá seu bote sem espera...



704


A fera dá seu bote sem espera
E cria diamantes, todos falsos,
O tempo sem ter rédeas não me espera
E deixa no caminho cadafalsos

A falsa poesia feita em prosa
De tudo o que mais quero, sem ciência
A moça se espetando em minha rosa
Percebe não ser simples coincidência

O verso sem estrela e sem jardim,
A lua que não veio, o frio intenso.
Jornada que percorro dentro em mim,
O parto na verdade é sempre tenso.

Deste imenso monólito que sou
Apenas um resquício, o que sobrou...

705

Apenas um resquício, o que sobrou
Do dia em luz mais frágil e tão tacanha.
O sol que por momentos me enganou
Esconde-se detrás desta montanha.

Ambição de nudez em carnaval
O preço que se paga vale a pena?
Farol que se disfarça em sensual
Segredo repetindo a velha cena.

Molambos que coleto enquanto peno
Apenas fingimentos e lençóis.
O resto serpenteia o seu veneno,
Deixando quase nada, mesmo após.

Apostas que perdi, a vida mente
Enquanto luz me banha corpo e mente...

706



Enquanto luz me banha corpo e mente
Algo entre nós merece que se diga
Embora tantas vezes não comente
Demente; vou bem fundo e quero briga.

Abriga neste escuro cada grão
Semente que me encanta enquanto rega
Apega-se à pegada em precisão;
Entrega -se, afinal andando cega.

No fundo o que não tenho; o que desejo.
Gritando para todos; falsas tendas
Armadas nos desertos, neste ensejo
Ganhando bibelôs, bijus e prendas.

Falsária que se omite no perigo,
Amor vai sem motivo e nega abrigo...

707

Amor vai sem motivo e nega abrigo
A noite é mais estreita pra quem ama.
Debaixo do luar tento e prossigo
Buscando quando deito além da chama.

Em todo feriado se repete
Festejos em funéreas catedrais.
A língua se fazendo em canivete
Cortante sensação de quero mais.

Atrás de cada sonho, eu não desisto
Insisto e se puder inda repito.
Não quero mais ser Judas nem ser Cristo
Meu verso às vezes bom; noutras maldito.

A dor é sempre igual, ou forte ou fraca,
Amor sem serventia sempre empaca...


708

Amor sem serventia sempre empaca,
Embarca na canoa mais furada,
Não vale nosso amor meia pataca
Na fraca sensação do mesmo nada.

Atada nos meus pés, amor é hobby,
Estrela vai sem brilho, mas não quer
Enquanto não descobre, ela não sobe
Não sabe do poder de uma mulher.

Que quer e que domina logo a cena.
No poço feito em tempo não mergulha.
Humano sentimento mente e acena
Criando tão somente medo e bulha.

Se pulha sou não sei e nem admito,
Apenas já repito um velho rito...

709


Apenas já repito um velho rito,
Prometo o que não posso mais cumprir.
Não quero e não pretendo ser teu mito,
Nem vômito, num frêmito fingir.

Da poça nego a lama, escondo o barro,
Da moça em minha cama, quero o gozo.
Tuberculosamente quando escarro
O tempo vai rondado, caprichoso.

Raiz de tantos erros no passado,
Aflora em mais cruel sofreguidão.
Prefiro que prossiga assim velado,
A ter que perpetrar a negação.

Se vão inda caminho e sei das senhas.
Eu quero mesmo assim, que logo venhas.


710

Eu quero mesmo assim, que logo venhas.
Amar é se entregar mergulhar fundo.
No quanto ainda queimam nossas lenhas
Persisto quase inútil, vagabundo.

Na banda em que se umbanda a força e fé,
Girando o tempo passa em carrossel.
A sanha se permite em rodapé
Embora olhando sempre para o céu.

A face oculta mostra mil segredos
Parindo expectativas desumanas.
Assim se fazem nossos velhos credos,
Ao mesmo tempo ris enquanto enganas.

No teatro mambembe da existência,
Para amar é preciso ter ciência...

711

Para amar é preciso ter ciência
Quem nunca faz decerto já não erra,
Cumprindo por cumprir a penitência
Vacância presumida nega a terra.

À sombra deste som, semeio ao vento
Bemóis e sustenidos, flor em flor.
Pressinto o vão e tento o sentimento
Na máscara gentil do estranho amor.

A mesma claridade que me cega
Às vezes já permite revelar-se
O gozo que previsto é chique ou brega,
Mas causa quase sempre a vã catarse.

Irmã, imã mulher verde esperança
No enredo deste abraço, a moça dança...


712


No enredo deste abraço, a moça dança,
Piando um bem-te-vi de galho em galho,
O quanto se trafica na lembrança
Embora mesmo rude, eu te agasalho.

Se eu falho ou se remendo, vou à luta
Amanhecendo, cede este carinho.
Na rede, às vezes mansa outra mais bruta
Astuta ela me nega colo e ninho.

Retrato em sobressalto na parede,
A grama serve mesmo de colchão;
Na sede deste sonho, esteira ou rede
A sede se matando lama ou chão.

Deitada junto a mim as pernas bambas,
As bocas, duas mágicas mocambas.

713

As bocas, duas mágicas mocambas.
Sem eira seguem beiras descem rios,
O quanto se procuram; querem ambas
Beberem destas águas em rocios.

Nos cios, ócios, vícios, recomeçam
Na caça que não cansa mansa fera.
Às vezes as palavras se tropeçam
Das línguas todo o gozo já se espera.

Silêncio vale mais que mil palavras,
Porém nesta linguagem se confundem
Cevando com vontade mesmas lavras
Serpentes mal se tocam numa fundem.

No jogo, esconde-esconde sensual,
Palavreado usado, universal...

714


Palavreado usado, universal
Na cama, lama, grama ou nos motéis.
As vozes em ruído gutural
Espalham molhos, rios, quentes méis.

Nas margens as roseiras, os florais,
Os ritos se repetem, noite adentro.
O tanto que desejo e vejo mais
Amor rondas nas beiras e eu concentro

Nas ondas pensamentos vão e vem.
As águas, corredeiras, ancas, pernas.
O quanto tanto espero deste bem
As fantasias ânsias sempre ternas.

A direção que bebe o cata-vento
Mudando toda a sorte em um momento
Publicado em: 25/02/2008 11:54:27
Última alteração:22/10/2008 17:27:21


EU TE AMO!! coroa de sonetos 52
715


À sombra tão serena dos carinhos
Tua presença invade a minha mente
Contente, se pressente outros caminhos
Os ninhos vão mudando de repente.

Nos olhos e narinas, forma e cheiro,
Ouvidos, boca e tato, paladar
O canto vem chegando alvissareiro
Gostoso se beber e de tocar.

Transborda pela casa, abre a janela
Entranha o travesseiro e o cobertor
Cavalo da esperança já se sela
Trafega pelos céus buscando amor.

No jorro de palavras, frases feitas,
Delícias vão brotando enquanto deitas...

716


Delícias vão brotando enquanto deitas
Espreitas em tocais, tocas sanhas,
Das massas maravilhas quando feitas
Desvendam os segredos das montanhas

As monjas escondendo seus pecados,
Esponjas engolindo cada marca
Nos olhos velhos dias, novos fados
Recados a saudade sempre abarca.

Atraco no teu cais embarcações
Do tempo que se foi quer voltar,
Apenas procurando soluções
Senões eu já cansei de procurar.

Saudade renovando o que se fez
Transtorno em que se nega a lucidez...


717


Transtorno em que se nega a lucidez
Viagem que se faz secretamente,
Permitindo uma espécie de prenhez,
Adentra sem licença, a nossa mente.

Arrasta em rodopio, remoendo
Na mó que perpetua a mesma história
Do nada novamente vou colhendo
O fruto apodrecido na memória.

O quanto andava só, sem pena ou dó,
Das dores, sem pendores bebo um trago,
Refeito de mim mesmo, volto ao pó,
Volátil sensação do ausente afago.

Saudade que desgasta, atrai e afasta
Às vezes em silêncio, solto um basta!

718


Às vezes em silêncio, solto um basta!
A veste que me cabe se rasgou.
Não vejo e nem sossego, nego casta
O traste que me deste desbotou,

O quanto não te engulo, coagula
Sangrenta madrugada que se foi.
Olhar que me desperta certa gula
Vontade de beber, comer um boi.

Afoito faço em ti minha senzala
A bala que se perde assim me encontra.
Amor sem mais sentido, quando fala,
Decerto quase sempre vem do contra.

Aprontas prontamente tuas manhas,
Não luto, estou de luto, sempre ganhas...

719


Não luto, estou de luto, sempre ganhas
Tamanha esta vontade que te entranha
Abocanhando todas minhas sanhas
O gozo sem limites vem e assanha.

Na valsa, salsa, a farsa se faz festa
Refestelada estampas seus bemóis
Atesta o quanto gesta, o nada resta
Acende num instante tantos sóis.

Na fé, teu ceticismo me amedronta
Na contramão da vida sigo as teias
Promessa me arremessa à mesa pronta
Convites sem limites; incendeias.

Teu corpo, uma morfina que amofina
Ao mesmo tempo entorna e me alucina...

720


Ao mesmo tempo entorna e me alucina
Ninguém me engana e nem tampouco salva
Da selva busco em relva, cais e mina,
Contente; eu vou seguindo sem ressalva.

Apraze cada frase que me dás
Alegra sem ter regra a negra noite.
Deleite do que enfeite satisfaz,
Sorriso em ironia vira açoite.

Os pés que se entortando dão meu rumo
Estendes teus retalhos na janela.
Cascalhos do que fomos; sempre assumo,
No prumo de costume a paz revela

Girando em trama e cama, vida afora,
Eu quero desde sempre e mesmo agora...

721


Eu quero desde sempre e mesmo agora
Jogado neste palco sem platéia
O tempo sem ter vento revigora
A marca da pantera, vil atéia.

Nesta alcatéia a teia feita em ostra
Promete perolar o meu caminho.
O quanto de demonstra quando mostra
Nudez ensandecendo cama e ninho.

Glorificando o templo em que adormeço,
Mormaços são bem vindos, vidros quebram
O quanto que se fez no recomeço,
Quadris sobre lençóis belos requebram.

Em ébrias fantasias, cios crias,
Causando em reboliço, as alegrias...

722


Causando em reboliço, as alegrias,
Por mais que sejam frias madrugadas
Nos madrigais; as horas quando estias
Espiam entre as estrelas alvoradas.

Atadas nossas crias nossos risos,
Jamais se saberá quem começou.
Azuis bebendo as trevas são precisos
Enquanto o sol, mais tímido, raiou.

Na luz que entranha, arranha cada olhar,
Cantares encharcando este arvoredo.
Segredo que se mostra a desvendar
Mantendo o fogo aceso desde cedo.

Num acalanto um manto tenta em canto
Tateio tatuado em teu encanto...

723

Tateio tatuado em teu encanto
Embalos e balanços noite afora
O colo em que se aquieta enquanto canto
Ao mesmo tempo atrela e revigora.

Na chama do luar, ares diversos,
O sono vem chegando devagar,
Vagando sobre fatos, frases versos,
Toando esta cantiga de ninar.

Cantarolando agora na lembrança
Arranjos feitos bois de caras pretas
Volátil como o sonho da criança
Jorrando em meteoros seus cometas.

Assim em noite mansa e lua clara
Amor tanto se faz quanto declara...

724

Amor tanto se faz quanto declara,
Agora vai caçado feito fera
A boca que eu beijara resta amara
Ao abrir entre nós clara cratera.

O ninho que se fez em pleno amor
Mortiço não resiste e vai sem viço
Entregue à sensação deste bolor,
Por mais que tantas vezes, lenha atiço.

Se um dia inda pudesse ver distantes
Mortalhas deste amor que se fez luto.
Talvez inda pudesse por instantes
Fugir da solidão, um vão tumulto.

Escuto a tua voz toando loas,
Às águas inundando estas canoas...

725

As águas inundando estas canoas...
Em plásticos remendos, alagados,
O quanto que tu pecas não perdoas
Usando de má-fé com afogados.

No fogo que se espalha nos cinemas,
As mãos feitas em imãs buscam seios.
Decerto ao procurarem as algemas
Não guardam sem noção calam receios.

Depois de certo tempo, anel e festa
Em juras sem tortura ou agonia.
Por noves meses ganha cada gesta
Repete desde então tal melodia.

Nascendo do nascido outro rebento,
Já se condena à paz feita em tormento..

726


Já se condena à paz feita em tormento
Amor que nada colhe, mas que planta,
O tempo em contratempo passa lento,
No rosto da morena sacripanta.

No mimo sem estímulo o meu leme
Estampa o quanto é lírico o sorver-te
O frio em serventia trata e teme
Por mais que a chuva intensa sempre aperte.

Mereço esta jornada? O nada eu jorro
E corro, vou atrás; mas nada achei
Guinada que se deu, pede socorro
O verso catalítico entranhei

Amor que apocalíptico se esvai,
Elipse em carrossel, rondando cai...

727


Elipse em carrossel, rondando cai,
E a máscara não tapa e nem esconde.
Enquanto a nervo aflito se contrai
Amor perdendo tempo, esquece o bonde.

Aonde fiz a casa de sapê
Tapera não espera mais resposta.
Procuro e tão somente vem cadê
No quê do quanto quero não se aposta.

Tostando nossas costas farto sol,
Soleiras invadindo num mormaço.
Nas brônzeas cercanias, no arrebol,
Rebola essa morena a cada abraço.

Compasso mais perfeito em contradança
O fogo que ela espalha já me alcança...

728

O fogo que ela espalha já me alcança
Criança moça feita bela musa.
Abusa, tira a blusa em contradança
Balança os seus quadris, vem sem recusa.

Cafuza me confunde e faz de mim
Semente que plantada no canteiro
Expressa e se confessa até o fim
Maltrata em pouca e boas, jardineiro.

Na nata desta nata sensação
O verso traz complexos sentimentos
Sem nexo vou buscando diversão
Versão que dou aos acontecimentos.

Nas asas destas sanhas, passarinhos
À sombra tão serena dos carinhos.
Publicado em: 25/02/2008 14:43:50
Última alteração:22/10/2008 17:27:08


EU TE AMO!! coroa de sonetos 54
743


Roçando a minha pele, o teu sorriso
Enigmaticamente não traduzo
Porém a cada vez eu bebo e biso
Embora ainda seja tão confuso.

Se a carapuça cabe e não me acaba
Cabalas e mosaicos descortinas.
Candeias incendeiam nossa taba
Estava com os olhos nas neblinas

Ao subverter as ordens que me deste
Estive justamente onde não quis
Crisântemo em mormaço se reveste
O quanto que negaste fez feliz.

Quem dera se dourasses meu martírio
Dos olhos da morena o meu colírio...

744

Dos olhos da morena o meu colírio...
Não sei e nem pretendo tal torrente
Seguindo a procissão atrás do círio
Amor embora audaz é penitente.

Intento contra o tento que não tenho
Queimando os meus incensos derradeiros
Sem senso muitas vezes, fecho o cenho.
Das senhas escondidas meus tinteiros.

Nas sanhas programadas; gramas vejo.
Nos veios são velados os protestos.
O quase se traduz em meu desejo
Os dias sem amores são infestos.

Nos indigestos risos de indigentes
Amor eu trago preso nos meus dentes...

745

Amor eu trago preso nos meus dentes,
Mas mentes, as masmorras são meus leitos.
Cachorras nossas sortes tão dementes
Descrentes as estampas ganham peitos.

Nas campas o descanso derradeiro,
No picadeiro feito de lençóis
O gosto tão amargo e corriqueiro
Negando na varanda luas, sóis.

Ciranda que tentei nunca deu certo,
Concerto que se deu em desafino.
Aberto este caminho pro deserto,
O gozo deste amor mordaz e fino.

Menino que tentou ser estilingue
Na pedra do caminho que se extingue...

746

Na pedra do caminho que se extingue
A sorte abandonada ao nada tive.
A boca que procura ser bilíngüe
Não beija mais o sonho que retive.

Estive nas estivas e nos cais,
Apenas encontrei velhos estorvos.
O quanto teu prazer não vem jamais
Rondando nossa cama vários corvos

Crocitam serenatas em falsete,
Repetem nunca mais até que enfade
A mão que se prepara em tal confete
Espeta um canivete feito em jade

Jagunços de nós mesmos, rosa espinho.
Nas asas as gaiolas, passarinho...


747


Nas asas as gaiolas, passarinho,
O pão que este diabo não amassa
Agarra em precisão canções e pinho,
Da carne apodrecida faz a massa.

Na praça sem disfarce vai a toda.
Atola, cedo, os pés na mesma lama,
O tempo sem limites sempre roda
Roldana que se espalha em nossa cama.

Aplaina este contraste inevitável
Revitaliza o fogo da lareira,
O quanto se podia ser sonhável
Esbarra neste amor velha trincheira.

Cardápios mais diversos, sexo e gozo,
Prometem um jantar maravilhoso...


748


Prometem um jantar maravilhoso
Em lauta refeição pernas abertas
De um jeito mais audaz sempre guloso
Jogando pelo chão essas cobertas.

Alertas entre tramas e misturas
Fronteiras esquecidas, penetradas
Marcadas por carinhos e ternuras
Procuras tantas vezes delicadas.

Colírios para os olhos, transparências
Pecados escolhidos quase a dedos,
Que falem que entre nós não há decências
Descubram eles mesmos os segredos

Que fazem dos enredos, redes, teias.
Enquanto tu provocas e incendeias...

749

Enquanto tu provocas e incendeias
Entranho em pororocas o teu mar,
Estrelas passeando mesmo alheias
Insistem em tocar e iluminar.

Minando estas defesas, feitas farsas
Abraços e carícias cios, sinas.
As roupas; amarrotas, rota esgarças
Enquanto o jogo inteiro tu dominas.

Vertigens entre estreitos labirintos
Com cócegas às cegas mãos avançam.
No chão, calças, vestidos, botas, cintos,
Nudez em nossa cama, chamas lançam.

Encanto sem perguntas vai cumprido.
E assim sou vencedor, mesmo vencido

750


E assim sou vencedor, mesmo vencido
Jogado contra a lona saio rindo.
Amor que me pegara distraído
Agora se tornando audaz e lindo.

Abrindo estes caminhos vida afora
Cercando de loucura estes beirais
Delícia que esfaimada me devora
Deixando este sabor de quero mais.

Convites para festa de hoje à noite
Entrada permitida pra quem quer
Sentindo a tua língua em doce açoite
Penetro os teus desejos, se vier.

Assim nós vamos juntos, não se esqueça
Mergulhe em bel prazer e compareça...



751


Mergulhe em bel prazer e compareça
Dançando a mesma dança, um vanerão,
Amor que assim não tiro da cabeça
Aos poucos vai virando uma paixão.

No ritmo alucinante par a par,
Cevando o mate amargo desta vida
Percebo o vento vindo devagar
Um vivente procura uma saída.

Adentra o teu rincão, tão guapa prenda
No amor que é trilegal, nosso sustento.
Segredos que tu guardas se desvenda
Bebendo gole em gole, o sentimento.

Que o negrinho proteja o tempo inteiro,
Guardando na guaiaca o gosto e o cheiro...



752


Guardando na guaiaca o gosto e o cheiro
Daquela que se deu em fogo ardente,
Acendo a cada noite o fogareiro
Vislumbro um paraíso de repente.

Das peles que se buscam e se querem,
Os corpos que se invadem na procura
Riqueza sem limites já se auferem
Cobrindo a nossa noite de ternura.

Estendo a nossa rede na varanda
Tocado pela lua sertaneja
Dançando em mesmo tom nossa ciranda,
O quanto que se quer amor deseja.

Assim na serenata que enlanguesce
A cada anoitecer a mesma prece...


753




A cada anoitecer a mesma prece
Pedindo que tu venhas para mim,
Destino caprichoso agora tece
Amor que se percebe forte assim.

Tomando nossos corpos, mesma chama,
Chamando para a noite intensa e maga,
O quanto eu te desejo e já se inflama
Fogaréu que a distância não apaga.

Deitando sobre nós vital beleza
Entorna suavemente uma esperança
Vontade se mantendo agora acesa
Teu rosto não me sai mais da lembrança;

Eu te amo e nunca nego este querer,
Quem dera teus carinhos, receber...


754



Quem dera teus carinhos receber
Atando nossos corpos, entrelaces,
Rolando nesta cama com prazer
Eu caço enquanto quero que me caces.

Da fera que ronrona enlanguescida
As garras afiadas me acarinham.
A presa deve ser bem dividida
Prazeres e vontades se avizinham.

Formando em mesmos laços unigênitos
Unidos em loucura e tentação
Dos corpos conjunção em tantos frêmitos
Causando a mais completa ebulição

Nas velas que se dão; um só pavio
Espalha sobre a cama, em nós, rocio...


755



Espalha sobre a cama, em nós, rocio
Pulsando bem mais forte o coração,
A cada novo dia me vicio
E principio assim, revolução.

Que a vida seja sempre em harmonia,
Sem desencontros, perdas ou discórdias.
Nos sonhos e desejos sintonia
Amor se faz em loas monocórdias.

Concórdia dominando nossos cantos
Recantos percorridos e sabidos
Toando melodias, bons encantos
Vontades e prazeres concebidos

Libidos embebidas num só gozo,
Amor que se faz denso e prazeroso




756

Amor que se faz denso e prazeroso
Trazendo um espetáculo sem par,
Teu corpo assim bonito e tão cheiroso
Perfuma toda a casa, devagar.

Arcando com as ganas de te ter,
Contando estes segundos que não passam,
Vontade de chegar e de poder
Sentir pernas que tocando se enlaçam.

Fagulhas vão virando fogaréu
As chamas tomam conta do cenário.
Flutuo, vejo vindo o claro céu
Num gozo sem igual, profano e vário

Percebo qual portal do paraíso,
Roçando a minha pele, o teu sorriso.
Publicado em: 25/02/2008 21:32:29
Última alteração:22/10/2008 17:01:24


EU TE AMO!! coroa de sonetos 55
757


Poeira no meu peito toma assento
O vendaval agora se faz brisa
Bisando eternamente o sentimento
Que em plena sintonia já me avisa

Do quanto se faz caro este querer,
Mudando totalmente este cenário.
Vazios no meu peito; vem preencher
Amor muito maior que imaginário.

Aquários multicores da alegria,
Dourando o dia a dia em raro sol.
O quanto te desejo em harmonia
Estende a fantasia em arrebol.

Cometa irradiante da esperança,
O peito de quem ama é só festança!

758

O peito de quem ama é só festança;
Riacho atravessando o vilarejo
No litoral o mar traz a lembrança
Do tempo em que, riacho, era desejo...

Eu me pego no sonho a procurar
Sintomas e sinais do que virá.
Quem dera se amor fosse o farto mar
Aonde o pobre arroio chegará.

As águas vão buscando paciência,
Um dia, no final da nossa história,
Na areia desta praia a florescência
Do sol ao laurear clara vitória.

Quem tem imensidão como destino,
Jamais se perderá em desatino...

759

Jamais se perderá em desatino
Quem vive a fantasia e não deserta
Certezas desde o tempo em que menino
Mantinha o peito em porta sempre aberta.

As chuvas que apanhei, a escuridão,
As marcas tatuadas dia a dia,
O tanto que tivera em negação
Agora vaga lume me irradia.

Da tétrica manhã que ameaçava
O resto do caminho em temporais
Minha alma em alegrias já se lava
Tocando com firmeza porto e cais.

Coragem que decora o coração
Permite deste amor, declaração...


760


Permite deste amor, declaração;
O fato em me farta em fortaleza
Dou nó num pingo d’água, a cada ação
Comendo em alegria a sobremesa.

A vida que se foi em rolimã
Agora passa tempo e passa rio
Boca da noite engole esta manhã
A sorte se equilibra em fino fio.

Acolho os cacarecos, ecos meus
Reflito o que do nada se criou.
Os olhos em frangalhos caçam breus.
Ateus vão demonstrando o que restou.

O monstro da lagoa, à toa, à tona,
Amor sem ter limites me abandona...


761

Amor sem ter limites me abandona
Nas sombras do que fomos; a saudade
Mostrada em senhorio, sonhos clona,
Fantasma vem rondando a realidade.

Quem há de me dizer o rumo certo
Se incerto, quase inseto vôo à toa.
E mesmo que à distância longe ou perto
O quanto que eu vivi ainda ecoa.

Reside dentro em mim tal locatária
Que faz o que bem quer e não me deixa.
Amor que me tornou um simples pária
Deixando em seu lugar saudade e queixa

Borrifa nos meus olhos incerteza
Recolhe os seus talheres, deixa a mesa...

762

Recolhe os seus talheres, deixa a mesa;
Banquete dos sentidos, noite afora...
Vencida com desejos, fortaleza
Beleza incomparável o céu decora.

Como eu te amo! Jamais te esquecerei
Felicidade, apenas um retrato
Do bem que tantas vezes desfrutei
E agora, em solidão tanto maltrato...

Simplesmente amar, sonho abandonado...
Seguir tuas pegadas, mas mentindo
Dizendo que isto é coisa do passado,
Que o dia que nasceu se fez tão lindo...

Saudade, simples foto na gaveta.
Partindo, já retorna, qual cometa...

763


Partindo, já retorna, qual cometa,
Às vezes vem em voz, noutras perfume,
Voltando em carrossel a mesma seta
Trazendo esta lembrança de costume...

Quem dera se eu pudesse te esquecer!
Quem sabe noutro tempo em nova vida.
Porém a roda viva me faz crer,
Esperança adormece, e vai perdida.

As ondas não se olvidam mais da praia,
A areia se tornando movediça.
Talvez a solidão já se distraia
Mudando a realidade tão mortiça.

O barco que soçobra, de repente,
Encontre o seu aprumo e siga em frente.

764


Encontre o seu aprumo e siga em frente,
Ganhando a eternidade em manso beijo
O amor que se procura se pressente
Num mundo mais gentil que em ti prevejo...

Meu verso vasculhando, ganha o céu,
Procura por pegadas, cada rastro
Deixado pelos passos de um corcel
Nos seios da mulher, puro alabastro,

Estendo as minhas mãos, alvejo o gozo
Aonde eu possa em paz, adormecer.
Por vezes o destino é caprichoso
E impede o mais sublime amanhecer.

Mas quando tem o sopro da alegria,
Sossega, calmamente, a ventania..

765



Sossega, calmamente, a ventania,
Palavra mais amiga que permita
Deter em nossas mãos toda a magia
Na qual quem sabe amar vive e acredita.

Amiga, tantas vezes eu percebo
Que a vida mesmo ingrata vale a pena.
Tranqüilidade e paz agora eu bebo,
Enquanto a vida vem, serena e plena.

O quanto é necessário a meta, o rumo,
Permite que se trace o meu destino.
Na força da amizade, eu já presumo
O passo que se dá mais firme e fino.

Contra a palavra amarga e violenta
Meu verso; eu sei que nada representa.


766

Meu verso; eu sei que nada representa.
Um trovador estúpido e sem tino,
Inutilmente cisma e sempre tenta
Buscar em polimento um canto fino

Patrão, pois me perdoe tal audácia
Da taça de cristal nem sei a cor.
Se eu falo do sertão, falas de acácia
Aguando o meu canteiro, esqueço a flor.

De todas as palavras que eu conheço,
Apenas um tem significado
E nela todo o mote que ofereço,
Deixando o que eu não tive, no passado.

Não falo da morena ou liberdade
Apenas te proponho uma amizade...


767


Apenas te proponho uma amizade.
Eu sei que é muito pouco ou quase nada,
Riqueza significa a claridade
Que sonhas toda noite ou madrugada.

Um velho sertanejo me dizia
Cantando uma toada bem antiga,
Nos braços da amizade uma alegria
Da vida a fortaleza, bela viga.

Olhando a lua mansa no sertão
Relembro num momento de Catulo,
As aves vão voando arribação,
Uma esperança morre no casulo.

Mas tendo aqui comigo a companheira
A chuva dentro da alma vem ligeira...

768



A chuva dentro da alma vem ligeira
Molhando os olhos tristes da morena.
A luz da nossa lua feiticeira
Nascendo atrás do monte já me acena.

A noite que virá em claridade,
Promete uma beleza a polvilhar
Os olhos de quem quer felicidade
Deitada sob os raios do luar.

Os pássaros da noite vêm chegando
Mistérios entre trevas, vaga-lumes
O vento da saudade me tocando
Dama da noite entorna os seus perfumes...

Dedilho uma viola sertaneja
Amor em minhas veias já poreja...

769


Amor em minhas veias já poreja
Felicidade vira precisão.
Quem tem o amor que sonha e mais deseja
Daquilo que ora eu falo, sabe não...

Saudade de você, moça bonita
Que um dia já se foi pra não voltar.
Meu pensamento sofre e acredita
Que a moça a qualquer hora vai chegar.

Os meses vou contando nos meus dedos,
As horas nunca passam, se arrastando.
Estrelas conhecendo os meus segredos,
O véu da bela noite decorando.

Assim, o coração sofrido em chama,
Teu nome em agonia, sempre chama...

770


Teu nome em agonia, sempre chama,
Viola que eu dedilho, toda noite.
Vontade de te ter, logo reclama,
O vento da saudade é frio açoite.

Patrão traz essa moça para mim,
Não posso mais viver tão longe dela,
Da praga que nasceu no meu jardim,
Vontade sem juízo se revela

De ter este carinho que foi meu,
Batendo no meu peito esta tristeza,
O sonho em outros cantos se perdeu,
A fome vem chegando à minha mesa...

Se um dia ela voltar, sem sofrimento,
Poeira no meu peito toma assento.
Publicado em: 26/02/2008 14:52:56
Última alteração:22/10/2008 17:01:31



EU TE AMO!! coroa de sonetos 56
771



E o toque dos teus lábios; mais preciso,
Permite que eu me sinta satisfeito
De tudo nesta vida que eu preciso
Amor em paraíso dá seu jeito.

Afeito a tal vontade eu nada falo
Apenas vou sentindo a suavidade
Do beijo dado em forma de regalo
Marcando com carinho esta verdade,

Pela cidade afora, feito um louco,
Não olho para trás, atiço o vento,
E bebo da alegria pouco a pouco
Enfoco sem sufoco o pensamento

E vejo retratada a tua imagem,
Amor que para a vida, dá coragem...


772


Amor que para a vida, dá coragem
Raríssimo esplendor em lua mansa
Permite a realidade sem miragem
Imagem mais sublime em esperança.

Tatuagem formada a ferro e fogo,
Gozando da perfeita sintonia,
Criada sem lamúria, choro ou rogo,
Expressão divina da alegria...

Escuto a tua voz airoso sonho,
Esplêndido luar em prata nobre,
Olhar em teu olhar, sereno, ponho;
A lua em fantasia nos recobre.

Descubro o quanto posso ser feliz,
Amor que uma tristeza contradiz...


773


Amor que uma tristeza contradiz
Deixando um rastro claro de esperança;
Avança com pujança em bel matiz
Alcança a temperança, feliz dança.

Na trança dos cabelos da morena
Novelos e venenos, seios plenos,
Atento a perfeição da rara cena,
Percebo e bebo sumos, sais, amenos.

Perenes estadias no teu mar,
Martírios esquecidos; lidas novas
É preciso decerto navegar
Enquanto em tantos gozos me renovas.

Os olhos da justiça e da inocência
No amor é muito além da coincidência...

774


No amor é muito além da coincidência,
O gozo repartido e reclamado.
Amada sensação sem penitência
Clemência se afastando do passado.

Atados finalmente; mente e pele,
Selando o meu futuro nos teus laços.
Nos maços de cigarro se revele
O quanto foram torpes os meus passos...

Bêbado de luz, sigo os teus rastros,
Mosaicos, arabescos, hieroglifos
Decifro o que me dizem tolos astros,
Embaixo destes sonhos, mesmos grifos.

Amor não se traduz em simples gráficos,
Nos beijos e carinhos, nossos tráficos...

775




Nos beijos e carinhos, nossos tráficos
Uma expressão fantástica de paz
Capaz de sonegar momentos trágicos
No quanto amor se entrega, um sonho traz.

Sereno sentimento, vento manso,
Helênica beleza na mulher
Que em plena tentação agora alcanço,
Remanso em transparência que se quer.

Sequer guardando sobras ou retalhos
Atalhos descobertos mudam sinas,
Das árvores em flores, ramos galhos
Tu sabes quantas vezes me dominas

Minando estas defesas que eu tivera,
Dignificando amor em primavera...


776



Dignificando amor em primavera
A rosa que se deu matando espinhos
Saltando sobre a dor, triste cratera
Cuspindo em sentimentos mais mesquinhos.

A quilha do meu barco resistindo
A toda ventania que vier,
Beijando o rosto claro, manso e lindo
Retrato mais perfeito da mulher

Que quer e que consegue o que pretende
Estende suas mãos, e vem comigo,
O abrigo necessário se desvende
No canto em que entoando eu te persigo.

Consigo recolher a claridade
Deixada pelo amor em liberdade...

777

Deixada pelo amor em liberdade
Pegada solta em pó poeira, areia
Sereia que se deu bar e cidade
Estende o seu tapete em lua cheia.

Na teia em que se enreda a fantasia
Fantasmas do que fui vão sem destino,
Menino que ilusão, temente cria,
Na argila da esperança, eu me alucino.

Um hino que se faça, um verso solto,
Batalhas esquecidas, novo prumo.
O mar que se mostrara mais revolto;
Agora em calmaria, entranha o sumo

Da sorte que se esfuma, mas retorna,
Amor que nos pertence, luz entorna...

778

Amor que nos pertence, luz entorna
Clareia toda a senda, acende a festa.
No canto da araponga, qual bigorna,
A chuva do passado não infesta.

Nas frestas fresas abrem orifícios
Delícias e carícias adentrando,
No gozo e no prazer, ofícios, vícios
Bandeiras da alegria se mostrando

Desfraldam, cobrem fráguas, penas mágoas
Não deixam que se veja o que passou.
Descendo em sedução as fartas águas
Recolho os teus sinais, sei o que sou.

Naturalmente a vida segue o curso,
Toada pelo amor e seu discurso...

779

Toada pelo amor e seu discurso
Viola enluarada nos convida,
Doce esperança segue o seu percurso
E muda todo o curso desta vida.

Uma ávida manhã que se promete
Da havida despedida, nasce o sonho,
A lida que em batalhas se arremete
Reflete o canto leve e mais risonho.

Eu sonho com teus lúdicos brinquedos,
Acendo o teu olhar, afino o tom,
Magia em que se urdiam teus enredos
Sugerem que ressurja um dia bom.

Bonança benfazeja que se entoa,
Cantando já me diz que a vida é boa...

780



Cantando já me diz que a vida é boa,
Momento que ressoa desse jeito
Afeito à precisão desta canoa
Alcanço o teu realce, satisfeito.

Relances, vão girando em minha frente
E de repente vejo a mesma imagem
Que um dia me fazendo mais contente
Preciosamente vira tatuagem.

Ourives lapidando a jóia rara,
Eu quero este momento eternizado,
Além do sonhara, imaginara
Em brilhos nosso amor é temperado.

Dos pampas às montanhas quero mais,
Na foz de nossos sonhos, porto e cais...


781

Na foz de nossos sonhos, porto e cais,
Os seixos permanecem neste rio.
O quanto que enfrentamos vendavais
Em magistrais viagens fantasio.

Se eu crio o que deveras acredito,
Repito em cada verso o mesmo plano
Quebrando em maciez duro granito
Ao infinito chego e não me engano.

Arcano pensamento em realejo
Tentando adivinhar o meu futuro,
Apenas o que agora inda prevejo
O céu em que das trevas eu depuro.

Parede que se dá, cores, afrescos,
Mosaico feito em braços, arabescos...




782

Mosaico feito em braços, arabescos
Em refrigério sonhos que desfilo.
Momentos que enfrentei, dias dantescos
Tormento tão difícil de senti-lo.

Estilos diferentes, mesmo aprumo,
Estio dominando a direção.
Estrídulos distantes, perco o rumo,
Estímulo renova esta estação.

Na ação que tantas vezes eu reclamo,
Monção que assim me inunda, apaixonando.
Menção ao tempo amargo ainda exclamo
Noção do que vivi já destoando.

Andando, o peito aberto, exposto ao vento,
Bebendo o bom licor do sentimento...

783

Bebendo o bom licor do sentimento
Eu tento ser mais tenro até me acalmo,
Dos salmos que ora entoas, meu provento,
Inferno em céu nublado resta calmo.

Amor obnibilando o que inda existe
Da bílis que domara em amargura
Tomando em fel a vida, cega e triste
Espúria violação, fria tortura.

Mendigo da esperança; fui à foz
Dos sonhos que bendigo, mas não toco,
Persisto neste intento, aumento a voz
E quero perceber amor in loco.

Loquaz soltando a esmo, verso e fala,
A paz do amor inflama quarto e sala...

784



A paz do amor inflama quarto e sala
E invade totalmente o coração,
Meu brado em alegria, ninguém cala,
Nem mesmo muda rumo ou direção.

Do pão multiplicado, afasto a fome,
Do chão já divido uma igualdade
Fantasma da injustiça, corre e some,
Nos olhos de quem ama, a liberdade.

Fraternidade alcanço nos teus passos,
Em laços solidários bem traçada.
A luz irradiando nos espaços
A poesia em todos, entranhada.

O paraíso, em ti, amor, diviso,
E o toque dos teus lábios; mais preciso.
Publicado em: 26/02/2008 17:06:41
Última alteração:22/10/2008 17:01:36



EU TE AMO!! coroa de sonetos 57
785



A vida vem trazendo sem aviso
A perfeição em forma de mulher,
Um beijo sorrateiro roubo e biso
Por ele topo tudo o que vier.

Quero a tua pele, a tua cor
Revirando fronhas, travesseiros,
Proponho sem limites, nosso amor,
Em aconchego, toques, peles, cheiros...

Quero ficar até o fim do dia
Conhecendo os caminhos, me perdendo
Até que decorando a geografia,
Aproves com louvor sem ter adendo.

Debaixo desta manga uma cartada
Em plena calmaria, a trovoada...


786

Em plena calmaria, a trovoada
Depois da tempestade, calmaria
A gente sem amor não vale nada
A noite sem você prossegue fria.

Estampo no meu rosto esta vontade
De ter a companhia de quem amo,
Depressa vem querida que a saudade
Não deixa no arvoredo qualquer ramo.

Aroma delicado da morena
Chegando bem juntinho das narinas,
Enquanto a lua tenta roubar cena
Seus olhos iluminam as cortinas

Calando dentro em mim qualquer tristeza
Amor faz o banquete e a sobremesa...

787

Amor faz o banquete e a sobremesa
Sobre a mesa, debaixo dos lençóis,
A presa se encontrando nessa empresa
Represa dentro em si divinos sóis.

A sós, ninguém segura quem se dá
Sem medo sem vergonhas ou juízo.
O fogo atiça aí e queima cá,
Cadenciando o passo mais preciso.

Preciso te falar, fique à vontade,
Não tenho outro desejo em minha vida,
Senão esta fornalha que me invade,
Incêndio sem final ou despedida.

Não quero e nem suporto desperdício
Amor que vem completo, santo vício...

788


Amor que vem completo, santo vício
Deixando o Santo Oficio arrepiado,
Rondando tantas vezes precipício
Desejo sem igual propiciado.

Sem trâmites formais, burocracia,
Amor se faz audaz e não discute,
Vontade toda noite principia
Durante uma alvorada, repercute.

Escute esta canção que o vento traz,
Atrás de cada raio de luar
Por mais que sem limites roube a paz,
Eu quero dele sempre desfrutar.

Refuto qualquer coisa que sonegue
Amor que em mar imenso já navegue...

789

Amor que em mar imenso já navegue
Apega-se ao gozo feito em cais,
Na adega do meu sonho ele prossegue
Inebriando sempre e muito mais.

No encanto deste canto, cada adorno
É feito com ternura e com carinho,
Ao tempo que sofri não mais retorno
Entornas tanta luz em meu caminho.

Amiga, amante, amada companheira
A Musa predileta, a minha Diva,
Contigo eu marcharei a vida inteira,
Minha alma de tua alma anda cativa.

Vivamos nosso amor profundamente,
Sem medo do que venha de repente.


790



Sem medo do que venha de repente,
Estendo o coração nesta soleira,
O vento que me toma; fatalmente,
Deitando minha sorte nesta esteira

Trará como bandeira uma esperança
Que possa transformar todo o caminho,
Estando sob a lua enorme e mansa,
Percebo deste Porto, o doce vinho.

Não temas mais a noite; não se assuste,
Por mais que em pesadelos, solidão,
A vida necessita; eu sei de ajuste
Mas fala bem mais forte esta emoção.

Não deixe que se aplaque o fogaréu,
Mergulhe sem limites nosso céu...

791


Mergulhe sem limites nosso céu,
Entre estrelas, pulsares e quasares
Galopa em liberdade este corcel
Deixando no passado tais azares

Que um dia polvilharam nossa estrada
Fazendo de um encanto, pesadelo,
O quanto a paz por nós é desejada
É sonho tão difícil de contê-lo

A par desta fantástica ilusão
A vida se fazendo em fantasia,
De um claro amanhecer, a percepção
Demonstra um novo tempo que se cria.

Aonde uma amizade sobrevenha,
Sabendo ser amor a nossa senha.


792


Sabendo ser amor a nossa senha,
Meu verso se embebeda no perdão
Que cada novo verso já contenha
Uma amizade plena de emoção.

Assim ao caminharmos lado a lado,
Enfrentaremos qualquer intempérie
Ao ter a sensação de um Eldorado,
A vida recomeça em nova série

O sonho que se fez em utopia
De um mundo bem mais justo e mais amigo.
E mesmo que inda venha a noite fria,
O dia nos protege do perigo.

E acima das complexas diferenças,
É na amizade a força destas crenças...


793


É na amizade a força destas crenças
Que possam permitir um novo tempo,
Distante das antigas desavenças
Não vejo mais sequer um contratempo

Que possa nos calar se a voz é forte
Além deste estribilho num coral,
Selando em paz intensa nossa sorte,
Matando em nascedouro todo o mal.

Ascendo em esperança ao que se expõe
Em luzes tão sublimes e magnéticas.
O verso que em justiça se compõe
Tentando usar figuras tão poéticas

Com força e com vontade agora flui
No poder da amizade se conclui...

794


No poder da amizade se conclui
Que a mansidão vencendo a dura fera
Aos poucos na esperança vai e influi,
E nesta confluência a primavera

Exposta com total tranqüilidade
Criando um patamar superior
Aonde deva haver a liberdade
Com a tranqüilidade interior.

Assim, ao mitigar toda a tristeza,
Sementes espalhando sobre a terra,
Permite que se vença a correnteza
Ganhando esta batalha, venço a guerra.

Em paz, olhando o céu e o firmamento,
Poeira em calmaria toma assento...

795

Poeira em calmaria toma assento,
Enquanto a chuva cai tão mansamente.
Ouvindo a tua voz, decerto eu tento
Mudar este destino totalmente.

A mente te buscando já percebe
O quanto que lagrimas nesta tarde.
De lágrimas o chão em dor se embebe,
Pedindo que o amor não mais retarde.

Eu gostaria agora de poder,
Estar do lado teu, te consolar,
Não sabes quanto é grande o bem querer,
Tampouco quanto eu quero, enfim te amar...

Das lágrimas que, inúteis, tu derramas,
Quem dera se eu pudesse arder em chamas...

796


Quem dera se eu pudesse arder em chamas,
Queimando sob as luzes da paixão,
Minha alma cativada, quando inflamas,
Mergulha na total satisfação...

Amargas esperanças; cultivara
Ouvindo o mesmo não repetitivo.
Se mesmo a natureza desampara
Propondo eternamente o ser cativo

No quarto sempre escuro do desejo
O medo em relampejo trovejando
O quanto que te quero e sempre almejo
Aos poucos se perdendo e desabando.

Abandonado e só, nada me resta.
Amor em solidão tristezas gesta...

797

Amor em solidão tristezas gesta
E empresta esta mortalha que ora visto.
Outrora quem vivera em riso e resta
Agora em solidão anda malvisto.

Assisto ao meu velório feito em vida,
A sorte de viver já não me alcança
Estrada que tentara vai perdida,
Mordaça me calando sem fiança.

A trama em que me enredo, solitária
Expressa o que restou de um sonhador.
Não quero mais a luta temerária
Eternamente enfim, sou perdedor.

Recebo o vento frio da saudade,
Matando o que restou da claridade...


798

Matando o que restou da claridade
Sem lua o cavaleiro segue em solo,
O quanto é necessária uma amizade
Não serve nem de apoio ou mais consolo.

Assolam os momentos, fúrias, dores,
Argutas as quimeras na tocaia
Espalham seus espinhos, secam flores,
Algoz feito esperança toma a praia

E invade o que restou de quem sonhara,
Deixando tão somente uma carcaça.
A jóia cultivada, mesmo rara,
Perdida em meio a nuvens de fumaça;

A morte que sonega o paraíso,
A vida vem trazendo sem aviso.
Publicado em: 26/02/2008 19:44:56
Última alteração:22/10/2008 17:01:42

EU TE AMO!! coroa de sonetos 58
799

De todo o que passei; cada tormento
Deixando a mais profunda cicatriz
Não tendo em meus caminhos mais alento,
Vagando quase sombra, um infeliz.

Atrizes que se foram, palco estúpido.
Num último momento, mau cenário,
Olhar que me devora, atroz e cúpido,
Estende o seu sorriso temerário

No crocitar terrível, na rapina,
O bico que penetra no meu cerne,
Quem dera se minha alma em leve crina
Alçasse uma esperança que me hiberne.

Talvez inda restasse uma ilusão,
A noite se esgarçando em podridão...

800

A noite se esgarçando em podridão
Deixando o meu esgoto sempre às claras
Inverno desbotando este verão,
Enquanto de outros sonhos me declaras.

Escaras que acumulo pela vida,
Feridas que se fazem mais presentes.
Não vejo mais sequer uma saída,
A faca segurando entre meus dentes.

Mostrando minhas garras, meus farrapos
Vivendas que ontem foram doces lares,
Nos pêndulos do tempo velhos trapos
Estendem suas cores nos altares.

Solares do passado tão distante,
Cenário desta insânia deslumbrante.


801


Cenário desta insânia deslumbrante
A cama feita em trágicos lençóis
Farol que se perdeu a cada instante
Negando uma alvorada plena em sóis.

Se de soslaio eu vejo antiga cena
A lúgubre passagem repetida,
O quanto que o desejo me envenena
Matando minha sorte de saída.

Assíduo expectador da fantasia,
Há tempos que eu perdi força e vontade.
Noite que solitária já se esfria
Prenúncio do vazio em tempestade.

A faca que se entranha no meu peito,
Por ironia, eu sei ser teu direito...

802


Por ironia, eu sei ser teu direito
O riso que sarcástico entoaste.
Serpente que se entranha no meu leito
Causando com a lua este contraste.

Os vermes que carrego dentro em mim,
Aos poucos devorando o que me resta.
Na pútrida agonia, chego ao fim,
Meu corpo apodrecido tudo empesta.

Os olhos arrancados, as galés
Atado a tais correntes, pés em chama,
O corte se aprofunda e de viés,
Escara dentro da alma já se inflama.

O beijo cadavérico da sorte,
Expõe como saída, o frio, a morte...


803


Expõe como saída, o frio, a morte,
Paixão que se abortou há tantos anos,
Aprofundando em mim temível corte,
Mudando esta viagem nega planos.

Os desenganos todos que carrego,
Não posso e nem consigo questionar,
Quem sabe que se esvai, calado e cego,
Não sabe ou reconhece mais o mar.

Quem dera simplesmente ser feliz,
Cantar em liberdade amor imenso.
Destino lamentável já não quis
Futuro pressuponho amargo e tenso.

Intensas labaredas das paixões,
Morreram em cruéis desilusões...


804

Morreram em cruéis desilusões
As pétreas esperanças, fatais erros,
Do quanto foram luzes, emoções
Morrendo dentro em mim, frios desterros.

Ardumes me tomando olhar tão rubro,
Especiarias tive e não cuidei,
Agora em solidão eu me descubro,
Amarga sensação que eu entranhei.

A carne decomposta, nauseante
Aroma que se espalha pelas ruas,
Tivesse em pleno amor algum instante
Minha alma navegando em claras luas.

Mas resta tão somente o riso inglório
Irônico festejo em meu velório...


805


Irônico festejo em meu velório
Gargalham os abutres, vou exangue.
Os restos vãos expostos num empório
Na taça cristalina, rum e sangue.

As vísceras expostas, bacanais,
Orgástica e vampírica luxúria.
Instintos demonstrados, bestiais
Nos olhos tresloucados, riso e fúria.

Incúrias espalhadas pela casa,
Tetânicas molduras tão voláteis,
O fogo da mentira que me abrasa
Tentaculares pêndulos contráteis.

E o lúbrico sorriso com sarcasmo
Da morte que perpetra um vão orgasmo.

806


Da morte que perpetra um vão orgasmo
Levando uma crisálida em vencida
Depois de tanto tempo, no marasmo,
A boca se esfacela e nega a vida.

Procelas que embebi na minha estada
Deixando suas marcas mais profundas.
No peito que se entrega, uma estocada
Causada pelas mãos, cruéis, imundas

Daquela que se fez negra penumbra,
Depois de me entregar em corpo, em alma,
Somente este vazio se vislumbra,
Uma agonia amarga, agora acalma.

E neste paradoxo, pouco sobra
Do peito que em tempestas já soçobra...


807

Do peito que em tempestas já soçobra
Uma expressão terrível quase agônica
O quanto fui feliz agora cobra
A sorte em nova face arquitetônica.

A tônica do amor repetitivo,
Expressão nefasta agora trama.
Do quanto que já fui de ti, cativo,
A melodia amarga os tons e exclama.

Descendo pelos ralos, esperança,
Esgota-se no mangue da ilusão.
Esgotos e sarjetas, nova dança
Mudando ao fim da noite, este refrão...

Minha alma desdenhada e carcomida,
Nas mãos a fantasia apodrecida...


808

Nas mãos a fantasia apodrecida
Dos carnavais orgásticos que tive,
Non bote da serpente a minha vida
Expressa o que sonhei e não contive.

Desilusão se mostra mais constante,
Arcando com meus erros, chega o fim,
O cheiro de minha alma nauseante
Apodrecendo cedo o meu jardim.

Enfim posso rever aonde errei,
Ao ter tão simplesmente a negação.
Em tétricos caminhos, naveguei
Deixando os meus escombros pelo chão.

Agora sem ter rumo e só; descambo,
Arrasto-me nas ruas, qual molambo...

809


Arrasto-me nas ruas, qual molambo,
Um verme que se deu ao limbo eterno,
A sorte que meus sonhos fez escambo
Lambendo minhas pernas cria o inferno.

Partícipe da orgástica folia,
Entregue a mais completa insensatez,
Gritando tantas vezes a alforria
Os olhos em temível languidez

Atrelo o meu futuro ao meu passado
E leio este capitulo final,
Deitando o meu olhar aliviado
Percebo que restei sem bem nem mal.

Correntes carregas vida afora,
A sombra do que fui já me devora...

810

A sombra do que fui já me devora,
Deixando tão somente uma saída,
Se o olhar que inda te trago se descora,
Quem sabe renascendo em nova vida

Após meu funeral em luz sombria
Permita ao eremita ser feliz.
A morte me fascina. A fantasia
Criada noutra senda expõe e diz.

O vaso que se quebra jamais é
Do jeito que se fora noutro tempo,
Vivendo com loucura, risco e fé,
Talvez ainda vença o contratempo

Armado qual cilada a cada passo,
Negando à fantasia o seu espaço...


811



Negando à fantasia o seu espaço,
Pressinto num momento de inquietude
Que ainda me permito ao teu abraço
Mudando de caminho e de atitude.

Quem sabe na amizade o meu sustento,
Trazendo algum alento, uma esperança.
O quanto que eu desejo e mesmo tempo
Criar alguma forma de aliança

Que possa permitir algum remédio,
A droga que fascina e me entontece
Legando à solidão a dor e o tédio,
Um novo amanhecer assim se tece.

Nos braços que estiveram do meu lado,
Um novo amanhecer tão esperado...


812


Um novo amanhecer tão esperado
Encontro na bonança após a chuva,
Olhar por tantas vezes maltratado
Entende uma amizade como luva

Que apóia enquanto aquece e trama a cura,
Deixando o que passei nesta gaveta.
Agora quem se entrega com doçura
Transmuda a direção da fria seta.

Completa sensação de liberdade,
Depois de uma agonia interminável,
Nas sendas tão macias da amizade,
Um novo amanhecer decerto amável.

A direção mudada pelo vento,
De todo o que passei; cada tormento.
Publicado em: 26/02/2008 20:56:46
Última alteração:22/10/2008 17:01:47


EU TE AMO!! coroa de sonetos 59
813



Um novo amanhecer em que diviso
Nudez maravilhosa em minha cama,
Mulher que à noite veio sem aviso,
Provoca maremoto enquanto inflama.

Roçando a minha pele, o seu desejo
Expresso na vontade de se dar,
Delícia que se entrega enquanto vejo
Na transparência o quanto é bom amar.

Mergulho nestas tramas meus carinhos
Arisca, tu sonegas, mas bem queres,
Descubro em tuas sendas os caminhos,
Do jeito e da maneira que vieres.

Em sonhos me enlouqueço enquanto espio
O porejar sublime, teu rocio...

814


O porejar sublime, teu rocio
Tomado gota a gota me inebria.
Do quanto eu te proponho e me vicio
A noite em mil loucuras principia.

Nas grutas, furnas, locas, explosões,
Inundação de gozos e de risos,
Na cama em que se entregam furacões
Certeza de delírios mata os sisos.

Rolando sobre nós estrelas nuas,
Uma arquejante insânia nos colore.
Entregue a tais prazeres continuas,
Teu corpo que eu perceba e que eu decore

Os rumos que me levam aos orgasmos,
Sem medo, sem limites, sem marasmos...

815


Sem medo, sem limites, sem marasmos,
Estendo o meu prazer, recebo o teu,
A noite nos jograis que sem sarcasmos
Em sonhos, a alegria concebeu.

Alheia a tais profanas caminhadas,
A lua nos observa em claros raios,
As tramas mais sublimes decoradas,
Corcéis alçando céus, libertos, baios.

Vislumbro em transparência o gozo pleno,
Desnuda em minha cama, esta morena
Responde da vontade todo aceno,
Deixando a nossa vida mais amena...

Amor que sem pecados extasia,
Decerto de gostoso já vicia.

816


Decerto de gostoso já vicia
O grande amor que entranha as nossas vidas.
No quanto teu carinho protegia
As horas não se foram distraídas.

Na beleza infindável de teus olhos,
O sonho se mostrando sempre bom,
O trigo separado dos abrolhos
Estende em harmonia um novo tom

Este anjo que tu és já me permite
Viver a sensação do manso sono,
Amor que na verdade é sem limite
Cativa e não concebe um abandono.

Deitando meu carinho em tua guarda,
Felicidade imensa já se aguarda...

817

Felicidade imensa já se aguarda
Depois da triste curva do caminho,
A dor que tantas vezes nos retarda
Esquece-se na paz em que me aninho.

Deitando no teu colo o meu desejo,
Asperges sobre mim a tempestade
O quanto que ao teu lado assim prevejo
Um mundo com sublime liberdade.

Teu corpo, uma divina catedral
Erguida em homenagem ao prazer
No amor que se faz louco ritual,
O fogo feito em lava a se verter

Vulcânica explosão, lírico sonho,
No formidável mar meu barco eu ponho...


818


No formidável mar meu barco eu ponho,
Distante dos naufrágios e quimeras,
Outrora um navegante tão tristonho
Exposto às solidões, temíveis feras,

Agora ao descobrir tuas veredas
Não vejo outro tesouro entranho esta ilha.
Na busca deste gozo que concedas,
Gerando tão somente a maravilha

De ser e de poder estar contigo,
O tempo que me resta, solto ao vento,
Em ti encontro a paz, calor e abrigo,
Não tenho outro caminho ou pensamento.

Bebendo desta fonte inebriante,
Eu quero mais agora e a cada instante...


819

Eu quero mais agora e a cada instante
Rompantes, noite afora, sem demora.
Embora amor às vezes, um mutante
Que em tantas fantasias se decora.

As lágrimas nos céus do meu passado
Causaram tanta chuva e temporal.
No aval de teu carinho, desfraldado
O tempo que se faz em festival.

Ao refazer leituras do que sou,
Encontro alguns sinais de novo estio.
O vento que em outra hora congelou
Trazendo tão somente o duro frio

Agora feito brisa, chega manso,
O dom da calmaria, enfim, alcanço...

820


O dom da calmaria, enfim, alcanço
Rolando em plena noite um som suave.
O canto que se espalha calmo e manso
Retira do caminho, pedra, entrave...

Na nave dos meus sonhos chego a ti,
O quanto que te gosto, não consigo
Falar em simples verso o que senti,
Na música a tocar, tudo o que digo.

Escute a melodia, ela diz tudo
Nas notas da canção, neste estribilho,
Por mais que eu fique aqui, calado e mudo
Retrato que se mostra, tom que eu trilho.

Declaração de amor simples balada,
Não falo e nem preciso dizer nada...


821



Não falo e nem preciso dizer nada
Tu sabes deste amor que há tempos sinto.
Nas noites, na viola enluarada
Em cores mais diversas, traço e pinto.

Das velhas garatujas, nem lembranças
Caricaturas minhas esquecidas,
Das tintas mais brilhantes as fianças
Permitem noites raras, coloridas...

Na tela que se mostra em quarto e cama,
Emoldurada cena eu não esqueço,
As luzes se misturam nesta trama,
Às forças primitivas obedeço

E traço com pincéis minha obra prima,
Moldada em maravilha, sonho e estima...

822


Moldada em maravilha, sonho e estima
Vontade de chegar perto de ti,
Amor é muito além de simples rima,
É tudo o que sonhei, e quero aqui.

Atando nossos corpos, mãos além,
Roçando em fantasia cada poro,
Guiando o pensamento, o gozo vem,
No corpo que vasculho e já decoro.

Intenso fervilhar, dança febril,
Partilha que se busca sem demora,
O lábio mais audaz segue sutil,
Meu corpo flutuando nega escora

E vaga no infinito de teus seios,
Descobre em tuas sendas, ricos veios...


823

Descobre em tuas sendas, ricos veios,
Quem sabe a dançarina inesquecível
Bailando em liberdade, sem receios
Inebriando sempre em luz incrível.

Os passos desta dança bem ritmados
As coxas se tocando, mãos passeiam.
Desejos e vontades são rimados
O quanto que se querem; já se anseiam...

Revelações em formas tão iguais,
As línguas passeando, mais sedentas,
Os toques tão macios, sensuais,
Ao mesmo tempo negas quando atentas.

Depois as roupas viram testemunhas,
Dos versos que em loucuras tu compunhas...


824


Dos versos que em loucuras tu compunhas
Diversas fantasias e sonetos,
Nos corpos que se lanham; dentes, unhas,
Nas peles parcerias e duetos.

Riscando o teto estrelas multicores,
Aéreas borboletas vão libertas,
Na cama fecundando belas flores,
As janelas e a porta estão abertas.

Milhares de crisálidas preparam
O amanhecer supremo da esperança.
Enquanto as maravilhas se declaram,
Performática e rara nossa dança.

Embalos repetidos não nos cansam,
Apenas recomeçam sempre avançam.

825


Apenas recomeçam sempre avançam
Os jogos que fazemos gozo e sonho.
Enquanto as nossas pernas já se trançam
O verso mais gostoso, enfim, componho.

Se eu ponho os meus saveiros no teu mar,
Mergulho o meu prazer em mansas águas.
Enquanto este desejo dominar
Em mim com fartas ondas tu deságuas...

As mágoas esquecidas, peito aberto,
Armando um temporal e inundação,
Deixando em polvorosa o vil deserto,
Nos poros, os suores, explosão...

E bêbado da orgástica aguardente,
Como um replay eu jogo novamente...


826


Como um replay eu jogo novamente
Se eu ganho ou perco, já venci.
O tempo não importa, plenamente
Ondeio o meu prazer dentro de ti.

No corpo da morena um ópio, um vício
Recendes à total insensatez
No abismo incontrolável, precipício
Bebendo toda a lua de uma vez.

A dois se fez esplêndida batalha
Aonde o vencedor vencido está
Perfume pela casa que se espalha
Eternamente em nós mergulhará.

Do sol que tu me dás cedo matizo
Um novo amanhecer em que diviso.
Publicado em: 27/02/2008 12:27:07
Última alteração:22/10/2008 17:01:55



EU TE AMO!! coroa de sonetos 60
827




O fim dessa amargura e sofrimento
Que expõe a face oculta da pantera,
Lambendo a sua cria, num momento
Adentra em nossa pele, amarga fera.

Andando sem destino pelas ruas,
Crianças são expostas qual troféu,
Enquanto sutilmente as carnes cruas
Vendidas mais baratas que papel

Jogadas sempre às traças por quem anda
Olhando para estrelas de cinema
O que se disse outrora já desanda
Amor não pode ser só um problema

Vencendo as injustiças, na verdade,
Ouçamos a voz mansa da amizade...

828


Ouçamos a voz mansa da amizade
Clamando por um sonho mais liberto
Trazendo em pleno amor, fraternidade
Mostrando este caminho sempre certo.

Deitando sobre todos claramente
A paz na qual se deve prosseguir.
É necessário sempre que se tente,
Não podemos, amiga, desistir.

Atrás de um sonho imenso de justiça
Lutemos sem descanso vida afora,
Humanidade imersa na cobiça
Em lágrimas e sangue se decora.

Olhando para frente inda acredito
Num canto libertário e mais bonito...

829


Num canto libertário e mais bonito
Eu posso imaginar um novo tempo,
Vencendo em mansidão duro granito
Deixando no passado o contratempo.

Um sonho guerrilheiro em que se faça
O novo amanhecer em liberdade,
Por mais que nos destrua a fria traça
O dia irá trazer felicidade.

Encanto que não seja solitário,
Expressa uma alegria em cada peito,
O amor que se demonstra solidário
Nos laços da amizade sendo feito

Estampa em nossos olhos maravilhas,
Dourando em harmonia as novas trilhas...

830

Dourando em harmonia as novas trilhas
Abrindo do passado os vãos sombrios.
As almas antes sós, vãs andarilhas
Feridas fatalmente nos seus brios

Recebem com alento um sonho bom
Aonde se percebe uma alegria
Mudando totalmente o velho tom
No qual a nossa sorte, enfim se urgia.

Surgia neste sonho em plena paz
O riso da esperança, uma ilusão,
Mostrando ser possível e capaz
Nas tramas de um amor, revolução!

Porém ao acordar e ver de perto,
Miragem volta a ser triste deserto...

831


Miragem volta a ser triste deserto
Na seca que retorna eternamente,
O carrossel da vida sempre incerto
Permite que se veja claramente

No rosto da criança esfarrapada
A fome que se espalha, de justiça.
A marca em nossa pele tatuada
Impede que esperança ressurja e viça.

Algozes de nós mesmos, insensatos
Distante da amizade, a podridão
Espalha pelas ruas, pelos matos,
Matando em nascedouro a solução.

Assim, como idiotas e imbecis
Deixamos nossas vidas por um triz...


832


Deixamos nossa vida por um triz
Nas vezes em que, tolos inda cremos
Que a sorte de viver nos faz feliz,
Por mais que destrocemos nossos remos;

O barco se perdendo em mau destino
Não deixa que veja mais o cais.
Olhares de uma infância em desatino
Exposta a carniceiros tão venais.

No campo e na cidade a mesma face
Da fome se espalhando dia-a-dia.
Quem dera se pudesse ou encontrasse
Viver ao fim de tudo, uma alegria

No canto mais sublime da amizade
O rosto tão suave da verdade...


833


O rosto tão suave da verdade
Explicitando a vida que se faz
Distante do que possa em liberdade
Trazer a todo ser, imensa paz.

O canto libertário adentra o ninho,
Porém farta injustiça engaiolando
Não deixa sobrevir ao passarinho
O belo que se entorna deslumbrando

O céu que se permite em azulejo,
Mas assum preto cego jamais vê
Restando tão somente este desejo
De um dia o novo encanto em que se crê

E sabe-se capaz de iluminar
Mudando a face algoz a nos tocar...

834


Mudando a face algoz a nos tocar
Uma esperança feita em amizade
Talvez inda consiga transformar,
Trazer a quem deseja a liberdade.

Desértico país que se deixou
Levar pelos carrascos mais temidos,
O céu que em tempestades se nublou,
Mata-borrão sorvendo tais gemidos,

Estampa em ironia, ordem progresso,
Bandeira que jamais foi nossa glória,
Nas artimanhas vis deste Congresso,
A face do poder expõe a escória.

Abutres rapineiros não se cansam,
Enquanto os pés mendigos não descansam...

835



Enquanto os pés mendigos não descansam
O medo se espalhando nos olhares
Daqueles que buscando não alcançam
São frutas que apodrecem nos pomares

Porém uma vingança já se estampa
Nas mãos destes meninos esfaimados,
Ao não temer a sorte feita em campa
Nem mesmo os sangues vários derramados.

Guerrilha que se mostra ressurgida
Baseados nas bocas, cocaínas,
A bala que te encontra, não perdida
Expõe tantas feridas das esquinas.

A fera adolescente que hoje mata
Especular reflexo, só retrata...

836


Especular reflexo, só retrata
O olhar em que haveria ingenuidade
De tanto que se fere e se maltrata
Os cães sempre procuram igualdade.

Da súcia que devia legislar
O rosto que se expõe, em podridão
Permite que se veja o mesmo olhar
Daquele que trafica, exploração.

Na luta que de dá nem concha ou mar,
Os erros cometidos são de todos.
Numa omissão difícil de explicar
Criamos pra nós mesmos vários lodos.

Fuzil, ora brinquedo de criança
Expressa, em realidade, uma vingança...



837




Expressa, em realidade, uma vingança
Reféns da súcia imunda que crocita
Na lama que nos toma; a mesma dança
Mascara a cruel face, sempre aflita.

Nas tramas tantos quês entrelaçados
Explicam os velórios da esperança
Os dias que vivemos, derrotadas,
Moldando o que teremos na lembrança;

Os filhos do poder e seus escravos,
Os olhos embotados da miséria.
Quem dera em mares loucos, frios, bravos
Uma expressão mais firme e bem mais séria

Permita que se mostre em amizade,
O quanto que é possível liberdade...


838


O quanto que é possível liberdade
No peito de quem luta por justiça,
No amor vejo a possível claridade
Matando a fera amarga da cobiça.

Há tempos um judeu em fantasia
Imolado por crer num novo tempo
Aonde amor, perdão, já poderia
Vencer qualquer problema ou contratempo.

Daquilo que Ele disse, muita gente
Vendendo o que de Graça recebeu
Expulsa do hospital, todo ser crente
Que a força da serpente não venceu.

Assim, em ironia e podridão,
A corja vende amor, rouba o perdão.


839


A corja vende amor, rouba o perdão
Nos bancos das Igrejas, tribunais
Abutre se disfarça em vendilhão
Engorda a súcia cada vez bem mais.

Quem dera se eu tivesse o mesmo açoite
Que um dia o Bom Judeu usou sem dó,
Talvez ainda pudesse em plena noite
Mostrar o amanhecer, dourar o pó

Do qual nós fomos feitos, e voltamos
Depois da caminhada sobre a Terra,
Cuspindo nos venais e cruéis amos
Sentindo o puro amor que assim se encerra

Nos olhos de um amigo em cruz, liberto,
Aguando em esperanças o deserto...


840



Aguando em esperanças o deserto
Destino transformado totalmente,
O peito em amor puro vai liberto
Trazendo alvorecer bem mais contente.

No poço em que se fez escuridão,
Amor mostra possível farta luz.
O tempo em que se deu ingratidão
Às mãos de um novo sonho nos conduz.

Na cruz em que se estampa o bom cordeiro,
O amor que assim se deu em sacrifício
Permite que se mostre verdadeiro
O amor como caminho e como ofício.

Nos olhos do judeu, em doce alento,
O fim dessa amargura e sofrimento.
Publicado em: 27/02/2008 14:47:44
Última alteração:22/10/2008 18:20:41


EU TE AMO!! coroa de sonetos 61
841



Sabendo da colheita prometida,
Eu mostro as minhas mãos sempre vazias,
Promessa tantas vezes esquecida
Estende suas dores e agonias.

Durante tanto tempo amargo sonho
Calando a nossa voz, negando a paz.
O monstro soerguido, vil medonho,
Mostrando o quanto pode ser capaz.

Capachos desta insânia; perseguimos
As falsas impressões em lumes frágeis.
Na manta das mentiras nos cobrimos,
Os inimigos sempre são mais ágeis.

Quem sabe se lutarmos... Mas esqueça,
Amortalhado amor, pregando peça...

842

Amortalhado amor, pregando peça
Num mambo o meu molambo coração
Às vezes devagar, noutra se apressa
E traz por resultado a negação.

Do mar que outrora fora serenado,
Apenas tempestade, o que restou.
Vibrando o sonho um dia desfraldado,
Marcado por insânia ainda estou,

Da lua se esmerando em raios claros,
A maresia faz-se mais presente.
Momentos mais felizes são tão raros,
Tristeza normalmente é o que se sente.

Assim, entre retalhos e cetins,
Eu tento ainda crer nos teus jardins.

843


Eu tento ainda crer nos teus jardins
Por mais que chagas; tantas; já fizeste
A seca que se deu matou jasmins
Amor não sobrevive ao menor teste.

A dor não me seria mais completa
Se tu não me trouxeste o teu sorriso.
Assim a farsa plena se completa
No riso que entornaste este granizo.

Aguardo então teu bote no final,
Repondo em minha adega amargo vinho.
O quanto que já foi tão desigual
Amor no qual decerto não me aninho.

Mas eu me vingarei, esteja certa,
Mantendo no meu peito, a porta aberta.


844



Mantendo no meu peito, a porta aberta
Adentra-se este sonho que me trazes
De todo o que pressinto, estando alerta
A vida se renova em várias fases.

Dormir eu te garanto não mais quero
Se agora o meu sorriso é mais intenso.
Além de qualquer sonho eu me tempero
No amor que nos teus braços, tenho imenso.

Encantos espalhados pela casa,
Estrelas debruçadas na janela.
Calor que veramente assim me abrasa
Amor em plenitude se revela

E chama para o gozo, tais magias
Realizando as nossas fantasias...

845

Realizando as nossas fantasias
Encontro nos teus laços minha cura,
O quanto desejara em noites frias
Estar sempre distante da amargura.

Minha alma que em teus braços se demora
Expressa o quanto a vida faz contente
Traçando meu destino revigora
O amor que se pretende ser da gente.

Agente da esperança, um canto breve
Espalha em arrebol, tranqüilidade,
A solidão se cala e não se atreve,
Expressa no vazio a liberdade

Bebendo com fartura nesta fonte,
O sol volta a luzir meu horizonte...

846

O sol volta a luzir meu horizonte
Numa expressão de enorme lucidez,
Por mais que a vida, às vezes desaponte
Amor em alegria já se fez.

Meus olhos percebendo tal beleza
Exposta em atitudes mais serenas,
Entrega-se ao banquete em lauta mesa
Carícias sem limites, raras, plenas.

Agora me livrando dos meus erros,
Estendo as minhas mãos, te convidando,
Lançarmos nossas asas sobre os cerros
Divina fantasia desfraldando.

O quanto tanto amor se fez gentil,
Diverso do que outrora fora vil...

847



Diverso do que outrora fora vil
Solidão, nosso amor nos extasia.
Beleza sem igual jamais se viu,
Traçando em realidade, a fantasia.

Dois corpos que se tocam plenamente
Por sobre estes lençóis, sedas, cetins,
Fragrâncias divinais rondam a gente
Mostrando a plenitude dos jardins.

Enamorados vamos noite afora,
Suspiros e gemidos, doce alento.
Eu quero teu amor, e desde agora
Não tenho sequer outro pensamento.

Desejo nestas noites sensuais,
Somente ser só teu e nada mais.

848

Somente ser só teu e nada mais!
A voz que repetia o mesmo mote
Entregue à fantasia feita cais
Estende em farto mel, divino pote.

Sem cotas nem limites, sempre teu
Caminho percorrido em bela noite
Entregue à luz suprema, esquece o breu
Já tendo a claridade em que se acoite.

A trama que se expressa claramente
Nos diz do amor intenso e sem limites
No qual eu me sentindo assim contente
Não quero e nem permito mais palpites.

Fiel ao nosso sonho; sou feliz
Contendo todo amor que outrora eu quis.


849




Contendo todo amor que outrora eu quis
Senhora dos meus sonhos, amante amiga,
Do medo não restou nem cicatriz,
Ausência não passou de mera intriga.

O tempo de sonhar se faz agora,
Coletando as estrelas mais distantes
O quanto em maravilha se decora
Fazendo das tristezas vis farsantes.

Bem antes do que tenho em alegria,
Andara pela vida, simplesmente,
Ao ter bem junto a ti vital magia
Felicidade plena se pressente.

Vivendo com certeza, raras glórias.
Arcando com meus erros e vitórias.


850

Arcando com meus erros e vitórias
Jamais me arrependendo, sigo em frente.
Lauréis entre derrotas tão inglórias
Depois de tudo, em ti, ando contente.

Aprendo a cada dia em novo enfoque
Olhar com mansidão este horizonte.
Por mais que tão distante eu nunca toque
A lua tão sublime enfeita o monte.

Porém quanto é possível perceber
A magnitude plena deste amor.
No dar sem procurar nem receber
Felicidade expressa o seu valor.

Assim amar além e sem fronteira
Uma emoção maior, pois verdadeira...

851


Uma emoção maior, pois verdadeira
Derrama sobre nós tanta fartura,
Além desta alegria costumeira
Amor promete paz enquanto cura.

Na alvura dos lençóis, o jogo intenso,
No qual não se permite mais engano,
Em ti eu nunca nego, sempre penso,
Um nobre sentimento soberano.

Relego qualquer dor, prefiro a sorte
Que é feita nos teus olhos, meus faróis.
A vida se permite em tal suporte
Trazendo segurança aos arrebóis.

Depois de terremotos e tsunamis,
Não temo mais as dores, vis infames...

852

Não temo mais as dores, vis infames
Extensões terríveis do passado,
Por mais que tantas vezes tu reclames,
Eu continuo sempre do teu lado.

Mesquinharias; deixo e vou em frente,
Não quero reviver os sofrimentos,
Às vezes nosso amor, cedo pressente
A tempestade feita em duros ventos.

Abrindo em guarda-sol minha esperança,
Tempero com carinho os disparates.
A voz em agonia então se lança,
Impede que o amor; cedo maltrates.

Um álibi que trago aqui comigo,
O meu passado feito em desabrigo...


853


O meu passado feito em desabrigo
Deixando no meu peito a cicatriz,
Agora ao ter o sonho que persigo,
Eu sinto finalmente ser feliz.

Não quero mais o riso tão atroz
De quem se deu ao luxo de um sarcasmo.
Às vezes escutando a tua voz
Eu fico sem defesas, mesmo pasmo.

Porém entendo enfim, os teus ciúmes,
Em expressão diversa, diz amor.
Ouvindo em calmaria tais queixumes,
Respiro sem espinhos, bela flor.

Amor que se permite ao colibri,
Beleza assim igual, eu nunca vi...


854


Beleza assim igual, eu nunca vi,
Estrela que me guia sobre mares
Distantes emoções vivendo em ti
Além do que permitem os luares.

Marés que se transformam todo dia,
Nas praias, nas areias caracóis,
Cabelos entranhados de magia,
Estendem alegrias, raros sóis.

A par desta vontade que nos toma,
Meu verso se tornando mais sutil,
Querendo no teu corpo, bela soma,
O que o passado em trevas impediu.

Encontro fartas bênçãos nesta vida
Sabendo da colheita prometida.
Publicado em: 27/02/2008 17:14:53
Última alteração:22/10/2008 17:02:06



EU TE AMO!! coroa de sonetos 62
855

Nos braços deste nobre jardineiro,
Amor já se pretende em colibri,
Voando sobre um céu chega ligeiro
Na flor maravilhosa que hoje eu vi.

Menino sonhador, agora velho
Guardando o tempo inteiro esta esperança,
Amor no qual em paz procuro espelho
Causando no meu peito, temperança.

Às franjas desta lua, a serenata
Em trovas, delicados madrigais,
A lua que ressurge cor de prata
Estende raios belos, magistrais.

Assim, um sonhador em versos canta
Amor que nos recobre, rara manta...

856



Amor que nos recobre, rara manta,
Não deixa que um inverno nos maltrate
No olhar da prenda bela que me encanta,
Calor que me traduz amargo mate.

Do coração mineiro, um minuano
Chegando aos pampas, manda estas notícias
Do sentimento nobre e sem engano
Da sorte que virá, claras primícias...

Prelúdio em que a vida prenuncia
Um dia feito em glória e plenitude.
Estando sempre em tua companhia
Eu vejo ressurgida a juventude.

Amar é ter nas mãos tantas estrelas,
Num ato de loucura, enfim, bebê-las...


857

Num ato de loucura, enfim, bebê-las
Esperanças que são estrelas guias,
Teus braços em meus braços quando atrelas
Permites multidões de fantasias.

A par desta vontade de te ter,
Eu canto e não me canso, alçando os céus,
De magas alegrias e prazer
Recobrem nossas sortes, claros véus...

Parceira tão constante em minha vida,
No quanto eu te desejo não me calo,
A glória de sonhar é permitida
Seguindo mesmo passo, mesmo embalo

Muito além do que eu possa declarar,
Entrego nos teus braços, lua e mar...


858


Entrego nos teus braços, lua e mar,
No limiar da vida eu te proponho,
Bem mais do que te amar, eu me entranhar
Em ti, suavemente como um sonho.

Estar dentro de ti cada momento
Num só respiro um passo sempre igual,
Dois corpos vencerão qualquer tormento,
Intento que nos doura, magistral.

Fazer da poesia, a nossa amante,
E ter a cada verso, esta certeza
Do quanto amor imenso e fascinante
Impede qualquer forma de tristeza.

Num ato tresloucado, tu és eu,
Meu mundo no teu mundo se perdeu...


859



Meu mundo no teu mundo se perdeu
Num mágico momento inesquecível,
Amor que é nosso encanto concebeu
Além do que se fora, outrora crível

Um mundo sem abismo ou avarias,
Numa expressão perfeita em seus detalhes,
Teus sonhos em meus cantos quando alias
A tela já se doura em teus entalhes.

Distante das outrora movediças
Areias que enfrentei nos descaminhos,
Vencendo em minha vida antigas liças
Entrego-me ao delírio dos carinhos

Que trazes ora em forma de um anzol,
Pescando para nós divino sol...


860


Pescando para nós divino sol
Amor em nossos nós fez provisão,
A sorte perseguindo este farol
Encontra em mar profano esta paixão.

Que é feita de delícias sem igual,
Resiste a qualquer força ou tempestade,
Trazendo mil estrelas no bornal,
Em noite escura é plena em claridade;

A liberdade ainda que tardia
Nos olhos de quem amo já traduz
Além de simples, frágil fantasia
É forte e inesquecível, pura luz.

Sou teu e nosso amor ninguém impede,
Na força que domina e não se mede...

861


Na força que domina e não se mede
O tempo vai mudando a minha história,
Carinho que se pede e se concede
Legado que carrego na memória.

Relembro o teu olhar que em mansidão,
Mostrara qual sentido prosseguir,
Pois, o vento mudando a direção
Não deixa nem mais rastros pra seguir.

À noite ou na temível madrugada,
A solidão reflete este vazio
Do quanto eu tivera sobrou nada,
Somente o desespero amargo e frio.

Saudades vão roubando toda a cena,
Lembrança deste amor, cura e envenena...


862

Lembrança deste amor, cura e envenena
E a só tempo trama e já destrói
Qual maremoto em noite mais serena
O quanto que maltrata sempre dói.

Sói, pois acontecer que uma saudade
Estúpida quimera mostra as garras,
Além do que alegria inda arrecade
Tristezas vão firmando vis amarras.

Assim, neste agridoce eu me tempero
E bebo às vezes luzes, noutras trevas,
Portanto enfim construo ou degenero
Secando meu jardim preparo as cevas.

Antíteses retratam fielmente,
Saudade que me invade, de repente...


863


Saudade que me invade, de repente
Num átimo se torna mais cruel,
O quanto se permite reticente
Nublando num momento todo o céu.

Assíduo, freqüento os seus espaços
E neles bebo farta inspiração.
Distante dos amores, dos abraços,
Saudade se transforma em lampião.

Na luz bruxuleante se deforma
A face do que outrora eu conheci.
Sem nexo, sem juízo e sequer norma,
Ao longe eu me encontro sempre aqui.

Sorvendo da tristeza em alegria,
Saudade se maltrata, já vicia...


864


Saudade se maltrata, já vicia
De um vício delicado embora fero,
Trazendo o que eu vivera em outro dia,
Nos olhos da saudade sempre espero

Momento que se foi pra nunca mais
Renasce em virulência inigualável,
No quanto muitas vezes maltratais
Agora com perfume mais amável.

Por vezes o meu verso segue fútil,
Falando do que tive e não retive.
Do todo que se fez agora inútil,
Ainda algum resquício sobrevive.

Lembrando desta foto na gaveta,
Saudade vai e volta qual cometa...


865

Saudade vai e volta qual cometa,
Comenta sem juízo o coração,
Retorna sobre nós a mesma seta
Que um dia veio em nossa direção.

Das águas que passadas inda movem
Moinhos persistentes e venais.
Os olhos inda agora se comovem
Ao verem maravilhas infernais.

A paz se distancia enquanto chega
O vento da saudade em ventania.
Por mais que além do cais, lembrança cega
Mantém este desmonte da alegria.

Mergulho novamente neste poço,
O amor que antes de tudo, foi só nosso...


866


O amor que antes de tudo, agora é nosso
Estende em suas mãos felicidade.
Além do que eu desejo e sei que posso,
Prefiro o canto leve, em liberdade.

Nos olhos de quem fora tão somente
Na minha vida um zero e nada mais,
Por mais que da saudade inda comente
Demonstra seus instintos mais boçais.

Ao ter em minhas mãos tanta fartura
Do amor que agora eu posso vislumbrar,
Por mais que uma imbecil já não se cura,
Eu bebo a tempestade devagar...

Saudade, na verdade a voz entoa,
Lembrando quando a vida foi tão boa...


867


Lembrando quando a vida foi tão boa,
Meus versos retornando à mocidade,
Do cheiro do café, cigarro e broa,
Eu tenho, aqui garanto, uma saudade.

Da pescaria à tarde com meu pai,
Da minha mãe na sala de jantar,
O tempo sem limites já se esvai,
Quem dera se eu pudesse retornar,

Beber a liberdade deste vento,
“ Os jogos de botões sobre a calçada”
Nos olhos tão somente este tormento,
De tudo o que pensara, restou nada.

A vida se findando trama a fuga,
Nos espelhos saudade se fez ruga...


868


Nos espelhos saudade se fez ruga
Reflexo do que fui e já perdi.
A força que restou, o tempo suga,
Restando-me lembrar do que vivi.

A vida engaiolou este menino,
Que um dia, libertário se perdeu.
Porejo uma esperança, ainda mino
Vontade de tocar o que foi meu.

Mas nada do que tenho... senão isto,
Uma ilusão no amor que agora nasce,
Teimosamente tento e não desisto,
Por mais que a vida às vezes tanto embace.

Eu sinto a solução, mergulho inteiro
Nos braços deste nobre jardineiro.
Publicado em: 27/02/2008 19:26:38
Última alteração:22/10/2008 17:03:20

EU TE AMO!! coroa de sonetos 63
869



Amor vai transformando a minha vida
O rio que permite a um moinho
Além d’água que escorre em despedida
Uma energia feita de carinho.

Porém quando se encontra a rara pedra,
Ourives feito amor quer lapidar.
Na ausência o peito sofre, alma se medra
E quer mais uma vez recomeçar.

Viver os dias mansos novamente,
Felicidade em forma de emoção,
Contagiante sonho que acorrente
Os passos numa mesma direção.

Tu és; tenha a certeza, este motivo
Mantendo o sentimento sempre vivo...

870

Mantendo o sentimento sempre vivo
Loucuras muitas vezes necessárias
Trazendo o pensamento sempre altivo
Vencendo estas tristezas, adversárias...

Às turras com diversas emoções,
Eu tento desvendar tantos segredos,
O quanto se permite que as lições
Ajudem a mudar velhos enredos.

Amor quando se faz numa partilha
É força insuperável, tenho dito.
Não quero mais cair nesta armadilha
De um rosto inexpressivo, mas bonito.

Eu busco a mais perfeita companheira,
Estando do meu lado, a vida inteira...

871


Estando do meu lado, a vida inteira,
Não há o que temer, eu te garanto.
Vencer uma tristeza corriqueira
Calar com alegria qualquer pranto

Mostrar quanta esperança sobrevive
Depois da mais temida tempestade.
Colher experiências de onde estive
Cevar a fortaleza da amizade.

Criar e respeitar diverso espaço
Saber quanto é possível ser feliz
Sem ter a força estúpida do laço,
No amor a escravidão se contradiz.

Assim, no amor que faz seu jubileu
Felicidade enfim se conheceu...


872


Felicidade enfim se conheceu
Depois de termos tido nosso inverno,
A luz negando a treva cala o breu,
Amor agora manso se faz terno.

Eu peço-te perdão pelos meus erros,
Enganos cometidos no passado.
Não quero mais saber destes desterros,
O dia se anuncia iluminado.

Saber pedir perdão e prosseguir
Às vezes é difícil, eu reconheço,
Porém se a solidão se faz sentir,
Refaço-me depois deste tropeço.

Convido-te, querida, para a festa
Bonança que se dá; pós a tempesta...

873



Bonança que se dá; pós a tempesta...
Trazendo um louco incêndio em nossa cama,
O quanto eu te desejo amor atesta
E para a festa insana já nos chama.

Carícias e carinhos que trocamos,
Cumplicidade eterna que estremece
As estruturas todas; balançamos
Envolvimento em luz, amor já tece.

Amortecendo assim, os desenganos,
Mudando a direção dos velhos ventos.
Nos olhos que rebrilham, novos planos,
Tomando com vigor os sentimentos.

As nossas mãos unidas sempre em prol
Do amor, um deslumbrante e raro sol...

874




Do amor, um deslumbrante e raro sol,
Recebo cada raio com louvor,
Num frêmito que invade este arrebol
Eu vejo um novo dia a se compor.

O tempo que tivera em solidão
Servindo como ponto de partida
Permite que se entenda por lição
Mudando a direção de nossa vida.

Serpente adormecida, porém viva,
Tristeza preparando um novo bote,
Mantendo esta cabeça sempre altiva,
Fazendo da alegria nosso mote

Eu sinto que possamos caminhar
Mesmo que em passo lento, devagar...

875

Mesmo que em passo lento, devagar
O peito sempre erguido, eu vou em frente,
Não temo a virulência a se mostrar
No bote venenoso da serpente.

Eu tenho na verdade uma noção
Do quanto é necessário ter cuidado.
Quem busca no amor satisfação
Às vezes, quase sempre é maltratado.

Fazer no nosso amor, experiência
Uma armadilha, eu sei, já se prepara.
Quem reconhece e disso tem ciência
Cuidando de um amor qual jóia rara

Encontrará em paz, perenidade,
Vivenciando a luz da liberdade...

876


Vivenciando a luz da liberdade
Eu sinto a brisa mansa e tão certeira
Que traz por sensação, felicidade
E espalha-se divina e tão certeira.

Do mar que em calmaria já nos banha,
Nas ondas este eterno vai e vem.
O amor que nos tempera, o vento assanha;
Poder ilimitado eu sei que tem.

Cobrindo nossos corpos, roça a pele,
Convite que se faz à maravilha
Do sonho que se entranha e nos compele
À mais sublime senda, flórea trilha.

Assim, enamorados sentimentos
Entregues às delícias destes ventos...


877




Entregues às delícias destes ventos
Que trazem tua voz bem junto a mim.
A paz que se permite em sentimentos
Estampa o que mais quero até o fim.

No aroma que se emana do teu ser,
No frêmito indomável da alegria,
Eu quero e necessito me embeber
Da glória que este amor tanto irradia.

A direção que tanto eu persegui,
O rumo procurado há tantos anos.
Eu reconheço agora, encontro em ti,
Calando eternamente os meus enganos.

Meus dedos no teu corpo deslizando,
Um dia mais em perfeição se deslindando...

878

Um dia mais em perfeição se deslindando
Moldando este cenário inebriante,
Pergunto sem respostas desde quando
O amor se desenhou. Em qual instante?

Questionamento estúpido; tu dizes,
Concordo, mas queria descobrir
Se somos com certeza; tão felizes,
Eu quero saber onde, e se devo ir

Um ébrio que caminha em noite insana,
Insone mal contém-se de alegria
Da sorte de sonhar, ele se ufana
Não quer que raia nunca um novo dia

Temendo que este sonho se esvaeça
Nas estrelas, decerto, ele tropeça...

879


Nas estrelas, decerto, ele tropeça
Amor qual andarilho em noite imensa.
Por mais que seu caminho não se impeça
A vida às vezes segue audaz e tensa.

Descrente do poder que sempre tem,
O amor em liberdade, alçando o céu,
Procura tão somente por alguém
Que venha em galopante carrossel,

Girando se entontece e quase cai,
A sede não se mata simplesmente,
Amor quer redenção, o seu Sinai,
Mas louca convulsão já se pressente

Fazendo deste sonho, um pesadelo,
Nos braços da paixão, firme novelo...



880




Nos braços da paixão, firme novelo
Convido à contradança a moça bela,
O vento que se entranha, posso vê-lo
Tocando a tua pele e me revela

Um gosto de infindável maravilha,
Selando o nosso sonho, leva ao céu,
Um pássaro liberto dessa anilha
Levado em fantasia segue ao léu.

Mas tendo a tua mão que me conduz,
Eu posso perceber com liberdade
A noite que se faz em plena luz
Estrelas que derramam claridade.

Assim, no amor, a sorte que se alcança
Permite imaculada, a nossa andança...



881


Permite imaculada, a nossa andança
A luz que me transtorna e me domina,
O quanto em plena noite amor avança
E bebe extasiado desta mina

Emana mil desejos, incontidos,
Nos beijos tanto alento a vida traz,
Tocando em manso vento os meus sentidos,
A vida se fazendo em plena paz.

Seguindo passo a passo, este caminho
Que é feito em doce mel, e liberdade,
Durante a tempestade eu já me aninho
Contigo encontro enfim, a saciedade.

E disso faço o mote predileto,
No gozo que se dá eu me completo....


882

No gozo que se dá eu me completo
E bebo até fartar-me, esta aguardente.
À vida neste instante em tom dileto
Mergulho sem limites, totalmente.

Olhando para trás é que se sabe
O quanto que eu errei, quantas mentiras.
Além do que decerto inda me cabe
Às vezes cruelmente tu atiras

Verdades que maltratam. Tal tolice
Provoca num momento, uma implosão
Eu sei que insanamente eu já desdisse
Causando em mal estar, revolução.

Porém numa presença assaz querida,
Amor vai transformando a minha vida.
Publicado em: 27/02/2008 21:25:36
Última alteração:22/10/2008 17:03:24


EU TE AMO!! coroa de sonetos 64
883


Permite que eu mantenha o peito aberto,
Vontade de te ter; junto comigo,
E tendo o teu prazer aqui bem perto,
Desperto e encontro tudo o que persigo.

Deslizo em tua pele com meus dedos,
Adentro por teus mares e horizonte,
Ao desvendar, assim, os teus segredos,
Percebo e já desfruto em cada fonte

Do gozo magistral, porto divino
Ancoradouro em chamas se umedece
Enquanto ao mesmo tempo eu me alucino,
Eu tenho o que mais quero e me apetece.

Do amor feito em loucura, insânia e paz,
Volúpia que me traga e satisfaz...

884

Volúpia que me traga e satisfaz
Paixão inesgotável que me toma,
Deixando o sofrimento para trás
Em nós se perpetua a clara soma

Que faz que a vida sempre valha a pena,
Tornando este caminho mais suave.
Amor jamais se mede, esquece a trena
Liberto pelos ares, qual rara ave

Encontra em cordilheiras o seu ninho,
Muito além do horizonte vislumbrado
Tocado fartamente por carinho,
Soltando em voz intensa um claro brado,

Na plena magnitude do condor
Pairando sobre nós o bem do amor...


885



Pairando sobre nós o bem do amor
Convida para a festa que virá
Trazendo em seu poder transformador
O dia que sublime nascerá.

Teus olhos me guiando, farto encanto,
Ternura benfazeja de um farol,
Do imenso sol, um simples helianto
Entrega-se à beleza do arrebol.

Seguindo os claros raios matinais
Eu sei que não irei mais me iludir,
Magníficos caminhos magistrais
Encontrei somente por seguir

Os rastros que tu deixas nesta estrada,
Raros brilhos em forma de pegada...


886


Raros brilhos em forma de pegada
Fazendo com que eu chegue ao paraíso.
Em fantasia adentro a madrugada
Perdendo-me no toque mais preciso.

Nos teus braços encontro-me com Deus,
Tua fragilidade me entontece
Eu quero tão somente os sonhos teus,
Delírios que se fazem luz e prece.

Tuas palavras tolas, riso franco.
Te quero toda minha, em corpo e em alma,
Bebendo do luar, argênteo e branco
Claridade que, terna, sempre acalma.

Não que me perder jamais de ti,
As bênçãos que eu procuro, encontro aqui...

887

As bênçãos que eu procuro, encontro aqui
Depois de tanta andança pela vida,
Areias tão distantes, mares vi,
A lua dos meus sonhos, já perdida

Estende em seus tapetes, a saudade.
Vagando em versos tantos, vim,
Buscando no jardim, felicidade
Guardando a rosa mansa dentro em mim.

Vestida de cetim, eu sou teu rei
Por tantas aventuras que tivemos,
Descanso o caminhar onde encontrei
O mar em barcos leves, fortes remos.

Eu quero ser teu par por onde eu for,
Meu verso predileto, o nosso amor...

888


Meu verso predileto, o nosso amor
Bem distante da guerra, eternas tréguas
Navego o mar constante em esplendor
Por milhas, anos luzes, vastas léguas.

E sei que terei sempre o manso cais
Aonde o coração já sabe e diz
Do quanto amor ao ser assim demais
Num brado, grita ao mundo: sou feliz!

Em nossa parceria a solução,
Rompendo as tais algemas do passado,
Ao fundo ouvindo a voz: libertação,
O sonho sempre bom de ser sonhado.

Quando eu te conheci estava certo;
Portal do paraíso, em paz, aberto...


889


Portal do paraíso, em paz, aberto,
Delícias em banquetes bem servidos.
Depois de tanto tempo em rumo incerto;
Prazeres e desejos divididos.

Ouvindo a tua voz, tua presença
Tomando a minha vida em plenitude,
Não quero e nem procuro desavença
Que o vento do passado se transmude

E mostre em calmaria e tempestade
Bonança após a forte ventania,
Bebendo enfim total felicidade,
Eu vejo tão somente a poesia

Que emanas em teus olhos, tua tez,
Na insânia que se dá em lucidez...

890



Na insânia que se dá em lucidez
Tomando esta aguardente inebriante,
Do quanto em nosso amor, a luz se fez
Estampa delicada e fascinante.

Desejo num prazer manifestado
Amor que se faz grão, semente e luz,
Em paz e maravilha germinado
Num círculo infindável reproduz.

Do amor que gera amor e se alimenta
Do sonho, da alegria, e liberdade
A cada novo dia mais aumenta
E nele mesmo, amor, amor invade.

Assim perpetuamos fantasia,
O sentimento brota e se recria...

891

O sentimento brota e se recria
No eterno carrossel feito esperança,
Girando numa eterna alegoria,
Ressuscitando enquanto a vida avança.

Semeadura em solo mais fecundo,
Nas mãos de um lavrador que assim se entrega,
Do quanto de desejos eu me inundo,
A terra já responde em mansa entrega.

Amor assim não morre, sobrevive
À dura caminhada pela vida,
Aonde eu procurei, por onde estive
Resposta a tanto tempo percebida.

Mosaicos entranhados, vida afora.
Bonança em tempestade revigora...

892


Bonança em tempestade revigora
O fato consumado; assim te quero
Sem tempo sem destino e sem ter hora
E nele me renovo e regenero.

Espero sempre o tempo de voltar,
Traçando o meu caminho junto ao teu,
Deitando sob os raios do luar
Esqueço que carrego eterno breu.

Porteira arrebentada sigo em frente
Acendo uma fogueira pela estrada
Por mais que a gente pense e sempre tente
Não deixo que se perca quase nada.

Seguindo nosso amor, raro colosso,
A vida segue em paz, sem alvoroço...

893


A vida segue em paz, sem alvoroço
Banquete que se faz a cada dia,
Amor é meu café, jantar e almoço
Remoço-me nas mãos da poesia.

E crio em fantasia o mais perfeito
Caminho aonde eu possa me entranhar
Abrindo o coração exponho o peito
E bebo cada gota do luar.

Argúcia em que se mostra a moça bela
Revela o quanto amor se faz moleque
No leque de prazeres, quero tê-la
Por mais que com loucura assim se peque.

Explicações; não tenho e nem pergunto,
Contigo a vida inteira, ficar junto...

894

Contigo a vida inteira, ficar junto,
É disso que eu preciso e te asseguro,
Não tenho em minha vida, novo assunto,
Vivendo o nosso amor, sincero e puro.

Escuros que deixei há tanto tempo
Decerto descaminhos conhecidos.
Dispenso com franqueza o contratempo,
Em paz os meus algozes convertidos.

Extremas ilusão tanto maltratam
Enquanto a realidade é sempre crua.
Porém os sentimentos se resgatam
E a vida, sem remédios, continua.

Não quero em nosso amor mais ingerências
Já basta de torturas, penitências...

895


Já basta de torturas, penitências,
A vida não se faz em tempestades
O quanto foram duras coincidências
As horas sem amor, tranqüilidade.

Eu tento e mal disfarço, ser feliz
E nada neste mundo impedirá
Que eu tenha tudo aquilo que eu bem quis,
Desejo a vida inteira, desde já...

Afãs, labutas, lidas corriqueiras
Jamais me impedirão de prosseguir
Estendo nos meus versos as bandeiras
E nelas meu prazer a repartir.

Partir de mãos vazias? Não pretendo.
Fogueiras de emoções, desejo e acendo.

896


Fogueiras de emoções, desejo e acendo
Um velho trovador tem seus macetes,
Meus erros; reconheço e os revendo
Eu rasgo a fantasia, e os meus coletes

Confetes espalhados na avenida
Resíduos da ilusão de um carnaval
A sorte muitas vezes distraída,
Entorna a fantasia no bornal.

No aval da vida em lágrimas eu traço
O meu futuro, agora com firmeza.
Seguindo a poesia passo a passo,
De todo o sentimento eu ponho a mesa.

Amor que se mostrando descoberto,
Permite que eu mantenha o peito aberto.

Publicado em: 28/02/2008 14:40:01
Última alteração:22/10/2008 17:03:27

EU TE AMO!! coroa de sonetos 66
911

A seca do passado, enfim, deserto
Ouvindo uma alegria em temporal,
Dos meus grilhões, agora eu me liberto
Na imensa fortaleza sem igual

Formada pelo encanto de teus olhos,
Deixando a solidão, adentro os sonhos,
Arranco dos caminhos tais abrolhos
Prevejo novos dias mais risonhos,

Sem ais e sem tormentas que me impeçam
De ter uma esperança, mesmo breve,
Os cantos mais sublimes recomeçam,
Felicidade chega e se atreve

Neste arco-íris tão raro de se ver
A fonte luminosa do prazer.


912


A fonte luminosa do prazer
Estampada nos olhos de quem amo,
Permite num momento perceber
A vida sem senzala, escravo ou amo.

Cativas com sublime liberdade
Expressa na completa fantasia,
Em espirais encontro na verdade
O quanto farto amor desejaria.

Sentir completamente esta presença
Que muda, num segundo, a minha rota,
O coração liberto sempre pensa
Na luz que dos teus olhos vem e brota.

Segredo desvendado, aberta a porta,
O sentimento em ti, feliz aporta...



913



O sentimento em ti, feliz aporta.
Durante a vida inteira eu procurei,
Minha esperança estando quase morta
Encanto nos teus braços; vislumbrei,

Estando do teu lado, sigo em frente
Não temo mais sequer os temporais,
Felicidade em glória se pressente
Tramando após naufrágio um manso cais.

Acasos tantas vezes acontecem
E neles eu percebo esta alquimia
Das mãos e dos desejos que obedecem
Aos sonhos que trazemos, fantasia.

Completos, dois parceiros em dueto,
Ao farto amanhecer eu me arremeto...


914

Ao farto amanhecer eu me arremeto!
Irmão da tempestade, sem alento,
Das dores, o parceiro predileto,
Vivendo a cada dia um vão tormento.

A vida preparando em despedida
Da fria cimitarra o fundo corte,
A sombra da esperança esvaecida
Negando ao fim de tudo rota e norte.

Vivendo sem razão e sem porquês
A dura solidão já me entranhou.
Eu quero que me entendas, mas não crês
No quanto o coração; amor criou.

Na leda fantasia eu posso ver,
O sonho, pouco a pouco se perder.

915



O sonho, pouco a pouco se perder!
Na busca quase insana por alguém
Que possa demonstrar quanto querer
Nos sonhos de quem ama, sempre vem.

Porém ao receber da imensa dor,
O abraço em ironias tão venais
A vida se entregando num sol-pôr
Esboça seus reflexos abissais.

De toda fantasia que se anseia
Nem mesmo algum retalho inda sobrou.
A sorte se perdendo em fria teia
Demonstra, na verdade, quem eu sou.

Um ser que se entranhou em descaminhos,
Avinagrando, enfim, suaves vinhos...


916

Avinagrando, enfim, suaves vinhos
Desesperança chega e num momento,
Por falta de emoções, ledos carinhos
Permite um maremoto violento

Causando esta total devastação
Secando os meus canteiros, vou desértico.
As nuvens retornando, um furacão,
Cataclismo que traz fim apoplético.

Estrelas se perdendo, turbilhões,
Restando tão somente este vazio,
O vento prometido nos tufões
Imensos pesadelos hoje eu crio

Desfilo minha angústia pelos ares,
Adentro em fantasia, os lupanares...

917


Adentro em fantasia, os lupanares,
Sedento de prazeres e de gozos,
No amor ensandecido, os meus altares
Delícias em delitos caprichosos.

Acendes tal vontade e com fartura
Entregas teus desejos para mim.
Depois de tanto tempo em vã procura,
Voluptuosamente agora eu vim

Beber deste teu rio em cachoeira,
Descendo mansamente até a foz.
Paixão que se promete derradeira
Estende ao infinito a louca voz.

Clamando por teu corpo, insanamente,
Mergulho nos teus braços, de repente...


918



Mergulho nos teus braços, de repente,
Um sol em plenitude feito amor,
Amanhecer deveras claro e quente
Expressa um paraíso encantador.

Ardências em desejos e loucuras,
Fazendo da esperança o nosso mote,
Ausente das estúpidas agruras
Felicidade agora dá seu bote.

Tocado pela força da esperança
Adentro o mar em glórias concebido.
Recebo o teu afeto qual bonança
Nas tramas deste amor, vou embebido.

Assim, vivenciando imensa glória
Eu sinto em nosso sonho, esta vitória...

919


Eu sinto em nosso sonho, esta vitória
Que um dia prometida, agora veio.
Entregue a tais momentos nossa história
É feita em alegria, sem receio.

O tempo de viver já não se atrasa,
Adentro este infinito dentro em ti.
Do corpo de quem amo, a minha casa
Em total liberdade, eu converti.

A par do que se passa em nossa vida,
Eu sigo sempre em frente e não descanso.
E tendo em pleno amor, minha guarida,
Felicidade extrema; agora alcanço.

Eu sei do quanto eu pude do universo
Saber a cada frase, em cada verso...

920


Saber a cada frase, em cada verso
Os erros cometidos perdoar,
Sentindo que se dá em mar diverso
Às vezes nos proíbe navegar.

Por isso é que te peço assim querida,
Que possas meus enganos esquecer.
Quem redime em carinhos minha vida
Estampa em glória plena o meu prazer.

Nos olhos da pantera, solidão,
Eu vejo refletidos os pecados
Que um dia não serviram de lição
E foram, na verdade revelados.

Mas tendo o sentimento raro e nobre,
Perdão com sua teia, amor recobre.


921



Perdão com sua teia, amor recobre
Moldando em bela tela uma obra prima,
Um erro que depressa se descobre
Não pode destruir a farta estima.

Primando por estar sempre contigo,
Eu tive, na verdade este tropeço.
Por isso, essa alegria que persigo,
Pergunto – meu amor eu não mereço?

Escute a voz que vem do coração
E deixe-se levar em um momento.
A força inquestionável do perdão
Aplaca em calmaria algum tormento.

Se necessário, mesmo de joelhos,
Os olhos pranteados, já vermelhos...

922



Os olhos pranteados, já vermelhos
Demonstram todo amor que nos envolve
Seguindo do desejo os seus conselhos,
Poeira do que fomos não revolve.

Mirando firmemente no horizonte
Deixando o que vivemos para trás,
Do amor que agora bebo; mansa fonte,
Uma esperança viva já se traz.

Algozes sofrimentos que tivemos,
Estúpidas mentiras que enfrentamos,
Nas mãos das ilusões decerto lemos,
O quanto que em prazeres nós tramamos.

Assim enamorados mais fiéis,
Sabemos da alegria, os fartos méis...


923



Sabemos da alegria, os fartos méis
Que tanto procuramos vida afora
Por isso galopando estes corcéis
Penetro em esperança desde agora.

Teu corpo, um delicado ancoradouro
Permite que se pense eternidade,
No amor que se faz lume duradouro
Encontro a mais sublime claridade.

Deitando nos teus braços, cachoeiras,
Cascatas, corredeiras da emoção.
Desfraldo num momento estas bandeiras
No teu corpo encontrei atracação.

Mensagens recebidas traduzindo
Um canto que se dá, maior e lindo...


924


Um canto que se dá, maior e lindo
Transforma em primavera, antigo inverno.
Tristeza em solidão vai se esvaindo
O vento benfazejo se faz terno.

Sentindo que inda posso ser feliz,
Estampo no meu rosto este sorriso.
Um velho que se torna um aprendiz,
Fazendo do seu passo o mais preciso.

Assim, sem temer mais os vendavais,
Espelho novamente a juventude.
O quanto te desejo e quero mais,
Mudando em pouco tempo de atitude

Com o meu peito agora a descoberto
A seca do passado, enfim, deserto.
Publicado em: 28/02/2008 20:38:49
Última alteração:22/10/2008 17:03:35


EU TE AMO!! coroa de sonetos 65
897




Aguando em emoções o meu canteiro
Percebo o raro sol que já me toma,
Além do brilho manso e corriqueiro,
A claridade exposta não se doma

Tomando conta agora do jardim,
Trazendo em claridade amor e dor,
Além do que eu pensara traz pra mim
Reflexos de alegria e dissabor.

Outrora em meus veleiros naufragados
A negritude em pleno dia claro;
Meus olhos em tristezas alagados
Deixando-me somente o desamparo.

Porém ao ver o sol tão deslumbrante,
Saudade dos teus olhos... num instante...


898

Saudade dos teus olhos... num instante;
Meu rumo se perdendo em luz imensa.
Por mais que eu te procure, até me encante,
Não tenho mais sequer a recompensa.

Pensando o quanto a vida já me deu
Eu vejo que inda posso ser feliz,
Porém meu barco outrora se perdeu
Deixando tão somente a cicatriz

Que trago tatuada em minha pele,
Marcada a ferro e fogo e sem perdão,
Destino em outros olhos que se sele,
Mas nada vai calar meu coração.

Arcando com tais dívidas, passado,
Caminhando comigo, lado a lado...


899

Caminhando comigo, lado a lado,
Aladas esperanças vêm à tona,
Atadas minhas mãos em outro prado,
Calado; o sentimento inda ressona.

Abandonado, eu tento um novo curso,
De tudo o que já tive; nada resta.
Mudando novamente o meu percurso
Adentro a ventania que se empresta

À sorte de quem fora e não voltou,
Partícipe de um duro pesadelo.
Saudade em minha pele se entranhou,
Deixando ao coração, o frio e o gelo.

Dos elos que se quebram, liberdade?
Apenas tão somente esta saudade...


900


Apenas tão somente esta saudade
Vagalumeia sempre junto a mim,
Por mais que na janela exista a grade,
E inda resista até que chegue o fim,

Não posso mais lutar contra a verdade,
Resquícios que carrego de onde eu vim
Impedem toda a paz, tranqüilidade
Não deixam sobrar quase nada, enfim.

As nuvens de falena neste lume
Retornam toda noite no meu quarto,
Da cena repetida, embora farto,

Ainda me embebendo o teu perfume
Crocitando estes corvos ancestrais
Ao mesmo instante dizem: nunca mais!

901

Ao mesmo instante dizem: nunca mais
As vozes do passado que me atentam,
O quanto foi difícil ver o cais!
Miragens, olhos tristes sempre inventam

Tentando reviver o que passou.
Refaço o meu caminho e nada vejo,
Nem mesmo ainda sinto quem eu sou
Escravo da vontade, do desejo,

As noites são insones, na penumbra
Apenas teu retrato vai e vem.
Alguma luz decerto se vislumbra.
Levanto esperançoso. Nada tem

Senão esta saudade feita em chaga.
A solidão que amarga, atroz, me afaga...

902




A solidão que amarga, atroz, me afaga
Enquanto olhar opaco lacrimeja
Lembrança do que fomos; mesmo vaga,
No peito abandonado inda troveja.

Um tempo que perdido, nada trouxe
Senão este vazio que carrego.
Um dia mais suave, calmo e doce,
Redunda no meu passo frio e cego.

Noctâmbulo, procuro os teus carinhos
E bebo em falsos guizos, a alegria
Saudade se entornando em copos, vinhos
Ao mesmo tempo dói e me inebria.

Perdidas ilusões... Ermas estradas,
As horas não serão recuperadas...



903



As horas não serão recuperadas,
A vida que se foi não se repete,
Vagando em solidão por madrugadas
Saudade faz do amor simples joguete.

Decerto que jamais eu merecia
Destino, duro algoz, sempre cruel,
Quem sabe... Na verdade a fantasia
Expressa-se em amargo, eterno fel.

No véu das nuvens vejo o teu reflexo,
Insano; eu bebo o riso que perdi,
O meu caminho segue sem ter nexo,
Eu nada sou, distante assim de ti.

O risco de viver, a dor fomenta,
A noite vai sombria e violenta...

904


A noite vai sombria e violenta,
Expondo o coração à tempestade,
Olhar angustiado ainda tenta
Buscar em plena treva, a claridade.

Sarcástico luar já se escondeu,
Felicidade? Apenas qual miragem,
Em falso testemunho me escolheu
Irônica e terrível fria pajem.

As páginas viradas? Quem me dera!
Talvez inda pudesse ser feliz.
Não tendo mais sementes, primavera
Não deixa nem ao menos cicatriz.

De todos os meus sonhos, nada resta
A vida, sem ninguém, segue funesta...

905


A vida, sem ninguém, segue funesta;
Melancolia em noite solitária.
Apenas o vazio ainda atesta
Minha ilusão que sei desnecessária.

Teria ainda um resto de esperança
Rondando a minha casa se eu tivesse
Ao menos, do passado uma lembrança.
Quem vive sem ninguém sempre padece...

Sem nada que me lembre uma partilha,
O coração sozinho e vagabundo
Entranha na esperança. Amarga trilha
Na qual, pobre iludido, eu me aprofundo.

Revendo desde agora o que vivi,
Deságua nesta ausência, amor, de ti...

906



Deságua nesta ausência, amor, de ti;
Um mar em esperanças navegado,
Do todo que buscara; agora eu vi
Um dia em claridade anunciado.

Teus olhos radiantes já me guiam
Levando por estradas promissoras,
Momentos prazerosos quês e criam
Palavras benfazejas, redentoras.

Vontade de querer e estar contigo,
Razão que agora eu vejo para a vida.
O quanto que eu te desejo e já consigo
Saber da fantasia amanhecida

Nos braços carinhosos deste alguém,
Felicidade, eu sinto e quero, vem...

907


Felicidade, eu sinto e quero, vem
Qual luz que se reflete em teu olhar.
Na noite anunciada do meu bem
Amor em plenitude traz luar.

Ao perceber subindo pela escada
Tua presença em lume iridescente
Minha alma desabrida, enamorada
Transborda em fogaréus completamente.

Sentindo que aproximas, peito aberto,
O teu perfume adentrando na casa,
Dos sonhos, num momento, estou desperto
Entregue à maravilha feita em brasa.

Expondo na nudez, um paraíso,
A vida me apascenta num sorriso...


908


A vida me apascenta num sorriso,
Expressão mais perfeita pro que eu sinto.
O quanto que te quero; sempre friso,
Saída que encontrei do labirinto

Aonde tantas vezes me vi só,
Buscando uma princesa no final.
Por vezes o destino dando um nó
Cegara em falsa luz negando astral.

Eu quero o teu gostar e nele tramo
A senda perfumada e sem espinhos.
Teu nome tantas vezes eu reclamo
Entregue aos teus desejos, teus carinhos.

Qual Ariadne fora pra Teseu,
A luz que me redime, oculta o breu...




909



A luz que me redime, oculta o breu
E traz a mais perfeita sensação
Na qual o meu caminho se perdeu
Movido pela imensa sedução

Hipnotizado eu sigo e cedo alcanço
O gozo em fantasias, desejado.
A vida prosseguindo sem ter ranço
Das mágoas que eu trouxera do passado.

Sabores se confundem, mel e sal,
O teu suor entranha em minha pele
Na lânguida presença sensual,
A forma mais sublime se revele

Meu sonho te tocando mais voraz,
Expressa o meu desejo sempre audaz..

910


Expressa o meu desejo sempre audaz
A doce insanidade que nos toma,
O quanto a vida necessita a paz
Rompendo em sedução velha redoma.

Palavras e sentidos já se expondo
Em versos, em cantiga, madrigais,
O tempo de sonhar se recompondo
Querendo novamente e muito mais.

Um velho jardineiro se permite
Fazer do sonho adubo mais constante
Alçando este infinito e sem limite
Encontra o que deseja ao mesmo instante

Em que eu vislumbro amor mais verdadeiro
Aguando em emoções o meu canteiro.

Publicado em: 28/02/2008 17:45:36
Última alteração:22/10/2008 17:03:31


EU TE AMO!! coroa de sonetos 67
925



E sinto a chuva mansa e promissora
Tocando minha pele quando cantas,
Vivendo a maravilha desde agora
Promessas e carícias, sempre tantas.

Esquife das tristezas, nosso amor
Um tráfico sublime de emoções.
Porquanto tantas vezes sedutor
Explode sem quaisquer explicações

Percebo nestas lúdicas mensagens
Os mágicos caminhos percorridos,
Depois das mais estúpidas bobagens
Agora tenho os sonhos concebidos

Trazendo realidades tão brilhantes
Nas sendas mais longínquas e distantes.


926

Nas sendas mais longínquas e distantes
Amor percorre em sonho e não se cansa,
Uma alegria imensa já se alcança,
Trazendo uma emoção mesmo que instantes.

Amor perfila os cantos nas estantes
Que adornam belas almas de esperança.
Mitiga o sofrimento e faz criança
Àqueles que em luzeiros deslumbrantes

Adornam cada passo pelas sendas
Dourando com Amor as belas trilhas,
Levando o pensamento à calmaria.

Amor protagoniza santas lendas,
E molda em tantos olhos maravilhas,
É mote principal das poesias...


927

É mote principal das poesias
O amor, insaciável mandatário
Enquanto muitas vezes fantasias
Realidade muda itinerário.

Mas saiba que estarei sempre contigo
Havendo a tempestade que vier
O vento da esperança abre o postigo
E amor faz a festança que quiser.

Mulher que, redimindo, traz a cura
Livrando a minha vida deste tédio.
Nos olhos com doçura e com brandura,
Expressa com certeza toda a cura.

Antes de perceber este caminho,
Querida, tantas vezes fui sozinho.


928


Querida, tantas vezes fui sozinho
Meu canto parecia tumular.
Depois de tanto tempo caminhar
Por entre pedras, urzes, duro espinho,

Ao ter a plenitude de um carinho
De quem desejo tanto, fui achar
O rumo que eu cansei de procurar,
Deitando do teu lado, de mansinho

E na cumplicidade deste amor,
Que mostra sem censuras ou pudor
Uma realidade nua e crua,

De termos mil vontades e desejos,
Que mesmo em sonhos, doces nossos beijos
Na fantasia intensa, amor flutua...

929




Na fantasia intensa, amor flutua
Num ato de divina insanidade,
Deitando sobre nós a clara lua
Permite vislumbrar felicidade.

Quem há de duvidar desta potência
Que estende tanto encanto em meu jardim.
Aroma em que se dá paz e clemência,
Exala tal fragrância sobre mim.

Assim sem duvidar da fortaleza
Que é feita com carinho e com ternura,
Espalha em meu canteiro esta beleza
Além do que se quer e se procura

Por isso, eu não me canso de falar,
De todas as maneiras hei de amar!


930



De todas as maneiras hei de amar,
Em gozo, fogo fátuo, loucamente,
Aos poucos bem mansinho devorar
Juntar teu corpo ao meu tão vorazmente.

Fazendo-te feliz, ao me dourar
Do sol em que irradias, mais ardente,
Na tesa sensação de te adentrar
Na fúria que se molda amor urgente.

Teus seios, pernas, boca, corpo imerso
Em louca fantasia, uma fornalha,
Cabendo dentro em ti meu universo

Que explode em alegria e gozo intenso,
Amor que não permite qualquer falha,
E nunca se perdeu, jamais disperso...


931

E nunca se perdeu, jamais disperso
Aquele a quem amor se deu inteiro.
Exprimo com ternura em cada verso
O sentimento livre e verdadeiro.

Rondando as minhas noites, sonho manso,
Fragrante maravilha que me entranha.
Nirvana desejado; agora alcanço
Lançando o meu olhar sobre a montanha

Encontro, no luar teu brilho intenso,
Espelho de minha alma, constelar
No quanto eu te desejo e sempre penso
Traduz completamente o bem de amar.

Além do entorpecente que vicia,
Amor é soberana fantasia.

932


Amor é soberana fantasia
Que molda a vida em doces emoções,
Refém das alegrias, das paixões,
Amor tão cedo enleva cada dia

No manto divinal da poesia,
Pressente novos rumos, direções
E sabe contornar os furacões,
Além do imenso mar, amor se guia

Por astros e fantásticas vertentes,
Supera as cordilheiras, vence os medos.
Quisera Amor além dos infinitos

Deixar enamorados mais contentes,
Ao delegar a todos os segredos
Moldando o nosso amor em vários ritos...


933


Moldando o nosso amor em vários ritos
Palavras já traduzem as vontades
Distante de ilusões, temíveis mitos
Aplaco nos teus braços, as saudades.

Amor com suas setas me atingindo,
Um alvo muito fácil, isso eu não nego,
No espelho de minha alma refletindo
Promessa em ventanias, de sossego.

Por vezes me pegando distraído
Amor se mostra audaz, noutras sereno.
Em calmaria acende uma libido
No gozo mais suave eu me enveneno.

Em meio a fartas trevas radiantes,
Perfaz Amor, caminhos intrigantes.


934


Perfaz, Amor, caminhos intrigantes,
Deixando a Sorte, assim quase que ao léu.
Moldando uma esperança em belo véu,
Seus passos são robustos e gigantes.

Embora tantas vezes mostrando, antes,
Os erros que o transformam, vil, cruel,
Amor é feito um barco de papel
Vencendo tempestades em rompantes.

Alvíssaras; proclama o deus Amor
A todos os que dele, seguidores.
Pertuitos e caminhos, percorridos

Nas sendas onde um simples trovador
Em versos deposita suas flores,
Louvando os tempos belos, sonhos idos...


935



Louvando os tempos belos, sonhos idos
Sentindo a suave brisa me chamando
Destinos e caminhos revolvidos,
Desejo tua sombra me inundando.

Ouvindo a tua voz que já reclama
Carinhos e prazeres; vejo o vulto
Que incide em minha vida, fogo e chama,
Na redenção sublime, qual um culto.

Presença mais constante, mesmo ausente
Soprando calmamente me inebria.
E quanto mais se quer, bem mais se sente
Realidade em plena fantasia.

Oculta sensação a me propor
Felicidade intensa, doce amor.

936

Felicidade intensa, doce amor
Melífera emoção em verso e riso,
Promessa de sabermos paraíso
No canto mais gostoso de compor.

A liberdade, quero, ao te propor
Um passo que jamais seja indeciso,
Num ato sem temores, mais conciso,
Tenacidade em passos, com vigor.

Assim, profícua sorte nos trará
A guia feita em bela concordância
Ao conceder a paz, felicidade.

Amor que encontro em ti libertará
Deixando para trás toda ganância
Em si denota a sacra eternidade...


937


Em si denota a sacra eternidade,
A tradução perfeita que se busca
Trazendo fantasia à realidade,
Um cais que em sossega a antiga busca.

Amor em harmonia, um bel concerto
Em lúdicas estâncias versos, som.
Ao pressupor caminho em paz, aberto,
Expressa a divindade em raro dom.

Gravada em nossa pele, tatuada
Em líricas palavras, sentimento.
Arando uma esperança em foice e enxada
Espalha sobre a terra o bom ungüento

Calando dentro em nós a redenção,
Bendita e benfazeja floração...

938

Bendita e benfazeja floração
Alvíssaras espalha sobre a Terra,
Alquímica esperança traz poção
Na qual a fantasia se descerra...

Do quão cerrada a minha vida
Em cofres esquecidos no meu peito,
Ao ter a minha sorte amanhecida
Encanto se redime, satisfeito.

Do jeito que vier, apenas venha,
Janelas de minha alma, agora abertas,
Da chama da ilusão, amor é lenha
As sendas mais sublimes descobertas,

A vida em esperança já se aflora,
E sinto a chuva mansa e promissora.
Publicado em: 29/02/2008 21:41:31
Última alteração:22/10/2008 17:03:42



EU TE AMO!! coroa de sonetos 69
953

Terei felicidade aqui por perto
Fazendo do meu sonho realidade
Por mais que amor pareça ser incerto,
Decerto vem com força e com vontade.

Quem há de enfim negar o seu poder
Burlando as tais defesas, vai ao fundo.
Mudando todo o rumo, passo a crer
No quanto amor se faz um giramundo.

Corsário que invencível nos aborda,
Deixando o sentimento em turbulência.
Unidos pela frágil e bela corda
Ao mesmo tempo fúrias e clemência

Expressa-se num alto e doce brado
Um canto que se faz apaixonado.

954


Um canto que se faz apaixonado,
Sem medos ou rancores, só por ser,
Vivendo em fantasia o bem querer,
Andando, o tempo inteiro, lado a lado.

Depois de termos feito do passado,
Um velho que andrajoso a perecer
Vagara sem destino por prazer,
Querendo o que jamais lhe fora dado,

Percebo a juventude de nós dois,
Inteira primavera em bela flor,
Recebo o doce vento, que é veloz,

Na busca do durante e do depois,
Na eternidade plena deste amor,
Nascido em força intensa e vivo em nós...



955


Nascido em força intensa e vivo em nós
O claro e intenso fogo da paixão,
A vida se divide; antes e após.
Aposta em que faz revolução.

Na comoção que causa em nossa vida,
Numa ávida loucura que não cessa,
Confessa-se na força desabrida
Que a cada novo dia recomeça.

O corcel indomável que te espera
Deitada em minha cama, exposta e nua,
A pele bronzeada da pantera
A boca que se dá faminta e crua,

A fome insaciável que entornaste
Debaixo dos lençóis, me declaraste.


956

Debaixo dos lençóis, me declaraste
Amor que sem limites, nos tomou.
E quando suavemente, me tocaste
A vida em alegria se inundou.

Do teu amor, bem sei que não falaste,
O teu carinho imenso já falou,
Estrelas, nesta cama transbordaste,
O meu caminho todo, iluminou...

A linha que escreveste com teus lábios,
Jamais vai se apagar dentro de mim...
Desejos se procuram, são bem sábios..

Palavras... Não precisas nem dizer,
Pois tudo o que sonhei, trouxeste sim,
No idioma universal, tanto prazer...


957


No idioma universal, tanto prazer
De línguas mais audazes e felizes,
O quanto de loucura possa ter
Na trama em farta chama sem deslizes.

Nem sei mais quantas vezes, perco a conta,
Em múltiplos orgasmos repartidos,
A lua ao ver tal cena, fica tonta
Os medos e os temores são vencidos.

No orvalho matinal, se recomeça
O jogo em que me dou extasiado,
As roupas arrancadas peça a peça
Provoco e ao mesmo tempo provocado

Tempesta feita em raios, relampejos
Deságuo nos teus cios, meus desejos


958


Deságuo nos teus cios, meus desejos
De toda a plenitude feita em gozo,
Dos deuses que nós fomos, mar formoso
Intenso em loucos, doces, raros beijos.

Os dias que se passam, mais sobejos,
Sabor que encontro em ti, sempre gostoso,
Teu toque tão gentil e carinhoso,
Distante de temores, duros pejos.

Vencendo a solidão, triste marasmo,
Desfruto a maravilha de um orgasmo
Em senda assim florida e majestosa.

Delícias de saber, mulher divina,
Que a noite em fantasia te domina,
Em cada beijo meu, a deusa goza.


959


Em cada beijo meu, a deusa goza
Com farta provisão se refestela
Na entrega que se faz voluptuosa
A moça em transparência, mansa e bela.

Revela o que se mostra de soslaio,
Da esguia silhueta em lusco-fusco
De todo este desejo, eu sou lacaio,
A realização completa, eu busco.

E tendo o que pretendo não me canso,
Exploro cada entrada, fonte e mina.
Encontro em placidez, calmo remanso
E a paz em pleno amor se descortina.

Galopas meus prazeres, qual corcel
Amor que em plenilúnio ganha o céu

960

Amor que em plenilúnio ganha o céu
Vestido de cometas e de estrelas,
A sensação de em mãos, poder retê-las,
Aos poucos invadindo um bel dossel

Cortinas se entreabrindo descem véu
E como se pudesse percebê-las,
Amor se permitindo recebê-las
Desfila um sentimento em doce mel.

A lua escancarada na varanda,
Demonstra em claridade, amor perfeito,
Divina se entregando ao raro encanto,

Sorrindo ao deus Amor, tudo comanda,
E ao ver assim o mundo satisfeito,
Um deus supremo abriu seu alvo manto...



961

Um deus supremo abriu seu alvo manto
Permitindo o deslumbre desta cena,
E nela se desfralda todo o encanto,
Mostrando quanto a vida vale à pena.

Fagulhas que incendeiam nossas sanhas,
Estímulos diversos nos excitam
Enquanto em mil delírios tu me assanhas
Vontades não se calam e já gritam

Orgástica loucura prometida,
Resenhas entre senhas e sinais.
A fonte inesgotável rega a vida
Em águas cristalinas, sensuais.

Tramado entre cativas liberdades
Amor que é manso guia em tempestades.



962



Amor que é manso guia em tempestades,
Avança e não permite sobressalto,
Voando, o pensamento vai ao alto
E mostra bem distantes veleidades,

Amor cruzando os campos e cidades,
Não deixa em seu caminho um só ressalto,
Tomando o nosso peito, vem de assalto
E doura com ternuras e verdades,

Fazendo estas estradas gloriosas,
Florindo cada passo que se dá,
Na busca de um eterno sentimento.

Amor ao espalhar divinas rosas,
Percebendo q ue a paz florescerá
Invade, apascentando um vil tormento...


963



Invade, apascentando um vil tormento
Paixão que me inebria e me entontece,
O quanto revoltoso, o sentimento
Ao mesmo tempo nega e se oferece.

Redijo em cada verso, entôo em loas
Expresso o quão sedento estou agora,
O canto que te trago; sempre ecoas
E a sede se aplacando revigora

Exausto, adormecendo no teu colo,
Completo, pois repleto de prazer
Fecundo com ternura, a terra e o solo,
Depois, é só com calma recolher

Da vida que se dá sem penitência
Amor, uma divina providência.

964



Amor, uma divina providência
Em puros sentimentos verdadeiros,
Guiado por carinhos/timoneiros,
É feito dia a dia em convivência.

Amor jamais permite a penitência,
Trazendo no seu bojo doces cheiros,
Divinos, sensuais e feiticeiros,
Mostrando em perfeição total clemência.

Amor que em canto louva a bela fonte,
Imersa entre estes prados, esperanças.
Um oceano feito em água doce,

Abrindo de repente, no horizonte
Um sol que molda os brilhos onde alcanças
Além do que pensamos que amor fosse...


965

Além do que pensamos que amor fosse
Num átimo desvenda os meus segredos,
No canto que me encante e me remoce
O doce de viver afasta os medos.

Meus credos já deixados no passado,
Em meio às mais insanas inverdades.
Agora em placidez sigo ao teu lado
Rompendo da gaiola, velhas grades.

Amar e ser feliz, o que me resta.
E nada mais procuro em minha vida,
Da solidão amarga, faço a festa
Enquanto a morte dorme, distraída...

Lamentos esquecidos, relegados,
Os sofrimentos mortos, renegados...


966


Os sofrimentos mortos, renegados
Jamais impedirão que no futuro,
Os dias que virão; iluminados
Outorguem ao passado, o céu escuro.

Deparo-me com olhos radiantes
Após a noite em trevas que passei.
Bem mais do que sonhara por instantes
Amor se faz princípio, meta e lei.

Mortalhas esquecidas; não as vejo
Tampouco uma saudade bate à porta.
Neste horizonte feito em azulejo
A brisa tão suave já se aporta.

Regando em emoções, ledo deserto,
Terei felicidade aqui por perto
Publicado em: 01/03/2008 08:29:25
Última alteração:22/10/2008 17:04:53

EU TE AMO!! coroa de sonetos 68
939



Prepara todo o solo e desde agora
Rastelo da esperança trama a ceva
A cena num instante se decora
Negando o que se fora eterna treva.

Brilhando no horizonte, imensa luz
Tomando todo o palco em emoção.
Os olhos de quem amo; reproduz
Cenário de real inspiração.

Inspiração perfeita para os versos,
Traduz felicidade, o teu olhar,
Os passos do andarilho, antes dispersos
Encontram por que sempre caminhar.

Seguindo este caminho em maravilha,
Amor é feito em sonho e quer partilha.


940


Amor é feito em sonho e quer partilha,
Da qual ao receber um forte enlace,
Em solidez jamais quer que se esgarce
A força que o tomando, maravilha.

Arando um bom jardim, roseira e tília
Amor não permitindo um só disfarce
Mostrando em alegria, a sua face,
Navega uma emoção, distantes milhas.

A par do sentimento que não cala,
Desnuda uma esperança em bela flor,
Na senda que se mostra pura e terna,

Adentra o pátio, a casa, quarto e sala,
E trama a boa sorte a se propor
Àquela que se faz amada, eterna...


941




Àquela que se faz amada, eterna;
Esplêndida alvorada em minha vida,
Eu canto o doce amor no qual se externa
A paz que o sonho traz, retribuída.

O quanto eu te desejo e não mereço!
Prazer em magnitude emoldurado
Às ordens e quereres obedeço
Querência de ficar sempre ao teu lado.

As ervas que, daninhas, sobrevenham
Não podem destruir nosso canteiro,
Venenos que talvez, elas contenham
Apenas valorizam jardineiro.

Fomento da alegria que se alcança
Amor, doce florada da esperança

942


Amor, doce florada da esperança
Aguado pelas lágrimas e risos.
Cevado por carinhos mais precisos,
Por sendas belas, ricas, amor trança.

E quando vai granando logo alcança
Os frutos que se mostram sem avisos,
Embora tantas vezes imprecisos,
No novo semear, toda a fiança.

Barco à deriva, riscos e tempestas,
Amor ao soçobrar, quando resiste,
Demonstra a solidez tão desejada.

Por mais que o casco tenha duras frestas,
Amor se verdadeiro, tanto insiste
Brotando mesmo em terra mal arada.

943

Amor que remedia também cura
E marca em cicatriz deixando leve
Aquele a quem amar tanto se atreve
No enleio feito em paz, viva ternura.

Amor que uma alma livra enquanto apura
E mostra-se divino até se breve,
Derrete o sofrimento feito em neve
Apascentando o céu, reflete alvura.

Amor sem ter enfado, em Fados muda
Capaz de renascer a cada dia.
Refestelando a vida em pura glória

Ao pobre solitário tanto ajuda
Que aos poucos, dominando contagia
Louvando em sorte plena, esta vitória...


944


Louvando em sorte plena, esta vitória
Molhando os teus cabelos, tua pele
Embora muitas vezes merencória
Que a força do destino assim nos sele.

Teu corpo umedecido por meus lábios
Suores e prazeres que trocamos,
Os dedos caminheiros sempre sábios
Percebem do arvoredo tantos ramos

Nesta alameda insana e delicada
Veredas de delícias; reconheço.
Ao sonhar com a festa anunciada
Amor em plenitude eu te confesso.

Só quero desde sempre e novamente
Beijar a tua boca docemente.

945


Beijar a tua boca docemente,
Deitando-te em meu colo, com carinho,
Beber da vida a glória feita em vinho,
No porto, ancoradouro em que se sente

A vida bem melhor e totalmente
Entregue à boa sorte no caminho,
Vencendo os empecilhos, de mansinho,
Poder estar contigo e ser contente.

Não temo as tempestades, pois bonança
Encontro nos teus braços, minha amada,
Em ondas que se entregam à alva areia.

Nos passos deste amor, toda a fiança
Com uma ternura imensa sempre é dada,
Numa ilusão divina, devaneia...


946

Numa ilusão divina, devaneia
O pensamento e encontra esta mulher
Maré feita esperança sempre cheia,
Expressa todo o bem que já se quer.

O rio vai descendo em cachoeiras,
Nas curvas e meandros toca as margens.
Descendo por teu corpo em corredeiras,
Bendigo, extasiado, tais viagens.

Neste desenho mágico, eu me embrenho
Invado tuas matas ciliares
Beleza ao meu dispor, não me contenho
Adentro o mais sublime dos altares

No quadro divinal a se compor,
Sobejas esperanças; traça amor.


947


Sobejas esperanças; traça amor
Carícias deste vento em nossa pele,
Prazer ao qual amor, cedo compele,
Em cada poro invade um bem maior,

Do qual, no qual me sinto um sonhador,
Sem medo de sofrer, que o tempo sele
O sentimento imenso e não congele
Tomando a vida em mágico calor.

Levando para ti perfume e cheiro,
Do amor que sendo raro e verdadeiro
Por si e tão somente em si, vigora.

Na brisa que, suave, acaricia,
O toque soberano da alegria,
Desejo que tu sintas desde agora.


948

Desejo que tu sintas desde agora
Suave paladar que já se impera
Na lei que nos domina vida afora:
Amor que nos amores amor gera.

Se é dando que eu recebo muito mais,
Nas cores deste sonho eu me matizo,
Dos gozos mais incríveis, triunfais
Multiplicado amor contabilizo.

Em progressão geométrica, infinitos
Prazeres nunca devem ser guardados
Corações solitários são aflitos
Ao sofrimento sempre malfadados.

Por isso, peito aberto em pleno vento,
Jamais eu negaria um sentimento



949

Jamais eu negaria um sentimento
Que é feito dia a dia em esperança,
Bem sei, foi pesadelo, a noite avança
E nela não te esqueço um só momento.

Ouvindo o desabafo qual lamento,
Não tenho nem resquícios na lembrança
De ter negado amor que sempre alcança
Poder de dominar meu pensamento.

Vencer quaisquer tempestas, eu prometo,
Estando junto a ti, morena bela,
Imensidão decerto se revela

Em cada novo dia que passamos,
Se algum erro, querida, enfim cometo,
Não vou negar jamais, o quanto amamos...


950


Não vou negar jamais, o quanto amamos
Estarmos bem juntinhos toda noite,
Calor que em madrugadas procuramos,
Já tendo quem nos guarde, nos acoite

Sabemos desfrutar e com carinho
Podemos nos dizer enamorados,
O amor veio chegando de mansinho
Mudando em alegrias, velhos fados.

Enfados? Não carrego, nem tristezas,
Na nossa refeição cotidiana
As honras vagam camas, deixam mesas.
Quem sabe, reconhece e não se engana.

Suprema sensação de intensa chama
Enleio feito em versos, amor trama.





951




Enleio feito em versos, amor trama,
Das sutilezas molda uma esperança
De ter ao descrever divina dança
A sorte que emoldura a quem tanto ama.

Amor quando refaz em cada rama
Um arvoredo enorme, sempre alcança
Aos céus aonde um gesto de fiança
Demonstra quanto amor, Amor reclama.

Vinhedos de raríssima beleza
Se, cuidados com zelo e com ternura,
Nas mãos de um lavrador, total carinho,

Darão, isto eu garanto, com certeza,
Colheita em perfeição promete pura
A produção de um belo e doce vinho...


952


A produção de um belo e doce vinho
É feita com volúpia e com prazer,
No colo da morena eu já me aninho
No jogo de se dar e receber.

A vida que se fora como um fardo
Agora se permite em festa plena.
Quem dera se eu pudesse ser um bardo
E traduzir em versos tela e cena.

Mas ouça este repente que ora eu faço
Clamando o meu amor ao mundo inteiro.
Deitando calmamente em cada abraço,
Traduzo o que pressente um jardineiro

Que sabe o que deseja e sem ter hora
Prepara todo o solo desde agora.
Publicado em: 01/03/2008 06:38:59
Última alteração:22/10/2008 17:04:00



EU TE AMO!! coroa de sonetos 70
967


Quem veio de um caminho tão incerto
Depois destes tropeços já percebe
A sorte desejada, agora, perto,
Dourando em alegria a sua sebe.

Estive tantas vezes noutras rotas
Perdido sem saber onde encontrar
As soluções outrora tão remotas,
Tomando a minha vida, devagar.

Por mais que as ilusões e as esperanças
Deixassem suas marcas, o receio
Cravando em minha pele frias lanças
Negavam o caminho, rumo e veio.

Em ti encontro enfim, paz prometida
Nas andanças diversas desta vida



968

Nas andanças diversas desta vida,
Perdendo alguma vez outra ganhando,
Do amor que soberano desfrutando,
Encontro a sorte imensa, que esculpida

No corpo magistral da bela diva
Que em meio a meus castelos, imagino,
Aquele velho sonho de menino
Agora com presença mais cativa

No peito de um modesto trovador,
Aguando com carinhos o jardim
Que teima em resistir dentro de mim,
Trazendo para sempre a bela flor

Que mostra com detalhe a fortaleza
Do amor que emoldurou em ti, princesa...


969


Do amor que emoldurou em ti princesa
A tela mais sublime em gozo e glória,
O corpo se entregando em sobremesa,
Mudando o torpe rumo desta história.

Mergulho no teu colo, esta vontade
De ter o teu amor bem junto a mim,
Razão de poder ter felicidade,
Num sonho que não pode ter mais fim,

Tu tens este poder de seduzir
Deixando-me à feição que tu quiseres
Sem nada na verdade pra impedir
Este banquete é feito em mil talheres.

Adentro em perfeição novos caminhos
Pensando nos teus beijos e carinhos...


970




Pensando nos teus beijos e carinhos,
Teus seios, tua boca e teu suor,
Deitando em nossa cama, sedas, linhos,
Caminhos do teu corpo, eu sei de cor.

Encontro nos teus braços, belos ninhos,
De todos os meus sonhos, o melhor.
Bebendo em tua boca, aos tragos, vinhos
Volúpia se tornando bem maior.

Vivendo em cada noite, um paraíso,
Entrego-me aos teus beijos, teu sorriso..
Sentindo em tantas lavas a erupção

Que entorna em nossa cama, a brasa ardente,
Numa explosão completa, o peito sente,
O teu amor, querida, é redenção.


971



O teu amor, querida, é redenção
A quem durante a vida se perdeu.
Aflora no meu peito esta emoção,
Do amor que sei somente é teu e meu.

Rasgando em alegria o coração,
Pois todo este carinho me venceu,
Causando em alegria, comoção,
Dourando em rara prata, a treva e o breu.

Agora vou cativo deste sonho,
Promessa de outro dia mais risonho...
Que em plena tempestade me aflorou.

Outrora um passageiro sem destino,
Trazendo tão somente em desatino
Saudade de quem foi e não voltou.



972

Saudade de quem foi e não voltou
Deixando simples sombra no caminho.
De tudo o que eu pensei nada restou,
Somente esta saudade onde me aninho.

O canto deste sonho me chamou
De volta a percorrer velho caminho
Mudando a direção só encontrou
Invés da rosa bela, amargo espinho

Que leva, num instante à mesma cama
Aonde em toda noite ardia em chama
E agora já renega este himeneu.

Enquanto a vida passa em sofrimento,
Eu sinto como fosse um vão tormento
Saudade de teu corpo junto ao meu,



973


Saudade de teu corpo junto ao meu,
Rolando sem juízo e sem limites.
Depois que tu partiste, resta o breu,
Apenas a saudade a dar palpites

Refaço o brilho intenso, que era o teu,
E nisso tudo quero que acredites,
Do quanto que eu te quis, nada perdeu,
Por isso é que te peço: não me evites.


De tudo o que carrego nesta vida,
Tu és a parte nobre, mas sofrida.
Aquela que não posso repartir.

Das crises aprendendo pouco a pouco,
Cansado de gritar, qual fora um louco
Não quero mais falar; quero sentir



974

Não quero mais falar; quero sentir
Teu corpo em noite clara, maviosa.
No brilho de teus olhos, refletir
A lua que luzindo é fabulosa.

Somente o que me resta é te pedir
Que voltes para mim, bela e fogosa,
O gozo mais gostoso repetir
Na noite que se dá voluptuosa

Senão esta saudade a maltratar,
Pode, mais depressa, me matar,
Por isso é que sedento agora, após

Meu corpo desbravando cada mina
Que emana em nossa noite e determina
As marcas dos amores nos lençóis...

975




As marcas dos amores nos lençóis,
Ficaram, são guardadas com carinho.
Depois de tanto tempo, tantos sóis,
Espero que tu voltes de mansinho,

Brilhando com a força de faróis,
Voltando como um pássaro ao seu ninho,
Trazendo a claridade aos arrebóis
Em florescência rara este caminho

Portando em suas margens, liberdade
Matando, com certeza, esta saudade
Deixando a sensação de eterno abrigo.

Depois de caminhar o tempo inteiro,
Um andarilho feito prisioneiro
Eu quero te sentir junto comigo,



976


Eu quero te sentir junto comigo,
Colando nossas peles, num momento
Retorna; por favor, ao teu abrigo,
Não deixe que me invada este tormento,

Tudo o que mais quero, enfim, persigo,
É ter o teu amor, teu sentimento.
Trazendo à nossa vida puro trigo,
Apascentando sempre o forte vento.

Mas venha antes que a morte, de surpresa,
Me escolha, traiçoeira, como presa
E faça deste amor o seu troféu.

A sorte nos seus braços já me toma,
Vertigem que se dá em carrossel,
Amor desesperado que me doma



977



Amor desesperado que me doma,
Vontade de saber divino gosto
Da boca que faminta já me chama,
Beleza que conheço no teu rosto,

O teu perfume doce de jasmim,
O toque de teu corpo me inebria,
O beijo mais gostoso, prometido,
No amor que me domina e me vicia,

Expondo em cada verso uma loucura,
Trazendo para mim felicidade,
Eu quero te encontrar, e te dizer
Do amor que nos assola, de verdade...

Senão a noite trama em negação
Tristeza dominando o coração...

978




Tristeza dominando o coração,
Não deixa mais um resto de esperança,
Tomado pela dor da solidão,
Apenas a saudade inda me alcança.

Quem dera se tivesse outra emoção.
À noite esta tristeza em fria lança
Transborda qual venal infestação
Negando à sorte e glória uma fiança.

Destroça o que sobrou dentro de mim,
Aguardo tão somente um triste fim
Na mão que ensandecida agora crava

Punhais em aço e brasa, fogo intenso
Distante de quem amo e sempre penso
Saudade me queimando feito lava.

979


Saudade me queimando feito lava,
Ardendo assim me invade o coração,
Durante todo o tempo em que pensava
Na força deste amor, na tentação

Felicidade então, a sorte trava
Mudando em tempestade a direção
Qual fosse a fera imensa, firme e brava
Rasgando a minha pele mostra então

O tempo em que sozinho eu te buscara,
Estrela radiante bela e rara.
Dos sonhos, os mais claros, coloridos.

Agora que a saudade faz a festa
Apenas, com certeza inda me resta
Raivosa a noite imensa em seus bramidos.



980



Raivosa a noite imensa em seus bramidos,
Num momento cruel, assim me abala,
Dos sonhos e caminhos percorridos,
A dor vai aumentando em alta escala,

Meus dias vão perdendo os seus sentidos,
À dor que me invadiu, nada se iguala.
Os dias vãos aos poucos se esvaindo
O peito exposto à dor, já nada fala

Quem dera se eu pudesse – esperança.
Porém esta saudade é fina lança
Trespassa o coração, inflado, aberto.

Que posso então fazer senão sonhar,
Tristeza vem matando devagar
Quem veio de um caminho tão incerto

Publicado em: 01/03/2008 10:09:27
Última alteração:22/10/2008 17:04:59



EU TE AMO!! coroa de sonetos 30
407

E mostra a claridade em mesmo tom
Aquela se fez amante e amiga,
O verso se espalhando tem o dom
De produzir o sonho que me abriga

Urtigas que colhi em teu jardim
Retratam todo o bem que tu me destes,
Mantendo a fantasia até o fim
Recolho em meu caminho tombos, pestes.

Carcaças carcomidas deste amor
Montanhas de vazias esperanças.
Do nada simplesmente vou compor
Os cantos que tu trazes; tuas danças.

Depois de certo tempo eu percebi
O quanto de amigável resta aqui

408

O quanto de amigável resta aqui
Depois do que sonhei e não retive
O amor que tantas vezes persegui
E sei que dentro em mim, resiste e vive.

Somando o que perdi e o que ganhei
Elas por elas. Sinto que valeu.
A porta que em momentos adentrei
Agora tão distante se perdeu.

Mas peço que tu lembres da estadia
Do amor que tantas vezes foi inútil.
Embora minha pobre poesia
Pareça aos teus ouvidos, sempre fútil

Espelha na verdade o sentimento
Marcado em solidão e sofrimento...


409

Marcado em solidão e sofrimento
Eu tento um novo verso que refaça
O tempo de sonhar que em pleno vento
Aos poucos, firmemente se esfumaça.

Na praça e nos coretos do passado
Meninas e cinemas, lua, encantos.
Agora tão somente o mesmo enfado
Espalha a solidão aos quatro cantos.

Mesclando minhas dores com as tuas
Odores misturados, bom suor.
As carnes nesta cama, fomes nuas
Prometem movimento bem melhor

Nas ancas e quadris, doces balanços
A lua se refaz em raios mansos...

410


A lua se refaz em raios mansos
Deitada sobre um campo magistral
Olhando para as fontes e os remansos
Permite que se tenha o visual

De sendas promissoras entre flores
Marcantes esplanadas sem mistérios.
Algozes; entretanto em tantas dores
Matando as esperanças sem critérios.

Serenas, as estrelas vão guiando
Em meio a tantas trevas, caminheiros
Que o reino de esperanças usurpando
Estraçalham venais, seus companheiros.

No amor entregue às traças e baratas
As hóstias escondidas, nestas matas...

411


As hóstias escondidas, nestas matas,
Sanguinolentas marcas entranhadas.
Os olhos derramados em cascatas
Dos pães apodrecidos, mais fornadas.

O riso em tempestade, o gozo fútil
O amor que não se deixa mais flagrar
Arando em terra seca, árida, inútil
Apenas o vazio a encontrar

Deixando o gosto amargo em cada boca
Formando um turbilhão em desespero.
O medo vai tomando cada toca
Na ponta do fuzil, novo tempero.

No quanto pude crer em solução
Vi fogaréus sem dó nem compaixão...


412

Vi fogaréus sem dó nem compaixão
Descendo sobre todos, pesadelos.
A marca da fatal destruição
Rondando sobre nós frios novelos.

A tempestade ardendo em lava e chama,
Mesclando num mosaico, sangue e pus.
O verbo se fazendo em nova trama
E toda esta loucura já faz jus

Ao quanto que se teve e se perdeu,
O manto que viera em santo abrigo
Aos poucos dentre tantos concebeu
Vitórias deste joio sobre o trigo

Assim, numa loucura que não cessa,
Eu vejo ser cumprida a tal promessa...


413

Eu vejo ser cumprida a tal promessa
Que há tanto fora feito e nunca ouvida.
A mão que esfacelada assim se engessa
Não vê quanto sublime a própria vida

Numa avidez sem par, abutres rondam
A carne mal nascida, agora exposta
Milhares de tempestas já se estrondam
E cortam, mais profundo em fina posta

Aposta já perdida e sem remédio
O gozo do prazer não antepara
A morte a cada dia faz assédio
Uma alegria agora, é peça rara.

Neste museu de dores e fumaça
Amor amortalhado em cada praça.


414




Amor amortalhado em cada praça,
Vendido nas esquinas e motéis.
O jeito que se dá já não disfarça
Secando em amargura, velhos méis.

O mês que se passou, ano que vem,
O tempo nada muda, só repete
Nos olhos refletindo este ninguém
No fio da navalha ou canivete.

Jogada nas senzalas, a esperança
Estritamente cega não vê nada.
Matando no princípio, a temperança
Em mão sem ilusões já desarmada

O quanto que sonhamos... idiotas
Amor já capotando em novas rotas...


415


Amor já capotando em novas rotas
Vagando pelas noites mais escuras
Abrindo em tempestade tais compotas
Alaga e não promete mais as curas.

Vendidas nas igrejas e nos bancos
Das praças e farmácias, drogas tolas.
Encontro estes sorrisos bem mais francos
Apenas nos fuzis, balas, pistolas.

E assim, seguindo intenso vendaval,
Aborto a cada dia um verso audaz.
Na pútrida emoção, velho jogral
Mostrando o quanto penso e sou capaz

Comendo deste prato inusitado,
Amor vai tropeçando, estabanado...


416



Amor vai tropeçando, estabanado,
Sarcástica ilusão, vil covardia.
Andando o tempo inteiro, baseado
Na antiga sensação de galhardia

Eu vejo em ironia o quanto ris,
Fantasmas de mim mesmo pela sala.
Do todo que pensara ser feliz
Apenas a minha alma, vã vassala.

Na vala da esperança, uma sarjeta
Esgoto toda a sorte num momento.
Quem dera se eu pudesse, qual cometa,
Liberto receber o doce vento

Que morre bem distante desta cena,
A mortandade segue amarga, amena...



417




A mortandade segue amarga, amena,
Calando todo sonho mais piegas
A boca que me beija e me envenena
Caminha em noite imensa, sempre às cegas.

Egrégio de outro tempo; eu vejo tudo
E novamente omito o que hoje sinto.
Seguindo o mau caminho, sigo mudo
Em trevas o futuro agora eu pinto.

Aceito tão passivo tais verdades,
Na faca que se aponta numa esquina
Os olhos vão negando as claridades
A podre sensação já descortina

O amor que não devia ser assim,
Matando o que inda resta dentro em mim...


418


Matando o que inda resta dentro em mim,
Exponho o meu cadáver pelas ruas.
Jogando creolina em meu jardim
As bocas que se mordem seguem cruas.

A cada novo guizo, cascavéis
A cada novo porto, o meu naufrágio.
Deixando para trás velhos corcéis
O peito vai ficando exposto e frágil.

Carcaças de esperanças num esgoto,
Estrelas derrapando no teu céu,
Bebendo cada gota do vinhoto
Vendido em drogarias como mel.

Se eu fosse o que pudesse, mas não creio
No amor que se faz cinza e sem recheio...


419


No amor que se faz cinza e sem recheio
Cerzido pelas mãos de Satanás
O quanto que pensara sem receio
Agora não verei sequer a paz.

O jeito é traduzir um pesadelo,
Mordaças colocando em cada boca.
Vencido pelo anseio de retê-lo
A morte vai batendo em cada toca.

Na troca de favores, jogatinas,
Nos bares, cabarés, ruas, calçadas,
Na carne destruída das meninas
As graças concebidas, destroçadas.

Atando estes grilhões a cada pé
Aluguel que se faz de toda fé.

420


Aluguel que se faz de toda fé,
Na prostituição deste cordeiro
Vendido em cada templo, igreja ou Sé
Exposto ao mais temível carniceiro.

Amigo, o que fizeram, pois de Ti?
Exposto a tais velhacos mais famintos
No quanto que ensinaste, eu aprendi
No sangue derramado, rubros tintos

Lavando toda a Terra do pecado,
Ungüento salvador logo esquecido
Nos olhos deste Amigo iluminado
Caminho a ser, deveras construído

Derrama sobre nós Teu sonho bom
E mostra a claridade em mesmo tom.
Publicado em: 19/02/2008 16:13:37
Última alteração:22/10/2008 17:26:17



EU TE AMO!! coroa de sonetos 31
O quanto a noite em luzes principia
Permite que se sonhe colorido
Porém a tempestade e a ventania
Sonegam qualquer lume ali contido.

Eu sei que talvez seja um exagero
Um verso que se faz em pessimismo
De tudo que em verdade, penso e gero
Não quero só falar em cataclismo.

Mas quando vejo o abismo se alargando
Na estúpida rapina que se trama
Castelo da esperança desabando,
A voz já não se cala e assim declama

Sonhando com a força da amizade
Deixada há tanto tempo, na saudade...

422

Deixada há tanto tempo, na saudade,
A luz que se pensara redentora.
A gralha vai negando a liberdade
Crocita sempre aqui, não vai embora.

O lobo que em matilhas segue a caça
Prepara em noite escura o seu ataque
Trazendo em agonia a velha traça
Busca o melhor momento para o saque.

Capacho de si mesmo, homem algoz
Estampa em sua face a fome insana,
O bote que se dá bem mais feroz,
Demonstra a dura espécie desumana.

Quem dera amor raiasse na manhã,
A vida não seria torpe e vã.

423


A vida não seria torpe e vã
Se o amor não fosse apenas tal miragem.
O quanto poderia neste afã
Realizar contigo esta viagem.

Porém a vida trama outras verdades
E deixa a solidão, fatal herança,
Não quero ter somente as vaidades
Estúpidas, cruéis de uma esperança

Eu quero muito além de um simples cais,
Ancoradouro sempre mais seguro.
Decerto que eu procuro, agora mais,
Que um simples clarear em céu escuro.

Bem mais que estar feliz e satisfeito,
Eu quero em nosso caso, amor perfeito.


424


Eu quero em nosso caso, amor perfeito
Sem ter o que tirar nem mesmo pôr
Que traga todo o gozo que é direito
De quem se fez em vida um sonhador.

A mansidão distante da rotina,
O gesto benfazejo da amizade
O fogo por detrás desta cortina,
O sexo feito em plena liberdade.

O riso mais safado e mais moleque,
Um canto de alegria que não cessa
Abrindo no horizonte todo o leque
Vivendo muito além de uma promessa.

Amor sem preconceitos ou limite,
Permite que num Deus eu acredite.


425

Permite que num Deus eu acredite
Convites que fazemos sem ter hora.
Não quero e nem aceito mais palpite
Eu quero o nosso amor decerto, agora.

Eu quero que tu venhas me salvar
Do medo de morrer em solidão,
Bebendo tua boca devagar,
A chuva se espalhando no sertão.

Buscando em noite escura, o meu abrigo
Encontro nos teus braços o meu cais,
Vivendo todo o sonho que persigo,
Eu juro, não te deixo nunca mais.

Vem logo ser a prenda que eu sonhara,
Uma estrela absoluta em noite clara...


426


Uma estrela absoluta em noite clara
Dançando em minha cama faz a festa
Amor que a todo tempo se declara
Ateia tanto fogo na floresta

Abusa em ser feliz e dar prazer,
Vencendo qualquer trama, sem receio
Guiando pela vida a converter
Em sorte o que se fez em tanto anseio.

Trazendo tanta febre pro meu quarto
Explode em fogaréu gozo e delícia.
Depois deitando em ti, feliz e farto
Começo novamente e com perícia

O jogo matinal que não termina,
Adoço com prazer a fonte e a mina.


427


Adoço com prazer a fonte e a mina
Seduzido e feliz peço de novo
O jogo que me entranha e já domina,
E nele toda noite me renovo.

Eu provo desta insânia e quero bis,
Vencido pelo gozo que se dá
Eterna sensação de um aprendiz
Que quer e nunca mais te deixará.

Bem mais do que podia ter um dia,
Medida sempre justa feita em riso,
O amor que assim se esbalda em poesia
Resume o que pensei ser paraíso.

Esfinge que se mostra decifrada
A vida vai passando iluminada...

428


A vida vai passando iluminada
Deitando o corpo nu sobre meus braços.
A carne em tua carne tatuada
Atada por estreitos, firmes laços.

Perpétua sensação de ser alguém,
Vivenciando a glória de poder
Sentir a maravilha que hoje vem
Cobrir a minha pele de prazer.

Espelha em teu sorriso, franco, aberto
Certeza de quem sabe o que bem quer,
Aguando em esperanças meu deserto
Delírio feito em forma de mulher

Caminho te buscando a cada instante
Estrela que surgiu, rara e brilhante...


429



Estrela que surgiu, rara e brilhante,
Extrema fantasia em noite clara.
O tempo de viver ser teu amante
A cada verso amor, já se declara

Aclara meus caminhos, redentora,
Louvando estas pegadas que tu deixas
Vencendo as tempestades desde agora
Não tenho mais rancores sequer queixas.

Mergulho em cada fonte, sem temores,
Adentro cada senda, bebo a fonte.
Matizes tão diversos, raras flores
O sol vem me mostrar belo horizonte

Teu corpo, cais profano e delicado,
Sem medo sem juízo e sem pecado...

430


Sem medo sem juízo e sem pecado
Eu vago a noite inteira nos teus braços,
O amor extasiante em seu recado
Permite que se vejam belos traços

Unindo nossos sonhos e desejos.
O revolucionário sentimento
Estremecendo a casa em relampejos
Espalha sobre nós o louco vento

E singra pela noite em cais insanos,
Rasgando as nossas roupas, nos lençóis
Mantendo bem distante os desenganos
Misturam pernas, pêlos, caracóis...

Nas sanhas sem senzalas, em covis,
Os gozos mais atrozes e gentis...


431


Os gozos mais atrozes e gentis,
Espetáculo audaz e sem platéia
Cenário inebriante pede bis.
A vida vai seguindo insana; atéia.

Chegando de manhã mais sorrateiro
O sol vem penetrando em nosso quarto
Corpo ainda desnudo, feiticeiro
Deitado num prazer imenso e farto.

Jogadas pelo chão, cinzas e vestes,
O tempo não tem tempo de esperara
No gozo em que sorris, tu me revestes
Do quanto que eu pensei e já sonhara.

No mar de amor que invade nossa cama,
Inundação em gozos nos inflama...

432




Inundação em gozos nos inflama
Demonstra toda a força da paixão.
O quanto desejei ter tua chama
Tomando com loucura o barracão;

Incêndios programados que aliviam
As dores que trazemos de outros dias.
Nos jogos que decerto nos viciam
Delícias derramando poesias.

Amor que na verdade não precisa
Do verso pra saber que tem valor.
Sabendo quando quer ser brasa ou brisa
Estrela deste mundo encantador

No palco desfilamos velhas cenas
Divinas explosões; doces e amenas...

433



Divinas explosões; doces e amenas
Espocam nesta noite maviosa
Aguçam dos vizinhos as antenas
E deixam toda a rua em polvorosa.

Felizes dois amantes, dança e festa
Melindres são deixados porta afora
O fogo que se espalha cedo atesta
Do quanto amor nos cura e revigora.

Chacoalha a nossa cama, arrasta os pés
Bagunça o meu coreto em reboliço.
O barco soçobrando o seu convés
Prenunciando o gozo que cobiço.

Atiro-me em teus braços, trapezista,
Sem ter seque platéia que me assista



434


Sem ter seque platéia que me assista
Eu sigo o tempo inteiro do teu lado.
Passando o que passei numa revista
Entendo por que estou maravilhado.

A moça que se deu em farta graça
Invade o pensamento e não me larga,
Destino com suave tinta traça
Estrada da esperança, agora larga.

Embarga a voz de quem se fez em pranto,
Vestido de tristeza e solidão,
Toando com ternura um novo canto
Encontra a mais sublime perfeição

Já sabe decifrar com alegria,
O quanto a noite em luzes principia.
Publicado em: 19/02/2008 18:06:44
Última alteração:22/10/2008 17:26:23



EU TE AMO!! coroa de sonetos 32
435


Garante ao manso dia o raro dom
O amor quando se expressa em sentimento.
Nos beijos eu percebo o quanto é bom
A gente se entregar ao doce vento.

Vivendo a fantasia em noite clara,
Vencendo qualquer chuva que vier
O amor que em alegria se declara
Do jeito e da maneira que puder.

Palavras que se trocam; mil convites
Perdendo todo o rumo, vou liberto,
No gozo que se dá já sem limites,
Percebo o quanto audaz, sigo liberto

Nas noites que varei a te buscar,
O sonho tão gostoso de sonhar...

436


O sonho tão gostoso de sonhar
Entrando em nossa casa abre a janela
Adentra de mansinho, devagar
Enquanto a maravilha se revela

Nas coxas e nas pernas da morena
Deitada em minha cama, deusa e musa.
A lua enamorada bebe a cena
E brilha enquanto a amada tira a blusa.

Confusas nossas tramas nos lençóis
Mistura que se faz deliciosa.
Em plena madrugada, vários sóis
Mormaços entre rendas cor de rosa

Bandida que me leva em noite escura,
Do quanto que me adora mente e jura...

437



Do quanto que me adora mente e jura,
Mas deixa o coração em plena festa;
Na boca que me beija sem tortura
A sorte que se quer e já se empresta.

Colado em tua pele, tatuagem
Vencendo a tempestade que virá
Areia movediça dá coragem
Desejo sempre e tanto desde já.

Saltando sobre colchas de retalho
Bacante se mostrando toda nua,
O grito em fogo intenso; eu logo espalho
E o tempo de sonhar se perpetua.

Serpentes que te entranham e te rabiscam
Desejos e prazeres se confiscam...


438


Desejos e prazeres se confiscam
Nas chamas que se querem e se buscam,
Em lutas sensuais carnes se riscam
E os brilhos sem limites sempre ofuscam.

O quanto determina cada ensaio
No jogo principal, ferventes ritos.
Deitando esta vontade, eu já me espraio
Entregue aos teus destinos, sonhos, mitos.

Fomentos e delírios, riso farto,
Momento inesquecível, fogaréu...
Lareiras incendeiam todo o quarto
Trazendo sobre a cama imenso céu.

Depois de tanto tempo quase agônico
Amor se mostra em canto harmônico...

439

Amor se mostra em canto harmônico,
Tramando a melodia inesquecível,
Amor que se fazendo assim, sinfônico
Estende sobre nós um som incrível;

Na lírica presença deste encanto
Solfejos, cançonetas versos soltos
Deitando nosso jogo em mesmo manto
Os mares dos prazeres são revoltos.

Estradas e caminhos percorridos
Depois da luta inglória do passado
Desejos e vontades incontidos
Jorrando um bem divino, ilimitado.

Eu quero nesta sanha estar contigo
Teu corpo sendo sempre o meu abrigo.

440



Teu corpo sendo sempre o meu abrigo
Durante as tempestades e os reveses,
O quanto te desejo e não consigo
Vencer os descaminhos e os vieses.

À noite vem chegando como um verso
A voz que me inebria e me acalanta,
No gozo do desejo, não disperso
Meu sonho num momento se agiganta

E chega, mansamente no teu quarto
Deitando o meu prazer no louco cio
Do quanto te desejo e não me aparto,
Decerto em tal carinho eu me vicio.

Vontade de chegar e te tocar,
No fogo dos prazeres, me acalmar...


441


No fogo dos prazeres, me acalmar;
E neste paradoxo sigo a vida,
Decifro os teus sinais, adentro o mar
Não deixo mais que venha a despedida.

Acerco-me de ti a cada instante
Meu karma delicado e tão gostoso,
Teu corpo já desnudo e provocante
Convoca para a festa feita em gozo.

Amor não se comenta em bastidores
Apenas vivencia nossos sonhos.
Aonde tu quiseres como fores
Momentos mais felizes e risonhos,

Do jeito e da maneira que puder,
A caça que se faz quando bem quer.


442



A caça que se faz quando bem quer
Um dia se mostrando em outra senda,
No rosto tão bonito da mulher
Segredo que decerto não desvenda

No quanto amor se entrega sem limites,
Não vejo mais teus rastros pela casa.
Eu peço e necessito que acredites
A chama deste sonho está sem brasa

E morre tão somente em frio intenso,
Vertendo a dor em forma de ilusão.
Parece que o amor é contra-senso
Vazio aumenta a força do tufão.

Não posso te esquecer nem um segundo,
No abismo em solidão eu me aprofundo...

443

No abismo em solidão eu me aprofundo
Procuro então a corda que me leve
E traga num momento mais fecundo
Um riso sempre franco, mesmo breve.

Enlevos de outros braços que permitam
Ainda alguma forma de sonhar,
Os dias em que as dores delimitam
O tempo de viver e procurar

Encantos onde a vida permitir
Carícias noutro porto, ancoradouros.
A força que me possa compelir
Na busca por fantásticos tesouros

A cada novo dia mais desejo
Amor que seja mais que um relampejo...

444



Amor que seja mais que um relampejo
Permite que eu vasculhe todo o templo
O quanto te desejo sempre almejo
O sonho pelo qual, amor contemplo.

Exemplos encontrados nos caminhos
Demonstram que inda posso ser feliz;
Não quero andar distante dos carinhos
Que a moça num momento quer e diz.

Parelhos nós iremos bem mais libertos
Vencendo quaisquer lutas que virão.
Se os nossos corações estão abertos
Decerto reveremos o verão.

Assim em pleno estio, sol e brilho,
Faremos redentores cada trilho...

445

Faremos redentores cada trilho
Que possa nos dizer felicidade.
O coração audaz de um andarilho
Não teme sentir dor, traz liberdade.

O parto que se fez em redenção
Já trouxe este rebento magistral.
Amor na mais sublime tentação
Espalha este desejo sem igual.

Agarro tuas mãos e vou à festa
De todos os sentidos, sem receios.
A blusa que se abrindo mostra em fresta
Delícia sensual de belos seios.

Na doce sedução destas romãs,
As luzes irradiam, cortesãs...


446


As luzes irradiam, cortesãs,
Chamando para a dança e pro festejo
As horas que se foram, tolas, vãs,
Agora vão entregues ao desejo

De ter tua nudez em minha pele,
Acesas as vontades que revelas,
Ao fogo do teu corpo amor compele
Meu barco se perdendo, insanas velas.

Soprando sobre nós o minuano,
Guardando na guaiaca teu sorriso,
O tempo é rei, deveras soberano,
Mas sabe decifrar quanto é preciso

A quem se faz eterno navegante
Chegar ao infinito num instante...


447


Chegar ao infinito num instante
Depois de percorrer distantes léguas
Amor se faz sublime e dominante
Não deixa e nem permite simples tréguas

Adentro os templos todos deste amor
Refaço em cada prece uma oração
Que feita com ternura e com fervor
Permite que eu encontre a solução.

De tanto que eu errei a vida afora
Por tanto que eu sofri, ora eu persigo
A fonte que alimenta e revigora
Abrindo nos caminhos o postigo

Eu quero o teu querer e nada mais,
Aporto o meu desejo no teu cais...


448

Aporto o meu desejo no teu cais
E encontro o que buscara a vida inteira,
Depois destes mergulhos abissais
Agora tenho em ti a companheira

Que mostra ser possível noutro passo
Vivenciar o fogo das paixões.
O quanto te desejo, amor eu traço
Espaços infinitos, tentações.

Perceba quanto o sol já nos aquece
E mesmo num mormaço nos suprime,
Amor que quando vem rejuvenesce
No encanto que quem ama não reprime


Estende sobre nós e em vento bom,
Garante ao manso dia o raro dom.
Publicado em: 19/02/2008 20:40:12
Última alteração:22/10/2008 17:26:29



EU TE AMO!! coroa de sonetos 33
449





Que é feito da beleza em fantasia,
O sonho mais perfeito, disso eu sei.
O quanto que, decerto eu te queria
Em cada poesia mergulhei.

A chuva vai caindo mansamente
Desejo umedecendo os teus sorrisos
Amar e ser feliz se faz urgente
Vontades desabando sem avisos

Formando vendavais em tempestade
Rugindo em nossos peitos, fera insana,
Riscando todo o céu desta cidade
No gozo que em prazeres cedo emana

O fogo tão guloso, intensa chama
Tua presença amor logo reclama...


450

Tua presença amor logo reclama
Chamando para a noite tão vadia,
Arrisco e se petisco vem e chama
Mistura de loucuras e magia.

Teu corpo se entregando à festa plena
Bailando em minha pele escrava e musa
Alucinante mágica serena
Debaixo desta saia e desta blusa.

Na cicatriz profunda em ferro e fogo
Marcada eternamente nas entranhas.
Buscando este mergulho desde logo
Sangrando nas delícias, risos manhas,

As bocas se procuram; doces, cruas
As peles se vasculham, frágeis, nuas...

451


As peles se vasculham, frágeis, nuas
Rolando pelas noites bebem tudo,
Nos bares e motéis, sarjetas, ruas
O quanto que te quero e não me iludo.

Mudando a direção de antigos ventos
Quem sabe poderei chegar a ti?
Em tantos descaminhos, por momentos
Do pouco que eu sabia me esqueci

Um canto libertário se perdendo
Em tantas discrepâncias, vagas rotas.
A lua melancólica envolvendo
As nossas peles, gastas, velhas, rotas.

Rogando por talvez um alegria
O bem que tantas vezes mal queria...

452


O bem que tantas vezes mal queria
Usando este disfarce mais canalha
Vencendo os meus fantasmas, ironia
Já dando todo o tom desta batalha.

Acendo o meu cigarro, vou à festa
Encontro os meus cadáveres na rua
Depondo sobre a cama o que me resta
Percebo esta mulher agora nua

Rolando sobre as colchas e os lençóis
Roçando a minha pele com a sua
Girando carrosséis e girassóis
O jogo novamente continua;

Mudando enfim o rumo desta história
Não quero mais derrota nem vitória...


453

Não quero mais derrota nem vitória
Que possa transtornar o meu caminho.
O quanto em nosso amor se fez vanglória
Não deve bagunçar o nosso ninho.

Teu corpo; é necessário que eu te diga,
É fonte de prazer inesgotável,
Por mais que te pretendo minha amiga
Falar que eu te desejo? Inevitável.

Sem cobertas, desnuda em cada sonho
Rasgando num galope as tempestades.
O todo mais sincero eu te proponho
Riscando pelos céus felicidades.

Tocando a maciez de teus cabelos,
Nas pernas, entrelaces e novelos...


454


Nas pernas, entrelaces e novelos
Certificando sempre quanto é bom
Sentidos entranhados, e ao contê-los
Descubro o bem da vida, sacro dom.

Notícias espalhando na cidade
Falando deste incêndio que produzes
Divina epidemia em liberdade
Trazendo em tantas camas fartas luzes.

Jardineiros, garis, babás, meganhas
Estudantes e mestres; prostitutas
Conhecem tuas frondes, grutas, manhas
Nas noites mais soturnas, mais astutas

Incendiando as ruas da cidade
Bebendo gota a gota à saciedade...

455

Bebendo gota a gota à saciedade
Eu quero o teu prazer, moça bonita
Vasculho cada ponto em liberdade,
A boca que me morde caça e frita

Agita no meu peito o paradeiro,
Armado pelos dentes, a coragem
Entrega-se em sentido verdadeiro
Fazendo no teu corpo esta viagem.

Caçando o que eu queria na nudez
Deitando neste sol o meu fervor.
A graça tresloucando a lucidez
Sacia todo o vício, furta a cor.

Suores encharcando o nosso leito,
Traduzem nosso amor, mais que perfeito...



456



Traduzem nosso amor, mais que perfeito
O cálice em que bebo o teu prazer,
Abarca tantos sonhos, nosso leito
Na luta que não traz nenhum poder.

Escravos e vassalos vão distantes
Do bem que tantas vezes se fez claro,
Os sentimentos livres, por instantes
Permitem cada verso em que declaro

O quanto existe em nós que não se apaga
Do fogo que emoldura esta paixão.
Mulher sílfide, deusa, reina maga
Causando a mais feliz revolução.

Beijando cada beijo com ternura,
Insânia que domina enquanto cura...


457

Insânia que domina enquanto cura
Não deixa qualquer dúvida: Eu te quero.
Na calada da noite com ternura
O quanto te desejo amores gero.

Parturiente sonho que nos guia
Cortando nossa carne mansamente.
Homérica vontade em poesia
Gerando tanto encanto novamente.

O mundo vai rodando em girassol,
Buscando cada fonte mais audaz.
O vento que se entorna em arrebol
Aos poucos nos domina e satisfaz.

Eu singro meus pecados bebo a fera
Promessa de florais em primavera...


458


Promessa de florais em primavera
No jogo que se mostra cara a cara,
Não quero mais talvez e nem quem dera
O quase que se foi, já desampara.

O rito sem gravata e sensatez
Merece que se bise esta canção.
O vinho que se bebe a cada vez
Permite que se entenda esta emoção.

Monções e vendavais eu nem mais temo,
Apenas vou seguindo a correnteza,
Se eu tenho em minhas mãos o barco e o remo
Não tenho que penar qualquer tristeza

Vendendo sempre o peixe de um amor,
Eu tenho um novo mundo a te propor...



459

Eu tenho um novo mundo a te propor
Formado pelos cacos que vivemos.
O quanto pode ser alentador
Transmite o que em verdade percebemos.

O dia se fazendo em bailes, risos
Baladas de um amor que não tem ritos.
Sonâmbulos caminhos sem avisos
Extremam nossos passos, vãos, aflitos.

Na boca da moçoila este batom.
Molambulando a vida, a solidão
Esquece do desejo certo e bom
Rondando o velho mundo amargo cão.

Trafegam nossos gozos por atalhos
Pedaços que se fazem dos retalhos...

460


Pedaços que se fazem dos retalhos
Nas colchas da esperança definidos,
Prazeres em misturas, atos falhos
Durante tanto tempo divididos;

Lanhando em nossas costas tempestades
Cortando nossa carne em vãos profundos.
Os risos, gargalhadas, nas cidades
Estrelas mergulhando em torpes mundos.

Assim, dois viajantes sem destino
Descendo pelos rios, corredeiras,
Toando uma emoção em desatino
Fazendo dos desejos as bandeiras

Espelham pelas ruas cicatrizes,
Apesar dos pesares, mais felizes...



461



Apesar dos pesares, mais felizes
Corremos para o mar, buscando a foz
Deixando no passado estes deslizes
Amor que é tantas vezes qual algoz.

Em nós a profusão de lua, estrela
Estende na varanda um farto brilho.
Delírios de poder; sempre, sabê-la
Na prata que emoldura nosso trilho

Um andarilho vaga em noite imensa
Em buscas sem limites vago insano.
Na boca da mulher, a recompensa
O tempo se promete sem engano

E assim, ao adentrar salgado mar,
Eu vejo o mel da vida se espalhar...


462

Eu vejo o mel da vida se espalhar
Nos campos da esperança e da emoção,
Roubando cada raio do luar
A noite se transcorre em sedução.

A moça do meu lado, satisfeita,
O riso se permite em franco gozo
A gente ao mesmo tempo se deleita
E planta um novo sonho fabuloso.

Recebo de teus lábios, a promessa
De um dia mais feliz de se viver
A cada novo instante recomeça
Idílio de ternura e de prazer

Assim, eu vivo amor no dia a dia
Que é feito da beleza em fantasia.
Publicado em: 20/02/2008 15:22:14
Última alteração:22/10/2008 17:32:25



EU TE AMO!! coroa de sonetos 34
463


A melodia acalma; suave som
Que invade a madrugada, ganha o dia.
Na boca da morena este batom
Roçando a minha pele com magia.

Recende a todo o bem que a vida trama
Num gesto em perfeição, sublime e audaz
Enquanto o dia nasce e o sol nos chama
A vida recomeça em pleno gás.

Suave transparência, camisola,
Teus seios delicados e bonitos
O pensamento clama, alma decola
Trazendo novamente loucos ritos.

A melodia invade e nos convida,
Amor não reconhece despedida...


464

Amor não reconhece despedida
Num moto assim perpétuo nada pára
Mudando a direção, domina a vida
Enquanto, tantas vezes, desampara.

Adentra as fortalezas, vence a guerra
A força que ele emana; irresistível
O quanto de desejos que ele encerra
Perfaz um sonho nobre, indivisível.

Rompendo os paradigmas, nos liberta
Areia movediça fabulosa
Por mais que a sensatez depressa alerta
Vontade se mostrando caprichosa

Espalha nestas sendas armadilhas
Douradas em loucura e maravilhas...


465


Douradas em loucura e maravilhas
Quebrando estas redomas do passado,
Não vejo em meu caminho mais as ilhas
Distantes deste mar novo e encantado.

A carapaça eu rompo com sorriso,
Tocado pelas mãos de uma amizade.
A cada novo dia mais eu friso
O quanto é necessária a liberdade

Que às vezes se mostrando tão distante
Parece-nos difícil de encontrar.
Enquanto um sol profuso e radiante
Expressa a fantasia em luz solar.

Sabendo e percebendo tal poder,
Na força da amizade eu passo a crer...

466


Na força da amizade eu passo a crer
Sabendo quanto quero ser feliz.
O vento da alegria me faz ver
O quanto que tivera em cores cris

O mundo tão diverso dos meus sonhos,
Em quedas nos penhascos da existência
Abismos que encontrara tão medonhos
Criando e recriando a penitência

Quebrando pouco a pouco uma esperança
Trazendo a solidão depois de tudo,
O medo que me toma, vil herança
Deixando o coração cego e miúdo

Agora que eu percebo, finalmente
À luz desta amizade eu vou contente...

467

À luz desta amizade eu vou contente
E nada impedirá meu firme passo,
Vivendo o que sonhara, plenamente,
Não temo descaminhos nem cansaço

Abraço os teus sorrisos, companheira
E deles faço o mote necessário
No quanto se reforça esta bandeira
O mundo não se mostra temerário.

Eu quero estar contigo sem demora
Singrando entre procelas, o oceano.
Felicidade eu sinto já se aflora
Deixando para trás o desengano.

Contando com teus braços, minha amiga,
A sorte tão volátil nos abriga...

468

A sorte tão volátil nos abriga
E ao mesmo tempo este abandono;
Por mais que a luz se mostre apoio e viga
O amor vai se perdendo no oceano.

Nas velhas fantasias que eu cultivo
Apenas as saudades são fiéis.
Um canto de esperança embora altivo
Encontra tão somente amargos féis.

Vieses que se mostram mais constantes
Trafegam no meu peito sem destinos.
Quem dera se eu pudesse por instantes
Conter os mais temidos desatinos.

Nas noites que varei em solidão
Saudade toma o rumo, a direção...

469


Saudade toma o rumo, a direção
Do barco que se fez em tempestade,
Vivendo tão somente a negação
Quem dera se encontrasse a liberdade

Promessas esquecidas no caminho
Já são somente marcas, cicatrizes.
Depois de tanto tempo andar sozinho,
Esqueço de outras cores ou matizes.

Mosaico de emoções que se desnudam,
Expressam o que eu quis e não contive.
Por vezes ilusões chegam e ajudam
Assim uma esperança sobrevive.

Dementes os meus dias sem ninguém.
Apenas a saudade, amarga, vem...

470

Apenas a saudade, amarga, vem
Moldura que não deixa prosseguir
A tela que se pinta pede alguém
O medo não se esquece de impedir.

Arrasa minha casa queima tudo
Saudade da mulher que nunca veio
Olhando o seu retrato eu já me iludo
Beijando sua face eu sonho seio.

Não sei o que se mostra no sorriso,
Vontade de voltar ou de negação.
A noite vem chegando e sem aviso
Transforma todo amor em devoção

Pesando em minhas costas como cruz
Saudade num vazio se traduz...


471




Saudade num vazio se traduz
Vontade de pular do precipício
O quanto a vida nega em força e luz
Não deixa que se entenda a dor em vício.

Crisântemos morrendo em meu jardim,
Hemorragias lentas e constantes
Matando o quanto a vida trouxe assim,
Os olhos penitentes e farsantes.

Não quero mais viver tanta saudade
Espinhos que espalhaste em cada andança
Viúvo de mim mesmo, a treva invade
Cruentas sensações, desesperança.

Ao ver a tua foto sobre a mesa,
O rio nega a foz e a correnteza...

472

O rio nega a foz e a correnteza
Rolando pelas pedras, seixos, mágoas.
Arcando com o vento da tristeza
A sorte se deserta, seca as águas.

A sede que matara a cada sonho
Na boca delicada em prontidão
Revejo o quanto quero e te proponho
Um novo amanhecer, novo clarão.

Cevando em nossa vida esta guerrilha
Que um dia vencerá qualquer poder.
A luz que se irradia mostra a trilha
Levando fatalmente ao bel prazer.

Precisos sentimentos, com bravura
Amor já se embebeda em tal ternura...


473


Amor já se embebeda em tal ternura
Deixada como um rastro em teus caminhos
Amante sensação promete a cura
Bebendo a maravilha destes vinhos.

Arcanas ventanias se aplacaram
O libertário sonho enfim chegou.
Os olhos desejosos me mostraram
O quanto amor se entranha e me tocou.

Amores entre rumos tão diversos
Nos ódios que encontrara anteriormente
Vizinhos sentimentos, universos
Dispersos que se mudam totalmente.

Do gozo de viver já se assenhora
Amor que vem sem medos e sem hora...


474

Amor que vem sem medos e sem hora
Batalha que se faz a cada dia
Se eu tanto me entreguei pretendo agora
Produto que se dá em alegria

Saudade anda rosnando, calo a boca
Mas tendo no final da peça, os bravos
Amor não se perturba e já se toca
Catando todo o mel em fartos favos.

O dia renascendo sem ter pressa
A festa recomeça. Amanhecer
Do jeito que se quer e se confessa,
Suor do sol que vem nos receber.

Compondo cada verso homenageio
A Musa já sem blusa em belo seio...

475

A Musa já sem blusa em belo seio
Na pele bronzeada bebe a praia,
O vento vem chegando e sem receio
Levanta, expondo as coxas, sua saia.

A vida me virando assim do avesso
Entranha em minha pele; incorpora a alma
Voltando novamente recomeço
Somente esta semente, amor, me acalma.

No corpo da delgada bailarina
Enteso esta vontade insaciável
Um passo delicado me domina
No amor que se deduz interminável

Amáveis fantasias, redenção
Amor em verdadeira infestação.

476


Amor em verdadeira infestação
Epidemia santa e desejada.
Repete sempre o mesmo e bom refrão
Deixando a vida calma, extasiada.

Do nada que viera sem remédios,
Agora o quanto tenho já me orgulha.
Embora as dores tramem seus assédios
A mão da fantasia vem; debulha.

Santificada luz que nos entranha
Aurora multicor que se anuncia
O sol deitando luz sobre a montanha
Moldura inesquecível, raro dia

Tomando qual divino e claro dom
A melodia acalma; suave som.
Publicado em: 20/02/2008 17:29:44
Última alteração:22/10/2008 17:32:19



EU TE AMO!! coroa de sonetos 35
477



Trazendo para a vida a sensação
De todo este carinho que nos toma,
O vento que se fora furacão
Agora nos domina em vasta soma.

A noite se aproxima calmamente
Deixando para trás a tarde atroz
Renasce com a lua novamente
O gosto de escutar a tua voz.

Do quanto coração se fez mendigo
Buscando nas esquinas, companhia
Eu quero que tu saibas e te digo
Em ti eu tenho tudo o que queria.

Depois do vendaval vejo a bonança
Sinônimo de paz e temperança...


478



Sinônimo de paz e temperança
Amor não necessita de segredos
O quanto eu te desejo já te alcança
Não tenha mais, amor temíveis medos

Eu sei que vou te amar o tempo inteiro
Segredo em teus ouvidos tais verdades.
Mergulho em cada verso, e bebo o cheiro
Deixando para trás tristes saudades.

A vida recomeça ao mesmo instante
Que sinto o teu perfume junto a mim,
Teu corpo sensual e provocante
Traduz o que pretendo e quero, enfim.

Sagrando o nosso sonho a vida tece
Na bela catedral, ternura e prece...


479

Na bela catedral, ternura e prece
Clamando em harmonia uma esperança.
O quanto te desejo e não parece
Deixando bem distante a confiança.

Afianço em cada verso o sentimento
Que seja na verdade suficiente
Mostrando a calmaria deste vento
Que toca o coração; domina a gente.

Não chores mais querida, estou aqui
Decerto imaginaste outros caminhos.
Não sabes que em teu canto eu percebi
Dolência dos divinos, raros vinhos.

Espero que me ouvindo, seque o pranto
Em ti eu concebi perfeito encanto...

480


Em ti eu concebi perfeito encanto
Vislumbro finalmente a luz de um cais.
Nas sanhas deste amor eu me agiganto
E encontro o brilho raro dos cristais.

Inebriadamente dominado
Retrato; em cada verso, o meu desejo
O gozo da alegria em alto brado
Promete a vida em louco relampejo.

Sem pedras no caminho e sem algemas,
Prossigo a noite inteira em passo firme.
Distante dos distúrbios e problemas
Amor enfim permite que eu me afirme

Colhendo em meu canteiro uma esperança
A vida se vislumbra calma e mansa...


481


A vida se vislumbra calma e mansa
Num acalanto breve e tão sereno.
A paz em pleno amor assim se alcança
Secando o que se fora vil veneno.

Estendo na varanda o teu sorriso,
Sem ódios ou vinganças, mais unidos
O quanto é necessário e sei preciso
Desejos e carinhos concebidos.

Sem juras ou desvios das promessas
Costuramos um dia mais feliz.
No todo que eu te quero já confessas
Amor que outrora fora por um triz.

Rasgando estas agendas do passado,
O dia mais ameno, anunciado...

482




O dia mais ameno, anunciado
Notícia que não li nem nos jornais,
Apenas por estar apaixonado
Prevejo estes luares magistrais.

Não quero penitência nem polícia
Tampouco uma censura que nos tolha.
Plantando em tua pele tal delícia
No gozo prometido a minha escolha.

Meninas em jardins, belos jasmins
Florescem entre mil sonhos, colibris,
As bocas da esperança, carmesins
Dourando o meu caminho mais feliz.

Sem cercas meu quintal cede ao cultivo
Nas sombras do arvoredo, agora eu vivo...

483


Nas sombras do arvoredo, agora eu vivo,
Depois de tanto tempo maltratado,
Do sonho que tivera, vou cativo
Trazendo em minhas costas tal legado.

Sumindo pelas ruas, qual miragem,
Espalhas como rastros, as estrelas,
Quem dera se eu pudesse em tatuagem
Sentir o quanto em luz não me revelas.

Expondo em cada passo a poesia
Formando clara trilha nas calçadas.
Bailando sobre as trevas, sempre eu via
Em plena madrugada, estas pegadas.

Aflito, suspirando, caço o sol,
Teus olhos me servindo de farol...

484



Teus olhos me servindo de farol,
Levando o pensamento à eternidade.
Em toda a poesia do arrebol
Eu vejo renascer felicidade.

Quanto terei ainda de viver
Distante do que pude vislumbrar
Percebo o quanto amor tem o poder
De um dia seduzir, noutro matar.

Dançando sob o som deste bolero
Expresso em cada verso que componho
O quanto eu te desejo e sempre quero
Do velho cancioneiro, o mesmo sonho

Da casa pequenina no sertão
Jardim em tão sublime floração...

485

Jardim em tão sublime floração
Também tem seus espinhos, disso eu sei.
O quanto em nosso sonho é redenção
Durante tanto tempo eu estranhei.

A rosa que permite um bom perfume
Espalha com vigor no meu caminho
Em forma de desejo, o seu ciúme
Mostrando claramente cada espinho.

A dança necessita contradança
O medo nunca pode derrotar
O gozo tão sublime em temperança
Deixando cada coisa em seu lugar.

Amor jamais permite calabouço,
O vento do prazer em ti eu ouço...

486



O vento do prazer em ti eu ouço
Orquestra convidando para a festa.
A noite que passou; simples esboço
Do quanto em maravilha amor empresta.

Dançando esta balada, a vida vem
Bebendo cada gota da alegria
Desejo em madrugada o nosso bem
Na redentora espera em poesia.

Teu nome no meu corpo, cicatriz,
Marcado em perfeição, qual tatuagem.
Canção que agora escuto já me diz
Do quanto sou feliz nesta viagem

Que é feita em sintonia, mesmo tom,
Roubando a cada volta o teu batom.

487


Roubando a cada volta o teu batom
Na dança interminável noite afora.
Ouço maravilhado o belo som
Que em toda melodia já se aflora.

Temperos deste sonho sem ter fim,
Sobejas emoções nos decorando,
Alentos que se espalham no jardim
Do tempo sem ter onde, quanto ou quando.

Não quero descaminhos nem mortalhas
Apenas o sorriso promissor
Desejos preciosos quando atalhas
Expressam perfeição em nosso amor.

Bebendo cada gota de suor
Prevejo um mundo novo e bem melhor...

488


Prevejo um mundo novo e bem melhor
Deixando para trás qualquer tormento.
Vontades e desejos; sei de cor,
Encontro tão somente um doce alento

Nos seios que hoje beijo com ternura,
Meus olhos em teus olhos, num mergulho
Contando estas estrelas, noite apura
Quedando tão distante, pedregulho...

Sonhando em desvario, alucinando,
Não tenho mais segredos, nem os quero.
A sorte pelas ruas entornando
Matando o meu passado, duro e fero.

Espreito finalmente a liberdade,
Aprendo a traduzir felicidade...


489


Aprendo a traduzir felicidade
Entregue a tal magia deslumbrante
Outrora recebera da saudade
Um gosto em azedume, nauseante

Herdando dos amores, o lirismo,
Mortalhas esquecidas sem bravatas,
Saltando sobre imenso e grave abismo
Os sonhos mais felizes tu resgatas

Criando em raro encanto um verso breve,
Destinos que se tocam; sinas, fados,
Saudades para longe, o vento leve
Deixando no lugar serenos prados.

Acendo novamente esta fogueira
Na flama que se entorna, verdadeira.

490

Na flama que se entorna, verdadeira
De um jeito mais audaz eu vejo a vida,
Serena e tantas vezes feiticeira
Pegando a solidão desprevenida.

Distante das pendengas e litígios
Agora vamos juntos noite afora.
Do quanto que sofremos, nem vestígios
A força feita amor nos revigora.

Quasares e pulsares, luz intensa
Nas vias siderais, nossos caminhos.
Amor já prometendo a recompensa
Encharca de desejos, camas, ninhos.

No todo se mostrando em vibração,
Trazendo para a vida a sensação.

Publicado em: 20/02/2008 19:38:05
Última alteração:22/10/2008 17:32:12



EU TE AMO!! coroa de sonetos 36

491


Da eterna juventude, inesgotável;
Humanidade busca a mina, a fonte
Um sonho que se mostra interminável,
Vazios; entretanto, no horizonte.

Quem dera se eu tivesse a mocidade
E nela refizesse os meus caminhos.
Talvez inda restasse a claridade
No libertário encanto, passarinhos.

Ao ter o teu sorriso amada amiga,
Eu vejo ser possível, pelo menos,
O traje que em delícias nos abriga
Trazendo dias calmos, mais amenos.

Assim ao recobrar uma esperança
A fonte dos desejos já se alcança...

492

A fonte dos desejos já se alcança
Emblemática luz que assim me guia.
Ao ter em teu carinho tal fiança
A vida se entranhando em poesia.

Perguntas que não faço e nem pretendo
Caladas no meu peito me transtornam,
O quanto tão distante ando vivendo
Silêncios em respostas se retornam.

Rodando em noites vagas bar em bar
Recolho estas mensagens que deixaste.
A vida vem num lento transformar
Criando a cada noite este contraste.

No amor que eu encontrei a salvação
Eu bebo toda angústia em perdição...

493

Eu bebo toda angústia em perdição
No quanto que me negas, envenenas.
Amor se decifrando em turbilhão,
Carícias e mentiras todas plenas.

Apenas o que sonho e não traduzo
Encontro nos teus olhos, mil néons,
Olhares que distantes reproduzo
Momentos tão diversos, vários tons.

Revelas em teus lábios primaveras,
Porém depois de tudo, colho invernos.
Refém dos desenganos mansas feras
Modelos diferentes, mesmos ternos.

Remendos que provocam mil presságios
Vagando em tempestades, sei naufrágios...

494


Vagando em tempestades, sei naufrágios
E vivo em temerosa insensatez
Do quanto procurei pagando os ágios
Amor em luz intensa já se fez.

Portando em altivez, a nova senda,
Coloca nos meus olhos, vendas tantas.
Encanta enquanto trai, logo desvenda
Palavras infernais, mentiras santas.

Correndo pela noite sem destino,
Atino o quanto eu quis e não sabia.
Voltando a recolher sonho menino
Adentro o paraíso em fantasia.

Sonhando com amor o tempo inteiro,
Eu acordo abraçando o travesseiro...

495

Eu acordo abraçando o travesseiro
Relembro do cenário deste sonho.
Apenas o recado no cinzeiro
Jogado sobre o nada recomponho.

Num truque assim banal, a vida passa,
Nas cordas trapezistas, palcos, risos.
Expressam o final desta trapaça
No encanto de palhaços, falsos guizos.

Avisos de espetáculos vindouros,
Salões de festa, danças, refletores,
Os sonhos do quem dera duradouros
Momentos sem finesse em dissabores.

Olhar enamorado sobressalta
Deitando sobre as luzes da ribalta.

496



Deitando sobre as luzes da ribalta
Um sonho em espetáculo promete
Calando as solidões amarga malta
A vida aos teus carinhos me arremete.

Bailando nos teus braços, sonho e luz,
Recebo a redentora poesia
Que entranha em minha pele e me conduza
A toda sorte imensa que eu queria.

Saltando sobre as pedras que encontrei
Estrela em claro brilho me domina,
O amor que em nossa vida se fez lei
Permite no pernoite a rica mina

Aonde se escondeu raro tesouro,
Nos raios deste sonho, eu já me douro...

497

Nos raios deste sonho, eu já me douro
E faço de meu verso um instrumento
Que possa permitir um duradouro
Caminho percorrido sem tormento.

Amor que se mostrando bom garçom
Deixando de bandeja uma esperança
Permite que se cante em maior tom
Convite para a festa em contradança.

Descendo pelas ruas, vai à luta
Adentra nos botecos e nas feiras
Amor em sua face mais astuta
Já sabe dominando o que mais queiras

Dobrando cada esquina com cuidado,
Expressa em alegria o seu legado...


498


Expressa em alegria o seu legado
Mensagem proferida com prazer.
O quanto amor se mostra bem cuidado
Permite em nova senda renascer.

Trabalho o dia inteiro, chego à noite
Encontro nos teus braços meu descanso,
Por sob estes lençóis, ternura, açoite
Vigora a lei do quanto mais alcanço.

Diamantina luz que nos abraça,
Mergulhos em vontades e loucuras.
Deixando de caçar sou tua caça
Em dentes, bocas, línguas, as torturas.

A vida se esfumaça em esquadrilhas
Deitando em nossa cama maravilhas...

499


Deitando em nossa cama maravilhas
Esqueço dividendo e crediário
Amor em loucas sanhas, riscos, trilhas,
No fogo que se mostra um bem diário.

Balões rondando a noite, em tal festança,
Quadrilhas dançarinas, claras francas,
O quanto nós trançamos nossa dança
Depois de certo tempo me desancas.

Tomando em tua boca o meu quentão
Salvo conduto encontro em tuas pernas,
No jogo que se faz ebulição
As horas sem limites são eternas.

Asperges fantasias nos meus olhos
Encontro as alegrias, colho em molhos...

500


Encontro as alegrias, colho em molhos
Deixando os vis espinhos para traz
Colheita que se fez mata os abrolhos
Permite a vida calma feita em paz.

Mas quando ouço esta voz em aflição
Clamando por socorro, eu não consigo
Seguir em calmaria a procissão,
Estendo as minhas mãos, e dou abrigo.

Não sabes quanto eu quero o teu querer
E dele faço o mote mais sincero.
Não posso de teu canto me esquecer
Vem logo, minha amada, eu já te espero

E quero no compasso mais perfeito
Amor que é meu destino e nosso pleito...

501


Amor que é meu destino e nosso pleito
Tomando em suas mãos rosa dos ventos,
Legando ao desespero o rumo estreito
Tocado pela insânia em vis tormentos.

No quanto este machado encontra o sândalo
Deixando quem maltrata agora pálido
O amor em nossa vida, num escândalo
Decora com desejos sonho cálido.

Não quero este destino amargo e trágico
De quem em desvario vai atônico
O riso da esperança se fez mágico
Moldando alvorecer bem mais harmônico

Sinfônica explosão em versos métricos
Matando os dias rudes, negros, tétricos...

502


Matando os dias rudes, negros, tétricos
A mansa sensação do amor se fez
Em rumos mais perfeitos e simétricos
O quanto é necessária a lucidez.

Sem lágrimas ou lástimas que entranhem
Rondando entre paredes, pedras, trevas,
Distante destas feras que me estranhem
As luzes revoando em finas levas

Cevando as mais profícuas claridades
Afeito a tais vontades incessantes.
Os olhos vão bebendo estas verdades
E raiam nos teus sóis mais escaldantes

O quanto desde outrora em flóreas sendas
Amor que me inoculas cria lendas...

503



Amor que me inoculas cria lendas
E nele me vicio a cada dia.
Deitando nosso sonho nessas tendas
Defronte, tão somente a fantasia.

Insanas ardentias nos tomando,
Nas sombras de teus braços, acalanto.
O mar em fortaleza nos banhando
Traçando o meu destino em puro encanto.

No quanto tanto quero o teu querer
O quando se mostrando desde agora
O rio que em delícia a se verter
Converte todo o gozo que se aflora

Frondosas esperanças, alamedas,
Desejos que eu bem quero e me segredas...

504


Desejos que eu bem quero e me segredas
De toda a poesia que eu fizer
Deixando as amarguras cegas, ledas,
Sentindo o teu perfume de mulher

Descreves com teus lábios nossa sanha
Tocando a nossa pele em arrepios,
Vontade de te ter tanto me assanha
Envolto em teus prazeres, gozos, cios.

Somando nossos corpos, sem fronteiras
Podemos vislumbrar o paraíso
Além destas vontades costumeiras
Inigualável sonho sem aviso

Trazendo este recado tão amável
Da eterna juventude, inesgotável.
Publicado em: 20/02/2008 21:24:30
Última alteração:22/10/2008 17:32:07
EU TE AMO!! coroa de sonetos 36

491


Da eterna juventude, inesgotável;
Humanidade busca a mina, a fonte
Um sonho que se mostra interminável,
Vazios; entretanto, no horizonte.

Quem dera se eu tivesse a mocidade
E nela refizesse os meus caminhos.
Talvez inda restasse a claridade
No libertário encanto, passarinhos.

Ao ter o teu sorriso amada amiga,
Eu vejo ser possível, pelo menos,
O traje que em delícias nos abriga
Trazendo dias calmos, mais amenos.

Assim ao recobrar uma esperança
A fonte dos desejos já se alcança...

492

A fonte dos desejos já se alcança
Emblemática luz que assim me guia.
Ao ter em teu carinho tal fiança
A vida se entranhando em poesia.

Perguntas que não faço e nem pretendo
Caladas no meu peito me transtornam,
O quanto tão distante ando vivendo
Silêncios em respostas se retornam.

Rodando em noites vagas bar em bar
Recolho estas mensagens que deixaste.
A vida vem num lento transformar
Criando a cada noite este contraste.

No amor que eu encontrei a salvação
Eu bebo toda angústia em perdição...

493

Eu bebo toda angústia em perdição
No quanto que me negas, envenenas.
Amor se decifrando em turbilhão,
Carícias e mentiras todas plenas.

Apenas o que sonho e não traduzo
Encontro nos teus olhos, mil néons,
Olhares que distantes reproduzo
Momentos tão diversos, vários tons.

Revelas em teus lábios primaveras,
Porém depois de tudo, colho invernos.
Refém dos desenganos mansas feras
Modelos diferentes, mesmos ternos.

Remendos que provocam mil presságios
Vagando em tempestades, sei naufrágios...

494


Vagando em tempestades, sei naufrágios
E vivo em temerosa insensatez
Do quanto procurei pagando os ágios
Amor em luz intensa já se fez.

Portando em altivez, a nova senda,
Coloca nos meus olhos, vendas tantas.
Encanta enquanto trai, logo desvenda
Palavras infernais, mentiras santas.

Correndo pela noite sem destino,
Atino o quanto eu quis e não sabia.
Voltando a recolher sonho menino
Adentro o paraíso em fantasia.

Sonhando com amor o tempo inteiro,
Eu acordo abraçando o travesseiro...

495

Eu acordo abraçando o travesseiro
Relembro do cenário deste sonho.
Apenas o recado no cinzeiro
Jogado sobre o nada recomponho.

Num truque assim banal, a vida passa,
Nas cordas trapezistas, palcos, risos.
Expressam o final desta trapaça
No encanto de palhaços, falsos guizos.

Avisos de espetáculos vindouros,
Salões de festa, danças, refletores,
Os sonhos do quem dera duradouros
Momentos sem finesse em dissabores.

Olhar enamorado sobressalta
Deitando sobre as luzes da ribalta.

496



Deitando sobre as luzes da ribalta
Um sonho em espetáculo promete
Calando as solidões amarga malta
A vida aos teus carinhos me arremete.

Bailando nos teus braços, sonho e luz,
Recebo a redentora poesia
Que entranha em minha pele e me conduza
A toda sorte imensa que eu queria.

Saltando sobre as pedras que encontrei
Estrela em claro brilho me domina,
O amor que em nossa vida se fez lei
Permite no pernoite a rica mina

Aonde se escondeu raro tesouro,
Nos raios deste sonho, eu já me douro...

497

Nos raios deste sonho, eu já me douro
E faço de meu verso um instrumento
Que possa permitir um duradouro
Caminho percorrido sem tormento.

Amor que se mostrando bom garçom
Deixando de bandeja uma esperança
Permite que se cante em maior tom
Convite para a festa em contradança.

Descendo pelas ruas, vai à luta
Adentra nos botecos e nas feiras
Amor em sua face mais astuta
Já sabe dominando o que mais queiras

Dobrando cada esquina com cuidado,
Expressa em alegria o seu legado...


498


Expressa em alegria o seu legado
Mensagem proferida com prazer.
O quanto amor se mostra bem cuidado
Permite em nova senda renascer.

Trabalho o dia inteiro, chego à noite
Encontro nos teus braços meu descanso,
Por sob estes lençóis, ternura, açoite
Vigora a lei do quanto mais alcanço.

Diamantina luz que nos abraça,
Mergulhos em vontades e loucuras.
Deixando de caçar sou tua caça
Em dentes, bocas, línguas, as torturas.

A vida se esfumaça em esquadrilhas
Deitando em nossa cama maravilhas...

499


Deitando em nossa cama maravilhas
Esqueço dividendo e crediário
Amor em loucas sanhas, riscos, trilhas,
No fogo que se mostra um bem diário.

Balões rondando a noite, em tal festança,
Quadrilhas dançarinas, claras francas,
O quanto nós trançamos nossa dança
Depois de certo tempo me desancas.

Tomando em tua boca o meu quentão
Salvo conduto encontro em tuas pernas,
No jogo que se faz ebulição
As horas sem limites são eternas.

Asperges fantasias nos meus olhos
Encontro as alegrias, colho em molhos...

500


Encontro as alegrias, colho em molhos
Deixando os vis espinhos para traz
Colheita que se fez mata os abrolhos
Permite a vida calma feita em paz.

Mas quando ouço esta voz em aflição
Clamando por socorro, eu não consigo
Seguir em calmaria a procissão,
Estendo as minhas mãos, e dou abrigo.

Não sabes quanto eu quero o teu querer
E dele faço o mote mais sincero.
Não posso de teu canto me esquecer
Vem logo, minha amada, eu já te espero

E quero no compasso mais perfeito
Amor que é meu destino e nosso pleito...

501


Amor que é meu destino e nosso pleito
Tomando em suas mãos rosa dos ventos,
Legando ao desespero o rumo estreito
Tocado pela insânia em vis tormentos.

No quanto este machado encontra o sândalo
Deixando quem maltrata agora pálido
O amor em nossa vida, num escândalo
Decora com desejos sonho cálido.

Não quero este destino amargo e trágico
De quem em desvario vai atônico
O riso da esperança se fez mágico
Moldando alvorecer bem mais harmônico

Sinfônica explosão em versos métricos
Matando os dias rudes, negros, tétricos...

502


Matando os dias rudes, negros, tétricos
A mansa sensação do amor se fez
Em rumos mais perfeitos e simétricos
O quanto é necessária a lucidez.

Sem lágrimas ou lástimas que entranhem
Rondando entre paredes, pedras, trevas,
Distante destas feras que me estranhem
As luzes revoando em finas levas

Cevando as mais profícuas claridades
Afeito a tais vontades incessantes.
Os olhos vão bebendo estas verdades
E raiam nos teus sóis mais escaldantes

O quanto desde outrora em flóreas sendas
Amor que me inoculas cria lendas...

503



Amor que me inoculas cria lendas
E nele me vicio a cada dia.
Deitando nosso sonho nessas tendas
Defronte, tão somente a fantasia.

Insanas ardentias nos tomando,
Nas sombras de teus braços, acalanto.
O mar em fortaleza nos banhando
Traçando o meu destino em puro encanto.

No quanto tanto quero o teu querer
O quando se mostrando desde agora
O rio que em delícia a se verter
Converte todo o gozo que se aflora

Frondosas esperanças, alamedas,
Desejos que eu bem quero e me segredas...

504


Desejos que eu bem quero e me segredas
De toda a poesia que eu fizer
Deixando as amarguras cegas, ledas,
Sentindo o teu perfume de mulher

Descreves com teus lábios nossa sanha
Tocando a nossa pele em arrepios,
Vontade de te ter tanto me assanha
Envolto em teus prazeres, gozos, cios.

Somando nossos corpos, sem fronteiras
Podemos vislumbrar o paraíso
Além destas vontades costumeiras
Inigualável sonho sem aviso

Trazendo este recado tão amável
Da eterna juventude, inesgotável.
Publicado em: 20/02/2008 21:24:30
Última alteração:22/10/2008 17:32:07


EU TE AMO!! coroa de sonetos 37
505

Aos poucos vem raiando uma emoção
Que em lutas desiguais nos apascenta
Causando o mais temível turbilhão,
A força redentora e violenta.

Amor em terremotos nos invade
Na extrema convulsão nos tranqüiliza
Além deste desejo e da vontade
Em plena tempestade trama a brisa.

No fogaréu insano em que me perco
A sorte se mostrando movediça
Amor é da esperança um fino esterco
Santificando a fúria da cobiça.

Ao mesmo instante; cobra enquanto apena
É prenda que se faz, voraz e amena...


506


É prenda que se faz, voraz e amena,
Morena que demente me enlouquece
O quanto me seduz tanto envenena
Vontade feita em gueixa se oferece,

Bandida que em vazante é minha foz,
Estrela que seduz, sou girassol,
Do todo que se mostra em nada após
Estremecendo assim todo arrebol.

À toa sem ter culpa no cartório
Catando os seus retalhos pelas ruas,
Embora o meu futuro seja inglório
Eu quero os cernes, todos, carnes nuas

Perpétua redenção em noite clara,
O tempo de sonhar marca e declara.

507


O tempo de sonhar marca e declara
Em plena liberdade, o sentimento.
O quanto se permite em noite rara
Beber o temporal a cada intento.

Se eu tento ser feliz, problema meu,
Embora muitas vezes vá sozinho.
Apelo que em desejos concebeu
A sanha de ser livre passarinho.

Vontades e desejos, tantos. Tive-os,
Em todos os momentos desta vida.
Os céus que procurara; claros, níveos
Talvez inda mostrassem a saída.

Amor em rouxinol por noite afora,
Somente a cotovia canta agora...

508


Somente a cotovia canta agora
Depois da madrugada em lua altiva.
A santa se mostrando se assenhora
Deixando alma vadia então cativa.

Mentiras entre fardos e façanhas,
Sorrisos de ironia, remendando
O quanto se perdeu em outras sanhas
O dia renascendo, vai moldando.

Não quero mais nem juras nem promessas
Espinhos cultivados no rosal
A febre que falsária me confessas
Ardendo nos meus olhos feito cal.

O projeto de vida desabou
Na boca que mordendo me beijou.

509


Na boca que mordendo me beijou
Bijuterias fingem ser tesouro
O couro que em teus lábios desancou
Matando o que pensei ancoradouro.

A lebre levantada já fugiu
Na cajadada em falso, fiquei só.
Castelo de esperança cai sutil
Restando em minha cama o vago pó.

Vadeia pela noite a meretriz
Vendida nos bordéis, pintando borda
Levando toda espera do infeliz
Rebenta do meu lado, a mesma corda.

Acordos pendurados na janela,
Vontade de voltar e ser só dela...

510


Vontade de voltar e ser só dela
Embora amor pesando feito cruz
Em noite solitária se revela
O quanto desejei; jamais me opus...

Rabiscas o teu nome em minha pele
Sagrando o nosso amor, cais infinito.
Que o tempo nunca passe e se congele
Marcando em tatuagem nosso rito.

Não quero mais rigor ou tempestade,
Apenas o remanso em que se dá
Encanto que se faz diversidade
Desejo e peço agora, desde já

Retalho em minhas costas, faca e foice.
Amor que tanto eu quis... acabou. Foi-se...

511


Amor que tanto eu quis... acabou. Foi-se...
Agonizando eu sigo cada rastro;
Do corcel que sonhei restou o coice
Bandeira já rasgada sem o mastro.

Meu leito de viúvo segue vago,
A chuva desabando no telhado
Em plena madrugada enquanto vago
Eu bebo a tempestade do passado...

Quem sabe em bocas cruas, lábios quentes
Alguma solução ainda tenha.
Na insensatez dos sonhos, entrementes
Lareira em esperança busca a lenha...

O vento que virá em proteção
Acende tão somente uma ilusão...

512

Acende tão somente uma ilusão
O gosto da maçã em tua boca.
Sentindo a mais sublime tentação
Meu sonho no teu corpo já se aloca.

Amor que aromatiza enquanto cura,
Extrai todo o desejo em gozo pleno.
Cansado de viver só na procura
Encontro o que buscara – encanto ameno.

Recebo cada afeto com sorriso,
Esplêndidas manhãs se prometendo.
A sorte que chegando sem aviso
Caminho que ao teu lado, assim desvendo.

De todo o sentimento, se faz dona;
O brilho em minha vida vem à tona...

513


O brilho em minha vida vem à tona
Nos olhos da menina que busquei
Enquanto a solidão já me abandona
Eu penso neste amor que eu encontrei

Vestígios do que eu fui; não mais percebo
Resquícios dos escombros, vento leva.
Agora que alegria farta eu bebo
Soberbo sentimento impede a treva.

Um servo deste amor, leal cativo
Vassalo da esperança, cavaleiro
Que em meio ao vendaval seguiu altivo
Sentindo do jardim, o rastro e o cheiro.

Relembro cada frase que disseste,
Do amor eu teço, agora, cada veste...


514

Do amor eu teço, agora, cada veste,
Queimando o que já fora uma mortalha,
De todo este prazer que tu me deste
As armas para a luta, vil batalha.

Atento a cada passo, vou em frente;
Sem nada que me prenda, solto o sonho,
Preciso que tu saibas claramente
O quanto que te quero e já proponho.

Vencer as mais difíceis cordilheiras
Levado pelas mãos da fantasia.
As almas prosseguindo são romeiras
Bebendo a fonte rara da alegria.

Na visceral vontade de te ter
O quanto é necessário o bem querer.

515

O quanto é necessário o bem querer!
Menina que se fez mulher e amante,
Em teus carinhos posso conceber
No palco- minha vida, luz vibrante.

“Minha alma cheira a talco”, renascida
Fortalecendo os sonhos que eu tivera,
Refaço em cada passo, a nossa vida
Condeno nosso amor à primavera.

Embora o tempo seja sempre o rei,
Contigo ele caminha mansamente.
A ti, a cada verso dediquei
O sonho de viver eternamente.

Mirando em teu olhar, vejo e confesso
Das minhas esperanças, o regresso...


516



Das minhas esperanças, o regresso
Voltando das batalhas, duras lutas.
O quanto eu te ofereço, agora eu peço,
E sei que temerosa, já relutas.

Presságios que tivera; traiçoeiros,
Marcaram cada dia em tua vida.
Deitando a solidão nos travesseiros
A travessia; eu sinto, está perdida.

Mas tendo alguma luz ao fim de tudo,
No túnel feito em tempo e temporal.
Do quanto que desejo, resto mudo,
Olhando imenso mar, descomunal.

Sonhando com desditas e falências,
Eu penso ter cumprido as penitências...


517


Eu penso ter cumprido as penitências
Expondo esta carcaça do que fui,
Buscando tão somente tais clemências
O tempo de viver, vazio flui.

Na mística esperança abandonada,
Os dados com certeza mal lançados
Não deixam que se veja quase nada
Senão os olhos vagos, destroçados.

Colibris seguindo sem as flores,
As flores sem sequer um colibri,
Mergulho nos mosaicos multicores
Do nada que me deste, eu me perdi.

Quem dera se colhesse alguma sorte
Mudando em transparência, opaco norte...

518

Mudando em transparência, opaco norte
Recolho as minhas baixas no caminho.
Azar que em minha vida foi consorte
Do reflorestamento ceva espinho

Grileiro da esperança, risos fáceis,
Delitos cometidos, sobretaxas,
Bailando sobre nós estrelas gráceis
Barris em ilusões, velhas cachaças

Não acho o que buscara em cada bar
Na ronda pela vida, num bordejo
Atrelo o meu luar ao teu olhar
Coleto com prazer, fiel desejo.

Porém riscando em luz esta amplidão,
Aos poucos vem raiando uma emoção.
Publicado em: 21/02/2008 16:36:01
Última alteração:22/10/2008 17:31:16



EU TE AMO! coroa de sonetos 7
85

Paraísos contigo eu sempre alcanço,
Sentindo o teu calor aqui comigo.
Amor que a gente faz e sem descanso
Transborda em gozo pleno o que eu persigo

Orgástica emoção, eu te afianço,
No mar de fantasias eu prossigo,
Trazendo contradança enquanto eu danço,
O tempo de sonhar; vivo contigo.

Marcando cada passo com encantos,
Requebras tuas ancas, teus quadris,
Amor vem borbulhando em chafariz,

Matando sem remédios os quebrantos
No quanto tanto quero ser teu par,
Prazer em cada canto desfrutar...


86


Prazer em cada canto desfrutar,
Fazendo do quintal, meu louco vício,
Comendo todo o fruto do pomar,
Não deixo depois disso nem indício.

O mel de cada fruta vem mostrar
O bom de se lavrar, sagrado ofício.
No solo promissor eu quero arar
Sabendo quanto é bom desde o início.

A moça que remoça um moço velho,
Um poço de esperanças traz a glória,
Sorriso sempre franco de vitória

Estampa o coração em pleno espelho.
Assim, somando prós no dia-a-dia,
Eu faço mais suave, a cantoria.

87


Eu faço mais suave, a cantoria,
Roçando este cenário multicor.
Bebendo deste vinho, eu bem queria,
Fazer do teu desejo o meu licor.

Na sede que me mata e me inebria,
Eu vejo este poder transformador,
Amor que se faz sempre em maestria,
Permite um novo sonho encantador.

Reparto o meu desejo em mil pedaços,
Em lânguidas manhãs, carinhos, aços,
Adagas e correntes já distantes.

Meu karma é ser somente teu parceiro,
Seguindo, cão sem dono, rastro e cheiro,
Teus passos pelas ruas, deslumbrantes.

88


Teus passos pelas ruas, deslumbrantes
Deixando demarcados os meus sonhos.
Sorrisos tão sutis e provocantes,
Fazendo os meus caminhos mais risonhos.

Felicidade outrora; nem instantes...
Momentos que passei foram bisonhos,
Colecionando ritos vis, tristonhos,
Não trago este vazio de outrora, antes.

Partícipes da festa que não finda,
Eu tenho em minhas mãos a luz tão linda
Dos olhos desta bela criatura.

Seguindo os rastros teus; encontro enfim,
O bem que procurei dentro de mim,
Teu corpo vai servindo de moldura...

89

Teu corpo vai servindo de moldura
À tela que se faz em noite clara,
Mudando em tanto lume, estrada escura,
Criando a fantasia audaz e rara.

Não quero mais saber desta amargura,
Não quero mais a dor que desampara,
No brilho que este amor me contemplara,
Encontro a solução que se procura.

Do quanto que eu carpi, nem lembro mais,
Um carpinteiro amor trama belezas.
Depois de conhecer as profundezas,

Agora em teus delírios sensuais,
Eu faço do prazer meu estribilho,
Cavalo dos meus sonhos, eu encilho...



90



Cavalo dos meus sonhos, eu encilho,
E sigo pela noite em liberdade,
Usando o nosso amor, divino trilho,
Encontro o paraíso em deidade.

Na sílfide em luz, me maravilho
Roubando o que sonhei felicidade,
Atinge; o pensamento, o tombadilho,
Permite se vislumbre a claridade.

No fogo que me queima e me extasia,
O gozo das vontades soberanas,
Repletas de querência e fantasia

Marcando com divina cicatriz,
No amor que, cedo invade; tenho ganas
De ser imensamente mais feliz.

91


De ser imensamente mais feliz,
Eu não me canso nunca de tentar,
Um verso enamorado vem e diz
Do quanto é belo e manso esse luar.

No céu que outrora fora opaco, cris,
Eu vejo um novo dia anunciar
O sol que na verdade tão bendiz
O coração que saiba, enfim, amar.

Transitam pelos ares, pensamentos,
Vagando o tempo inteiro, vão libertos.
Meus olhos claramente estão abertos

Deixando no passado os tais tormentos,
Assim, numa esperança que não cessa,
O amor é mais que sonho, que promessa...

92


O amor é mais que sonho, que promessa,
Um cais que procurei entre as procelas,
No gozo do prazer que me revelas,
O tempo não mais pára e não estressa.

A vida novamente recomeça
Bebendo das vontades, raras, belas.
No céu de nosso amor, divinas telas,
Que a mão de uma alegria sempre teça.

Com gosto de garapa e de café,
No riso da criança mais traquinas.
Explodem de desejos tantas minas,

Rompendo mais depressa estas galés.
Embora de teus sonhos, sou cativo,
A liberdade agora, no amor vivo...

93



A liberdade agora, no amor; vivo.
Singrando os ermos campos da saudade,
Percebo em nosso amor, tranqüilidade,
O peito vai aberto e segue altivo.

Do gozo deste sonho eu não me privo,
Vivendo enfim real felicidade.
A mansidão divina já me invade,
Mudando o meu caminho, redivivo.

Trazendo um copo d’água pro sedento,
Depois de atravessar vasto deserto,
Meu rumo com certeza, não deserto

Prosseguindo ao sabor do calmo vento
Eu sei que encontrarei o que desejo,
Final apoteótico, eu prevejo...



94


Final apoteótico, eu prevejo,
Depois de tanta insânia e solidão.
Olhando o meu passado, num lampejo,
Encontro tão somente a negação.

Vestindo esta esperança já desejo
Um dia em mais perfeita redenção.
Embora, do passado eu tenha pejo,
Aguardo nos teus braços, solução.

Somando o que tivemos – dores, mágoas,
Nas turvas, violentas, fortes águas,
Cascatas, corredeiras, e tufões,

Eu sinto que depois de tantos medos,
Juntinhos, desvendamos os segredos,
Libertos pelos fogos das paixões...


95



Libertos pelos fogos das paixões,
Não temos tempestades a temer.
Jogados mesmo em jaulas de leões,
Percebo em nossas mãos pleno poder.

Abrindo da esperança os tais portões
Sabemos quanto é bom sempre vencer.
Por mais que venham duros furacões,
A força deste amor eu posso ver.

Querendo o teu querer o tempo inteiro,
Recebo a mais sublime fortaleza.
Embora nesta vida, uma surpresa

Já seja um fato simples, corriqueiro,
Quem ama enfim recebe o seu troféu,
O peito enamorado diz: laurel!

96



O peito enamorado diz: laurel!
De todas as batalhas, vencedor.
Alçando num momento todo o céu,
Espalha em seu caminho, brilho e flor.

No quanto quero agora te propor,
Eu vejo o delicado e farto mel,
Trazendo à nossa vida o bom sabor
Matando o que já fora tão cruel.

Reféns desta divina sensação,
Andamos pelos bares da cidade,
Vivendo novamente a mocidade

Jogada há tanto tempo no porão.
Amor que se renova em atitude,
Segredo para eterna juventude...


97


Segredo para eterna juventude:
Somarmos nossos risos e desejos,
Sentindo a mansidão dessa atitude
Singramos paraísos em lampejos.

Sacrários que desvendo; um calmo açude,
Sorvendo deste gozo sem ter pejos.
Sinérgico poder que nunca mude
Selando com certeza estes ensejos.

Sou teu e sei o quanto isto me traz
Serenidade imensa para a vida.
Saveiro que encontrei e satisfaz

Sonhadores promessas, calmaria.
Seja nossa esperança a mais querida,
Salpicando ternura e fantasia...


98


Salpicando ternura e fantasia
Recolho a doce fruta imaginada,
Cevando nosso amor, no dia a dia,
Colheita com certeza assegurada.

Encontro todo o bem que mais queria,
Na boca tão gostosa e delicada.
A mão de quem carinha com magia,
Permite que se creia em deusa e fada.

Desfilo meus desejos em teu porto,
Recebo o vento manso da esperança.
O mar do amor imenso nunca morto,

Trazendo ao coração paz e remanso.
No amor que em noite clara assim avança
Paraísos contigo eu sempre alcanço.
Publicado em: 09/02/2008 16:02:33
Última alteração:09/10/2008 12:19:28


EU TE AMO! coroa de sonetos 8
99


E sonho com delícias deste mar
Depois de estar sozinho em fria areia,
O vento vem chegando devagar,
Tramando ao fim do dia, a lua cheia.

Sabendo quanto quero o teu querer,
Sereia encantadora me domina.
Vivendo a fantasia em teu prazer,
Encontro com certeza a rara mina.

Na fonte delicada dos teus lábios,
Sacio minha sede, estou feliz.
Meu barco percebendo os astrolábios
Adentra o cais do amor, sabe o matiz.

Depois da tarde cris, vou finalmente,
Deitando esta vontade, claramente...

100

Deitando esta vontade, claramente
Escrevo no teu corpo meus prazeres.
Sentindo todo o fogo num repente,
Esqueço os meus problemas e afazeres.

Amor que não se aprende no colégio,
De fato é nosso prumo, nossa meta.
Amar é com certeza um privilégio,
Quem dera se eu pudesse ser poeta,

Cantar o nosso amor que não tem fim,
Razão de minha vida. Determina
O rumo que encontrei, melhor pra mim
Na fome insaciável que alucina.

Vibrando de prazer e de loucura,
Amor, o meu destino, já moldura...


101

Amor, o meu destino já moldura,
Fazendo do meu braço, o seu esteio.
Tocado pelos laços da candura,
Não tenho mais sequer qualquer receio

De ter a liberdade de poder
Amar além do cais, eternamente.
Vivendo o quanto resta por viver,
Aguando da esperança esta semente.

Mergulho no oceano de nós dois,
Adentro cada parte deste porto.
Sem medo do que venha, assim, depois
Às tramas deste amor eu me transporto,

O teu perfume encharca a minha casa,
De toda esta loucura, o peito apraza...


102


De toda esta loucura, o peito apraza
Alcança, num momento a cordilheira
Dos sonhos ideais calor e brasa,
Tomando a minha vida, por inteira.

Servindo a quem se fez o servidor,
Amando além de tudo, com firmeza.
O passo lado a lado, alentador,
Toda a beleza em vida já represa.

Acima do que pude perceber,
Alçando em liberdade, mais profundo,
Recebo em tuas mãos farto prazer,
Meus olhos nos teus olhos; aprofundo.

Inundas com carinhos, minha vida,
Encontro a redenção antes perdida...


103


Encontro a redenção antes perdida,
Na trama que se entranha dia a dia
Não quero mais saber de despedida,
Meu sonho junto ao teu, eu sei se alia.

Refaço minha vida dos escombros,
Do quanto que já tive e assim perdi,
Olhando para o sol por sobre os ombros,
Eu vejo tão somente o que há em ti.

Resquícios das antigas garatujas,
Apenas são cruéis caricaturas.
As noites sem amor, frias e sujas,
As horas na verdade são torturas.

Agora, vivo alerta em louca espera,
Colhendo o que plantei, na primavera...


104

Colhendo o que plantei, na primavera,
Florido este jardim feito esperança.
Não temo mais tocaia e mato a fera,
Usando tão somente a temperança.

Olhando para longe, inda me vejo,
Sozinho percorrendo cada senda,
Nas mãos imaculadas do desejo,
Enigma crucial já se desvenda.

O amor quando em amor, amor produz,
Resiste a qualquer chuva ou tempestade.
No facho encantador da intensa luz,
Eu posso perceber tranqüilidade

Tomando a minha vida em mansa paz,
Mostrando quanto o amor se faz capaz...

105


Mostrando quanto o amor se faz capaz,
Eu sigo cada rastro que ele deixa,
Vivendo em sua glória, o bem tenaz,
Não tenho em minha vida, qualquer queixa.

Num ritmo tão frenético, não paro,
Revigorando a força em carrossel.
O medo do destino, vil, amaro,
Esbarra nos teus lábios, fonte, mel.

Não quero mais carpir a solidão,
Tampouco me perder em plena estrada,
Deixando no passado algum senão,
Promessa de sonhar, sendo aguçada

Nos toques mais sutis de corpos nus,
Deixando para trás, o medo e a cruz...

106


Deixando para trás, o medo e a cruz,
Penetro o campo santo da esperança,
O manto que me cobre, reproduz,
A sorte em glória plena, uma aliança.

Medonhos pesadelos que se assomam,
Aos olhos dos que seguem solitários.
Meus braços nos teus braços já se tomam
Formando paraísos solidários.

O quanto quero ter e sempre busco,
Permite que eu te fale, com certeza.
Da luz que se não se faz em lusco-fusco,
Tocando a madrugada, real beleza.

Meus dias em teus passos prosseguindo,
Promessa do amanhã, deveras lindo...

107


Promessa do amanhã, deveras lindo
Eu vejo nos teus olhos, claro azul,
Futuro mavioso eu já deslindo
Matando o meu passado, amargo, blues.

Erguendo o pensamento, num instante,
Eu chego ao mais sublime sentimento.
O beijo que se rouba, triunfante,
Revigorando a vida num momento.

Eu quero estar contigo, e não me canso
De ter esta ilusão junto comigo.
Usufruindo agora do remanso,
Não temo qualquer dor, qualquer perigo.

Meus dias serão plenos de delícias,
Em meio a teus desejos e carícias...

108


Em meio a teus desejos e carícias,
A noite que se passa é benfazeja,
Tocado pelos gozos e malícias,
A pele ronda a pele e assim deseja.

Fartura que se mostra sem cessar,
Reféns desta loucura; vamos juntos,
Deitando nosso amor sob o luar,
Nas bocas que se buscam, mil assuntos.

Trazendo esta alegria, raro dom,
Anunciando assim, a clara aurora,
Debaixo dos lençóis, deste edredom,
Prazer interminável já se aflora.

Rondando pelas noites vaga-lumes,
Encontram no teu corpo estes perfumes...

109


Encontram no teu corpo estes perfumes
As flores que plantei no meu canteiro,
Ao lardo das tristezas e queixumes,
Encontro o doce bem alvissareiro

Forjando uma emoção que nunca pára,
Raríssima beleza sem igual,
A mão que me conduz, também ampara,
Da deusa tão sublime e magistral.

Reinando sobre todos os mortais,
Trazendo o doce alento de um sorriso,
Vencendo estas saudades infernais,
Promete toda a glória em paraíso.

Eu quero ter e ser o teu desejo,
Eternidade em sonhos, que prevejo...

110

Eternidade em sonhos, que prevejo,
Qual mãe que se remete ao filho amado,
Depois de tanto tempo ainda vejo,
O teu sorriso feito um Eldorado.

Marcando cada fase desta vida,
A companheira sempre está comigo,
Revendo o que se fez noite querida,
Eu tenho todo amor que inda persigo.

Vasculho pelos céus, constelações,
Na prata desta lua, eu te encontrei,
Deitado sob as tramas das paixões,
Alucinadamente me fiz rei.

Da dura tempestade, insana fúria,
O fogo do prazer, santa luxúria...

111



O fogo do prazer, santa luxúria
Expondo a minha face sem retoques.
Vencendo sem temor qualquer injúria
Amor vai sem limite e sem estoques,

Marujo que se encontra em temporal,
O vento pode até causar estragos,
Vivendo uma esperança sem igual,
Dos medos me inebrio em largos tragos.

Nos lagos que prometem calmaria,
Depositando os sonhos mais sutis.
Amor raro tesouro em pedraria,
Expressa um sonho raro e mais feliz.

O quanto que te quero, amor estampo,
Aberto o coração, sagrado campo...

112


Aberto o coração, sagrado campo
Estende na varanda a clara lua,
No brilho em que se mostra um pirilampo,
Reflexos vão tomando toda a rua.

Eu quero ser o quanto tu mais queres,
O quase; há tanto tempo sublimei
Na plenitude encontro os meus poderes,
Fazendo deste sonho regra e lei,

Numa metamorfose incansável,
Mosaicos multicores vão surgindo,
Caleidoscópio vivo, imaginável,
Adentro este cenário, perseguindo

Eu sinto o vento insano a me tocar,
E sonho com delícias deste mar.
Publicado em: 09/02/2008 19:56:37
Última alteração:22/10/2008 17:47:20


EU TE AMO! coroa de sonetos 9
113


Do amor que se mostrou ser mais capaz
Eu trago este sorriso franco e belo,
No gozo da alegria a vida traz
Um sentimento calmo e tão singelo.
Somente o amor profundo satisfaz
Portando toda a glória em que revelo

Os sonhos de um mineiro enamorado,
Vestindo esta esperança em fantasia.
Viver o quanto posso do teu lado
Demonstra todo o bem que em que se via
Um canto pelos cantos, encantado,
Forrado pelas mãos da poesia,

Mostrando a lua clara plenamente,
Deitando sua prata sobre a gente...

114


Deitando sua prata sobre a gente
A noite enluarada já promete
Um sonho tão fantástico, envolvente,
Aos braços da emoção nos arremete.
A cada nova noite se pressente
O bom de ser da dama, o seu valete.

Eu quero estar no jogo mais gostoso,
Na intensa sedução dos olhos mansos,
Bebendo cada gota deste gozo
Cobrindo em farta luz os meus remansos.
O dia renascendo mavioso,
Colhendo os frutos todos dos descansos.

Prenúncio que se faz em realidade,
Moldando a mais divina liberdade.

115



Moldando a mais divina liberdade
Em meio a tantas pedras no caminho,
O canto de um amor em amizade,
Demonstra o caminhar ledo e sozinho
Daquele que sedento de vaidade
Esquece quão importa um bom carinho.

O amor na plenitude do perdão,
Permite uma amizade que se cante,
Deixando para trás a solidão,
O medo de viver queda distante,
Encontra a mais sublime perfeição
Vivendo lado a lado a cada instante.

Amiga, meu amor eu te ofereço,
Apoio mais seguro num tropeço...


116


Apoio mais seguro num tropeço,
Percebo em tuas mãos quentes, macias,
As flores, com ternura eu ofereço,
Fazendo benfazejos nossos dias.
Futuro feito em paz; deveras teço
Dourando as minhas horas, alegrias.

No amor abençoado enceto os laços
Forjando o quanto quero ser feliz.
Seguindo os teus caminhos, nossos passos,
Eu vejo que terei o que prediz
Os sonhos mais sutis, sem embaraços,
Sem ao menos deixar vil cicatriz.

Alçando ao infinito em cada verso,
Não quero o caminhar, ledo e disperso...

117



Não quero o caminhar, ledo e disperso,
Prefiro estar contigo o tempo inteiro.
A cada novo sonho, outro universo
Vestindo deste amor, bom feiticeiro.
O quanto que tivera em mar diverso
Percebo no teu passo, e vou inteiro.

Desfruto deste sonho interminável,
Do amor feito delícia sem delitos.
O tempo de viver, inesgotável,
Promessa de vagar por infinitos
Caminhos onde o bem seja palpável,
Em dias mais corretos e benditos.

O amor quando prediz uma aliança
Encharca a nossa vida em esperança.

118


Encharca a nossa vida em esperança
O gotejar do amor que nunca pára.
Convite à fantasia em pura dança
Estende a maravilha, bela e rara.
Nos olhos tão brilhantes da criança
A vida que faz tempo; imaginara.

Espelha o doce encanto do festejo,
Trazendo para nós um belo sonho.
No amor que tanto eu quero; o meu desejo
Nas asas libertárias cedo ponho,
Final em apogeu; decerto almejo,
Fazendo o amanhecer bem mais risonho.

Alvíssaras ao peito que se entrega,
Vivendo sem temor, calmo, navega.


119



Vivendo sem temor, calmo, navega
Os mares mais distantes, timoneiro.
O quanto se percebe nesta entrega,
Do amor que é tão somente verdadeiro.
Na perfeição do sonho, nunca nega
O brilho em aquarelas, derradeiro.

O parto que promete uma bonança,
Embora em tantas dores, luz e encanto.
A noite que encharca na lembrança
Permite à lua; imenso e claro manto.
O tempo de sonhar traz em fiança
O riso contumaz, a prece e o canto.

Do pântano das mágoas, movediço,
A flor de uma esperança ganha viço...

120


A flor de uma esperança ganha viço
Mudando num momento o meu jardim,
O amor que se fez mágoa, vil, postiço
Morrendo pouco a pouco dentro em mim.
O sol do novo amor, ora cobiço,
Matando essa tristeza, agora, enfim.

A sorte deste sonho em claro assédio,
Carrega toda a luz dentro de si.
Percebo que encontrei raro remédio
Deixando para trás o que vivi.
O tempo que tivera em puro tédio
Garanto, meu amor, eu esqueci.

Manhã que renasceu, em paz, sorrindo,
Mostrando o sol intenso, claro e lindo...

121


Mostrando o sol intenso, claro e lindo
O amanhecer se fez em magnitude.
Enquanto em raios límpidos surgindo
O dia modifica uma atitude,
Forjando uma esperança em que deslindo
O vento que decerto, o rumo mude.

Colheitas entre frutos, grãos e flores,
Expondo em renascer, toda a riqueza.
Atado pelas mãos dos bons amores,
Eu sinto a força plena da beleza,
O céu traz em mosaicos tantas cores,
Parece que um bom Deus, agora reza.

Altares entre nuvens, olhos belos,
Rolando pelos céus, raros novelos.


122

Rolando pelos céus, raros novelos.
Descendo em lantejoulas fulgurantes
Tocando a maciez de teus cabelos,
Espalham tanta luz que por instantes,
Na louca sedução, já posso vê-los
Reinando sobre a terra, deslumbrantes.

Tramando em cada face mil sorrisos,
Esplêndidas, divinas fantasias,
Nos lumes que se mostram; os avisos
Prometem transformar os novos dias
Em dias mais felizes e precisos,
Vivendo as mais sublimes alegrias.

Em cada mão percebo um manso aceno,
Dourando nossa vida em amor pleno...

123


Dourando nossa vida em amor pleno
Tesouros que encontrei; nosso caminho.
Antídoto perfeito pro veneno
Exposto em cada curva, cada espinho.
O resto de meus dias; vou sereno,
Bebendo do teu corpo o doce vinho.

Carpira por momentos mais diversos,
A vida se mostrando em sortilégios.
Os dias que se foram mais perversos,
Negando para a sorte, os privilégios
Agora a mansidão invade os versos
Em cantos mais suavas, finos, régios.

Não vejo outra saída, nem pretendo,
Nos braços deste sonho, eu vou vivendo...


124

Nos braços deste sonho, eu vou vivendo,
Colhendo todo o mel, qual beija flor
Os dias que passei, ora revendo,
Deságuam neste mar encantador;
Segredos que em delírios eu desvendo
Espalham pelos céus o puro amor.

Quem ama, na verdade nada teme,
Sequer pensa em partir, seguir em frente.
Amor quando na vida se faz leme,
Permite que se lute e que se tente
A terra em pleno amor, por mais que treme,
Ao porto nos levando, finalmente.

A par do que mais quero nesta vida,
Amor é com certeza uma saída.

125

Amor é com certeza uma saída,
No duro labirinto da existência.
Quem tem amor percebe que esta vida
Não é assim somente penitência.
Cabeça, com certeza segue erguida,
Mantendo em nosso amor, pura inocência.

Olhando o meu passado vejo o trilho
Por onde tantas vezes me perdi.
O peito que sonhava; um andarilho,
Deságua na esperança e chega a ti.
O quanto que em meus sonhos, sinto o brilho
Depois de tanto tempo que perdi.

Prevê depois da curva desta estrada
Estrela matutina, já raiada...

126

Estrela matutina, já raiada
Espalha pelos céus rastros de luz.
Ao ver a maravilha em alvorada,
O vento da esperança me conduz
Ao colo da mulher amante amada
Fartura de alegrias reproduz

Desertos que encontrei, sem ter oásis,
Indômitos corcéis que cavalguei.
A vida vai mudando, tramas, fases,
Estrelas frágeis, vãs; emoldurei.
O movediço sonho sem ter bases,
Durante muito tempo, eu me entreguei.

Encontro este retrato feito em paz,
Do amor que se mostrou ser mais capaz.
Publicado em: 10/02/2008 22:08:39
Última alteração:22/10/2008 17:47:12




EU TE AMO! coroa de sonetos 9
113


Do amor que se mostrou ser mais capaz
Eu trago este sorriso franco e belo,
No gozo da alegria a vida traz
Um sentimento calmo e tão singelo.
Somente o amor profundo satisfaz
Portando toda a glória em que revelo

Os sonhos de um mineiro enamorado,
Vestindo esta esperança em fantasia.
Viver o quanto posso do teu lado
Demonstra todo o bem que em que se via
Um canto pelos cantos, encantado,
Forrado pelas mãos da poesia,

Mostrando a lua clara plenamente,
Deitando sua prata sobre a gente...

114


Deitando sua prata sobre a gente
A noite enluarada já promete
Um sonho tão fantástico, envolvente,
Aos braços da emoção nos arremete.
A cada nova noite se pressente
O bom de ser da dama, o seu valete.

Eu quero estar no jogo mais gostoso,
Na intensa sedução dos olhos mansos,
Bebendo cada gota deste gozo
Cobrindo em farta luz os meus remansos.
O dia renascendo mavioso,
Colhendo os frutos todos dos descansos.

Prenúncio que se faz em realidade,
Moldando a mais divina liberdade.

115



Moldando a mais divina liberdade
Em meio a tantas pedras no caminho,
O canto de um amor em amizade,
Demonstra o caminhar ledo e sozinho
Daquele que sedento de vaidade
Esquece quão importa um bom carinho.

O amor na plenitude do perdão,
Permite uma amizade que se cante,
Deixando para trás a solidão,
O medo de viver queda distante,
Encontra a mais sublime perfeição
Vivendo lado a lado a cada instante.

Amiga, meu amor eu te ofereço,
Apoio mais seguro num tropeço...


116


Apoio mais seguro num tropeço,
Percebo em tuas mãos quentes, macias,
As flores, com ternura eu ofereço,
Fazendo benfazejos nossos dias.
Futuro feito em paz; deveras teço
Dourando as minhas horas, alegrias.

No amor abençoado enceto os laços
Forjando o quanto quero ser feliz.
Seguindo os teus caminhos, nossos passos,
Eu vejo que terei o que prediz
Os sonhos mais sutis, sem embaraços,
Sem ao menos deixar vil cicatriz.

Alçando ao infinito em cada verso,
Não quero o caminhar, ledo e disperso...

117



Não quero o caminhar, ledo e disperso,
Prefiro estar contigo o tempo inteiro.
A cada novo sonho, outro universo
Vestindo deste amor, bom feiticeiro.
O quanto que tivera em mar diverso
Percebo no teu passo, e vou inteiro.

Desfruto deste sonho interminável,
Do amor feito delícia sem delitos.
O tempo de viver, inesgotável,
Promessa de vagar por infinitos
Caminhos onde o bem seja palpável,
Em dias mais corretos e benditos.

O amor quando prediz uma aliança
Encharca a nossa vida em esperança.

118


Encharca a nossa vida em esperança
O gotejar do amor que nunca pára.
Convite à fantasia em pura dança
Estende a maravilha, bela e rara.
Nos olhos tão brilhantes da criança
A vida que faz tempo; imaginara.

Espelha o doce encanto do festejo,
Trazendo para nós um belo sonho.
No amor que tanto eu quero; o meu desejo
Nas asas libertárias cedo ponho,
Final em apogeu; decerto almejo,
Fazendo o amanhecer bem mais risonho.

Alvíssaras ao peito que se entrega,
Vivendo sem temor, calmo, navega.


119



Vivendo sem temor, calmo, navega
Os mares mais distantes, timoneiro.
O quanto se percebe nesta entrega,
Do amor que é tão somente verdadeiro.
Na perfeição do sonho, nunca nega
O brilho em aquarelas, derradeiro.

O parto que promete uma bonança,
Embora em tantas dores, luz e encanto.
A noite que encharca na lembrança
Permite à lua; imenso e claro manto.
O tempo de sonhar traz em fiança
O riso contumaz, a prece e o canto.

Do pântano das mágoas, movediço,
A flor de uma esperança ganha viço...

120


A flor de uma esperança ganha viço
Mudando num momento o meu jardim,
O amor que se fez mágoa, vil, postiço
Morrendo pouco a pouco dentro em mim.
O sol do novo amor, ora cobiço,
Matando essa tristeza, agora, enfim.

A sorte deste sonho em claro assédio,
Carrega toda a luz dentro de si.
Percebo que encontrei raro remédio
Deixando para trás o que vivi.
O tempo que tivera em puro tédio
Garanto, meu amor, eu esqueci.

Manhã que renasceu, em paz, sorrindo,
Mostrando o sol intenso, claro e lindo...

121


Mostrando o sol intenso, claro e lindo
O amanhecer se fez em magnitude.
Enquanto em raios límpidos surgindo
O dia modifica uma atitude,
Forjando uma esperança em que deslindo
O vento que decerto, o rumo mude.

Colheitas entre frutos, grãos e flores,
Expondo em renascer, toda a riqueza.
Atado pelas mãos dos bons amores,
Eu sinto a força plena da beleza,
O céu traz em mosaicos tantas cores,
Parece que um bom Deus, agora reza.

Altares entre nuvens, olhos belos,
Rolando pelos céus, raros novelos.


122

Rolando pelos céus, raros novelos.
Descendo em lantejoulas fulgurantes
Tocando a maciez de teus cabelos,
Espalham tanta luz que por instantes,
Na louca sedução, já posso vê-los
Reinando sobre a terra, deslumbrantes.

Tramando em cada face mil sorrisos,
Esplêndidas, divinas fantasias,
Nos lumes que se mostram; os avisos
Prometem transformar os novos dias
Em dias mais felizes e precisos,
Vivendo as mais sublimes alegrias.

Em cada mão percebo um manso aceno,
Dourando nossa vida em amor pleno...

123


Dourando nossa vida em amor pleno
Tesouros que encontrei; nosso caminho.
Antídoto perfeito pro veneno
Exposto em cada curva, cada espinho.
O resto de meus dias; vou sereno,
Bebendo do teu corpo o doce vinho.

Carpira por momentos mais diversos,
A vida se mostrando em sortilégios.
Os dias que se foram mais perversos,
Negando para a sorte, os privilégios
Agora a mansidão invade os versos
Em cantos mais suavas, finos, régios.

Não vejo outra saída, nem pretendo,
Nos braços deste sonho, eu vou vivendo...


124

Nos braços deste sonho, eu vou vivendo,
Colhendo todo o mel, qual beija flor
Os dias que passei, ora revendo,
Deságuam neste mar encantador;
Segredos que em delírios eu desvendo
Espalham pelos céus o puro amor.

Quem ama, na verdade nada teme,
Sequer pensa em partir, seguir em frente.
Amor quando na vida se faz leme,
Permite que se lute e que se tente
A terra em pleno amor, por mais que treme,
Ao porto nos levando, finalmente.

A par do que mais quero nesta vida,
Amor é com certeza uma saída.

125

Amor é com certeza uma saída,
No duro labirinto da existência.
Quem tem amor percebe que esta vida
Não é assim somente penitência.
Cabeça, com certeza segue erguida,
Mantendo em nosso amor, pura inocência.

Olhando o meu passado vejo o trilho
Por onde tantas vezes me perdi.
O peito que sonhava; um andarilho,
Deságua na esperança e chega a ti.
O quanto que em meus sonhos, sinto o brilho
Depois de tanto tempo que perdi.

Prevê depois da curva desta estrada
Estrela matutina, já raiada...

126

Estrela matutina, já raiada
Espalha pelos céus rastros de luz.
Ao ver a maravilha em alvorada,
O vento da esperança me conduz
Ao colo da mulher amante amada
Fartura de alegrias reproduz

Desertos que encontrei, sem ter oásis,
Indômitos corcéis que cavalguei.
A vida vai mudando, tramas, fases,
Estrelas frágeis, vãs; emoldurei.
O movediço sonho sem ter bases,
Durante muito tempo, eu me entreguei.

Encontro este retrato feito em paz,
Do amor que se mostrou ser mais capaz.
Publicado em: 10/02/2008 22:08:39
Última alteração:22/10/2008 17:47:12



EU TE AMO! coroa de sonetos 11
141


No riso mais feliz decerto traz
Explicações que busco há tanto tempo.
Falar do quanto quero e sou capaz,
Vencendo a tempestade em contratempo

Expressa finalmente esta verdade
Do quanto que se trama a cada dia.
Cevando assim suprema liberdade,
Permite se entender farta alegria

Nos olhos sonhadores de quem ama,
Estrela que irradia, o meu farol.
Da doce calmaria acende a chama,
Meu peito se tornando um girassol.

Servindo, desta forma, ao servidor,
Entrego-me às loucuras deste amor...

142

Entrego-me às loucuras deste amor
Em lúdicas promessas riso e gozo,
Dos sonhos, caprichoso benfeitor
Formando um mar imenso e caudaloso.

Tocando astros invade em espiral
As plêiades diversas, multiformes,
Espetacular luz em festival,
Estrelas e galáxias, bens enormes.

Tiaras espalhadas no meu céu,
Intempestivo fogo anunciando
Galope sem igual deste corcel
Que aos poucos, toda a cena vai tomando.

A dor enclausurada em mausoléus
Esconde-se em distantes, negros véus...

143

Esconde-se; em distantes, negros véus,
Os olhos da pantera tão faminta.
Das cores que eu herdei dos velhos céus,
Aos poucos se perdendo toda a tinta.

Extremas sensações, o tempo cala,
Agora a mansidão fazendo a festa.
O sol ao adentrar o quarto e a sala,
Abrindo no meu peito enorme fresta.

Capachos dos meus sonhos; bolorentos,
Na porta principal de minha casa,
Não quero mais saber dos teus ungüentos,
O tempo de sonhar já foi e atrasa.

O amor que tempestade, um dia fez,
Tocado pela calma lucidez...

144



Tocado pela calma lucidez
Paixão vai amainando pouco a pouco,
O que restou exige sensatez
Não posso e nem mais quero seguir louco

Amor que necessita calmaria
Expressa o bem supremo de uma vida.
Deixando para trás a fantasia
Agora abre em meu peito uma saída.

Curado das feridas do passado,
Expresso em meus versos, mansidão.
O tempo de viver, anunciado
Acalma, com certeza, este vulcão.

Estendo um plenilúnio na varanda,
A vida agora em paz, já não desanda...


145


A vida agora em paz, já não desanda
Quarando uma esperança no meu peito.
Os olhos vão rodando na ciranda
Mergulho no teu lago, satisfeito,

Palavra desejosa e mais sagaz
Esconde mil detalhes, subterfúgios,
Quem quer o amor que traga a boa paz,
Encontra nele os gozos dos refúgios.

São tantos os meandros deste jogo,
No qual não há sequer um vencedor.
Querendo o teu anseio desde logo,
Aprendo a ser um novo jogador.

Os rios vão buscando a mansa foz,
Vencendo a corredeira mais atroz...

146


Vencendo a corredeira mais atroz
Canoa dos meus sonhos já flutua,
Ouvindo o coração escuto a voz
Reflexo da mais bela e plena lua.

Amar é ser apenas passageiro
Da nau que se faz solta em noite imensa,
Levada pelas mãos de um gondoleiro
Que sabe que a viagem recompensa.

Na areia movediça da esperança
Eu traço o meu destino junto ao teu.
O velho coração assim alcança
O quanto o tempo outrora carcomeu

Refeito em um momento mais sereno,
Secando da tristeza o seu veneno...

147


Secando da tristeza o seu veneno,
Fazendo da alegria o meu repasto
Prevejo anunciado o canto ameno
Do amor que feito pleno segue vasto.

Emplastos aliviam os tormentos
Traçando a mais suave cicatriz.
Bebendo da ilusão os fortes ventos,
Esparramando o mote mais feliz.

No pote de meus méis, meios procuro
De ter o quanto quero e até mereça.
Vencendo esta aridez de um solo duro
Montando o nosso amor, quebra cabeça,

Entorno nas canecas da alegria
O vinho que este amor me prometia...

148


O vinho que este amor me prometia
Tomado em grandes goles trama a luz,
O fogo deste jogo que inebria,
Transforma toda a senda e me conduz

Levando aos oceanos da esperança.
Na seda desta pele imaculada,
A lua reproduz-se clara e mansa
Num argentino brilho invade a estrada.

Fartura de beleza; eu vejo em ti,
Estrela vespertina toma os céus,
O quanto que plantei, reproduzi
Erguendo no horizonte cianos véus.

Primícias que prometem raro brilho,
Cevando o coração de um andarilho.

149


Cevando o coração de um andarilho
O amor por vezes mostra-se exigente,
Levando a solidão ao triste exílio
Exibe o corpo audaz em chama ardente.

Arpoadores mãos que me tocaram,
Ceifeiras emoções, finas promessas.
Teus olhos, com certeza conquistaram,
As setas que sorrindo, já arremessas.

Destino se moldando em luzes várias
Ao subverter assim, velhos oráculos,
Enobrecendo versos antes párias
Coloca sobre mim, os seus tentáculos.

A par do que imaginas ser um jogo,
Em teu amor, por certo eu já me afogo...

150

Em teu amor, por certo eu já me afogo,
Não quero solução pra esse naufrágio.
Mergulho no teu corpo em brasa e fogo,
Expondo o coração audaz, mas frágil.

Percorro os teus caminhos, passo a passo,
Acendo o doce encanto da ilusão,
O quanto te acompanho no compasso
Ascendo mais depressa à imensidão.

Arcanas tempestades, nem as vejo.
O manto da emoção já me recobre,
Toando toda noite este desejo,
Formata o sentimento vero e nobre.

Partícipe da festa, riso insano,
O amor que se faz santo em mar profano...


151



O amor que se faz santo em mar profano,
Deitando sobre nós efervescências
Do fogo que nos toma sem um dano,
Desejos sem ter laivos de decências.

Luxúrias nesta orgástica emoção,
Delitos cometidos sem pecados,
Provocam a total revolução,
Os mitos; todos eles, derrubados.

As línguas penetrando cada toca,
Incandescências tramam nossa cama,
A transparência que chama e que provoca,
Aos poucos, possuindo, nos inflama.

Vasculham cada ponto, os nossos dedos,
Descobrem mil mistérios e segredos...

152



Descobrem mil mistérios e segredos,
As ânsias que se moldam nesta entrega,
Ungindo com prazeres nossos credos,
O quanto que se quer jamais se nega.

Parceiros desta estranha jogatina,
Aonde não se sabe um vencedor,
Enquanto em doce insânia desatina
Componho em teu jardim espinho e flor.

No embalo desta festa anunciada,
O corpo que se entranha em belo porto,
Varamos sem limites, madrugada,
Até que ao recomeço eu me reporto

Farturas de colheitas, gozos, riso...
Expressão que me resta: paraíso...

153



Expressão que me resta: paraíso,
Apenas, tão somente e nada mais.
Verbete que se mostra mais conciso
Ao demonstrar loucuras sensuais.

Na plêiade de gozos insensatos,
Na cama, no suor, beijo e saliva.
Nudez em que se espalham tais retratos,
Deixando a flor querida sempre viva.

O rio vai descendo em turbilhões,
Encharca suas margens, chega às furnas,
Mistura de desejos e paixões
Aguada pelos olhos das ternuras.

Partícipe da festa que não cessa,
Ao sol incandescente recomeça...

154

Ao sol incandescente recomeça
O dia feito em glória e tempestade.
Sabendo recolher peça por peça
Eu vejo em nosso caso, a liberdade.

Não temo mais sorrisos nem sarcasmos,
A manta que nos cobre é feita em luz,
Tocado pelos sonhos dos orgasmos
O sol em nosso quarto reproduz

Serenos vendavais do gozo pleno,
Bonanças que são feitas dos suores,
Delicadeza em cada bom veneno
Demonstram fortes brilhos bem maiores.

Saber reconhecer que a mansa paz,
No riso mais feliz, decerto traz...
Publicado em: 12/02/2008 15:22:36
Última alteração:22/10/2008 17:47:01



EU TE AMO! coroa de sonetos 12
155



Riqueza que se encontra em raras gemas,
Uma amizade é sempre benfazeja,
Trazendo com certeza como emblemas
A solidariedade que deseja
Aquele que sabendo dos problemas,
Felicidade em paz, decerto almeja,

Esteja onde estiver, esteja certa,
Que a glória da alegria não se esquece,
A sorte de demonstra sempre alerta,
Um belo amanhecer, em luz e prece,
Florindo a senda amarga e até deserta,
Canteiros de esperanças; logo tece.

Assim no campo santo da amizade,
Eu vejo com mais calma, a liberdade...


156


Eu vejo com mais calma, a liberdade
Depois de atravessar o duro inverno,
Recebo com total felicidade
Sorriso da mulher que eu amo, terno.
Que tenha em nosso amor, tranqüilidade,
Distante do passado, quase inferno.

Não tendo mais o medo de viver,
Refaço a cada dia, a primavera,
Forjado pelos dons deste prazer,
Aquieta-se em instantes, leda fera,
Assim, sinto possível conceber
A vida que sonhara. Quem me dera!

Um riso de esperança no meu rosto,
Meu peito enamorado segue exposto...


157


Meu peito enamorado segue exposto
Aos ventos e loucuras, temporais,
Acima do que quero tal preposto
Permite na verdade, um novo cais
Aonde o que vivera em frio agosto
Transborde melodias sensuais.

À margem dos recados recebidos,
Eu sigo sem temer o que virá,
Amor ao seduzir os meus sentidos
Expressa o que eu desejo desde já.
Os dias entre gozos repartidos,
Espelham o que de nós renascerá.

As frutas espalhadas no quintal,
O beijo que se mostra sem igual...


158


O beijo que se mostra sem igual,
Ao pressupor vitórias e derrotas,
Do quanto te desejo, nada mal,
Prazeres arrebentam as compotas.
Cadência refletindo vendaval
Emerge nos momentos em que brotas.

O corte mais profundo, lança em riste,
A trama que se mostra repetida,
Não quero ser apenas um ser triste
Espreito de viés, nova saída.
Amor batendo forte tanto insiste
Que muda a direção de minha vida.

Meus olhos se perdendo em noite vaga,
No mar desta ilusão amor naufraga.

159


No mar desta ilusão, amor naufraga,
Deixando uma esperança como ilhoa.
Ilhotas da ilusão na dura vaga
Afundam a jangada, esta canoa.
A vida tantas vezes vem e afaga,
No fundo, mesmo assim, eu sei que é boa.

Petardos de esperanças salgam tudo,
Vadio coração não tem segredos.
O quanto que eu te quero, fico mudo,
Ancoradouros sonhos, meus enredos,
Nos quais eu com certeza inda me iludo,
E bebo a tempestade destes medos.

Eu te amo e nada disso me interessa,
Vem logo que o meu peito já tem pressa.


160


Vem logo que o meu peito já tem pressa.
Assim dizia a noite ao claro sol,
Tomando toda a sorte como avessa,
Deixando a tempestade em arrebol,
O vento que se mostra e se confessa
Permite o coração qual girassol.

Faróis dos olhos, faço e me inebrio,
O medo se arremessa de um penhasco,
Não tendo quase nada, o sonho eu rio,
Embora tantas vezes, finja um asco.
Deitando o meu prazer já principio,
Morrendo sob as ordens do carrasco,


Enquanto tu transitas mil estrelas,
O amor entre as cobertas me revelas...


161

O amor entre as cobertas me revelas,
Jogando as pernas, abres paraísos,
Entranho neste mar, recebo as velas,
Em formas de desejos mais precisos.
Ao gozo recebido faço as telas
Marcando ponto a ponto, sem avisos.

Juízo? Não mais quero e nem pergunto
Se o tempo se mostrou em claridade.
O quanto necessito sempre junto
Roubar deste cenário a liberdade.
Não tendo mais sequer um novo assunto
Descubro assim total felicidade.

Mergulho nos matizes mais diversos
Bebendo gozos antes tão dispersos...


162



Bebendo gozos antes tão dispersos
Encontro o que mais quis em minha vida,
Espelhos que prometem universos
Deixando a porta aberta na saída.
Não quero os arremedos mais perversos
Nem mesmo as cotas todas divididas.

O ramo do arvoredo da esperança
Em novas alianças vira mata.
Na louca sensação do quanto avança
A vida que em leilões tudo arremata.
Cascatas redivivas, luz alcança
Nem mesmo uma saudade me maltrata.

Eu quero o teu carinho e não discuto,
O amor é sem juízo, audaz e astuto...


163


O amor é sem juízo, audaz e astuto,
A cada novo riso, traquinagens,
No quanto te desejo o quanto luto
Vertendo em meu caminho tais miragens,
Um velho sem limites segue arguto
Fazendo no teu corpo tais viagens.

Paragens que se mostram sem igual,
Mentiras transformadas em verdades.
O beijo tão gostoso e sensual
Invade nossa cama em claridades.
Encontro muitas vezes casual,
Provoca maremotos nas cidades.

Curtida a minha pele neste sol,
Bronzeio o coração em girassol...

164

Bronzeio o coração em girassol,
Cataventando a luz em riso manso.
Amor vai invadindo este arrebol,
Nos pés que titubeiam, logo tranço.
Às vezes discutindo futebol,
Notícias que me mandas; não alcanço.

Remanso estipulado há tantos anos,
Meandros deste mar em sanidade.
Não quero mais mudanças em meus planos.
O medo não terá facilidade,
Vencendo os meus antigos desenganos
Amor que agora eu tenho, é de verdade.

Menina vê se nina o velho peito,
Fazendo do teu modo, do teu jeito...

165


Fazendo do teu modo, do teu jeito,
Tu trazes o meu peito todo em festa,
Eu vivo, na verdade satisfeito
Do quanto que inda tenho e o que me resta
Vivendo o que percebo é de direito,
Amor quanto em amor amores gesta.

Mecânicas palavras escondidas
Em trâmites diversos já percorro
As mãos que se mostraram decididas,
Prefaciando as luzes e o socorro
Mudando num momento as nossas vidas
Trazendo mil prazeres; gozo em jorro.

Nos morros da alegria, um alpinista,
Encontra a mais sublime e bela vista...

166

Encontra a mais sublime e bela vista,
Quem sobe o sacro amor em cordilheira.
Planície sem igual dali se avista
Mudança muito além da corriqueira,
Nos mares, fortes ondas, clara crista,
O manto da esperança verdadeira.

Cadáveres de sonhos espalhados
Nas praias onde morrem, desde cedo,
Teus olhos nestes mares espelhados
Desvendam do amor qualquer segredo.
Risonhas transparências nestes prados
Afogam num segundo, dor e medo.

Maravilhosamente sou teu par,
Nas ânsias e alegrias, sei te amar...

167


Nas ânsias e alegrias, sei te amar,
Misturo o quanto tenho e o que eu queria,
Jogando minhas mãos adentrando o ar
Catando pelas ruínas, poesia.
Palácios tão diversos encontrar
Emoldurando assim farta alegria.

Sem ter mais quem me dome ou quem me cale,
Eu tenho uma certeza que se entranha
Na pele de quem quer que não se empale
A vida de uma forma tão estranha,
Percebo a mansidão deste teu vale,
Descendo calmamente esta montanha.

Trapaças de uma sorte; eu reconheço,
Deixando para trás qualquer tropeço.




168

Deixando para trás qualquer tropeço
Macabras ilusões foram dispersas,
Além do que desejo e sei mereço,
As horas são benditas, mas diversas,
Não tendo tudo aquilo que ofereço,
As dívidas que trago são perversas.

Mas versas sobre sonhos em teus cantos,
Encantos profanados muitas vezes.
Vestindo da alegria velhos mantos
Não quero em nosso amor deuses ou reses,
Reveses encarando sem ter prantos
Espelho o quanto queres e desprezes

Amor não tendo mais sequer algemas
Riqueza que se encontra em raras gemas.
Publicado em: 12/02/2008 17:51:30
Última alteração:22/10/2008 17:46:55


EU TE AMO! coroa de sonetos 13
169



Amor que assim nasceu, em tanta paz
Embala os meus desejos, treina uma alma,
Perdido em nossa noite sou capaz
No quanto que eu te quero, tudo acalma.

Cabeça se entregando ao capataz,
Amor não tem juízo e nem tem calma.
Bebendo com fartura, sigo audaz,
E vejo a vida mansa imune ao trauma.

Sem passo que permita nova queda,
O tempo não suprime e não mais veda,
Deixando à perfeição a tez do mito.

Beirando o teu caminho, traço os rastros,
Mergulho o meu olhar nestes teus astros
No quanto em nosso amor eu acredito...


170


No quanto em nosso amor eu acredito,
Eu faço estas despesas da esperança.
O vento não destrói forte granito
Nem mesmo a tempestade já me alcança,

Porém amor que é feito em arenito,
Esvai-se no sabor da calma andança.
O bem que eu te desejo é infinito
Por mais que seja longe, não se cansa.

Marcando minha pele em tatuagem,
O amor vai penetrando sem fronteiras,
No peito que serviu como estalagem,

Corcéis das alegrias derradeiras
Galopam sem ter medo da chegada,
Vibrando cada dia, em alvorada...

171


Vibrando cada dia, em alvorada,
Estendo na varanda o meu varal,
O tempo de viver vence a jornada
Estampa a minha foto em teu jornal.

Manchete com certeza anunciada,
Tocando a nossa pele, sensual.
O verso se moldando a cada estada
Aguarda este consenso no final.

Bom dia, tantas vezes, arremete
Ao quanto nós teremos pela frente,
O medo se fazendo descontente

Depois do erro imenso que comete,
Deixando de restar em nosso amor,
Aos poucos, vou sentindo decompor...

172

Aos poucos, vou sentindo decompor
O resto de tristeza que inda havia.
A dor que em outro lado já jazia
Permite um novo sonho encantador.

O velho coração de um sonhador,
Nas mãos sacramentadas da alegria
Fomenta fatalmente a fantasia
Moldando o quanto quero a te propor.

Das cinzas, renascendo uma esperança
Não sabe quanto vale o que se apraza.
O vento reavivando cada brasa

Estabelece a força que se mostra na aliança,
Amar e não ser amo, dono, algoz
Espalha em claridade o brado e a voz...


173

Espalha em claridade o brado e a voz
A lúcida emoção que se assenhora,
Não tendo mais porque fugir agora
Eu tento um canto novo, mais feroz.

Cortando como faca o medo algoz,
Exclamo em poesia o que me aflora,
Quem sabe, com certeza não tem hora
Mergulha em cachoeira e bebe a foz.

Mortalhas que eu trouxera do passado,
Jogadas na fogueira/inquisição
Os olhos vão seguindo a procissão

Sabendo do que eu quero, mudo o Fado,
Nos pés a liberdade sem correntes,
O amor vivo rangendo os nossos dentes.


174

O amor vivo rangendo os nossos dentes
Na gula que se mostra insaciável.
Olhar ensandecido incontrolável
Catando os teus carinhos mais freqüentes.

No quanto que te quero e tu pressentes
O fim tão benfazejo e desejável,
No toque de teus lábios tão amável
Eu sonho com cultivos e sementes.

Preparo a terra, aguando o dia todo,
Retiro do caminho, todo o lodo
Arando em esperança o duro chão,

As horas de sonhar, decerto as mesmas,
Retiro do canteiro pragas, lesmas,
Do gozo faço a minha adubação...


175




Do gozo faço a minha adubação
Colhendo as flores belas do futuro,
O quanto que se mostra mais escuro
É tudo o que preciso: tentação.

Na ação já tresloucada, a sedução
Que farta; não concebe sequer muro,
Do fogo em explosão eu já em curo,
Negando o meu adeus, arribação.

O prazo de viver não se conhece,
Sequer o quanto temos pela frente,
Por isso não se esqueça de repente

Do quanto a vida, enfim, nos oferece,
Na boca delicada, carmesim,
Recolho o teu perfume de jasmim...


176



Recolho o teu perfume de jasmim
Estrela vespertina dos meus sonhos,
O medo de viver dias tristonhos
Há tempos se afastou, chegou ao fim.

No verso que fizeste para mim,
Não vejo mais os cantos enfadonhos
Que outrora se mostrando mais bisonhos
Secaram tolamente o meu jardim.

Marcando os meus momentos com teus lábios,
Espero finalmente os astrolábios
Que possam me fazer teu timoneiro.

Nos prismas que tu trazes em teu peito,
Mosaico de vontade gozo e pleito
Expressa toda cor deste tinteiro.

177


Expressa toda cor deste tinteiro.
Arco-íris de esperanças que me trazes,
Nos primas deste sonho derradeiro
As luas vão mudando suas fases.

O quanto de carinho tu me fazes
Permite que um canto alegre e mais ligeiro,
Permutas que conheço por inteiro,
Abalam meus princípios, minhas bases.

Eu parto do começo e chego enfim,
Ao alvo que se mostra em plenitude.
Refaço a tão distante juventude

Renovo o velho sonho dentro em mim.
A vida do teu lado, sem viés,
Sem medos ou correntes nos meus pés...


178


Sem medos ou correntes nos meus pés,
Um velho repentista em madrigal
Fazendo nestes versos rapapés
Esculpi tua face magistral.

Riscando do passado estas galés,
Mergulho no teu corpo angelical
Deitando no teu colo cafunés,
Expressam todo o nosso ritual.

Atravessando os mares, fantasias,
Agradecendo a todos estes sóis,
Trazendo em sustenidos e bemóis

As mais divinas, raras, sinfonias.
Amor incandescente estrela guia,
Deitando sobre nós a poesia...


179




Deitando sobre nós a poesia
A noite se luziu em serenatas.
Estranha sensação traz agonia
Ardendo em nosso peito, feito matas.

Espalha o quanto trouxe em alquimia,
Ardendo em tantos corpos vis chibatas,
No quanto que te quero e não desatas
Estendo o coração em noite fria.

Mascaro os meus temores em sorrisos,
Embora o peito exposto a tais granizos
Não deixa de cantar o quanto quer.

Na boca delicada e carmesim,
O beijo que esperei trouxe pra mim,
O fogo abençoado da mulher...

180

O fogo abençoado da mulher
Rolando em minha cama noite afora
Do jeito que o diabo sempre quer,
Exalta toda a festa desde agora.

Coroa todo o gesto que eu fizer
Na cor que em coração cedo decora.
Contigo o meu amor não vai embora
Já tenho em meu banquete um bom talher.

O quanto fui outrora temeroso,
Não tem mais no presente, semelhança,
Bebendo cada taça de esperança

Inebriado, sinto o forte gozo
Que chega da menina sem receios,
Tocando com meus dedos belos seios...

181


Tocando com meus dedos belos seios,
Preparo uma surpresa pro final.
Não vejo mais motivos pros anseios
Que formam nesta vida um vil jogral.

O fato necessário e principal
Permite que eu prossiga pelos veios
Numa afluência mansa e triunfal,
Chegando ao quanto eu quero sem rodeios.

Os meios pelos quais eu vou à festa
Cavalgo a noite inteira em lua mansa.
O beijo da alegria já me alcança

O prazo do viver ainda resta.
Atesto a precisão do meu fuzil,
A seta que te entranha é mais gentil.

182


A seta que te entranha é mais gentil,
Penetra tua pele e chega ao fundo,
Vencido pelo amor em um segundo,
O mundo finalmente já floriu.

Coração sem juízo e vagabundo,
Escreve de maneira tão sutil
O campo constelar em pleno abril,
Mudando a direção, sou giramundo.

Não somo, nem divido, eu multiplico,
Não quero na verdade ser mais rico
O bem que agora tenho satisfaz.


Do amor faço meu ouro e minha prata,
Na boca da morena e da mulata,
Amor que assim nasceu; em tanta paz...
Publicado em: 12/02/2008 21:37:06
Última alteração:22/10/2008 17:46:50



EU TE AMO! coroa de sonetos 14
183


Rompendo do passado, estas algemas
A liberdade surge no horizonte,
Escrevo como quem em outros temas
Prenunciou a glória do desmonte

No parto que se fez em força e viço,
O meu destino entregue em tuas mãos,
Do quanto de prazer que inda cobiço,
Abrindo neste solo, sacros vãos

Que deixem transpirar uma esperança
Aguando com vontade o meu sertão,
Nos olhos da menina, uma lembrança
Causando no meu peito, comoção.

Somando cada gota que lacrimas,
Um oceano pleno em belas rimas.

184

Um oceano pleno em belas rimas
Invade a nossa praia, ganha a areia,
Moldando esta canção em raras primas,
A lua benfeitora está mais cheia.

Deitando na varanda brilhos tantos,
Estabelece o quanto sou feliz.
Entregue a tal magia, teus encantos,
O verso assim demarca o bem que eu quis.

Estrela enlanguescente em noite plena,
Vagando pelos céus de um trovador,
A mão enamorada logo acena
E mostra ser bem claro nosso amor.

Nas marcas tatuadas, riso e festa,
Amor bebe e provoca esta tempesta.


185


Amor bebe e provoca esta tempesta
Bendita solução que eu procurava,
Invade, incendiário uma floresta
Vulcânica emoção, ardente lava.

Não tramo outra saída nem pretendo,
Esgares do passado são sombrios.
Olhar tão vigoroso já revendo
Os dias melancólicos, vazios.

Mas quando vejo enfim, o rosto belo,
Daquela que se fez a solução.
O amor que tanto quis ora revelo
E deixo transbordar inundação.

Sorriso tão matreiro de um moleque,
Amor chega e domina, abrindo o leque.


186


Amor chega e domina, abrindo o leque
Tomando assim de assalto a minha vida.
Não deixa que esta fonte agora seque,
Fartura nos seus seios prometida.

Emprego minha voz, alço infinitos,
Não quero mais qualquer caricatura
Do quanto que se fez em nossos ritos,
Lotando os meus caminhos de ternura.

Brandura procurada e desejada,
Fortuna que não canso de querer.
Nas mãos tu tens a sorte anunciada,
Forrando meu destino em teu prazer.

Não peço mais desculpas, nem as quero,
No bem de nosso sonho eu me tempero.


187

No bem de nosso sonho eu me tempero
E cato meus pedaços pelo chão,
O quanto que recebo, mais eu gero
Toando em nosso amor esta adição.

Extraditando o medo e as vãs tristezas,
No enredo vou secando a solidão,
Vencido pelas doces correntezas,
Mergulho nos teus braços a paixão.

Emérito percurso que hoje enceto
Buscando em meu passado estas raízes,
Encontro o raro lume e como inseto
Adentro tuas sendas sem ter crises.

Crisântemos, jasmins e monsenhores,
Jardins de nossos sonhos multicores...

188


Jardins de nossos sonhos multicores
Caleidoscópio vivo que carrego,
Enfileirando lumes sedutores
Eu sei que não irei seguir mais cego.

Adaga penetrando mansamente,
A seta deste deus, louco menino.
O tempo de viver vai de repente
Mudando totalmente o meu destino.

Não deixa nem pegadas no areal,
Tentáculos da sorte me tocando,
Amor vem como um louco vendaval
E todo este cenário vai mudando.

A vida em desamor já fragiliza,
Desaba uma esperança em qualquer brisa...


189


Desaba uma esperança em qualquer brisa,
Se amor foi feito em solo movediço.
A mão do agricultor se aromatiza
No bem de cada flor, perfeito viço.

Eu trago o peito aberto, sem defesas,
Não temo mais as dores que virão.
A primavera exposta em tais belezas
Entrega ao nosso amor, forte verão.

Amor que se mostrando solidário
Metamorfoseando, me domina.
Não quero prosseguir mais solitário
Retendo a fonte clara, doce mina.

Bebendo cada gota deste arroio,
Amor já separou trigo de joio...


190


Amor já separou trigo de joio,
Nas plêiades de sonhos constelares,
Desejos vêm chegando num comboio,
Abóio meu destino em teus teares.

Carpi durante a vida, fui incréu,
O vento fez da dor uma bonança,
Liberto o pensamento almejo o céu
Na trama cada ramo, amor alcança.

Amansa o mais terrível pesadelo,
Abalroando assim velhos piratas,
Abençoado gozo de vivê-lo,
Roubando desta lua, raras pratas.

Atando o quanto quero e o que tu queres,
Veremos neste amor plenos poderes...

191



Veremos neste amor plenos poderes
Um déspota que entorna brilho calmo,
Do jeito que tu sonhas e preferes,
Amor vai destilando na alma um salmo.

Marujo que prepara a redenção
Sabendo construir um manso porto.
Do verbo já se fez anunciação
Deixando o sofrimento exposto e morto.

Na decomposta imagem de um passado,
Arcaico, vil, senil, demente, insano,
Atesto em meu prazer o enunciado
Calando o que trouxera desengano.

Metrificando sonhos em palavras,
No amor encontro enfim benditas lavras...

192

No amor encontro enfim benditas lavras,
Perfeitas nossas cevas, têm colheitas
Enquanto amor profundo, eu sei que lavras
Aguando o teu canteiro enquanto deitas.

Expresso com vigor o sentimento
Que deixa transfundir farta emoção;
O quanto é necessário todo alento
A quem perdeu o rumo e a direção.

O tempo em viração promete a paz,
Explícita vontade de saber
Do bem que tão sublime satisfaz
Secando o desatino a converter

Da dor deste ferrão em doce mel
Mudando, de repente o seu papel...

193

Mudando, de repente o seu papel,
Estreito os nossos laços, sem temor.
As nuvens vão dançando em nosso céu,
Traçando este cenário encantador.

Metáforas entranham nossos dias,
Porteiras do meu peito estão abertas,
Além do que mais queres; tu já crias
Desenhos em palavras sábias, certas.

Cirandas espalhadas por estrelas,
Escarpas não impedem nossos passos,
O barco sem destino abrindo as velas,
Ganhando a plenitude dos espaços.

Refletem cada sonho que tivemos,
Fortalecendo assim, os nossos remos...


194



Fortalecendo assim, os nossos remos,
Vencemos correntezas agressivas.
O quanto que decerto nós sabemos
Mantém as nossas luzes sempre vivas.

A sorte já lançada em novos dados,
Abarca estes destinos confluentes,
Os gozos destes sonhos desfraldados
Ensinam o que queres e pressentes.

Além da metafísica e dos anjos,
Arcanjos, querubins se transformando,
Cuidando dos antigos desarranjos,
Antídotos decerto inoculando.

Eu quero o sentimento mais perene,
Que a sorte de viver não me envenene...

195


Que a sorte de viver não me envenene,
Nem traga ao nosso amor, ruído e traça.
No quanto que eu quero, em cada gene
Hereditariamente, nos enlaça.

Na praça dois acordes dissonantes,
Instantes são iguais, nada os separa.
Te quero totalmente e assim bem antes
A verve deste sonho se entranhara.

Na clara e não sutil diversidade,
Somamos e fazemos arvoredos.
Nas ruas e calçadas da cidade,
Espalhamos os nossos bons enredos.

Na rede dos teus braços me encontrando,
Não sei e nem pergunto desde quando...

196

Não sei e nem pergunto desde quando,
Apenas vou seguindo o meu caminho.
O mundo vai aos poucos desabando,
Porém jamais me encontrará sozinho.

Por mais que sejam parcos os recursos,
A lente deste amor, aumentativa.
Os rios vão seguindo mansos cursos,
Mantendo a fantasia mais altiva.

Vivas ecoando na platéia,
Um Bravo que se escuta em cada voz,
Tristezas fugidias, alcatéia
Debanda em noite clara. Nada após.

Tesouros demonstrando raras gemas,
Rompendo do passado, estas algemas...
Publicado em: 12/02/2008 22:56:32
Última alteração:22/10/2008 17:46:45


EU TE AMO! i

Altares de marfim, cristal e prata
Em raios tão fantásticos brilhosos,
Na fronte diamantina que retrata
Amor que me permite tantos gozos,
As luzes vão descendo na cascata
Que trazes em momentos mais fogosos.
E assim, além do bem ou do pecado,
O coração se entrega, apaixonado...
Publicado em: 10/11/2007 13:14:51
Última alteração:28/10/2008 12:57:01


EU TE AMO!!/

Olhava para o mar em calmaria
Aquela areia branca alvinitente
Uma emoção que vinha e escorria
Como a onda do mar inconseqüente...

Aquela areia branca alvinitente
Às vezes me fazia recordar
Como a onda do mar inconseqüente
Também ia em teus braços aportar.

Às vezes me fazia recordar,
A tua face, vendo a bela lua
Também ia em teus braços aportar
Minha vontade que inda continua...

A tua face vendo a bela lua
Fulgura em noite rara de esplendor
Minha vontade que inda continua
É feita em fantasia, num louvor

Fulgura em noite de esplendor,
A pele brônzea sob a lua ardente,
E feita em fantasia, num louvor,
A nossa voz agora mais silente...

A pele brônzea sob a lua ardente
À margem deste mar que assim bramia
A nossa voz agora mais silente
Olhava para o mar em calmaria....

GONÇALVES REIS
MVML


PANTUM FEITO EM PARCERIA COM O GRANDE POETA GONÇALVES REIS
Publicado em: 18/09/2007 15:31:01
Última alteração:04/11/2008 16:05:39


EU TE AMO!! coroa de sonetos 15
197

Que tanto maltrataram; não me engano,
Os prados se inundaram desde quando
Mudando de repente cada plano,
O teto dos meus sonhos desabando.
O amor por mais incrível quase insano
Entranha em meu caminho, decorando.

Na boca da morena carmesim,
O doce feito em mel, pura garapa,
No campo dos prazeres o alecrim
Tempera o que mais quero e não me escapa.
Bebendo da alegria, o farto gim,
Amor já delimita o nosso mapa.

Trapaças eu não vejo e as renego,
Nos braços da morena, eu já me apego...

198



Nos braços da morena, eu já me apego,
Roçando corpo a corpo, o fogo acende.
No jogo em que me afogo, amor carrego,
Não tendo mais corrente que me prende
Por mais que tantas vezes siga cego
À luz do teu olhar amor ascende.

Morena em cada cena sou teu par,
Percorro este cenário e vou liberto
Do quanto que aprendi contigo a amar
É tudo o que desejo, um rumo certo.
Meu passo mesmo manso e devagar,
Nos passos da morena eu sempre acerto.

Atores desta peça interminável,
Na mina em que se emana água potável...

199


Na mina em que se emana água potável
Não deixo de beber toda semana
Amor quando se mostra inesgotável
É fonte que se basta, soberana.
No quanto o nosso amor é invejável
Jamais a vida amarga e desengana.

Cacimba da esperança nunca seca,
A cada novo sonho, sempre aumenta.
Quem vive amor profano já não peca
A vida sem desejos segue lenta,
Menina que te quero mais sapeca,
No jogo que domina, tanto inventa.

Eu quero o que tu queres, nada mais,
Desejos e loucuras sem iguais...



200


Desejos e loucuras sem iguais
Nas rendas organdis, em transparência.
Dançando em mil requebros sensuais,
Amor com maestria na regência
Permite que eu navegue sempre mais,
Atrás da louca insana incandescência.

Adentro as casamatas, tocas, grutas,
Vencendo qualquer tipo de defesa,
Enquanto sem vontades finges lutas
A noite salpicada em tal beleza
Promete o paladar de doces frutas,
No prato principal e sobremesa.

Perpetuando o gozo que não cessa,
Amor a sacra face da promessa...

201


Amor; a sacra face da promessa
Estende nos altares soluções.
Vendendo o quanto resta sem ter pressa
Entrego-me às diversas sensações
Na vida que virá, e mesmo nessa,
Eu quero o fogo eterno das paixões.

Decifro sem cifrões a mesa farta,
Nas ricas esperanças deste sonho,
O vento que me traz jamais se aparta
E nele, a cada dia, o gozo eu ponho.
O tempo sem amor já se descarta
E a carta sobre a mesa, é um bem bisonho.

Bisando cada beijo em tua pele,
Ao salvador pecado se compele...

202

Ao salvador pecado se compele
Na jogatina louca deste amor.
Nem mesmo a solidão que assim congele
Consegue naufragar a bela flor.
Roubando tal magia, roço a pele
E sinto o quanto é bom ser sonhador.

Nas ancas do corcel na madrugada,
Galopo o tempo inteiro, sem parar.
Recebo do jardim rara florada,
Trafego sem limites o luar
Procuro o que desejo e na caçada
Encontro o pronto amor a se entregar.

Tingindo-me da luz que tu me dás,
Eu vejo finalmente, insana paz...

203



Eu vejo finalmente, insana paz
Sem medo ou sensação de ser cativo
Vivendo o quanto o sonho inda me traz
De nada em minha vida eu já me privo.
O beijo da morena, um capataz
Capaz de me tornar um morto vivo.

Acero preparado; o fogo ateio
Colheita prometida pro futuro,
Bebendo do prazer de cada seio,
Acendo toda a chama neste escuro.
Sabendo o que mais quero, sem receio,
Encontro o que em verdade assim procuro.

E curo tais mazelas, vencedor.
Abrindo então as travas, vivo o amor.

204

Abrindo então as travas, vivo o amor,
As trevas; assassino em teu jogral,
No verso em que pretendo recompor
Palavra se tornando sensual
Estendo o meu canteiro em plena flor,
Trazendo em minha cama todo astral.

Astrologicamente incompatíveis,
Na bacia das almas, vamos nós.
Vencendo as tempestades, noutros níveis
Jamais caminharemos soltos, sós.
As mãos que nos empurram, invisíveis
Entregam às tristezas, medos dós.

O vento que balança este coqueiro
Entranha o mais gostoso e doce cheiro...


205


Entranha o mais gostoso e doce cheiro
Na pele de quem quer e não descansa,
Do jeito que se pensa, verdadeiro
Amor o tempo inteiro é lua mansa.
Do sonho em que navego, gondoleiro
Deixando à solidão sequer lembrança.

Nas praças os coretos fazem festa,
Um suburbano trem faz reboliço
Mergulho todo o tempo que me resta
E quero muito além de apenas isso
Amor sem ter juízo, sempre presta
Gozo compartilhado, o que eu cobiço.

Nas danças e delícias, danações.
Delitos espalhando tentações...


206



Delitos espalhando tentações
As mãos vão procurando os seus caminhos,
Abrindo calmamente estes botões
Brotando o bom prazer em vários ninhos.
As flores em diversas plantações
Perfumam muito além dos seus espinhos.

Espio cada furna desta senda,
Expio meus pecados no teu jogo.
Amor que tudo sabe e já desvenda
Acende com vigor o nosso fogo.
O resto da viagem? Pura lenda,
O quanto de desejo em ti me afogo.

Não pago mais os erros cometidos,
Os juros que paguei, vão incluídos...

207


Os juros que paguei, vão incluídos
Na conta interminável que encontrei,
Destinos; já faz tempo, desabridos,
Depois de tudo aquilo que sonhei
Os dias na verdade são cumpridos
Nas esperanças tolas, nossa lei.

Errei ao ter teu nome no meu peito?
Foi simples tatuagem, nada mais?
Não quero mais o gosto contrafeito
Do jeito que tu queres? Só jamais.
Mas sei que tu desejas nosso leito.
Morena o mais perfeito e belo cais.

Falar que o nosso amor foi simples fato,
Perdoe-me querida, é desacato!

208

Perdoe-me querida, é desacato;
O tempo de sonhar não acabou.
Lembrando com certeza eu me retrato
No fogo tão divino que queimou
Não resta nem sequer mesmo este prato
O vento, este barraco derrubou.

Poreja em minha pele o teu perfume,
Estás sempre comigo, noite e dia.
Entrego meu amor mais que o costume
E vejo em teu olhar a poesia
Jogada pelos cantos, o ciúme
Matando o quanto bem amor dizia.

Melancolia chega de mansinho,
Não quero em desamor, viver sozinho...


209


Não quero em desamor, viver sozinho,
Recolho os meus pedaços deste chão,
Gravetos de saudades no meu ninho
Aguardam pela nossa floração.
Ouvindo uma esperança canarinho
Aguardo em nosso caso, a solução.

Soluços espalhados no jardim,
Espelhos sem reflexo em mortos brilhos.
Não posso conceber sequer o fim
Marujo não conhece os empecilhos.
Deságuo a solidão em rum e gim
Percorro sem destino audazes trilhos.

Mensagens em garrafas noutras ilhas
Não falam de beleza ou maravilhas...



210



Não falam de beleza ou maravilhas
Os versos que me invadem nesta noite.
Recebo da ilusão diversas trilhas,
Só resta o que me corta, o frio açoite.
Distante dos teus olhos, tantas milhas,
A solidão cegando o meu pernoite.

Acoite este desejo, ser feliz,
O mar que naveguei promete a seca
Não quero tão somente por um triz
Viver o que me resta. Busco a Meca
Aonde possa ter sem cicatriz
O amor que tanto flui e jamais seca.

Mudando o antigo sonho, em cada plano
Que tanto maltrataram. Não me engano.
Publicado em: 13/02/2008 14:54:57
Última alteração:22/10/2008 17:46:40


EU TE AMO!! coroa de sonetos 16
211


Amores vêm e vão; em piracemas,
Subindo as cachoeiras da esperança.
Felicidade e dor a vida alcança
Resolve enquanto cria mais problemas.

Enquanto tudo vives, nada temas,
Apenas se entregar à contradança;
Por mais que a noite chegue calma e mansa,
Amor em luz diversa muda os temas.

Enquanto o quanto tenho for mais forte,
Participemos logo desta festa.
Depois, a vida chega e traz o corte

Do todo que vivemos, pouco resta.
Mergulhe então sabendo disso tudo.
Ao mesmo tempo sonho e desiludo..

212


Ao mesmo tempo sonho e desiludo
Contudo não me canso de sonhar,
Tragando a noite inteira neste bar,
O quanto que me impedes, mais ajudo.

Não tendo o que perder eu vou com tudo,
Miúdo o coração que não tentar.
Às vezes mais depressa ou devagar,
O rumo a cada instante, eu sei que mudo.

Amar, amara senda que me adoça,
No quase que perdi, decerto eu ganho.
Na cama a mais sutil e bela moça

No cheiro da menina a tentação.
Amor é sentimento muito estranho,
Molhando, acende o fogo da paixão...

213


Molhando, acende o fogo da paixão
E faz tal reboliço em minha vida
Que aos pouco vou perdendo a direção
A colisão se mostra divertida.

Perguntas sem respostas ou saída,
O mar em que embrenhando imensidão
Às vezes numa farpa recebida,
Vazio vai secando todo o chão.

Eu vejo o teu retrato no meu rosto,
Embora tantas vezes mal exposto
Amplia uma verdade que não sinto.

De todo bem que tenho em meu caminho,
Cedendo a força imensa de um carinho,
Inundo de desejo o teu recinto...


214

Inundo de desejo o teu recinto,
Afogo esta vontade de te ter.
Nas cores deste sonho eu já me pinto
Bebendo a conta-gota o teu prazer.

Vulcão que imaginara estar extinto
Trazendo tanta lava a percorrer
No jogo feito amor, às vezes minto,
Mas sempre um bom motivo eu penso ter.

Percalços nesta estrada tão diversa,
Beiradas escondendo as armadilhas.
A nuvem que cobria vai dispersa,

Porém o temporal virá depois.
No quanto quero o sonho de nós dois,
O amor vai prosseguindo em outras trilhas...



215


O amor vai prosseguindo em outras trilhas
Capota numa curva e volta a pé.
Da lua que transforma uma maré
Amor esconde em si diversas ilhas.

Às vezes nebulosas maravilhas,
Em outras vou seguindo pela fé.
O medo de saber prende em galé,
As horas são medonhas, andarilhas.

Antilhas e planetas mais distantes,
Revoltas em batalha interminável.
Sementes de meus sonhos tão mutantes

Aradas pelas lágrimas, brotando.
Amor é detenção afiançável,
Não sabe, porém quanto ou mesmo quando...


216


Não sabe, porém quanto ou mesmo quando
Capítulo final desta novela.
O mundo em minhas costas desabando,
Não quero nem saber quanto revela.

Apenas vou abrindo a minha vela
Por mares mais distantes, vou singrando.
A doce tempestade vem chegando,
E a solidão sozinha se rebela.

Marasmos não suporto, nisso eu creio.
Mergulho nos teus seios sem receio
E vivo tão somente por viver.

Colhendo neste solo do meu jeito,
O quanto que eu desejo, insatisfeito,
Roubando toda a forma de prazer...


217


Roubando toda a forma de prazer
Qual fosse um bom pirata chego ao cais
Desejo o tempo inteiro e sempre mais,
Não tenho mais temor, quero saber

O mapa dos tesouros; posso crer,
Que leve aos teus requebros sensuais.
Orgásticas loucuras magistrais
Além do que eu podia, assim prever.

Caçando a noite inteira o teu desejo,
Saudade meu amor deste molejo
Rebolativa deusa em minha cama.

Quasares e luares, sanduíches
As noites sem ninguém em azeviches
Apagam o que sobra desta chama...


218


Apagam o que sobra desta chama,
Os ventos sem juízos da saudade.
Procuro quem me fale, mas quem há-de
Se o tempo sacripanta não reclama.

Parceiros desse jogo, céu e lama,
Ao mesmo tempo treva e claridade,
Vem logo que esta noite tudo inflama
Depois só restará diversidade.

Perversos os caminhos deste amor.
Friável, mas perfeito em suas rimas.
Marasmo destruindo tais estimas

Impedem que se eleve o nosso andor.
Carcaças do que fomos? Esquecidas.
O vento renovando nossas vidas...


219


O vento renovando nossas vidas,
Inverno sucumbindo à primavera.
Não quero que percebas, pois duvidas
Da cárie que maltrata a louca fera.

Rolando pelos céus, a cada esfera
As marcas tão distintas das feridas
Em tempos de batalhas recebidas
Curadas pelo amor em luz sincera.

São meras garatujas do que tive,
Ferrões que prometeram tanto mel,
Aonde na verdade nunca estive

Escrevo num pedaço de papel,
Guardado na garrafa dos meus sonhos,
Os mares são gigantes e medonhos...


220



Os mares são gigantes e medonhos,
Engolem os riachos, disso eu sei.
Quem dera se inda fossem mais risonhos
Os rios que sem foz, eu naveguei.

Sorrisos muitas vezes são bisonhos,
Matreiras soluções que desfraldei,
Mudando de repente toda a lei,
Matando os velhos trágicos, tristonhos.

Enfronho o meu desejo nos lençóis,
Assoreando o quanto bem te quis.
Vestindo de manhã ardentes sóis

Somamos amos, olhos, vida e brisa.
Viver e conviver com cicatriz,
Tacanhamente amor nunca me avisa.

221


Tacanhamente amor nunca me avisa,
E foge de repente, faz mistério.
Amor é bicho insano, um caso sério
Sereia que em serpente se matiza.

Por mais que a superfície seja lisa
O amor não deixa rumo e nem critério.
Derruba da esperança o seu império
E mesmo na carcaça aromatiza.

Mobílias deste sonho são fugazes,
Na liquidez da vida, simples gases,
Na fútil fortaleza de papel,

Amor vai se perdendo sem juízo,
Partindo derrubando cada guizo
Granizo que caiu em ciano céu.


222


Granizo que caiu em ciano céu,
Surpresa prometida a cada dia.
O medo se transforma em agonia,
A noite se rebela e muda o véu.

Do quanto que já fui, outrora incréu,
O quase vai tomando a poesia,
Não tendo mais porquês a vida cria
Em plena liberdade, outro corcel.

Um Ícaro que perde a sensatez,
Misteriosamente hipnotizado.
Não posso mais ficar aqui calado,

Sentindo o quanto bem amor me fez,
Depois ao entornar sua maldade,
Provoca a mais total disparidade...


223


Provoca a mais total disparidade
O lusco fusco intenso desse jogo
Queimando pouco a pouco a liberdade,
Não ouve da verdade qualquer rogo.

No quanto que eu desejo a noite invade,
Tramando o desencanto em que revogo
O sonho de saber felicidade
Na trama dos delírios eu me jogo.

As teias se entrelaçam, devagar,
Não posso e nem consigo divagar
Sobre os momentos úteis desta sanha.

Palavras vão girando em minha mente,
O quanto que inda quero se desmente
Deixando uma verdade tão tacanha...


224

Deixando uma verdade tão tacanha
Montanhas espiando um vale imenso.
Batalha tantas vezes quase ganha,
Vencida num momento bem mais tenso.

O quanto que se pode é o que se ganha,
E neste jogo enfim me recompenso.
Marcando com palavras cada sanha
Mudando o meu destino, eu me convenço;

Não segue na verdade, convenções,
Um passageiro alado; em vãos, liberto;
Eternas e benditas mutações,

Trazendo nos seus rumos, muitos temas.
Não temas meu amor, disso estou certo,
Amores vêm e vão; em piracemas.
Publicado em: 13/02/2008 16:58:17
Última alteração:22/10/2008 17:46:35




EU TE AMO!! coroa de sonetos 17
225


Qual fossem estações várias de um ano,
Amores se sucedem em minha vida
Vivendo tão somente sem ter plano,
A cada novo tempo, a despedida.

Incidem nos meus sonhos vários sóis
Diversos sentimentos misturados,
Na areia deste mar, mil caracóis
Em cores e formatos variados.

À boca a mão não leva quase nada,
O creme da alegria é tão escasso.
Depois do pesadelo, a gargalhada,
Caminho em que tropeço, eu me desfaço.

Mas sigo face a face com a fera,
Abrindo no meu peito esta cratera...


226


Abrindo no meu peito esta cratera
Espero outro momento pra contar,
O verso que não fiz inda tempera
Gerando cada raio de luar

Que adentra esta tapera, novamente,
E regenera o sonho antes vencido.
Poema que se mostra num repente
Aos poucos pelo tempo corroído.

Ouvindo o que dizias; sacramentos.
Não quero conceber outra imersão.
Adubo que se faz dos excrementos
Garante um bem maior à plantação.

Nas cinzas do cigarro que ofereces
Amor faz seus leilões, suas quermesses...

227


Amor faz seus leilões, suas quermesses,
Rolando assim os dados morre aos poucos.
O quanto em nosso amor desenhos teces
Os gritos desperados seguem roucos.

Loucuras a granel; coleciono.
Mentiras estampadas no teu rosto.
Sabendo quanto herdei deste abandono,
O abono recebido está exposto

No beijo da medusa, estas serpentes,
Nos olhos desta Musa, uma aflição
Entranham nesta carne, fortes dentes,
Amor vai me açoitando até o chão.

Não perco meu sentido e nem raiz.
Descambo em outra andança por um triz...


228



Descambo em outra andança por um triz,
Farrapos estendidos na janela.
Melífera ilusão não pede bis,
Nem mesmo esconde ausência de aquarela.

Das celas tão profanas, a masmorra,
Nas selas dos meus sonhos, liberdade,
Selando uma emoção que me socorra
Talvez insira enfim, tranqüilidade.

Iníquos quanto inócuos os meus dias,
Intactas maravilhas; não mais vejo.
Amor se vinculando às agonias
Ensangüentado vinho que porejo.

Dos louros da vitória, sequer sombra,
Fantasma feito amor, decerto assombra...


229

Fantasma feito amor, decerto assombra,
Fazendo o coração virar sonâmbulo.
Do quanto que já fui nem resta sombra,
Vagando pelas ruas qual noctâmbulo.

Nas ânsias sem remanso e se descanso,
Petardos desferidos pelas dores,
Um sonho que virá eu te afianço
Talvez inda refaça velhas flores.

Satânicos prenúncios desta sanha,
Assanham meus sorrisos, volto à farra;
A boca desdentada ainda me apanha
E morde, lentamente, dente e garra.

Trazendo este cadáver no meu peito,
Eu rolo a noite inteira; insatisfeito...


230




Eu rolo a noite inteira; insatisfeito,
Beijando os meus escombros, bebo e lambo
O veio que se explode no meu peito,
Sorrindo do que resta, um vil molambo.

Escambos que fizemos no passado,
Estragos provocados por granizos.
No quanto de ironia é demarcado
O dia que vivemos sem juízos.

Transito entre as estrelas decadentes,
Espelho o quanto em nada já criei.
Não quero saber tráfego entrementes,
Meu barco noutro cais eu ancorei.

Olhar se transformando, catatônico,
Amor vai prosseguindo, assim, agônico...


231

Amor vai prosseguindo, assim, agônico
Mecânica ilusão não deixa rastros,
Em meio a tal cenário, arquitetônico
Caminho que aproxima vários astros.

Emplastros colocados nas feridas
Estranhas cicatrizes são formadas,
Do medo de sonhar já não duvidas,
Facetas tão diversas tatuadas.

Aladas mocidades, tempo passa.
A cruz que hoje carrego não mais pesa.
Saudades se perdendo na fumaça
Quem ama na verdade não despreza

Apenas ao sentir o fim da farsa
Na morte encontra o seu melhor comparsa...


232


Na morte encontra o seu melhor comparsa
Aquele a quem amor abandonara.
Uma esperança tola assim se esgarça
A graça se tornando bem mais rara.

Na praça dos delírios, sem carícias,
Estendo cada face deste aborto.
Morrendo sem saber das tais delícias
Sevícias encontrando em cada porto.

Aporto o meu desejo em outra senda,
O manto de retalhos da ilusão
Cobrindo o meu olhar, temível venda,
Desvenda os seus segredos, coração.

Tragando o meu cigarro, vou sem rumo,
No charco de minha alma eu me perfumo...


233


No charco de minha alma eu me perfumo
Catando o que restou – podres pedaços.
Olhando pro vazio, os sonhos fumo
E deixo nos escombros, velhos traços.

Atrasos em momentos cruciais,
Nas setas deste estúpido menino,
Quebrando os meus antigos castiçais
Oráculo macula o meu destino.

Na gula de viver felicidade,
Engulo esta fumaça do passado,
Regula cada sonho, uma saudade,
Maquio meu sorriso maltratado.

Manadas de tristezas me rondando,
As dores vêm chegando, bando a bando...


234

As dores vêm chegando, bando a bando,
Mas vejo no cortiço uma mansão
Vivendo o quanto quero desde quando
O tempo se mostrou em viração.

Carrego no meu peito o verso leve
Que molde num momento a liberdade.
A vida nos teus braços já se atreve
E ronda o tempo inteiro claridade.

Estúpida tristeza não mais quer
Saber do peito aberto que poreja
O gosto delicado da mulher,
Decerto o que se quer e se deseja.

As dores vêm chegando? Pobre delas...
Os barcos vão abrindo novas velas...

235

Os barcos vão abrindo novas velas,
Jogando os velhos trapos em teu mar.
O quanto tu me queres e revelas
Ensina que inda posso, enfim, sonhar.

Ondeio tuas praias, vou arisco,
E bebo cada gota de teu sal.
Não quero mais saber de correr risco,
Riscando do passado todo o mal.

Amalgamando o sonho benfazejo,
Esculpi teu retrato no meu peito,
Agora que percebo o quanto almejo
Estendo o meu olhar, já satisfeito

Desfeito este quebranto, sigo em frente,
Vivendo o teu encanto, novamente...

236


Vivendo o teu encanto, novamente
Eu tramo no final, grande vitória
O jogo que jogara anteriormente
Deixara tão somente em mim, escória.

Sorria teu amor, tanto eu te peço,
O manto dos teus lábios me recobre.
O amor que é feito em glória e sem tropeço,
Permite ao coração um gesto nobre.

De público eu declaro quanto eu amo
A doce criatura que se entranha
Olhar enamorado eu já derramo,
Voando sobre nuvens e montanha.

Na sanha que hoje assanha os teus cabelos,
Eriçam-se em desejos tantos pelos...


237



Eriçam-se em desejos tantos pelos
Da fera que me espreita nessa cama.
Carinhos tão gostosos de sabê-los
No fogo da loucura a vida inflama.

Não quero nessa trama refrigério,
Nem mesmo uma pacata lucidez,
O tempo vai passando e sem critério
Eu bebo tão somente insensatez.

Na tez amorenada desta musa,
O quanto desejei louco prazer.
Levando vorazmente a tua blusa
E sinto o fogaréu reacender.

Amor vem prometendo ventania
Tramando em nós perfeita sincronia...



238



Tramando em nós perfeita sincronia,
Amor em luz harmônica vigora,
O bem que se mostrou em alegria
Já sabe o que mais quer e quer agora.

Estrelas derramadas pela sala,
Irradiando lumes florescentes.
A gente vendo tudo não se cala
E beija com vontade, unhas, dentes.

Repare nesta lua na varanda,
A moça já não quer nem mais partir.
A vida recomeça essa ciranda,
E o tempo não tem tempo de impedir.

Amores se renovam noutro plano,
Qual fossem estações várias de um ano.
Publicado em: 13/02/2008 19:25:43
Última alteração:22/10/2008 17:46:27


EU TE AMO!! coroa de sonetos 18
239


Por isso, coração, a dor não temas,
É fato quanto quero o seu remanso.
Temáticas pacíficas seus lemas,
Remoço o sentimento e sempre alcanço
A vida tão distante dos problemas,
Destarte a cada dia mais avanço.

E traço cada passo em noite imensa,
Vagando sem temores, vou ao vento.
Em toda sensação de recompensa,
Mais forte vai ficando o sentimento.
O medo determina a noite tensa,
O sonho em carrossel nega o tormento.

Capaz de ser feliz quem ama tanto,
Mandingas desfazendo um vil quebranto...

240


Mandingas desfazendo um vil quebranto,
Sonatas invadindo a madrugada,
Coleto das estrelas cada encanto
Desfio nosso amor numa alvorada.
Decoro nossa vida em pleno canto
No tanto que essa luz é desejada.

Do nada vou cerzindo a plenitude,
Cevando o meu destino em forte laço.
A cada amanhecer, nova atitude,
Permite novamente este regaço
Do sol que traduzido por saúde
Invade nosso mundo passo a passo.

Cadenciando o sonho eu encontrei
O amor que tantas vezes procurei.

241

O amor que tantas vezes procurei
Nos bares, nas boates, nos bordéis,
Igrejas, santuários vasculhei
Nas ondas beduínos carrosséis.
Carcaças desleixadas encontrei,
Abelhas destilando puros féis.

Farsantes heresias, outras tendas,
Escárnios e carinhos divididos.
Nos olhos da alegria ponho vendas
Tocando mais profundo os meus sentidos.
O quanto que eu desejo e não desvendas
Fazendo os nossos risos proibidos.

Nas idas, tantas vindas, eu não canso
Um mar de amor; imenso, agora alcanço...

242



Um mar de amor; imenso, agora alcanço...
Mareio entre as estrelas e as procelas.
Na areia que me aquece, o meu remanso
Depois da tempestade que revelas.
Futuro sorridente, sempre manso,
Mostrando o paraíso em ricas telas.

Na boca o doce gosto de hortelã,
Irradiando brilhos pela casa,
Saboreando agora esta maçã,
Veneno serpenteia e tanto abrasa.
O quanto é desejável o amanhã
A vida se encontrando não se atrasa.

Os cardos esquecidos nos caminhos,
Deixados pelos cantos sem espinhos...


243


Deixados pelos cantos sem espinhos,
Os medos não têm mais razão de ser.
Segredos que já foram mais daninhos,
Agora não conseguem subverter
O denso carretel feito em carinhos
Gostosa sensação de audaz prazer.

Perecem as tristezas esfaimadas,
Jogadas nos quintais ledos, baldios,
As horas do teu lado tão mimadas,
Encontram finalmente este desvio,
Ao ver o fim soberbo das estradas
O coração não quer ser mais vadio.

Recrio meus castelos e princesa,
Comendo no teu corpo a sobremesa...

244

Comendo no teu corpo a sobremesa
Eu quero ser eterno comensal.
Sabendo quanto é boa esta surpresa
Prazeres escondidos no bornal.
Depois ao perceber tanta beleza
Eu faço o meu retorno triunfal.

O amor é ritual, assim professo
Meus credos, minhas preces, orações.
Virando a minha vida pelo avesso,
Nos versos eu declaro tais paixões.
Aos braços deste encanto eu me arremesso
E deixo vir incêndios aos milhões.


Tristeza se guardando na masmorra,
Não tendo quem escute nem socorra...

245



Não tendo quem escute nem socorra,
Um prisioneiro aguarda o julgamento.
O quanto se deseja que não morra
Parece que se esvai em sofrimento.
Saudade neste instante chega e jorra
Molhando em força incrível, toma tento.

Atento, vou vencendo estas quimeras,
Refém do paraíso em que te achei,
Revivo a mansidão de antigas eras,
E sinto o quanto posso ser teu rei.
Errantes emoções, nas quais temperas
Aromas que tu trazes, sentirei

Enquanto houver um rastro de alegria,
Tramando em nossa vida, tal magia...

246



Tramando em nossa vida, tal magia
Espalho o teu sorriso pelo quarto,
Partícipe da festa eu já dizia
Do quanto em nosso amor quero e reparto.
O bem se transformando em fantasia,
Espelha a maravilha feita em parto.

O peito em sentimento nobre, eu abro,
Rompendo este silêncio que atordoa,
Quem teve um pesadelo mais macabro
Percebe o quanto a vida se faz boa,
Decora a nossa casa um candelabro
Ardências preciosas da coroa.

Girando o tempo inteiro, carrossel,
Vagando pelas noites, ganha o céu...

247


Vagando pelas noites, ganha o céu
Estrelas decorando os meus momentos.
O quanto que desejo trama o mel,
Mergulho em ti meus vários sentimentos.
Orgulhos e mentiras, mundo incréu,
Deitando em novas luas pensamentos.

Não tendo mais quem salve ou me conforte,
Não quero tais confrontos pela vida.
Empenhorando em ti caminho e sorte,
Eu vejo nossa história decidida.
Teus braços me servindo de suporte,
Cicatrizando agora esta ferida.

Mesquinharias; guardo na gaveta,
Minha alma na tua alma se completa...



248


Minha alma na tua alma se completa
Esmeros delicados influindo.
A vida que eu queria qual cometa,
Aos poucos em carinhos diluindo.
Amar e ser feliz se mostra a meta
De quem quer um futuro claro e lindo.

Um límpido azulejo invade o espaço
Decoro em pedras raras, cristalinas
O campo do prazer, divino paço,
Em raras expressões diamantinas.
O amor cerrando assim, com firme laço,
Explode em luas fartas, belas minas.

Termino cada verso te clamando
Ao mundo que entre nós vai se mostrando...

249


Ao mundo que entre nós vai se mostrando,
Adentro o pensamento libertário.
O céu de uma esperança iluminando
O vento que já foi mais temerário,
Agora o novo dia anunciando,
Demonstra um paraíso relicário.

São vários os motivos, te garanto,
Que fazem deste sonho, realidade.
Cevando em nossa vida tal encanto
Decerto encontrarei felicidade.
Eu quero te dizer que eu te amo tanto
Além do que é possível, na verdade.

Nas tramas deste amor eu sigo em frente,
No fogo que me faz calmo e contente...


250


No fogo que me faz calmo e contente
Acendo o meu sorriso, e vou à plena.
Contagiando assim, toda essa gente,
A vida pode ser bem mais amena.
O quanto que plantei, amor pressente
Vivendo a noite clara e tão serena.

Não vejo mais sequer velhas fronteiras,
Andamos pareados pela vida.
As horas vão passando mais ligeiras,
A solidão agora anda perdida,
Couraças que criamos mais guerreiras
Protegem contra a dor, trauma ou ferida.

Espalhas pelas noites fluorescências
Calando as mais temíveis penitências...


251



Calando as mais temíveis penitências,
O amor abriu as portas da alegria,
Não vejo tão somente coincidências
Percebo este poder feito alquimia.
Espalha assim o amor, benevolências
Trazendo a luz intensa a cada dia.

Impávidos olhares no horizonte,
Traduzem claras nuvens- esperanças.
No quanto o meu desejo sempre aponte
O riso prometido nas festanças,
Marcado por franqueza, viva fonte,
Na plena fortaleza em alianças.

Arcando com meus erros, sou feliz,
Um velho sonhador, vero aprendiz...


252


Um velho sonhador, vero aprendiz
Não cansa de aprender e quer bem mais.
O mesmo enunciado às vezes diz
Do barco que se foi sem ter um cais,
Ao mesmo tempo, amor já contradiz
E mostra ancoradouros magistrais.

Assim nas intempéries que encontrar,
Não deixe que o temor tudo destrua.
Seguindo cada raio de luar,
A noite com certeza é toda sua.
Vencendo a timidez, posso encontrar
A dama de meus sonhos bela e nua.

Amor não reconhece mais problemas,
Por isso, coração, a dor não temas.
Publicado em: 13/02/2008 21:53:19
Última alteração:22/10/2008 17:46:23




EU TE AMO!! coroa de sonetos 19
253

Por mais que venha cedo o desengano,
O dia nascerá, tenha certeza,
A vida refazendo cada plano
Permite que se encare a correnteza

Amor um sentimento tão humano
Espalha em quem o sente tal beleza,
No gozo deste sonho soberano
A sorte põe comida sobre a mesa.

Leveza em cada passo, flutuando,
Alçando ao infinito, riso solto.
No mar anteriormente tão revolto

O barco calmamente navegando.
Palavras que se trocam, mais gentis,
No encanto deste canto, eu sou feliz...


254


No encanto deste canto, eu sou feliz,
Expresso em cada verso uma alegria.
No riso escancarado deste dia
Eu ouço o que eu queria, amor me diz.

Menino que se fez bom aprendiz
Abrindo uma porteira, a fantasia,
Recebe das estrelas tal matiz
Mudando toda escura cercania.

As cercas que ultrapasso a cada sonho,
Os rios caudalosos da saudade.
Meu barco nos teus rumos; cedo ponho

E sigo sem qualquer contrariedade
Vivendo sem ter medo de viver,
Cevando, vou colhendo o meu prazer...

255


Cevando, vou colhendo o meu prazer;
Acendo a brasa intensa da paixão,
O quanto que inda tenho de saber
Às vezes me transtorna uma emoção.

Decrépito, este velho passa a crer
Que a vida tem sentido e solução.
A cada novo fruto passo a ver
Amor chegando à minha direção.

Preparo os alçapões, enteso a linha,
A fisga na mirada, já se alinha
E o tempo da colheita não se esgota.

Recolho o quanto posso, vou à luta,
Silêncio no meu peito não se escuta
A solidão morrendo, tão remota...


256


A solidão morrendo, tão remota,
Explode num terrível pesadelo.
O amor que a gente tem, nunca tem cota,
Nos braços deste sonho a envolvê-lo.

Vontade de te ter jamais se esgota,
No doce balançar de teu cabelo
As luzes vêm chegando; em mansa frota
Os laços se entrelaçam num novelo.

Mosaicos infinitos, tantas cores,
Expressam os diversos sentimentos,
As flores invadindo os pensamentos

Dourando em esperança estes amores.
Atores desta peça universal,
Vivendo tão somente o bem e o mal...


257


Vivendo tão somente o bem e o mal,
Girando essa coroa o tempo segue
No gesto mais humano, magistral
Amor já não concebe quem o negue.

O quanto de desejo é ritual
Permite que alegrias eu navegue,
Bebendo do licor fenomenal
A vida calmamente assim prossegue.

Retendo cada brilho desta lua,
Deitando essa beleza no meu quarto,
O amor fazendo em nós divino parto,

Trazendo a maravilha intensa e nua
Permite que eu te fale sorridente,
Louvando todo amor que é só da gente...


258


Louvando todo amor que é só da gente,
Não quero usar imagens rebuscadas,
As luzes não serão mais ofuscadas
Iluminando a vida plenamente.

Por mais que uma saudade ainda tente
Mudar os rumos todos das estradas,
Amor fazendo em nós as escaladas
Permite uma viagem mais contente.

Garapa nos teus lábios, moça bela,
Menina que se fez estrela guia,
Entorna em meus passos poesia,

Amor pintando assim a rara tela,
Cenários tão diversos traduzidos,
Caminhos que seguimos mais unidos...

259


Caminhos que seguimos mais unidos
São largos sem ter pedras ou espinhos.
Os ventos da esperança são sentidos
Batendo nas janelas, abrem ninhos.

Os pós destas estradas; revolvidos,
Polvilham tais angústias nos sozinhos,
Porém quem tem os sonhos divididos
Recebem tão somente bons carinhos.

Os cardos arrancados, urzes, pedras
Nas mãos do amor; querida, eu sei não medras
E vences qualquer muro, vai liberta.

Palavra que encontrei pra traduzir
O bem que tantas vezes vi surgir,
Felicidade assim, em alma aberta.

260

Felicidade assim, em alma aberta
Adentra pela porta e faz a festa.
Amor vai arrombando qualquer fresta
Trazendo uma palavra sempre certa.

A solidão vazia, nos deserta
Somente a fantasia plena resta,
Sorriso benfazejo nos atesta
O quanto amor intenso nos liberta.

Encontro no teu corpo esta pepita
E dela o meu tesouro cristalino.
Aos olhos deste amor já me declino

Declaro todo bem que se acredita
Forrar a nossa vida em ouro puro,
Tramando um dia a dia com apuro...


261


Tramando um dia a dia com apuro
A moça do meu lado já sorri.
O quanto que passara em trilho escuro
Até chegar agora junto a ti.

Eu quero ser feliz, isso eu te juro,
E sinto que o lugar é bem aqui
Vivendo o nosso amor sincero e puro
Felicidade, enfim, reconheci.

Mulher que me extasia em mil prazeres,
Divina criatura que é só minha,
Meu peito no teu colo assim se aninha

Rendido à divindade dos poderes
Que emanas num momento de alegria,
Trazendo ao peito amargo, uma euforia...


262


Trazendo ao peito amargo, uma euforia
Mesclando estes sabores mais diversos,
Eu teço este cenário com meus versos
Volvendo o meu olhar ao manso dia.

Sabendo o quanto em ti eu já teria
Juntando sentimentos mais dispersos,
Matando outros menores e perversos,
Rendido a tal poder me salvaria

De antigas emoções inconseqüentes,
Vazias tempestades tão freqüentes
Em eloqüentes sonhos professados.

Os delinqüentes dias não voltaram,
De rosas velhos liquens se pintaram
Dourando o acinzentado dos passados.


263


Dourando o acinzentado dos passados
Deitando sobre nós os belos sóis,
Trazendo em teus cabelos caracóis
Brilhantes diamantes derramados.

Nos tons destes mares azulados,
Não quero que sejamos quais atóis.
Colhendo de teus olhos meus faróis
Caminhos tão diversos vislumbrados.

Eu quero e necessito desta luz,
Que aos poucos me domina e me conduz
Ao manto constelar de raro brilho.

Vivendo cada dia mais feliz,
Eu tenho e já recolho o que bem quis,
Calando o coração tão andarilho...

264


Calando o coração tão andarilho
A voz do amor se fez inquestionável.
Na fonte do prazer inesgotável
Derramo o quanto quero e maravilho.

Não vejo mais qualquer um empecilho
E sigo percorrendo o passo amável,
No mar do amor imenso, navegável
Eu traço com certeza o bem que trilho.

Por mais que tantas vezes enganado,
Andando por caminho torto, errado,
Eu inda tinha um resto de esperança

De ter após a dura tempestade
Algum caminho solto, em liberdade
Trazendo enfim um pouco de bonança.


265

Trazendo enfim um pouco de bonança
A quem por tanto tempo procurava
A cada ventania que encontrava
Distante percebia uma esperança.

Nos braços de quem quero, uma aliança
Vencendo a tempestade, forte e brava,
A sorte não se faz contada fava
Aos olhos de quem nega a contradança.

Olhando o meu passado em cinzas tons,
A melodia feita em tristes sons
Jamais permitiria algum prazer.

Ao ter tua presença do meu lado,
Matando em alegria o meu passado
Da fonte da alegria, eu vou beber...

266

Da fonte da alegria, eu vou beber
Descendo a correnteza da utopia,
O dia em claridade irá nascer,
Vencendo com certeza a noite fria.

O quanto que desfruto do prazer
De ter o teu amor, reter sangria,
Sabendo o quão sublime um bem querer
Tramando em nossa vida esta magia.

Felicidade viva em cada riso,
Amor que vem chegando sem aviso,
Mudando novamente cada plano.

Não temo me entregar, mergulho fundo,
Nos faustos deste sonho eu me aprofundo.
Por mais que venha cedo o desengano.
Publicado em: 14/02/2008 15:13:22
Última alteração:22/10/2008 17:46:18



EU TE AMO!! coroa de sonetos 20
267

Renascem outros sonhos destas gemas
Explicitando assim, meu sentimento,
Rompendo num instante tais algemas
Eu vejo a vida leve, sem tormento.

Ungüentos que encontrei em teu carinho,
Palavras benfazejas, riso franco.
O sol vai penetrando de mansinho,
Promessa que se faz de um dia branco.

Nas ancas do corcel sigo liberto,
Chegando ao infinito dos teus braços,
O futuro que outrora fora incerto,
Agora se mostrando em novos traços

Permite que se sonhe e se imagine,
Um mundo aonde amor nunca termine...



268

Um mundo aonde amor nunca termine
Depois do amanhecer em plena luz,
Felicidade imensa se define
No olhar que uma esperança reproduz.

Alado cavaleiro, ganho espaços
E vivo a liberdade de poder
Atado com firmeza nestes laços
Saber, sendo cativo, ter prazer.

Amor não pressupõe farto heroísmo
Tampouco quero os louros da vitória.
Não tendo masoquismo nem sadismo,
No gozo em plenitude, toda a glória.

Assim ao cavalgar astros diversos,
Espalho no infinito claros versos...

269


Espalho no infinito claros versos
E bebo as calmarias que encontrar,
Vagando em liberdade os universos,
Nos braços deste amor faço o meu lar.

Lauréis; não imagino na chegada,
Nem mesmo uma fanfarra nem festejos
Apenas a manhã iluminada
Roubada destes sonhos mais sobejos.

Vagando nos meus céus, estrelas puras,
Reinando sobre os cantos, francos olhos.
Recolho tantas flores, sempre em molhos

Banhado pelos raios das ternuras,
Ferrolhos dos meus medos sem entrave,
Dos cofres eu encontro cada chave...

270

Dos cofres eu encontro cada chave,
Segredos desvendados; já faz tempo...
A vida do teu lado vai suave,
Não temo nos caminhos, contratempo.

Apenas me permito ser feliz,
Roçando a tua pele a noite mansa,
Não quero mais amores tão servis,
Imensa calmaria, assim me alcança.

Amor robotizado sem malícia,
Calor quando amornado traz marasmos.
Mosaico de prazer feito em carícia,
Tramando em nossa cama mil orgasmos.

Sarcasmos escondidos nos mormaços,
Não quero e nem suporto, mesmo os traços...




271


Não quero e nem suporto, mesmo os traços
Dos rastros da caçada da pantera.
O quanto já perdi fora dos braços
Daquela que eu desejo e que me espera.

No sexo performático, mentiras,
Circenses e sutis demonstrações.
Dos lençóis não sobrando senão tiras,
O fogo se espalhando nos colchões.

Resíduos deste tempo, eu jogo fora.
O amor não necessita disso não.
O bom de nossa vida, eu colho agora,
Na luz que se demonstra em mansidão.

Não temo mais as dores do ciúme,
Colhendo desta flor todo o perfume...


272


Colhendo desta flor todo o perfume,
Valeu a pena o tempo de cultivo.
É necessário além de algum costume
Trazer o coração atento e vivo.

Avivo nosso amor a cada dia,
Numa estação diversa, o trem prossegue.
Vencendo o sempre atroz melancolia
Não me deixo vencer, jamais entregue.

Caminho pelas ruas; vou aos bares,
E compro os meus cigarros, tiro um trago,
Às vezes mal percebo estes luares,
A lua encontro aqui, a cada afago.

Sentindo o vento doce no meu rosto,
Amor seguindo manso em peito exposto...


273


Amor seguindo manso em peito exposto
Trazendo todo o bem do amor em mim,
O quanto que eu perdi, sinto reposto
No gozo deste amor, que sei sem fim.

Afinidades tantas, par a par,
Vivemos o que somos nada mais.
Nos gomos da esperança desfrutar
Os cantos dos encantos magistrais.

Serenos os espaços que sabemos,
Cabemos onde a sorte já nos pôs,
O amor vem preparando nossos remos,
O sonho em maravilha se compôs.

Postergo uma tristeza, mato o medo,
Formato em nosso sonho, um novo enredo...


274


Formato em nosso sonho, um novo enredo
Na luta inesgotável, dia a dia,
A sorte não adia o seu segredo
O vento vem beijando em alegria.

Ferido passarinho sem ter asas,
Não sabe mais voar, restando aqui.
Amor reacendendo tantas brasas
Permite que eu me cure assim, em ti.

Concebo a cantoria em liberdade,
Espelho o teu sorriso em minha face,
Amor que sendo forte é de verdade,
No colo que se quer e que se abrace.

Cheirinho de café pela manhã,
A vida recomeça a cada afã...


275


A vida recomeça a cada afã,
Mudança prometida nestes ventos.
O gozo tão sublime da maçã
Entorna em minha vida, os sentimentos.

Amor que em fantasias acontece,
Expressa a mais divina realidade.
O quanto tanto tenho não se esquece
Amar é seduzir a liberdade...

Rolando nos teus braços, perco o fuso,
Redemoinhos tantos encontrados.
Do mel que tu me trazes, quero e abuso,
Canções e melodias, risos, fados...

O quanto te desejo o bem que fez,
Tocando insanidade, insensatez...

276

Tocando insanidade, insensatez,
O mar vai se mostrando na janela,
No horizonte a lua então se fez
Prateia num momento os olhos dela.

Singela criatura em noite clara,
Do amor que tanto eu tenho aqui comigo,
A vida neste instante se declara
Trazendo todo o sonho que eu persigo.

Passeio em arrebóis, simples cometa,
Chegando de mansinho e devagar.
Loucura que se quer e se cometa
Roubando nos seus olhos verde mar.

Beijando calmamente a bela flor,
Um colibri se entrega ao franco amor...

277



Um colibri se entrega ao franco amor
E vaga pelos campos sem destino,
Vivendo o quanto tenho a te propor
Aos poucos mansamente me alucino

No azul de teu olhar, estrela guia,
Reflexos destes mares que concebo
O amor ao invadir a poesia
Expressa todo o bem que agora eu bebo.

Na fonte inesgotável me inebrio,
Cantando todo amor que agora eu sinto,
O coração sem sonhos vai vazio,
Minha alma viciada neste absinto

Não quer e não percebe outra emoção,
Apenas neste amor vê floração...


278

Apenas neste amor vê floração
Jardim que tantas vezes cultivei.
E mesmo que encontrar a negação,
Amor se faz desejo, regra e lei.

A par destes momentos ao teu lado,
Não quero outra alegria em minha vida,
Seguindo o meu caminho enamorado,
A dor de uma saudade vai perdida.

Gostando simplesmente de poder
Dizer o quanto eu quero e não me canso,
Coleto a cada dia, o bel prazer
Na fonte que se mostra num remanso.

Jogando a solidão em mar profundo,
Não deixo de te amar um só segundo.


279



Não deixo de te amar um só segundo
A cristalina imagem que se assoma
Nas teias deste sonho eu me aprofundo
E a vida multiplica mais que soma.

Floradas espalhadas no jardim,
Aromas tão diversos, vou sentindo.
O quanto que te quero, sempre assim,
Eu sinto esta ventura que vem vindo

Trazida pela noite em lua calma,
Espalhando alegrias na varanda,
O vento da alegria dentro da alma
Convite à fantasia, uma ciranda

Girando entre as estrelas nunca pára,
O bem do amor fantástico antepara...

280


O bem do amor fantástico antepara
Permite ao caminheiro uma estalagem,
Cicatrizando assim qualquer escara,
Perfaz em calmaria esta viagem

Da vida que não cessa e nem descansa,
Em vales e montanhas, construída.
A sorte que se quer mostra a aliança
Que deve ser; decerto, uma saída.

Podemos enfrentar os terremotos
Que sempre irão chegar, esteja certa.
Por mais que vendavais sejam remotos,
Às vezes a alegria nos deserta,

Pepitas de um amor rompendo algemas,
Renascem outros sonhos destas gemas
Publicado em: 14/02/2008 16:41:33
Última alteração:22/10/2008 17:46:14

EU TE AMO!! coroa de sonetos 21
281

E o tempo vai passando soberano...
Por mais que a vida trague a tempestade,
Vivendo tão somente o quanto explano
Estendo no caminho a liberdade.
Não quero mais saber de desengano
Colhendo a flor divina da amizade.

Menina que se fez amante amiga,
Trazendo esta florada ao meu canteiro.
No quanto a vida às vezes desabriga
Eu quero ser amigo e companheiro.
Ao ter em meu caminho a forte viga
Percorro sem temor, o mundo inteiro

Na força da amizade, amor sincero,
Eu tenho o que desejo e que mais quero...

282

Eu tenho o que desejo e que mais quero,
Contando com o apoio de quem amo.
Uma amizade cria um novo acero
Na proteção que eu sonho e já reclamo.
Por mais que o tempo seja amaro e fero
Defesas ao teu lado, amiga, eu tramo.

Não quero nem sicrana nem beltrana,
Somente o teu amparo satisfaz,
A vida pode ser muito sacana,
Mas saiba, a fortaleza sempre traz
O quanto é necessária e soberana
A vida que se mostra feita em paz.

Assim ao caminhar da humanidade,
Poder de um pleno amor, em amizade...

283


Poder de um pleno amor, em amizade;
Não deixa nossa vida tão exposta.
Na força que se mostra em liberdade,
A sorte de perdida vai reposta.
No amor que Deus nos deu, tranqüilidade
Trazendo para a dor, firme resposta.

No altaneiro sonho que eu trago,
O rosto da alegria eu já concebo.
Tomando da amizade cada trago,
Felicidade imensa, eu sei que bebo.
Na mão que acaricia; manso afago
Promessa desta luz que enfim percebo.

Distante do calor da mão amiga,
Eu sei que a chuva forte desabriga...

284


Eu sei que a chuva forte desabriga
Quem não souber que a vida compartilha
Criada entre nós dois a firme liga
Permite caminharmos qualquer trilha.
No amor que nos uniu; amada amiga,
Depois da tempestade a maravilha.

A vida se renova a cada afã
E deixa que se possa perceber
Na luz que nos tomando na manhã
Um novo e mais intenso alvorecer,
Não deixe que esta luz pereça; vã,
É nela que encontramos o poder.

Amar e ser feliz tranquilamente,
Andando lado a lado se pressente...

285


Andando lado a lado se pressente
Sabores preciosos dia-a-dia
Olhando para a lua, de repente,
Percebo imensa força em alegria
O quanto que se tem frequentemente
Traduz em nossa vida a fantasia.

Porém a solidão devora tudo,
Não deixa restar nada do que somos,
Calando o coração, eu fico mudo,
A fruta que não nega os doces gomos
Mostrando este caminho em que me iludo
Esconde na verdade o que já fomos.

Mas quando uma amizade se faz plena,
A vida vai em paz, segue serena...


286

A vida vai em paz, segue serena
Nas tramas tão suaves deste sonho.
Amor quando demais tanto envenena
Embora traga um dia mais risonho.
Palavra delicada e mais amena,
Acalma um pesadelo tão bisonho.

Enfrento a tempestade e o furacão
Teus olhos me servindo de farol,
No quanto se mostrou em sedução
O brilho deste amor, amigo sol.
Vivendo a cada dia uma explosão,
Eu sigo pela vida, girassol...

Catando cada rastro que deixaste
Sabendo o quanto em mim, iluminaste.

287


Sabendo o quanto em mim, iluminaste
Deixando uma saudade sem ter rumo,
A vida se passando em um contraste
Permite que se beba todo o sumo
Negando toda forma de desgaste,
Amor que tanto quero, eu sempre assumo.

Querências e vontades espalhadas
Toando melodias divinais.
Adentram serenatas, madrugadas,
Em jogos que desejo, sensuais.
As mãos quando em carícia entrelaçadas,
Expressam cantorias magistrais

Eu quero ser apenas passageiro
Do sonho que se mostra por inteiro.


288

Do sonho que se mostra por inteiro
Apenas os detalhes; não recordo,
Seguindo teu perfume, em cada cheiro
Amor vai penetrando e sobe a bordo.
Do barco imaginário e derradeiro,
Nos braços de quem amo; agora acordo.

E vejo que em verdade eu sou feliz,
Não quero e nem consigo disfarçar,
Amor vem clareando um céu tão cris
Derrama sobre nós belo luar.
Do quanto que te quero e peço bis,
Jamais me cansarei, enfim de amar...

Ao ver as folhas secas pelo chão,
Do outono que entranhei, colho o verão...

289



Do outono que entranhei, colho o verão
E dele cada fruto em meu quintal.
As aves vão voltando em migração
As roupas vão secando no varal
Por mais que venha agora outra estação
O ritmo deste amor é sempre igual.

Usufruindo sempre deste fogo,
Amor me fortalece e me conquista,
Vibrando tão somente no teu jogo,
A praia do meu barco já se avista
E vendo este farol vou desde logo
Querer do amor bem mais que algum turista.

Não posso resistir à tentação,
Do fogaréu intenso, este vulcão...

290


Do fogaréu intenso, este vulcão
Trazendo o teu sorriso tão ardente,
Promessa calorosa de um verão
No quanto te desejo, amor se sente.
Atenda ao meu chamado, coração
E venha me fazer, bem mais contente.

Somando nossos corpos, infinitos
Expondo num momento o paraíso.
Usando dos prazeres, nossos ritos
Permitem um caminho mais preciso.
Os dias do teu lado são bonitos
Expressam fielmente este sorriso.

Agora que encontrei felicidade
Eu sinto a cada dia mais saudade...


291


Eu sinto a cada dia mais saudade
Dos lábios tão gostosos da morena,
Vivendo a cada dia, ansiedade
De poder reviver divina cena
Amar e ser feliz: realidade
Crivando nossa vida em luz amena.

Menina que desejo tanto, tanto,
Estrela que me guia pela vida;
Tomado totalmente, em teu encanto
Percebo a sorte imensa concebida,
Vencendo qualquer dor, cruel quebranto,
A sorte se mostrando resolvida.

Assim, ao encontrar tuas pegadas,
Eu sinto em mãos macias, belas fadas...

292


Eu sinto em mãos macias, belas fadas
Roçando a minha pele, mil desejos.
As emoções agora anunciadas
Sentidos e quereres mais sobejos.
Nos beijos e carícias, madrugadas
Passando entre loucuras e lampejos.

Teu corpo, a mais divina catedral,
Nas preces e delírios, fonte e gozo.
Satélite que vaga pelo astral
Num ritmo desvairado e caprichoso,
Amor que nos invade, magistral
Delito que se faz, tempestuoso.

Nas pétalas dos sonhos multicores,
Estrelas espiando belas flores...


293


Estrelas espiando belas flores
Extremas sensações vão prometendo,
Estando par a par aonde fores
Estranhas emoções se convertendo
Entranho as ilusões destes amores
Estradas dos meus sonhos percorrendo;

Encontro em tuas mãos o meu destino,
Depois de me perder por tantos anos.
Cavalgo em noite clara e me alucino
Tramando em liberdade; novos planos,
O velho retornando a ser menino
Esquece em devaneios, desenganos...

Na boca sensual da namorada
A fonte insaciável desvendada...

294


A fonte insaciável desvendada,
Derrama-se em riacho, ganha o mar.
O quanto procurei numa alvorada
O sol que nunca veio me dourar.
Ao ver a mansidão anunciada
Nos braços da mulher vou me entregar

Na dança, a contradança prometida,
Nos olhos o farol que assim me guia,
Mudando todo o rumo desta vida,
Eu posso perceber farta alegria,
A solidão se esvai, vaga perdida
Morrendo pouco a pouco, a cada dia.

Ao léu vai se perdendo o desengano,
E o tempo vai passando soberano.
Publicado em: 14/02/2008 18:17:50
Última alteração:22/10/2008 17:46:09


EU TE AMO!! coroa de sonetos 22
295


Assim como os cometas libertários,
Sem dono, sem juízo, sem paragem.
Os olhos que se foram solitários
Embrenham no passado essa viagem.

Vazios corações celibatários
Não sabem, pensam ser qualquer miragem
Perdendo dos seus rios, estuários
Esquecem de beber, do amor a aragem.

Destinos vãos, incertos, solidão...
O quanto tive e nada percebera,
Aos poucos me transformo numa fera

Clausura penso ser a solução.
Mas tendo tua mão sobre o meu rosto,
O peito se tornando, aberto, exposto...


296


O peito se tornando, aberto, exposto
Demonstra assim o quanto amor domina.
O tempo de viver já determina
De toda a minha história, cada gosto.

Amanhecer me encontra mais disposto,
Frondosa e necessária a minha sina
Setembro apascentando o frio agosto,
A primavera chega; em clara mina.

Assim, ao ver as flores pelos campos,
Vagando pelas noites pirilampos
Mostrando em lusco fusco outro caminho.

O coração que outrora fora vago,
Agora ao perceber um manso afago
Não quer e nem pretende andar sozinho...


297


Não quer e nem pretende andar sozinho
Erguendo a cada passo a sua fronte
Aquele a quem amor se deu em ninho,
Trazendo farta luz neste horizonte.

Quem tanto andara só, em desalinho,
Bebendo desta glória em mansa fonte,
Decora com delícias seu caminho
Reconhecendo amor, divina ponte

Que leva num momento ao rumo certo,
Vencendo as tempestades que encontrara,
A luz que nos guiando se faz rara

Oásis mais perfeito de um deserto
Expressa em nosso peito a fantasia,
Propondo com firmeza, uma alegria...


298


Propondo com firmeza, uma alegria
Abençoando a vida de quem sonha,
Espalha a mansidão em noite fria,
Promessa de outra senda mais risonha.

O quanto te desejo e te queria,
Quem ama não mais teme ou se envergonha
Espalha pelas ruas, poesia
Deixando a solidão morrer, tristonha.

Servindo com carinho ao servidor,
Levado pelas mãos da imensa paz,
Amor a cada dia já nos traz

Um novo alvorecer encantador.
Expresso em cada verso esta verdade,
Amor vem renovando a mocidade...


299

Amor vem renovando a mocidade,
Na juventude eterna de minha alma.
Portando tão somente a santa calma,
Estende os braços mansos, liberdade.

O gosto da alegria agora invade,
Reconhecendo o solo como a palma
Da mão que se mostrando em igualdade
Permite todo o sonho que me acalma.

Sem traumas vou seguindo cada passo
Da doce fantasia que busquei,
Dançando mesmo ritmo, no compasso

Das luzes espalhadas no ambiente,
Amor transforma tudo, de repente...
Mudando toda a sorte que encontrei.


300


Mudando toda a sorte que encontrei
Durante o vendaval de um pesadelo,
No bem transformador a nova lei,
Roçando cada fio de cabelo.

Revelo o quanto quero e procurei
Vivendo sem ao menos por tê-lo,
Amor insaciável nobre rei
Ao menos poderia em ti revê-lo.

Assim ao ver a pele semi nua
Da musa que se fez a doce amante,
Minha alma neste instante já flutua

E vaga em noite clara, lua mansa.
Um canto tão formoso e deslumbrante
A sorte de viver, amor, alcança...

301


A sorte de viver, amor, alcança
E deixa no passado toda a dor.
No quanto quero a vida recompor
O tempo de sonhar trama a festança.

Amor que pressupõe tal confiança
Deveras um farnel encantador.
Alvíssaras ao gozo com louvor
Marcando nosso mundo em aliança.

Enoveladas pernas sem fronteiras,
Misturas delicadas e sutis.
As horas preferidas, costumeiras

Adentram madrugadas, ganham dias.
Cansado de viver só por um triz
Entrego-me ao calor das fantasias...


302


Entrego-me ao calor das fantasias
E danço a noite inteira sem parar,
Percorrem teus salões, loucas magias,
Deixando farta luz a transbordar.

Nas marcas tatuadas, noites frias,
Os olhos procurando um novo olhar
Que possa num momento transformar
Destino que mal sabes tu cumprias

De ser a minha amante deusa e musa,
A ninfa desnudada no meu quarto.
Amor que se refaz do duro parto

Aquece em mão suave e tão confusa.
Difunde este perfume pela casa,
Aos poucos lenta chama nos abrasa...


303


Aos poucos lenta chama nos abrasa,
E o fogaréu se torna inevitável.
A vida feita agora não defasa
Permite que se mostre interminável.


Distante de Saigon, Bagdá ou Gaza
O dia vai passando mais amável,
A paz anda rondando a nossa casa,
O sonho se tornando inigualável.

Apenas quero ter o que não tive
Andar pelos lugares onde estive
Num tempo em que o amor se fez venal.

Erijo um monumento no meu peito,
Tramando um novo dia de outro jeito
Felicidade sendo natural...


304


Felicidade sendo natural
Meu rio vai seguindo calmamente
Levado pelas mãos desta corrente
Desaba numa foz fenomenal.

O sonho que se fez meu ritual
Percebe o quanto quero andar contente
Tomando a direção, já se pressente
Um dia em harmonia, sem igual.

Não quero mais sentir a solidão
Batendo em minha porta, a noite inteira.
Vencendo a ventania, abro o portão

O tempo vai mudando suas cores,
Atando em meus caminhos os amores
A noite vem surgindo alvissareira...


305


A noite vem surgindo alvissareira
Depois da tempestade que passou,
O quanto se deseja o que inda sou
Demonstra a sorte feita uma bandeira.

A luz que se mostrou ser derradeira
Tomando cada casa se afastou,
Amor que é muito mais do que se queira
Em novo alvorecer me dominou.,

Agora vou liberto sem ter medos,
Conhecendo estes jogos e segredos
Enfrento a qualquer hora uma batalha

Sabendo decifrar os seus sinais,
Eu quero o nosso amor e muito mais,
Felicidade imensa assim se espalha...


306


Felicidade imensa assim se espalha
Tomando toda a terra, num segundo,
Amor que se promete invade o mundo
Enfrenta o fino corte da navalha.

A dor tão carniceira, velha gralha
Tocando o coração de um giramundo
Pesando em minhas costas tal cangalha
Causando um mal enorme e mais profundo

Rondando a noite inteira, numa espreita
Enquanto a lua frágil já se deita
Tocaias preparando em noite imensa.

Ao ver tal reboliço amor me chama,
Apascentando assim a dura trama
Derrama em mil prazeres, recompensa...

307



Derrama em mil prazeres, recompensa
O bem do amor que tanto se entregou,
O pesadelo insano já domou
E torna a minha noite menos tensa.

Felicidade agora segue imensa
Tristeza no meu peito, enfim passou,
Vivendo tão somente o que restou
A sorte de sonhar se mostra intensa.

O quanto te desejo nunca nego,
Andara tanto tempo amargo e cego
Agora me permito ser feliz.

Vencendo toda forma de tristeza
Coloco este banquete sobre a mesa
Prenunciando o bem que tanto quis...


308


Prenunciando o bem que tanto quis
O vento benfazejo da esperança
Permite que eu me mostre mais feliz
Na força que se dá tal contradança.

Olhar que num desejo já descansa
Adentra toda a sala enquanto diz
Do quanto é necessária a noite mansa,
Dourando em nossa cama, mais e bis.

Deslizes cometidos no passado,
Jogados na janela dos enganos.
Os cantos que se mostram soberanos

Mudando num momento a sina, o fado
Vagando pela noite, temerários,
Assim como os cometas libertários.
Publicado em: 14/02/2008 20:38:47
Última alteração:22/10/2008 17:45:58


EU TE AMO!! Coroa de Sonetos 23
O amor não se permite prisioneiro.
Um canto libertário se faz mote
Além do que pensara costumeiro
Na fonte que jamais aqui se esgote

Insaciável, busco a cada dia
Matar esta vontade que não cessa;
Deixando bem distante uma agonia
Roubando de teus olhos tal promessa.

Arcanas emoções, velhos caminhos,
Partícipes da festa que hoje eu vejo,
Em meio aos mais suaves, doces vinhos,
Nas mãos imprescindíveis do desejo

Num balé sensual, a noite passa,
No corpo da mulher beleza e graça.


310


No corpo da mulher; beleza e graça
Em sutis sensações doce delírio.
A mão que me acarinha e que me abraça
Impede em minha vida algum martírio.

Estradas que procuro em noite imensa,
Vestígios espalhados pelo chão.
Amor desafiando qualquer crença
Permite a mais sublime louvação.

No ser que se fez deusa enquanto Musa,
Segredos desvendados, sonhos feitos.
Do gozo imaginável, amor abusa
E come sem limite tais confeitos.

Esplêndida manhã que se anuncia
Impávida impressão de calmaria...


311


Impávida impressão de calmaria
Mostrando quão possível ser feliz.
O Amor ao espalhar farta alegria
Expressa o que emoção há tempos diz.

Cardumes constelares vão passando
Em noite iluminada, brilho farto.
A sensação de paz já nos tomando
Transmite esta esperança como um parto.

Colecionara dores, tristes sonhos,
Refém de uma amargura hereditária,
Olhares sem destino, vis, tristonhos,
Vivendo tão somente como um pária.

Nas mãos tão delicadas de um amor,
Novo caminho e rumo a se compor...

312



Novo caminho e rumo a se compor
Mudando a direção de antigos ventos.
Esperança entornando em cada flor
As cores dos sublimes sentimentos...

Nas tendas, nos luares e varandas,
Guarida que encontrei, braços serenos;
Meus sonhos e destinos, tu comandas,
Promessa de outros dias mais amenos.

Assim, ao te seguir eu me encontrei,
Legando ao meu passado a dor atroz.
Recolho em minha estrada o que plantei
Amor fortalecendo nossos nós.

Depois de tanto tempo, este eremita,
Percebe a vida calma e mais bonita...

313


Percebe a vida calma e mais bonita
Um velho trovador em versos mansos.
Já tendo todo o sonho em que acredita
Descansa toda noite em teus remansos.

No colo da mulher tão desejada
Uma certeza imensa se descreve,
A boca mais suave a ser beijada
Calando dentro em mim inverno e neve.

A vida me trazendo o refrigério
Que tanto procurara, há tanto tempo.
Desejo se tornando firme, férreo
Vencendo qualquer medo ou contratempo.

Semeias esperança em meu caminho
Inebriante sonho, um raro vinho...

314


Inebriante sonho, um raro vinho,
Melíflua sensação de gozo pleno.
Chegando em minha vida de mansinho,
Um mundo tão suave e mais ameno.

Descrevo em ti meu sonho predileto,
Alvissareira luz que imaginara,
A cada nova noite eu me completo
Tocando a bela estrela, imensa e rara.

Jogada pelos cantos deste quarto,
Saudade se esvaindo pouco a pouco.
Da sílfide perfeita eu não me aparto,
À dor os meus ouvidos são de mouco.

Néons vão clareando os passos teus,
Deixando para trás qualquer adeus...


315


Deixando para trás qualquer adeus
Do quanto que pensara nada ter,
Ao ver esta beleza imersa em breus
Refaço minhas ganas de prazer.

Outrora, a insegurança me impedira
De ver a luz após a tempestade.
Olhar do amor, farol, luzente pira
Mudando todo o rumo, claridade.

Nascido entre calcários e resinas,
Estrumes como adubo da minha alma.
Num átimo, tu vens e descortinas
Depois do vendaval sublime calma.

Assim, repondo o trilho de meus dias,
Encontro ancoradouro d’alegrias...

316

Encontro ancoradouro d’alegrias
No porto feito em braços, luz e glória
Vencendo as noites frágeis e tão frias
Bebendo com prazer cada vitória

Estendo os meus tapetes da esperança
Ardentes emoções se revezando,
O mar que se mostrou em temperança
Aos poucos minha vida vai tomando.

O quanto eu te desejo e não me canso
De ver a cada sol o teu olhar,
Um dia se prepara cedo manso
Bordando no meu céu lume solar.

Assinas com teus lábios tal promessa,
O tempo de sonhar já recomeça...


317


O tempo de sonhar já recomeça!
Quem dera se eu pudesse plenamente
Fazer de uma emoção sublime peça
Que impeça o sofrimento novamente.

Demente fantasia que eu criara,
Espreita que jamais se confirmou,
O bote da tristeza desampara
Matando o que inda resto do que sou.

Vivendo por viver, o tempo passa,
Girando em carrossel noites e dias.
A sorte pouco a pouco se esfumaça
Entregue às mais ignaras utopias.

Decifro os seus sinais; sou devorado.
Cadáveres que trago do passado...


318


Cadáveres que trago do passado
Entranham nos meus versos, degeneram.
O quanto que pensara fosse um brado
Agora os sons diversos desesperam.

Carcaças espalhadas pelas ruas,
Na mendicância crua, esparramada.
Enquanto mansamente continuas,
Não resta dos meus sonhos quase nada.

Apenas um sepulcro dentro da alma,
Vestígios do que fomos, vãos carinhos.
Colecionando dores, vivo o trauma
Da solidão imensa em nossos ninhos.

Assídua tempestade não se vai,
A tela ao fim da peça nunca cai...

319

A tela ao fim da peça nunca cai,
Palhaço agonizando no cenário.
O velho que pensara samurai
Não passa de imbecil ser temerário.

Algozes dos meus sonhos, os teus lábios
Ressecam com sarcasmo uma ilusão.
A frota sem destino ou astrolábios
Promete neste inferno, atracação.

O inverno recomeça a cada dia,
Amanhecendo em névoas, morto o sol.
Apenas me restou melancolia
A seca vai tomando este arrebol.

As garças vão embora, nada resta,
A solidão adentra em cada fresta...


320




A solidão adentra em cada fresta
Inundando de lágrimas a casa.
Nos olhos revolvidos em tempesta
O tempo nunca passa e já se atrasa.

A brasa que se esvai em fogo lento,
Matando uma provável esperança;
Mergulho no vazio e sempre tento
Inútil sensação de uma aliança

Sem álibi que possa me salvar
Estendo os meus olhares na varanda,
A noite vai passando devagar,
O passo sem destino assim desanda

E tudo o que pensara ser feliz,
No esgoto se perdendo, contradiz...


321


No esgoto se perdendo, contradiz,
Histórias que pensara serem belas,
O tempo devorando e por um triz
O barco inda mantém algumas velas.

Revelas o que queres, negação.
Ações intempestivas, derrocada.
Aos poucos vou perdendo todo o chão
Caminho em direção ao mesmo nada

Que um dia retratara minha vida.
Na tímida ilusão, ingênuos risos,
A faca aprofundando tal ferida,
A morte vem chegando sem avisos.

Quem sabe no final alguma luz.
Cicatrizando uma alma feita em pus...

322


Cicatrizando uma alma feita em pus
O fardo se tornara bem mais leve,
À transgressão insana já me opus,
Porém amor sem tréguas já se atreve

E rouba cada gota desta chuva,
Formando com mil lágrimas o açude
Cabendo nos meus sonhos como luva,
Mudando de repente uma atitude

Outrora tão passiva e mais pacata,
Num ato de rebelde insanidade.
O laço num instante se desata
Trazendo em ar mais puro, a liberdade.

Aprendo num momento alvissareiro:
O amor não se permite prisioneiro.
Publicado em: 16/02/2008 13:48:27
Última alteração:22/10/2008 17:45:55


EU TE AMO!! coroa de sonetos 24
323


Na amargura sem par dos solitários
Segui por tanto tempo em minha vida,
Os olhos se tornando temerários
Distantes da emoção de uma saída.

Esgueiro pelas ruas, vou sem nexo,
Caminho entre mortalhas e sarjetas,
O quanto amar se mostra mais complexo
Em tramas imperfeitas e incompletas

Peçonhas encontradas em sorrisos,
Venais espectadores destes sonhos,
Minha alma se esparrama em falsos guizos,
Saltimbancos vorazes e medonhos.

Enfadonhos os dias se sucedem,
As mãos seguem vazias, nada pedem...


324


As mãos seguem vazias, nada pedem,
Esperam tão somente por milagres.
Dos sonhos que já tive, as bases cedem
Meus vinhos se transformam em vinagres.

A carne se esvaindo em tantas rugas,
A porta se fechando a cada dia.
Impossibilitando minhas fugas,
Amordaçando a voz da poesia.

Catando o que restara, assim de mim,
Encontro meus escombros nas caladas.
Não tendo primavera em meu jardim,
As roupas da esperança estão mofadas.

O riso em ironia de um canalha,
Tomando a minha senda já se espalha...


325


Tomando a minha senda já se espalha
Amarga e tão temível, dura praga,
No fio em que se mostra tal navalha,
A mão que me tortura, vem e afaga.

A saga continua a cada dia,
Arcando com meu peso, não sustento
O sonho de beber da fantasia
Morrendo, vai matando o sentimento.

Esboço, ao fim, alguma reação
Mas nada impedirá terrível sorte,
A vida me tomando em podridão
Prepara sutilmente a minha morte.

A flor que sem pendão jamais granou,
Apenas, os desertos espalhou...

326


Apenas os desertos espalhou
Os olhos de quem marca a primavera
Na seca que decerto nos tomou,
O gesto incoercível desta fera.

Caminha sutilmente e de tocaia
Espreita cada passo que se dá.
Armadilha na qual a sorte traia
Tocando a minha vida desde já

Jazendo pouco a pouco, uma esperança
Expressa em ironias, cada lavra.
A maldição mais sórdida me alcança
Avinagrando assim, minha palavra.

Sou menos do que pude imaginar,
Mortalha abandonada em preamar...

327


Mortalha abandonada em preamar
Jogada em plena areia, vai e volta.
Numa onda interminável viajar
Na imensidão do mar, noite revolta.

Estrelas espiando este cenário
Das dores entranhadas numa praia.
No canto tão amargo e solitário
A morte se aproxima e de tocaia

Espera um derradeiro brado agônico
Carcome uma esperança relutante.
A voz vai se perdendo e quase afônico
Esperança se esvai no mesmo instante.

Agora que não restam ilusões
Dominam, tal cenário, as solidões...

328


Dominam, tal cenário, as solidões,
Emoldurando as telas, o vazio.
Rolando pelas trevas, amplidões
Fantasmas que imagino, cedo crio.

Arrasto pelos pés, duras correntes,
Estrangulando os sonhos que tivera,
Os gritos desumanos e dementes
Prenunciando a vinda desta fera.

Refúgios renegados já faz tempo,
Apenas o silêncio ainda eu ouço
Reflexos da vida em contratempo
Do parapeito entranho o calabouço

Bem antes que esperança me socorra,
Adentro a profundeza da masmorra...

329


Adentro a profundeza da masmorra,
Levado pelos braços da saudade.
Imagem do que tive já se borra
Amortalhando assim a claridade.

O quanto amor se fez autofagia,
Estremas as unções que tu me destes,
Carpindo as mais sinceras fantasias,
Epidêmicas dores, velhas pestes.

Um mantra repetido à exaustão
Um dia prometera nova sorte.
Saudade do que fora uma ilusão
Condena uma esperança, assim à morte.

O pátio dos meus sonhos vai vazio,
Mergulho no passado, insano e frio...


330


Mergulho no passado, insano e frio
Estendo uma saudade no varal,
Recolho cada gota do vazio
Que um dia transbordou neste embornal.

A vida escarifica pouco a pouco
Aumenta esta ferida no meu peito,
O grito que se faz audaz e rouco
Estronda tão distante e nega o preito.

Argúcia se mostrando sempre inútil,
Escancarando a face desumana
Do tempo que se molda insano e fútil
Matando ao mesmo tempo desengana.

Soprando sobre nós a tempestade
Formada pelas chagas da saudade...


331


Formada pelas chagas da saudade
Mortalha que me cobre em noite escura,
A mão de quem se deu em falsidade
Durante a vida inteira me procura

E rasga, num momento, uma esperança

Vendendo seus pedaços numa esquina.
O medo de sonhar, quando me alcança
Um pouco do que resta inda extermina.

Minando uma existência outrora em paz,
Fadando a minha senda ao desengano,
Farrapos do que fui; saudade traz,
Num ato em desvario, desumano.

A morte da alegria assim tecida,
Tomando todo o céu de minha vida.

332

Tomando todo o céu de minha vida
As nuvens vão negando uma esperança.
A sanha há tanto tempo decidida
Esfarrapando o sonho, já me cansa.

O quase que domina minha história,
Descreve em solidão tudo que tive.
Por puro regozijo da memória
Refaço estes caminhos onde estive.

Migalhas de alegrias relembradas,
Aumentam dissabores, amarguras,
As esperanças todas já logradas
Entranham nos meus olhos tais torturas.

Somando o nada ao nada que me dás,
O fogo da saudade é mais audaz...


333


O fogo da saudade é mais audaz,
Não deixa sobrevir qualquer concórdia.
Enquanto a solidão amarga traz
A vida sem mudanças, monocórdia.

Ardendo nos meus olhos tal fumaça
Que enquanto não cessar o fogaréu
Aos poucos o que resta, assim esgarça
Fadando à treva imensa, este meu céu.

A carapuça agora já me cabe,
Não tenho outras palavras por dizer,
Bem antes que o castelo, enfim desabe,
Quem sabe, tenho a sorte de morrer.

Vivendo na mais frágil frialdade,
A pele se esvaindo na saudade...


334


A pele se esvaindo na saudade,
Expõe minhas entranhas, vagos lumes.
Carpindo a perda amarga, na verdade
A vida não me traz qualquer perfume.

Abutres vão fazendo os seus repastos
No corpo carcomido, entregue às moscas.
Sonhara com amores puros castos,
As luzes se tornaram bem mais foscas.

O beijo da pantera ao fim do dia,
Gargalha em ironia, extasiada.
Do quanto que pensara em fantasia
Não sobra, com certeza, quase nada

Somente um gesto antigo e renitente,
Expressa alguma luz neste poente...

335


Expressa alguma luz neste poente
Os olhos de uma amiga, coisa rara.
O quanto em vida fora um penitente
Ao final desta história a mão ampara.

Tragado pelo mar, redemoinhos,
Entregue a mais completa solidão.
Na ausência tão perene de carinhos
Acostumado ao mesmo, eterno não.

Eu vejo uma esperança que se forma
No vento da amizade benfazeja.
No peito prometendo uma reforma,
A luz tão delicada em que se veja

O brilho redentor da liberdade,
No olhar tão sedutor de uma amizade...

336

No olhar tão sedutor de uma amizade
Minha última esperança de vitória.
Quem sabe no final, tranqüilidade
Refaça todo o rumo desta história.

Imerso em noite negra eu não previra
As tramas tão sutis, inesperadas,
Por mais que eu sei que o mundo sempre gira
Não pude perceber novas estradas

Que foram se formando em meus caminhos,
Unindo nossas mãos, fortalecendo.
Ao ver que assim tirávamos espinhos
Um canto mais suave se tecendo.

Adentram nossos sonhos solidários,
Na amargura sem par dos solitários.
Publicado em: 16/02/2008 15:40:29
Última alteração:22/10/2008 17:22:33


EU TE AMO!! coroa de sonetos 25
337


Eu bebo desta fonte noite e dia-
Insânia com carinhos misturada
Ferrolho que emoção decerto abria
Imagem que restou; imaculada.

O verso em que desenho o meu futuro
Esbarra numa métrica infeliz.
O chão vai se moldando árido e duro
Residual desejo que ontem quis

As cinzas do cigarro se espalhando
Nos céus que imaginara serem nossos.
Migalhas do que eu quero vão tomando
O quanto são profundos velhos poços

A lua que se fora enamorada
Dormita em noite vã, fria e nublada...


338

Dormita em noite vã, fria e nublada
Aquela que se fez minha esperança,
História há tanto tempo mal forjada
Deixando uma poeira na lembrança

Do pó no qual amor ora se fez
O risco de tropeço é inerente.
O fardo tão pesado, insensatez,
É tudo o que se tem; o que se sente.

Estendo ao infinito os meus olhares
Enfronho a solidão neste horizonte.
Aonde eu percebi que tu locares
O sonho; já secou a antiga fonte

Que eu sei, pressagiara uma ilusão,
Amor em amplitude, ao rés do chão...

339


Amor em amplitude, ao rés do chão,
Expira se não for tão bem cuidado,
Saudade vem florindo este botão
Perfumes se aproximam, lado a lado.

O Fado sem enfado nos permite
Viés em positivas referências.
Espera que ao amor já se credite
Calando as mais prováveis insolvências.

Sorvendo cada gota deste sonho,
Nas fráguas estelares eu navego,
Meu barco nestas frotas logo eu ponho
Mudando este destino em duplo cego

Agora que conheço tuas trilhas,
Renego as incertezas, andarilhas...

340


Renego as incertezas, andarilhas,
Acendo, com firmeza este farol,
Depois de navegar distantes ilhas
Aporto à maravilha de um atol,

Legando ao meu passado tais naufrágios
Expressas ilusões de um peito só.
Amor agora paga com mil ágios
Fazendo-me surgir do amargo pó.

Matéria que se fez outrora bruta,
Agora lapidada e cristalina
Mostrando-se deveras tão arguta
Cenário em cores claras já domina.

Elaborando um novo alvorecer
Emaranhando em nós, todo o prazer...

341



Emaranhando em nós, todo o prazer
O jogo vai chegando a um termo bom.
Apaziguados, ambos podem ver
O céu se matizando em manso tom.

Aromas que penetram as narinas
De flores tão diversas, perfumosas.
Enquanto tu seduzes, já dominas
Cevando noites belas, maviosas.

Amor em total brilho e com presteza
Não deixa mais sequer que alguém duvide
Da força que ao vencer a correnteza
A sorte em um momento assim decide.

Expresso em cada verso esta verdade:
Amor em plena paz traz liberdade.

342


Amor em plena paz traz liberdade.
Rompendo estas algemas, peito aberto,
Encaro a mais temível tempestade
Aguando de esperanças meu deserto.

Numa expressão comum, mas verdadeira
Uma união permite a fortaleza
Quem tem esta certeza por bandeira
Já sabe que quem ama não despreza

Todo o poder que vem desta emoção,
Louvando assim por certo, o poderio
Do quanto em artimanhas, tal paixão
Aquece e desfigura qualquer frio.

Soando como voz mais libertária
Às vezes é cruel, totalitária...


343

Às vezes é cruel, totalitária,
A mão que nos permite caminhar.
Por vezes nossa amiga ou adversária
Estende enquanto nega este luar.

Aragens tão diversas e complexas,
Extremas emoções se perfilando.
Em formas muitas vezes desconexas
Ódio e paixão um fogo ardente e brando.

Altar vezes profano, outras sagrado,
Espúrias indigências, mil tesouros,
Desértica presença em rico brado,
Efêmeros momentos duradouros.

No sim que se redoma em negação
Antíteses expressam a paixão...

344


Antíteses expressam a paixão!
Metade que te adora já sorri
Enquanto em outra parte a negação
Traduz o que em verdade concebi.

Não quero e te desejo a cada instante
Renego tua luz, mas sou falena.
O vento que me tortura num instante
Esconde a brisa mansa e tão serena.

Fartura traz a seca e me deserta,
Fragilidade emprega força imensa;
Estrada sonegada vai aberta
Na fome que se aplaca, a recompensa.

Neste agridoce fruto sobre a mesa,
Delícia que se toma em incerteza...


345


Delícia que se toma em incerteza
Um indomável sonho que aprisiona
Em supetão impede uma defesa
Ao mesmo tempo doma e se faz dona

Do quanto que inda tenho de só meu,
Paixão não quer saber, inda duvida.
De tudo que tivera e se perdeu,
Não quer e nem permite que divida.

As dívidas pagando com meu sangue,
O gosto quase podre da maçã.
A praia se perdendo neste mangue
Bendita solução para o amanhã;

Na mansa corredeira uma explosão,
Causando a mais feroz inundação.

346


Causando a mais feroz inundação
O que era gotejar já se transforma
A vida não detém tal furacão
Que muda num momento a sua forma

E o que era placidez não mais comporta
Ebulição extrema rompe o cais,
Abrindo em supetão, arromba a porta
Em pânicos divinos, sensuais.

O quanto que se entorna eu não duvido
O amor quando em total efervescência
Expandindo o arrebol com alarido
Mostrando a mais cruel, viva potência.

No fogo que se faz tão inclemente,
Conturba enquanto acalma toda a gente...

347


Conturba enquanto acalma toda a gente
O corte tão suave da navalha
O fogo que se mostra de repente
Num momento maior assim se espalha.

Não vendo sequer credo, cor ou raça
Amor é tempestade redentora.
Vigia enquanto toma toda a praça
Felicidade intensa e sofredora.

Algoz que amaciando nos domina,
Estrela desabada em noite escura;
Transborda em mar imenso a calma mina,
Amaciando a pedra outrora dura.

Amor sem ter juízo, em sanidade
Permite que se mude a humanidade...


348

Permite que se mude a humanidade
O braço mais suave de quem toca
Ao transmitir amor em amizade,
Exprime a sutileza desta troca

Na qual os vencedores são os dois,
Sem termos de vitória ou redenção.
A glória se mostrando no depois
Expressa a maravilha do perdão

A face carcomida da mentira
Toda excrescência podre da vaidade,
Ao pélago profundo amor atira
Sobrando tão somente uma amizade.

O quanto que é preciso ser feliz,
Apenas amizade sabe e diz..


349

Apenas amizade sabe e diz
Do jogo que se faz mais envolvente
A vida se permite ao aprendiz
Mostrando o que se quer, após, da gente.

A par destes caminhos, sigo ereto
Bebendo em cada fonte água mais pura.
Amor já não suporta qualquer veto,
É feito em perfeição quando em ternura.

Aprendo a cada dia mais um pouco,
É necessário sempre estar atento.
A solidão de um brado quase rouco
Condena uma esperança ao sofrimento.

Por isso, minha amiga, amada amante
Espalhe em teu caminho um diamante...

350



Espalhe em teu caminho um diamante
E faça deste sol teu companheiro.
O brilho que se mostra num instante
Permite que se aqueça o mundo inteiro.

Assim ao perceber quanta beleza
Espelha-se em teu rosto tu verás,
A força natural da correnteza
Trazendo para todos nós, a paz.

E nela uma verdade imorredoura
A mais sublime glória se pressente
Na luz que nos suprime enquanto doura
Mostrando quanto amor se faz urgente

Sabendo do poder da fantasia.
Eu bebo desta fonte noite e dia
Publicado em: 16/02/2008 18:06:35
Última alteração:22/10/2008 17:23:00


EU TE AMO!! coroa de sonetos 26
351


E dela num mergulho alvissareiro;
Estrelas que dominam céu e mar,
O canto de promessa é verdadeiro
O derradeiro gesto diz amar.

Empresto o coração ao sonho leve
De quem em tantas vezes foi sutil,
A mão que te acarinha, que te enleve
E leve o que se mostre mais gentil.

Nas tílias e verbenas, o jardim,
Forrando os nossos sonhos em mil cores,
Vicejam; sobretudo, dentro em mim
As mais divinas belas, raras flores

Espalham tal aroma que inebria
Espelha o nosso amor, plena alegria...

352


Espelha o nosso amor, plena alegria.
Há tanto que desejo esta verdade.
A noite em que mergulho, outrora fria,
Inexpressiva fonte de saudade

Agora modifica tal enredo
E deixa que se veja um novo sol.
Amor ao perceber este segredo
Acende em nossa vida o seu farol.

Ancoro meu navio neste porto,
Fomento uma ilusão que não mais cessa.
O mar que outrora fora ledo e morto
Encharca a minha vida na promessa

Da enorme fantasia que alimenta
Acalmando a amargura, violenta...

353


Acalmando a amargura, violenta,
Meus dias serão mansos, nisso eu creio.
A força dominante que apascenta
Percebe e reconhece logo o veio

Aonde ao derramar as fartas luzes
Os olhos da esperança vão sublimes,
No quanto dentro da alma reproduzes
É tudo na verdade o que suprimes.

O pranto que se seca com carinhos
Ainda nos permite ver o sol.
Tomando em amizade estes caminhos
O brilho dominando este arrebol.

Esqueça toda a mágoa que tiver.
Felicidade é tudo o que se quer...


354

Felicidade é tudo o que se quer!
Certeza; eu tenho disso e não discuto,
Nos braços carinhosos da mulher
A calma que apascenta um fero bruto.

O regozijo imenso que se dá
Vencendo hostilidades inerentes
Querendo e conseguindo desde já
Além do que pensaras ou pressentes.

Presentes em meus dias corriqueiros,
Estradas vicinais vão se estreitando
Nos olhos destes mansos mensageiros
O mundo sem angústia nos cercando.

Em plena sensação de uma harmonia
Eu louvo o nosso amor em cantoria..

355



Eu louvo o nosso amor em cantoria
E faço os versos todos em repente.
O amor ao transbordar tanta euforia
Percebe e me concede estar contente.

Amor nunca se aprende num colégio,
É força que, inerente, já nos doma.
Amar não poder ser um sacrilégio
Em desamor se faz uma redoma

Que impede qualquer vento, qualquer brilho,
Matando uma esperança no marasmo.
Permita-me seguir teu passo e trilho,
Certeza de vibrarmos num orgasmo

A glória deste encanto que sem fim,
Apoderou-se inteiro, já de mim...

356



Apoderou-se inteiro, já de mim
O sentimento nobre e soberano,
Tomando em redenção o meu jardim,
Professa um canto ameno sem engano.

Celebro a cada noite em harmonia
Bebendo desta fonte cristalina.
Concebo fielmente tal magia
Que emana deste amor e nos domina.

Carrego nos meus lábios a lembrança
De cada beijo dado em noite clara,
A vida se fazendo em temperança
A quem andara só, decerto ampara.

Secando cada lágrima, um sorriso
De toda a sorte e glória, um doce aviso...

357

De toda a sorte e glória, um doce aviso
Chegando calmamente à nossa casa.
O vento da esperança é mais preciso
Mantendo sempre acesa cada chama.

Partilhas que se fazem são promessas
De um tempo em que virá tanta fartura.
No quanto que tu sabes e professas
A cada novo dia, com candura.

Uma amizade mostra quanto é belo
O caminhar sem medo ou aflição.
Expia com carinhos tal flagelo
Que causa a mais cruel arribação

Dos sonhos e dos risos mais gentis,
Mostrando que é possível ser feliz.


358



Mostrando que é possível ser feliz
Estendo uma esperança na varanda.
A sorte benfazeja já condiz
Com toda esta alegria que comanda

O sonho de um eterno trovador
Enamorado ser que não se cansa
De sempre revelar o bem do amor
Trazendo a vida calma e sempre mansa.

Por isso, num repente eu tanto falo
Do quanto necessito deste bem.
Eu quero ser cativo, e teu vassalo
Sabendo quando o sonho, agora tem

De uma realidade promissora
Vivendo toda a sorte desde agora.


359



Vivendo toda a sorte desde agora
Eu deixo para trás o que sofrera,
A força da alegria revigora
Apascentando a dor, temível fera.

No gesto mais amável a conquista
De toda a fantasia em brado forte.
O quanto em amizade já se avista
Um novo caminhar, um manso norte.

Assim entre as montanhas, cordilheiras,
Encontro um vale imenso em placidez.
De todas as terríveis bandalheiras
A paz tão esperada já se fez.

O quanto és minha amiga me permite
Sonhar o que se quer e se acredite...

360




Sonhar o que se quer e se acredite
É tudo o que mais quero em minha vida.
Vivendo a cada dia sem limite
Eternidade, a meta a ser cumprida.

Mesclando mil sabores eu entendo
Que tudo pode ser tão diferente,
Futuro mais pacífico; estou vendo
Rondando em calmaria toda a gente

Que deixa-se levar por um segundo
Nos braços deste sonho imaculado.
Numa extensão que englobe todo mundo
O bem que se professa, demonstrado.

Compartilhando assim, da claridade,
Entendo a salvação feita amizade...


361


Entendo a salvação feita amizade
Que possa em sintonia nos mostrar
O rumo em que se quer felicidade
Toando um sonho bom de se sonhar.

Janelas do meu peito sempre abertas
Permitem que eu entenda toda a luz
Rasgando das tristezas as cobertas
Alerta em paz intensa reproduz

O som que antes ouvira tão somente
Na boca de uma mãe extasiada,
Uma expressão divina que contente
A sorte que se mostra delicada.

Assim nesta corrente interminável
O mundo pode ser bem mais amável...

362

O mundo pode ser bem mais amável
Se todos perceberem quanto é bom,
Um novo amanhecer mais confiável
Cantando toda a Terra em mesmo tom.

Diversidades tolas esquecidas,
Vencidos preconceitos idiotas.
Abrindo com certeza em nossas vidas
De todas as barragens, as compotas

Assim quem sabe um dia se perceba
O quanto o ser humano se faz frágil
Por mais que em toda glória se embebeda
Apenas o amor cessa o naufrágio

Da espécie que se fez tão prepotente,
Mudando nossa história, de repente...


363

Mudando nossa história, de repente,
Um vento vem chegando de mansinho.
Necessidade mostra o quanto urgente
Cuidarmos com carinho deste ninho

Deixando como herança há tantos anos,
Ao ser que se pensara ser perfeito.
Soberba dominando os soberanos
Matando pouco a pouco e desse jeito

Apenas o vazio sobrevive
À fome insaciável desta fera
Que em nós, tenha a certeza sempre vive
Negando aos nossos filhos, primavera.

Poder ensandecido do dinheiro,
No orgulho que se mostra corriqueiro.


364


No orgulho que se mostra corriqueiro
O canto se tornando melancólico
Do outrora sentimento lisonjeiro –
Passado com certeza mais bucólico-

Não resta sequer sombra e nem resquícios
Do quanto fomos filhos mais gentis.
Agora em nossos olhos tantos vícios
Tornando-nos decerto bem mais vis

Eu vejo um fim cruel a quem não sabe
Beber da farta fonte da amizade.
E antes que esperança já desabe
Permita-se viver felicidade

Ao conhecer a paz, bem verdadeiro,
E dela num mergulho alvissareiro.
Publicado em: 16/02/2008 19:55:13
Última alteração:22/10/2008 17:23:05



EU TE AMO!! coroa de sonetos 27
365


Surgindo nos meus olhos, poesia,
Espalho um canto alegre pelos ares.
Viceja toda a glória que se erguia
Cevando em fantasia estes pomares.

Crivando em luzes calmas passos claros,
Estende ao infinito, o pensamento,
Momentos mais felizes são tão raros,
Vivamos, pois o pleno sentimento

O quase tantas vezes foi meu hino.
Num estribilho insano e dolorido.
Agora ao perceber amor-menino
Destino do teu lado está cumprido.

Sou teu e nada mais importará
Te quero a cada instante, desde já...

366

Te quero a cada instante, desde já;
Vencendo qualquer curva que vier,
O canto que decerto nos trará
Beleza em raridade que puder

Sementes espalhadas nos canteiros,
Uma esperança sempre renovada,
Os dias que virão; alvissareiros,
Deixando para trás a curva, estrada.

No sopro tão bendito do amor pleno,
Sinceridade espelha o que nos toma.
Sentindo a doce aragem de um sereno,
Na fruta do prazer que já se coma

Resumos de momentos tão perfeitos,
Os rios vão seguindo mansos leitos...


367


Os rios vão seguindo mansos leitos
Deixando as cachoeiras para trás.
De todos os problemas já refeitos
Colhemos toda a luz que amor nos traz.

Celestes movimentos são eternos
E neles nosso amor se refletindo.
Distantes, bem distantes os invernos
No sol que sem limites vem surgindo

Forrando estas manhãs em claridade,
Nos lumes de teus olhos, meus faróis.
Além do que sonhei, tranqüilidade
Espalha em nossos dias, girassóis.

Um carrossel de sonhos anuncia
O amor que se refaz a cada dia...


368


O amor que se refaz a cada dia
Está na poesia, em cada canto,
Versando sobre toda esta alquimia
Traduzo em cada verso meu encanto.

Poreja em minha vida a luz sublime
Do quase que perdi, agora eu tenho.
Além de todo o sonho que se estime,
A vida se permite tem tal engenho

Riscando em nossos dias perfeição.
Nos traços em que vejo o florescer
Nas flóreas sendas tenho esta impressão
Perfume de alegrias e prazer

Deitando sobre nós o brilho mágico
Matando o que se fora, outrora trágico...


369

Matando o que se fora, outrora trágico
Um sonho que se fez audaz e insano,
Do quanto tive em vida um momento álgico
Coberto em solidão e desengano

Agora viro a página, em tão cálido
Caminho transformado em solução.
O céu que já nascera vago e pálido
Promete ao renascer uma explosão.

Do quanto amor se mostra enfim, mimético
Eu vejo o meu reflexo num mosaico.
Recebo este arejar doce e poético
Deixando o sofrimento vil e arcaico

Guardado num recanto e ali atônico
Calado pelo encanto – amor harmônico...

370



Calado pelo encanto – amor harmônico,
O verso que se fez em pessimismo.
O brado em solidão morrendo afônico,
Amor causando em nós um cataclismo.

Furores sem limites, fogaréu,
Ardências e calores, jogo feito.
Aladas fantasias, risco e céu.
Floradas de esperança no meu peito

Alcanço o que queria e desejava
Embora a lava queime nossos pés,
O quanto tantas vezes procurava,
Em sonhos, catedrais, altares, sés

Debulho os nossos ritos, faço a festa
O quanto ser feliz é o que nos resta.


371

O quanto ser feliz é o que nos resta
Amor já não suporta qualquer baque.
Toda felicidade a que se empresta
Não veste black tie, tampouco fraque

Amor sem ser de araque é sempre assim,
Faz festa tão somente por poder
Viver o que melhor encontro em mim,
Sem medo de ganhar ou de perder.

Acendo o quanto quer a cada instante,
Não teme as curvas, tolas, bebe espinho.
Em si, amor se mostra triunfante
Produz e se inebria em puro vinho

As vinhas de um amor; esteja certa
São feitas no lençol sob a coberta...


372

São feitas no lençol sob a coberta;
As tramas de um desejo que não cessa,
A porta quando está decerto aberta
Garante o cumprimento da promessa.

Bebericando o gozo ensandecido,
Acesas as fornalhas, não descanso.
Prazer que só é bom se dividido,
Depois de toda festa traz remanso.

No colo da mulher enamorada,
Nos seios e na boca, sem mistérios,
A noite desenhando a madrugada
Forrando em nossos sonhos, mil impérios.

As pernas e as vontades confundidas
Garantem em loucuras, nossas vidas...


373

Garantem em loucuras, nossas vidas;
As velhas serventias desta cama,
Nas nossas emoções já repartidas
A garantia prévia que nos chama.

Um dia abençoado, raro e belo.
Depois de tantos medos no passado,
Permite que se possa recebê-lo,
Amor em raio intenso demarcado.

Não tenho mais sequer ansiedade,
Nem mesmo algum resquício de uma mágoa,
Tocado pela força em tempestade,
Inundo o coração com a farta água

Bendita pelo amor que se faz veio
Dizendo tão somente por que veio...


374

Dizendo tão somente por que veio
Amor em nosso peito se deleita,
Vivendo sem destino e sem receio,
A gente se completa enquanto deita.

No quanto assim mergulho amor já sabe
E mostra toda a glória num segundo
Na vida de quem ama sempre cabe
O bem que se irradia pelo mundo.

Do jeito que vier, eu nada temo,
Estampo em meu sorriso, tal vitória
De todos os momentos, o supremo,
Transforma calmamente nossa história.

Assim, a cada dia, nova estrada
Expressa a noite imensa, enluarada.

375

Expressa a noite imensa, enluarada
O brilho sobre as flores no jardim,
Beleza que se mostra a cada estada
Do amor que sem limite existe em mim.

Floresce a cada sonho, uma esperança
Trazendo o teu perfume, rara flor.
O quanto que restou traz a lembrança
De um dia tão perfeito, encantador.

Canteiros entre belos colibris,
Expressam toda a sorte de viver.
Os lábios delicados e gentis,
Promessa de alegria e de prazer,

Cuidando tenramente, com carinho,
Afasto do rosal, qualquer espinho...


376


Afasto do rosal, qualquer espinho
Que possa macular teus pés tão belos.
O quanto tantas vezes fui sozinho
Arando em aridez sem ter rastelos

Castelos que criara, derrocados,
Apenas incertezas recolhidas.
Os versos que fizera, maltratados,
Expressam uma ausência de saídas.

Depois que pude ver tanta fartura
Nos braços da mulher que imaginara,
A mão que me acarinha em tal ternura
Permite que eu encontre em noite clara

A luz de uma fantástica emoção.
Carregue pelos céus, meu coração!

377


Carregue pelos céus, meu coração,
Levando assim, contigo uma esperança
De toda a mais perfeita tentação
Ao ter tua presença, a luz alcança

A dança que se faz em festa plena
Permite que se estenda sobre nós,
Beleza em que alegria nos acena
Deixando bem distante a dor atroz.

Amar é ser feliz? Às vezes sim.
Porém quando se trata de um tropeço
A luz vai se afastando, então de mim
Por mais que eu já repita: eu não mereço!

Amor com dor traz rima pobre e fria,
Matando toda a sorte que eu queria...

378

Matando toda a sorte que eu queria,
O coração se faz tão indefeso,
Não posso suportar tanta agonia
Trazida neste olhar, duro desprezo.

Se eu prezo o teu amor por que me negas?
Eu vivo tão somente por saber
O quanto caminhei sozinho às cegas
Na busca solitária por prazer

Depois de tanto tempo entregue ao nada,
Restando tão somente este vazio,
Adentro a mais dorida madrugada
E mesmo em tanta dor, um sonho eu crio,

De ter; junto contigo um novo dia,
Surgindo nos meus olhos, poesia...
Publicado em: 18/02/2008 19:48:46
Última alteração:22/10/2008 17:24:25


EU TE AMO!! coroa de sonetos 28
379


Fazendo rebrilhar um sonho bom
Depois da negra noite em minha vida,
Promessa de se ter em novo tom
Manhã tão benfazeja ressurgida.

Não sei o quanto tenho que sonhar
Tampouco quanto tenho que pedir,
O vento que chegando deste mar
Não pode na verdade me impedir

De ter um canto amigo e mais liberto
Vencendo as ventanias do passado.
O passo se promete ser decerto;
Mais firme; corajoso e delicado.

O coração outrora tão partido,
Nos laços da amizade, decidido!

380


Nos laços da amizade, decidido;
Percorro meus caminhos, passo a passo.
Andara solitário e combalido
Agora nos teus braços me refaço.

A dor de ter perdido, cedo, o rumo,
Levara o pensamento ao desespero
De toda esta emoção que em paz assumo,
A vida modifica o seu tempero.

Recebo o teu carinho, minha amiga,
E faço de meu verso este estandarte
Ao permitir que a sorte assim prossiga,
Eu sei quanto é possível, adorar-te.

Deixando o canto triste, amargurado,
Jogado em algum canto do passado...


381





Jogado em algum canto do passado,
O sofrimento morre em pura inveja,
Agora que eu tenho do meu lado,
Encontro toda a luz que se deseja,

Num beijo e num sorriso, doces méis
Em toda plenitude deste sonho
Vagando por estrelas os corcéis
Do amor que eu quero tanto e te proponho

Nos abraços tão quentes que trocamos,
Senti tua presença e teu perfume.
O quanto na verdade nos amamos,
Permite que se mostre em raro lume

A sorte tão sublime e desejada
Da vida que se sente, assim, amada...


382



Da vida que se sente, assim, amada
Recolho meus momentos mais felizes,
A lua se espalhando na calçada
Promete em profusão raros matizes.

Canções vão percorrendo nossos ares,
Mergulhos em fantástica alegria.
Aonde e da maneira que sonhares
De ti farei a minha estrela guia.

Carrego dentro em mim a tua luz
E dela faço o rumo de meus passos.
A solidão que fora algoz e cruz
Sucumbe, cedo, à força dos teus braços.

É bom gritar ao mundo que hoje és minha.
Minha alma na tua alma já se aninha...

383


Minha alma na tua alma já se aninha,
Roçando com fervor os meus sentidos.
Não quero uma esperança assim sozinha
Morrendo entre mil beijos já perdidos.

Eu sinto que talvez possa sonhar
Depois de tantos anos pesadelos
Tocando a tua pele devagar,
Roçando com meus lábios teus cabelos

Sentindo o teu aroma inesquecível,
As peles que se encontram, mil promessas,
Deixando no passado, a dor incrível
Em noites tão vazias quão possessas.

Somando nossas forças, posso crer
Num novo e mavioso alvorecer...


384


Num novo e mavioso alvorecer,
A vida prometera um paraíso,
Porém na madrugada eu pude ver
Um passo tão difícil e impreciso

De quem eu aprendera, num momento
Falar em paz imensa e sedução.
O fogo que queimara embora lento
Um dia talvez fosse qual vulcão.

A noite que se fez então mais fria
Matou o que se quis e o que sonhei,
O dia renasceu sem poesia.
De tudo o que eu quisera, nada sei.

Distante do que eu pude imaginar,
Hoje eu decidi: vou te deixar!

385

Hoje eu decidi: vou te deixar
Liberta de qualquer algema e cruz,
Sabendo o quanto tenho pra te dar
Reconhecendo em ti a própria luz.

Amar é ser liberto, disso eu sei,
E tento conceber felicidade
Vivendo o que sei que viverei
Nos braços deste sonho em liberdade.

Que seja sempre assim o nosso amor,
Raiz que se permite florescer,
No encanto que se faz libertador
Vivenciando todo o bem querer

Sem medo, sem quimeras ou prisões,
Rompendo para sempre tais grilhões...

386


Rompendo para sempre tais grilhões
Que podem transtornar a caminhada,
Envolto nas sublimes sensações
Amor já não permite a derrocada.

Na calmaria a força da atitude
Que trama com pureza esta festança.
Amor quando perfeito em plenitude
Permite que se encontre a temperança.

Primeiro amor; ensaio para a peça
Uma obra prima sempre caprichosa
A cada temporada recomeça
A formidável cena fabulosa

Buscando em todo ensaio, a perfeição
Fantástico delírio em explosão...

387


Fantástico delírio em explosão
O que sinto por ti já me domina,
Amor trazendo sempre a perfeição
De todo o meu caminho, fonte e mina.

Viver o que pudesse enfim me dar
Um riso bem mais franco e mais sincero
Assim que eu conheci, pude notar
O quanto que eu desejo e agora quero

Aquela que se fez enamorada,
Rainha dos castelos que eu criei.
Mulher em raro brilho, enluarada,
Fazendo-me sentir, deveras, rei.

Eu te amo, simplesmente e nada mais.
Em ti tenho a certeza deste cais...

388




Em ti tenho a certeza deste cais
Que um dia fora sonho tão somente.
Vivendo estas promessas magistrais
Eu sinto que serei bem mais contente.

Juntando os pedacinhos do que somos,
Unindo nossos passos, posso crer
Que a fruta saborosa em tantos gomos
Agora no pomar vou recolher.

Bebendo deste sumo inigualável
Matando a minha sede neste pote.
Além do que pensara imaginável
Refaço em alegria um velho mote

Colando nossos corpos, o desejo
Guiando nossas vidas num lampejo...

389


Guiando nossas vidas num lampejo
O pensamento invade e num segundo
Formata toda a forma de desejo
Levando a sensação de um novo mundo.

Recebo o teu carinho a cada dia
Com toda uma emoção que nunca cessa.
Sangrando em nosso canto a poesia
Expressa toda a forma de promessa.

Revolve os sentimentos, trama o gozo
Encanta enquanto traça em nova senda
Um mundo com certeza mavioso,
Segredos da alegria, amor desvenda.

E saiba, neste sonho belo, intenso,
Apaixonadamente eu sempre penso...


390


Apaixonadamente eu sempre penso
No quanto eu poderia te dizer
Outrora solitário em mar imenso
Vazios já cansei de percorrer.

O verso que se fez enamorado
Deitando uma esperança no meu peito
Carpindo o quanto fora desgraçado
Morrendo pouco a pouco, insatisfeito.

Das rimas que encontrei: amor e dor,
A solidão rimando com paixão
Cenário que se mostra alentador
Nos olhos da mulher em sedução

Um canto mais ameno me dizia
O quanto eu quero ser a poesia.


391

O quanto eu quero ser a poesia.
Estende em nossa vida este tapete
Mudando todo o rumo, amor nos cria
Um sonho que eu bem sei não se repete;

Estrelas espalhadas no colchão
As luzes na ribalta da esperança
Rodando em carrossel tal turbilhão
Aos poucos consolida esta aliança

Sentir tua presença junto a mim,
É ser um ser liberto sem algemas.
Consigo conceber o amor enfim,
Distante das mentiras e dilemas.

Eu sinto o quanto é bom poder dizer
Do amor que nos emprenha de prazer...


392

Do amor que nos emprenha de prazer
Deixando a solidão audaz tão só,
O canto quando encanta deixa ver
Distante nesta estrada, todo o pó.

Um coração que fora solitário
Ao ter tanto carinho se refaz.
Do quanto o medo foi autoritário
Amor se fez presente e mais capaz.

A paz que ele professa se espalhando
Em todos os momentos, já permite
Viver além de tudo sempre e quando
Um mundo sem fronteias ou limite

A lua derramando argênteo tom
Fazendo rebrilhar um sonho bom.
Publicado em: 19/02/2008 04:01:28
Última alteração:22/10/2008 17:26:06
EU TE AMO!! coroa de sonetos 29
393


A lua se espalhando invade o dia
Formando com o sol, belo casal,
Forrando toda a Terra em poesia
Num gesto tão divino e magistral

Fomenta assim a sorte que se dá
A quem sempre deseja ser feliz.
Quem dera se eu tivesse desde já
Aquela que busquei e tanto quis.

Mulher da lua plena, rara estrela
Que brilha eternamente dentro em mim.
Vontade de poder sempre contê-la
Num sonho sem igual, tão belo assim.

Vivendo a fantasia, alegremente,
Manhã extasiante se pressente.


394

Manhã extasiante se pressente
Nos olhos da mulher maravilhosa
Que faz a minha vida ser contente
Estrela que me guia, fabulosa.

Plantando o coração em fértil solo,
Arando com cuidado e com firmeza
Amor quando em verdade não tem dolo
Enfrenta calmamente a correnteza;

De todos os meus sonhos, sei que trago
Um canto mais suave e mais bonito
Na vida que se dá calor e afago
Um mundo em paz total, eu acredito

Somando nossas forças, não mais temas
Rompemos desde já tantas algemas.

395


Rompemos desde já tantas algemas
No canto libertário que nos guia.
A vida que se mostra em mil problemas
Encontra na esperança a fantasia

E deixa toda a dor que antes tivera
Adormecer num canto desta casa.
Deixando bem distante a dura fera
A sorte renascendo em mansa brasa.

O medo de viver tanto maltrata
Aquele que não sonha e nem percebe
O quanto se permite e se resgata
O bem que uma alegria já concebe.

Do verso que se fez em solidão
Renasce bem mais forte uma ilusão.

396

Renasce bem mais forte uma ilusão
No peito de quem tenta ser feliz.
Rondando em minha cama, um furacão
Expressa o que eu quisera e amor me diz.

Mergulho nos teus braços, deusa amante
Singrando os loucos mares da esperança.
O quanto necessito a cada instante
Da vida que se faz em temperança

Nos olhos de quem sonha com a lua
O brilho não se apaga, é sempre forte
O canto em madrigais já continua
Riscando com desejos trama o norte

Assim, somando forças vou contigo
Vencendo toda forma de perigo...


397


Vencendo toda forma de perigo
Que possa tocaiar nossa esperança
O quanto que desejo e já persigo
Promete uma manhã mais calma e mansa

Porém por tantas vezes vi meu mundo
Caindo e desabando, sem sentido.
O coração feroz e vagabundo
Durante tanto tempo andou perdido.

Agora ao perceber um novo vento
Que pode me trazer felicidade
Poeira novamente toma assento
Deixando bem distante esta saudade.

Não quero mais seguir sem ter destino,
Um belo alvorecer eu descortino...


398

Um belo alvorecer eu descortino,
Com cheiro de café, fogão à lenha.
Lembranças dos meus tempos de menino,
Saudade, por favor, eu peço, venha

E traga o rosto belo de quem fora
A deusa que eu sonhara, há tanto tempo;
Vontade de voltar a ter agora
A vida sem cansaço ou contratempo.

O galo que cantando de manhã
Acorda todo mundo e faz a festa
A vida recomeça em duro afã
Delícia de viver o que me resta

Tomando cada gole de alegria
Roubado neste sonho, uma utopia...


399



Roubado neste sonho, uma utopia;
O gosto da morena sensual.
Vertendo em minha cama a fantasia
Do gozo prometido, sem igual.

A boca que me roça e que me entesa
Expressa a maravilha a cada toque,
Amor que a gente quer e que se preza
Vem de mansinho e nunca de reboque

Cadenciando o passo chego já
Trazendo o coração porta estandarte
A vida neste instante brilhará
Reinando a fantasia em toda parte

Bebendo deste amor que não tem fim,
Em pétalas divinas, meu jardim...


400


Em pétalas divinas, meu jardim
Floresce com perfeita sintonia
Mostrando o que melhor existe em mim,
Forjando com paixão a poesia.

No dia que virá em luz e flama,
O tempo não permite outro final.
O quanto a gente quer e já se inflama
No jogo que não cessa, sensual;

Consensos encontrados, vamos nessa
Que o tempo nunca deixa de passar.
Assim que esta vontade recomeça
O jogo nunca pode terminar.

Refaço este caminho e não me canso,
Deitando nos teus braços meu remanso.


401


Deitando nos teus braços meu remanso
Cabocla sertaneja, um gozo, um riso.
De tudo o que eu mais quero eu afianço
Está neste teu corpo mais preciso.

Ventando sobre nós a mansidão
O campo se promete em verde intenso.
Vencendo toda angústia e solidão
No quanto eu sou feliz agora, eu penso.

Fumando o meu cigarro, o peito aberto,
Alertas entre espreitas e tocaias,
Do rumo que pensara ser incerto
Encontro finalmente mar e praias

Deitando o nosso amor em lua cheia
Castelos construídos são de areia...

402


Castelos construídos são de areia,
Decerto o mar virá e nada sobra.
A solidão se mostra em fria teia
O quanto amor nos deu, a vida cobra.

Recobro os meus sentidos, vou sozinho
E o peito solitário bebe o vento
Deixando em pensamento antigo ninho.
Agora a noite trama o sofrimento

Momentos de paixão? Eu sei que tive
Platéias delirantes, mil cenários.
Nas mãos todo o vazio que retive
Decerto amores foram temporários

O quanto que pensei que fosses minha
Perdeu-se numa noite vã, sozinha...


403


Perdeu-se numa noite vã, sozinha,
O rumo que pensara ter achado.
Encanto que eu quisera e nunca vinha
Deixando o coração desabrigado

Migrantes amarguras retornando
Depois de tanto tempo. Fui feliz.
Agora só pergunto aonde e quando
Terei aquilo tudo que bem quis

E um dia fora meu, ao menos quase.
A vida preparando uma surpresa
Repete como a lua cada fase
O peito enamorado, simples presa

Do jogo de viver, fria pantera,
Ao preparar seu bote já me espera...

404

Ao preparar seu bote já me espera
A fria solidão, velha parceira.
Inverno que adentrou a primavera
Hiberna uma ilusão, amarga esteira.

O quanto que eu pensava enfim poder
Sorrir depois da enchente que encontrara
Aguando meu canteiro eu pude ver,
A flor que se mostrou divina e rara.

Porém a vida trama num falsete
E mata o que pensei ser esperança
Da festa prometida, sem confete
Acaba num momento o riso e a dança.

Catando o que restou desta ilusão
Exponho nestes versos, coração...


405

Exponho nestes versos, coração
Um velho bandoleiro sem juízo;
Rasgado pelas forças da paixão
Caminha sem destinos, impreciso.

Forrando a sua cama em ledo espinho
Vestindo esta mortalha simplesmente
Vagando em noite fria, vai sozinho
Inebriado sonha tenazmente

E pensa no sorriso da morena
Que um dia veio cedo e já partiu.
Ao longe uma esperança ainda acena,
Num toque tão estúpido e sutil

A morte se anuncia a cada gota
Da chuva que teimosa não se esgota...


406


Da chuva que teimosa não se esgota
Nublando toda a Terra, traz em águas
Imagem destrutiva e sempre rota
Tramando no meu peito tantas mágoas.

Retratam cada parte deste sonho
Que agora eu posso ver em pesadelo.
O barco noutro mar, teimoso eu ponho
E sei que assim jamais irei revê-lo.

Mas tento, num instante olhar o céu,
Sonhando com o azul que nunca veio.
Galopa o pensamento qual corcel
Buscando a liberdade sem receio.

Olhando para a noite uma utopia:
A lua se espalhando invade o dia.
Publicado em: 19/02/2008 14:50:53
Última alteração:22/10/2008 17:26:12

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