Search This Blog

Sunday, December 12, 2010

DA TRAIÇÃO
Um mineiro se traído,
Vai saindo de fininho,
Se fingindo distraído
Põe outra pomba no ninho...
Publicado em: 14/08/2008 13:29:07
Última alteração:19/10/2008 20:11:08


Da tua camisola transparente

Quando sinto tua presença meu coração se agita;/
Paraliza meus pensamentos e adoça minha saliva;/

vagarosamente adentra na minha boca tua língua./

Xama

Da tua camisola transparente
Imagens destes seios deslumbrantes,
Mamilos excitados e excitantes
Uma explosão em gozos se pressente.

O coração dispara de repente
Deliciosos ritos, fascinantes,
Sorrisos em convites provocantes
Imenso turbilhão tomando a gente.

As línguas se misturam; vagam dedos
Descobrem dos prazeres, seus segredos
Enredos entre redes feitas braços.

Penetram-se desejos e vontades,
Fronteiras destruídas, sem as grades
Intenso fogaréu estreita laços...
Publicado em: 24/04/2009 08:19:20
Última alteração:17/03/2010 20:46:50



Da tua imagem mágicos adornos

Trago a mansidão do amor
Numa cantiga em repente
Que a te embalar com ardor
Te levará ao nascente...

Sensação de plena paz
Tal o afago da ternura
Se fará, doce e assaz
Seja bálsamo que cura...

Jamais irei te ferir
Mansidão veste-me em manto
Venha da ação conferir
Não te perturbe o encanto

Não só vou te seduzir
Como te farei meu dono
No meu olhar a luzir
A tua imagem em suborno!

AMG

Da tua imagem mágicos adornos
Criados na retina dos meus sonhos,
A sílfide em fantásticos contornos
Promessa de momentos mais risonhos...

O acaso que juntou minha alma à tua
Num ato tão perfeito quanto harmônico,
E quando o afeto mútuo assim atua,
É para o sentimento como um tônico

Fortalecendo os laços, permitindo
Então um caminhar mais vigoroso,
E quando em ti belezas tais; deslindo,
Eu sinto o propagar de intenso gozo,

Nas ondas de teus mares, naufragado,
Marulhos do desejo, imenso brado!
Publicado em: 25/02/2009 16:47:03
Última alteração:06/03/2009 01:45:23



DA UPC E DO CONSERVADORISMO

A ditadura militar deixou sobre muitos brasileiros uma sensação de medo que, muitas vezes, se aproximava de um pavor incontrolável.
Dentre essas pessoas vitimizadas pelo pânico aparentemente sem motivação algum, estava Átila que, apesar do nome, era um dos mais medrosos dentre tantos iguais, na cidade de Ubá.
Ubá, cidade de mais ou menos cem mil habitantes na zona da Mata Mineira, é um dos principais pólos da indústria de móveis de Minas e, como toda cidade mineira que se preza, tinha na TFP uma de suas mais eficientes e castradoras entidades.
Nos idos dos anos 80, o ar que se respirava, para horror de Átila, trazia o prenúncio de liberdade.
O escravo adora e teme o chicote e, como não poderia fugir à regra, nosso amigo era um fervoroso defensor da ditadura militar, o que trazia, embutido, seu ódio contra tudo que “cheirasse” a manifestações contra o Estado Ditatorial.
Foi candidato, derrotado, à Câmara Municipal pela Arena, obviamente.
Quando soube das greves no interior paulista, amaldiçoou aquele “barbudo agitador”.
Expressava sua revolta para quem quisesse e tivesse paciência de ouvi-lo.
Quando houve a ANISTIA, exasperou-se ao ver o “temível” Leonel Brizola descer no Aeroporto do Rio e ser, cúmulo dos cúmulos, aplaudido por uma multidão.
É, esse país estava virando uma anarquia. Que saudades dos tempos de Médice e de Geisel. Aqueles homens é que eram de bem.
Um borra botas fujão como esse Leonel ser aplaudido, isso o revoltava sobremaneira.
Ao ver uma foto de Fernando Gabeira portando uma tanguinha de crochê, e sendo apontado como o “Muso do verão”, ficou exacerbado : “Como pode um comunista safado como esse, depois de ter matado muita gente no Araguaia aparecer agora com essa coisa de crochê? Isso é muita falta de vergonha! Isso é coisa de um homem usar?”
As eleições para Governador o assustaram mais ainda. Ao saber que o “fujão” se elegera Governador do Rio, quase teve um colapso.
Tancredo Neves, ainda vai lá, mas esse tal de Brizola não. Nunca.
Entre seus amigos, as discussões políticas sempre terminavam com suas máximas tipo : “Brasil, ame-o ou deixe-o”, entre outras cositas más.
Pois bem, com isso, seu círculo de amizades foi ficando restrito e quase que se resumia a Pedro Paulo.
Companheiro de sinuca e de “visitas às escondidas” à famosa casa da red light, ou da luz vermelha, se preferires.
Mas aquilo que vira naquele fatídico dia no BANCO DO BRASIL, logo num banco estatal, o deixou extremamente chateado.
Ao entrar no banco, lera UPC, a famosa Unidade Padrão de Capital que, para gáudio dos que assistiram a cena, transformou-se sob uma voz revoltadíssima na seguinte afirmativa:
“Esse é o cúmulo do absurdo, a que ponto chegamos, em pleno Banco do Brasil, fazer uma propaganda dessas; repare bem no que está escrito:
UPC – União dos Partidos Comunistas”...
Publicado em: 20/08/2006 06:30:15
Última alteração:17/12/2006 13:06:51



DÁDIVAS DO AMOR
Poeta! Somente quem amar sentirá
A força para retirar as pedras do caminho,
A luz e o sal da terra do mundo será
Despertando os corações em desalinho
Em cada amanhecer o sol brilhará
Renovando o amor no êxtase e no carinho.
Desejo o verso de amor substancial
Do poeta que hoje sei ser imortal!
Publicado em: 21/08/2008 21:42:53
Última alteração:19/10/2008 20:33:01



Da roseira quero o espinho
Da roseira quero o espinho,
Pois todos querem flor.
Quem viveu sempre sozinho,
Não pretende ter amor...
Publicado em: 20/09/2006 20:57:48
Última alteração:30/10/2008 11:05:31



Da peleja do diabo com o dono do céu...
Tenho visto e ouvido muita coisa do que resolveram chamar “gospel”.
Realmente, algumas músicas que recebem a alcunha de “hinos” têm alguns aspectos interessantes, porém a maior parte é intragável.
Alguns cantores de segunda e terceira classe, vendo que a carreira estava já totalmente acabada, reencontraram nesse vasto mercado uma tábua de salvação.
O interessante é vermos que, segundo alguns religiosos mais xiitas, tudo aquilo que não for “hino” não pertence a Deus e, portanto não deve ser ouvido. Uma música de altíssima qualidade, como uma Rosa de Hiroshima, bela homenagem à paz, deve ser colocada de lado, enquanto hinos fantasmagóricos são cantados com todo o fervor.
Um dos temas mais freqüentes dessas cançonetas é a eterna guerra do bem contra o mal.
Os cantores se colocam à disposição de Deus num imaginário duelo, composto de lanças e dardos contra os temíveis tridentes diabólicos.
Tal qual um cavaleiro andante quixotesco, os “heróis” se unem para vencer os “moinhos de vento” demoníacos.
As letras, de baixíssima qualidade tanto poética quanto de louvor, demonstram o caráter belicoso que é dado pela maior parte das Igrejas a religião.
As centenas de demônios que habitam as cabeças mais influenciáveis dessa turma, permite-me uma visão medieval da vida.
A luta interna que temos, a cada momento, nas escolhas da vida, entre as opções que poderemos seguir, passa a ser vista como uma terrível peleja entre o diabo e o dono do céu.
A visão cristã de pacificidade e perdão passa a dar lugar a uma visão judaica de luta entre um povo escravizado e suas lendas de heroísmo utópico e não comprovado, praticamente lendário.
O “heroísmo” judaico tão propalado e nunca comprovado historicamente, passa a ser visto pelos visionários dessa “nova era medieval” como verdade absoluta e inconteste.
Temos nas canções aberrantes e berrantes, muitas das vezes, histórias que remontam a idade das trevas.
Como se Jesus, ameaçado, preso e torturado até a morte pelos romanos e pelos judeus não tivesse pedido perdão por esses. Como se Ele tivesse conclamado algum exército sobre ou supranatural para defendê-Lo.
Ora bolas, tal deturpação do que seja cristianismo seria cômica, se não fosse trágica.
A criação destes dragões nas cabeças despreparadas e incultas, pode levar à formação de milhares de São Jorges radicais e tresloucados.
Pode-se imaginar até na possibilidade da conclamação a um exército de radicais cristãos, tão medonhamente assustador quanto o islâmico ou de qualquer outra religião.
A educação, somente esta, levada a sério, e com características de formação de personalidades mais livres e pensantes, é o antídoto natural contra qualquer tipo de desvio incoerente do pensamento e da filosofia.
A cantoria dos tempos do feudalismo, podem gerar distorções graves que devem ser evitadas e, acima de tudo, condenadas.
O risco existe e deve ser tratado com alguma seriedade, senão poderemos ter uma repetição dos desvarios islâmicos e japoneses. Os kamikazes cristãos não são somente figura de retórica. Atentai...
Publicado em: 20/08/2006 07:11:04
Última alteração:23/10/2008 13:13:33


DA LUA VERMELHA E DA LUZ ESVERDEADA
DA LUA VERMELHA E DA LUZ ESVERDEADA

Na noite fria, o vento passando pelas gretas da porta, assoviando como a tosse da mãe, dolorosa tosse.

A morte rondando a cidade, à bala e à fome, armas constantes apontadas sobre o morro.

Os irmãos, todos os nove, dormem abraçados e seminus. O cobertor não dá para todos, os menores sofrem mais, descobertos.

A irmã mais velha, barriga grande, esperando mais um para completar a dezena, mas desta vez outra geração será inaugurada.

Nova geração, miséria antiga, fome constante.

A garrafa de cachaça pela metade denuncia que o pai está em casa. Ainda bem.

O pai em casa, coisa rara, é sinal de comida amanhã.

O arroz e o feijão no prato, minguado prato do dia-a-dia, poderia com certeza estar acompanhado de algo mais, quem sabe um naco de carne ou de frango.

Vida dura, durando muito para quem mais teima que vive.

Barriga d’água, cheia das lombrigas de sempre, os cabelos amarelados pela fome, contrastando com as pernas finas, perebentas.

O cheiro podre de vala e de suor, misturados no único cômodo do barraco.

A porta parcialmente trancada, a tramela não adiantava mais.

A polícia, na última vez que viera nada encontrara, mas a porta não resistira.

Os pontapés assustaram, ninguém sabia dizer por que tinha que ser assim.

A mãe tuberculosa, a cada dia ia minguando. Remédio até que tomava, mas a comida pouca; amor de mãe é fogo, das parcas colheres, nada colhia. Alimentar os meninos.

A morte talvez resolvesse os problemas. Mas a luta era diária e o medo maior que tudo. Agora ia ser avó, precocemente envelhecida, os trinta anos batendo na porta. A filha de treze agora era duas.

A magreza dos meninos assustava.

Os meninos, ao revirar o lixo, muitas vezes se saciavam com as podres delícias.

Um dia, o mais velho encontrara um lote de iogurte vencido. Delicioso, coisa de rico.

Como poderia esperar algo, além disso?

Invejara, muitas vezes, os urubus. Esses tinham colheita certa e comida abundante.

Num local onde a morte é lugar comum; fartura de alimento somente para eles.

O rosto dos meninos, sem direção, sem nexo nem sentido, denunciava a luta voraz destes para chegar o dia seguinte, e assim por diante.

Ano passado, quase que o Mariozinho morreu. Não fossem as rezas da vizinha, adeus!

Comida, saúde, escola, essas coisas que todo mundo promete, ilusão.

A fome é cruel, muito cruel. Não se pode falar de fome se não a conhecer.

Não é essa fome de madame querendo emagrecer ou a ocasional, a de um dia, não.

A fome de uma vida, de uma vida após outra vida, nessa semi-morte que arrasta a todos para o lixão.

Outro dia, sem que ninguém soubesse por que, o dono do morro pediu a casa “emprestada” para esconder uns camaradas que vieram de outra favela. Fazer o quê?

Levaram o rádio de pilha e a televisão, últimos contatos com a vida no asfalto.

É difícil essa vida entre o bem e o mal, entre a polícia que quebra a porta e o traficante que leva a televisão.

Fazer o quê?

Voltar para Minas, uma boa idéia, mas cadê Minas?

A fome na roça também era terrível. Aqui pelo menos tem o lixão. A comida é mais farta, embora rala.

Sua mãe tivera quinze, sobraram quatro. Dos quatro era a mais velha.

Pelo que soube dos outros três, um estava preso, a menina caiu na vida e o outro enlouquecera, o sortudo.

A mãe morreu ano passado. Da velhice que carrega aos 50 depois de ter morado mais de 20 nas costas do cidadão.

Marido bom até que era, batia pouco, bebia muito.

De vez em quando sumia. Falam que tem outra, a velhice precoce a tornara feia.

A outra deveria ter a carne ainda dura, os peitos mais rijos e os dentes na boca.

Além de tudo, não devia estar tísica. Danada dessa tosse, dessa febre, o sangue espalhara no colchão tantas vezes que colorira de vermelho o amarelado do mijo das crianças.

Emagrecendo e se esvaindo, o frio daquela noite estava de lascar.

A tosse de Joãozinho estava denunciando que a tísica estava criando raízes no barracão.

Levar para o médico, marcar ficha, mês que vem se ainda estiver vivo ou se não tiver curado.

Curado?! Doce ilusão, mais fácil ter morrido que se curar.

Joãozinho, menino sempre foi fraco dos peitos, ao contrário da mais velha, peitos grandes para os treze anos. Agorinha mesmo mais um. Depois outro, outro... contagem mórbida, triste...

O silêncio da noite é interrompido pelas balas, balas e mais balas.

As balas de confeito estão nos sonhos dos meninos, a de aço perfura as paredes de zinco e de compensado. Barraco todo furado, chuva traz lama e goteiras. Vida complicada.

O marido está sobre ela, as pernas confundidas depois de uma noite de sexo. Coisa que foi boa, hoje suplício. É melhor que ele fique com a outra.

As costas doem muito e o prazer é impossível. Tem que fazer preventivo.

As doenças do mundo estão brigando por espaço pra poderem crescer no corpo miúdo. A mãe do corpo está toda sangrante, numa eterna regra.

De repente, percebe que as balas estão mais fortes que sempre.

Um barulho arromba a porta. O namorado da filha, menino ainda, entra na casa.

Transtornado pela cocaína e pelo álcool.

As balas se aproximam e procuram lugar macio. Barriga grávida, local macio. Fácil de entrar, penetram, abortando o futuro e o presente. De uma vez só.

Quem sabe foi melhor assim?

O companheiro se levanta e xingando o namorado da menina morta, empurra-o para a saída. Saída do barraco. Saída da vida, saída.

Mal sabe ele que não há mais saída.

Mas a teimosia, logo o dia nasce, o corpo sepultado, a teimosia sobrevive.

No céu, uma lua avermelhada a tudo assiste, e comovida abraça todo o barraco, inundando o barraco, a favela, a cidade e o país com uma estranha luz esverdeada e avermelhada.

Quem sabe essa seja a saída?

Uma lua vermelha, uma luz esverdeada e um brilho descomunal sobre tudo e sobre todos...

posted by MARCOS LOURES at Sábado, Junho 10, 2006
Publicado em: 03/11/2006 18:45:53
Última alteração:26/10/2008 22:45:27



Da Maria eu quero o beijo,
Da Maria eu quero o beijo,
Da Joana, o seu carinho,
Macarrão deseja queijo,
Passarinho quer seu ninho...
Publicado em: 17/06/2008 22:24:48
Última alteração:19/10/2008 22:21:46



Da Maria quero um beijo,
Da Maria quero um beijo,
E também quero carinho,
Meu amor, eu te desejo,
Não me deixes tão sozinho...
Publicado em: 13/08/2008 14:18:09
Última alteração:19/10/2008 19:56:13



DÁ MUITO TRABALHO...

Mote - quem inventou o trabalho não tinha o que fazer.

Pulando de galho em galho,
Levo a vida, sem saber;
Quem inventou o trabalho,
Não tinha o que fazer...

Quero um trabalho “demais”,
Quero um trabalho bacana,
Onze férias anuais,
Só seis folgas por semana...

MARCOS COUTINHO LOURES
MVML
Publicado em: 15/10/2007 11:11:09
Última alteração:28/10/2008 14:14:06



Da Paixão

A paixão é esgotável em si só, mas inesgotável
Nos anseios, nos desejos, nos delírios.

Confunde tanto que chega a fundir elementos
Tão diversos quanto água e óleo,
Fogo e água,
Sonhos e pesadelos
Esperanças e desesperos
Carinho e brutalidade.

Maltrata quem reverencia
Seca a fonte onde se alimenta
E alimenta-se de ar.

Uma anorexia da alma
Que nos leva a sensações absurdamente belas
E extremamente cruéis.

Hipérbole do amor e do ódio
Da dor e do prazer,
Da solidão, mesmo ao lado do ser adorado.

Adoração e desprezo.
Desespero absoluto
Em troca de nada...

Pois é, a paixão é o limite máximo
E, por ser deveras gigantesca,
Se aproxima, incoerentemente, do nada.

Também quem quiser coerência
Nunca procure a paixão.

Essa é incoerente por si mesma.

Viva-a mas com a serenidade
De quem sabe que depois dela,
Não há nada.

Geralmente, nem saudades...
Publicado em: 06/12/2006 20:10:13
Última alteração:27/10/2008 21:22:35


Com Paixão.

Nas cordas da paixão
Recordas meu amor
Que tudo se passou
Em mares e amplidão
Buscando solução
Soluços e tristezas
Amantes e princesas
Sapos e sopapos
Beijos e tesão.
Entesamos as almas
Em armas e navalhas
Batalhas e delírio
Círios e novenas
Nas veias e nos olhos
Vendas e verões
Versos , convenções
E vimos como
Os limos
E limões
Se fazem
Das paixões...

Mais cedo
Que o medo
Paixão jaz
Seu enredo
Em nossos corações!
Publicado em: 08/12/2006 16:28:03
Última alteração:28/10/2008 20:55:00



DA ANFIBIOLOGIA
CURIOSIDADES VERBAIS

Dando seqüência ao estudo dos VÍCIOS DE LINGUAGEM, chegamos à ANFIBIOLOGIA ou ambigüidade, que é o erro de se dar tal construção à frase que ela apresenta DOIS SENTIDOS diferentes.

Assim quando dizemos:”O policial prendeu o ladrão em sua casa”, ficamos sem saber se o ladrão foi preso na própria casa ou na casa do policial.

Vejam que confusão pode gerar a frase seguinte:

- Fui comprar alimentos para a cachorra de sua mãe...

Ao contrário de outras línguas, como o inglês, nossos pronomes possessivos não definem, claramente a quem se referem, gerando essas confusões.

Por exemplo, quando se diz em inglês, “his book”, sabemos que o “his” significa “seu”, dele, da pessoa de quem falamos.

Se dissermos “her book”, o “her” se refere a “sua”, dela, pessoa de quem falamos.

Ao dizermos “its”, o “its” é de um elemento neutro, nem homem nem mulher e é também traduzido por “seu”, a coisa de que se fala.

Entretanto, ao afirmarmos “your book!” o “your” é também “seu”, mas se refere à pessoa com quem eu falo. Simples não?

Muitas vezes a anfibiologia é tão severa que requer a inclusão, na frase, de um elemento esclarecedor.

Vejam o exemplo: “Pedro foi, com o amigo à casa de seu mestre”. Para esclarecer que o mestre é amigo de Pedro, temos que acrescentar:

“Pedro foi, com o amigo, à casa do mestre DESTE”. A frase teria outro sentido, se fosse assim dita:
“Pedro foi à casa de seu mestre, com o amigo.”

Anfibiologia é fogo!

MARCOS COUTINHO LOURES
Publicado em: 27/08/2008 12:23:27



DA BANDA DE CÁ
Banda de Cá
Uma banda, banda
Umbanda,
Velho
Pai
Pele
Negritude...
Orixás
Ogum
Oxum
Oxumaré.
Mares e rios
Marés e sangue...
Senzalas...
Grito do povo, ode ao povo, de novo o povo, ovo, Angola...
Uma banda tocando dobrado,
Dobrando os sinos
Dobrado o valor,
Vales e lágrimas.
Lamas na alma.
Almas e lamas,
Quilombolas
Ora bolas
Somos iguais...
Gás, Bolívar,
Bolívia.
PetroGás.
Lama, alma, lhama...
Chama e chaminé
Suor e sangue, lágrimas, índios, imãs.
Grito do povo ode ao povo, de novo o povo, ovo... Renovo.
Revolvo e retorno.
Índio, negro,
SIMON BOLÍVAR
SIMON
SISMOS E PAROXISMOS
PARA ORTODOXOS.
Exodontias...
Publicado em: 09/12/2008 09:33:54
Última alteração:06/03/2009 15:22:23



Da bebida mais gostosa
Da bebida mais gostosa
É preciso que eu a prove,
Na tempestade enganosa
O problema é que não chove.
Publicado em: 06/02/2008 21:45:12
Última alteração:22/10/2008 17:48:14




Da beleza suave da manhã
Na tarde que aproxima, meu crepúsculo.
A vida se demonstra nesse afã
Destrói lentamente cada músculo.

Meus pés estão cansados da viagem
Tão longa pela tarde que se vai.
Não tenho mais desculpas nem coragem.
O tempo, tolamente, já me trai.

Quem dera, no deserto dos meus sonhos,
Renascesse ao final, meu horizonte.
Meus dias se fariam mais risonhos,

Talvez usufruísse desta fonte.
Um vento que se quer um furacão
Na tarde tenta inflar meu coração.
Que morto não conhece mais o mar.
Embora essa saudade de te amar...
Publicado em: 31/12/2006 20:19:25
Última alteração:16/10/2008 07:23:56




Da calcinha comestível,
Da calcinha comestível,
Mil sabores eu conheço,
Por faltar o combustível
Amor mudou de endereço.
Publicado em: 07/08/2008 16:02:37
Última alteração:19/10/2008 22:20:41


DA EDUCAÇÃO FORMAL E INFORMAL
O Brasil tem sido constantemente mostrado como um país em que o sistema educacional se coloca nos últimos lugares no concerto das nações civilizadas.

Como parte importante do sistema, a escola formal não tem cumprido a sua missão, devido à vários fatores, sendo um deles, por não oferecer atrativos para manter em seus quadros profissionais que vocacionalmente buscam a carreira tentando a realização pessoal.

Para muitos, o mestre sempre foi considerado um mendigo de gravata, e todas as tentativas de reverter essa situação foram tímidas ou inúteis...

Os dirigentes em todas as esferas do poder, fizeram o uso da classe como massa de manobra, na busca de votos e, para tal, deram ênfase a megaprojetos arquitetônicos (CIEPs CAICs, CIACs, CÉUS, e outros) esquecendo-se de valorizar adequadamente os profissionais de ensino, como seria óbvio.

A formação profissional dos mestres, em muitos casos chega a ser vergonhosa, fator que se reflete em nossas escolas, cujo nível se mostra deplorável, com as exceções de praxe.

Desta forma, esperar que os alunos tenham desempenho aceitável em qualquer avaliação de desempenho honesta é impensável.

Isso tudo se reflete, obviamente, na educação informal, aquela que o aluno recebe no lar e na sociedade, através dos meios de comunicação e da mídia, em geral.

O tempo perdido por nossos jovens na má escola, associado aos exemplos nada sadios de uma sociedade permissiva como a nossa, só poderiam resultar no tipo de aluno que temos hoje.

Para reverter esse quadro, serão necessárias várias gerações de trabalho árduo e só a boa escola será capaz de fazê-lo.

Os bons políticos de hoje sabem que carregam sobre suas costas esta responsabilidade inaudita e que o futuro irá fazer a cobrança desta dívida.

A quem poderia interessar a manutenção desse estado de coisas?

Numa rápida avaliação, concluímos que o quanto pior melhor interessa a muito mais gente do que se imagina.

Se lembrarmos que o poder econômico-financeiro está concentrado numa oligarquia impiedosa, sustentada por um capitalismo selvagem que se sustenta na impunidade, começaremos a identificar os mais interessados na preservação do status quo.

A realidade objetiva não nos deixa mentir e quando os intelectuais se colocam a serviço dos poderosos, diminui a chance de mudança.

A inércia dos organismos destinados a defender a sociedade completa o painel, nada lisonjeiro.

O destino que nos é reservado, como nação é sombrio, como a antropologia facilmente antecipa.

Façamos votos para que as conquistas sociais a serem promovidas sejam feitas dentro do império da razão e não da força a fim de que os mais humildes não sejam duplamente punidos pelas forças repressoras que sempre estiveram a serviço dos poderosos.

MARCOS COUTINHO LOURES
Publicado em: 08/04/2008 20:13:05
Última alteração:21/10/2008 18:14:10



Da Esperança e dos Sonhos.

Não pense que a esperança seja somente um sonho.
Não é.
O sonho pode ser colocado como a pedra bruta, antes de ser lapidada.
Sonhamos, muitas vezes, com coisas que, sabemos impossíveis ou improváveis.
E isso pode ser muito salutar, se tivermos discernimento bastante para entendermos e diferenciarmos isso.
É muito bom sonhar, nos dá asas.
Mas, lembre-se de Ícaro.

Entretanto, a esperança deve ser vista como a pedra lapidada.
Nobre e rara, cara e querida.
Uma da maneiras de transformar o sonho em realidade ou, pelo menos, tentar.
Por isso, amigo, muito cuidado.
Transformar tuas esperanças em sonhos pode diminuir a qualidade desta jóia e transformá-la em uma bijuteria da alma.
Agora, pior do que isso é querer transformar o sonho em esperança.
Vais sofrer muito.
E, além disso, as pessoas vão te tomar por tolo.
E com toda a razão.
Publicado em: 10/12/2006 11:01:19
Última alteração:27/10/2008 21:20:46


Das flores que cultivo em meu jardim,
Bem dentro do meu peito, deusa- sol,
é que eu quero os teus raios penetrados;
meus espelhos, frágeis lentes, o farol
que fica opaco por teu brilho facetado.

Era turva minhalma, meu atol
revestido de acúleos acerados,
as geenas do pranto acorrentado,
verteste-me de amores teu escol.

És minha orquídea de arminho renascendo,
a brancura das pétalas se abrindo
na minha tempestade refulgindo.

A tua luminosa forma alvadia
transcende as terrenas gemonias
e leva-me a ser a estrela que pretendo!


GOLBERI CHAPLIN

Das flores que cultivo em meu jardim,
As cores e perfumes mais diversos.
Sabendo serem simples os meus versos,
Eu tendo demonstrar o que há em mim

Usando este canteiro como exemplo,
Desfilo meus sentidos entre tantas
Belezas demonstrando o quanto encantas,
Pois és de um sonhador altar e templo.

Da rosa, esta altivez de soberana
Tens da dama-da-noite, o bom perfume,
Da orquídea a maravilha que engalana,

Delicadeza sutil de uma verbena
Porém, no frio espinho dos ciúmes,
Azaléia: beleza que envenena...
Publicado em: 12/01/2009 19:19:00
Última alteração:06/03/2009 07:35:28



Danço xote e vanerão


Danço xote e vanerão
Se preciso de bombacha
bebo amargo chimarrão
com uns goles de cachaça


Publicado em: 01/03/2008 22:14:56
Última alteração:22/10/2008 13:36:38



Daqui pra frente
Daqui pra frente
Tudo vai mudar
Vou escovar dente
E até me pentear
Riscar da agenda
O nome desta ingrata
Colocar venda
E arrancar a gravata
Fazer bobagem
Cantar no chuveiro
É sacanagem
O tempo inteiro...

Mas espero que você
Consiga me entender
E até me procurar
Falar do nosso amor
Que nunca se acabou
Nem vai se acabar...

Daqui pra frente
Vou tomar banho
Usar perfume
Lavar meu pé
Usar desodorante
E juro d’ora em diante
Até vou trabalhar.
Pegar batente
Escovar dente
Cuido da gente
Fico contente
Daqui pra frente...

Publicado em: 15/08/2008 15:34:23
Última alteração:19/10/2008 20:14:58



Interessante como muitas vezes ao realizarmos os sonhos de quem amamos, realizamos os nossos, paralelamente.
O amor, sendo uma via de duas direções, faz com que se explique isso.
O dar e realizar é tão ou mais mesmo importante que o receber.
Mas não baseie isso na expectativa da troca, do receber ou da recompensa.
Isso te frustrará.
Aliás, se prepare para não receber nada em troca, às vezes nem um muito obrigado.
Se estiveres com este estado de espírito perceberás que a realização sua será muito maior.
Não é por uma questão religiosa somente.
É por uma questão de lógica.
Se carregas uma coisa em excesso somente a divisão da carga poderá te aliviar e te fazer mais feliz.
Isso, quando o que carregamos nos oprime é fácil de ser entendido mas se analisarmos friamente, mesmo quando o que temos em excesso é amor, esse só se realiza se dividido.
Amor em excesso sem ser compartilhado transforma-se em narcisismo e egoísmo o que, em última análise faz tão mal como a depressão, por exemplo.
Ame e divida isso.
Serás mais feliz.
Agora, se a mala dos teus sentimentos estiver plena de coisas negativas peça ajuda.
Não custa nada pedir.
O máximo que poderás ouvir será o não.
E o não, foi feito para ser dito e ouvido.
Não se ires contra o que fecha tua porta;
Muita das vezes ele não suporta nem com a sua própria carga de depressão ou de narcisismo.
De qualquer forma está na mesma situação que a tua.
Excesso de carga e isso faz muito mal.
Seja feliz, ou dando ou recebendo, mas sempre em equilíbrio de cargas positivas e negativas.
Esses temperos na medida certa dão o exato sabor da vida!
Publicado em: 20/12/2006 15:50:45
Última alteração:27/10/2008 21:19:37



DAS CAMPANHAS POLÍTICAS - COMO SE ABORTA UM SONHO
Jovem e apaixonado pela política, Fernando era um dos principais talentos de oratória do MDB muriaense e, disso muito se orgulhavam seus pais e parentes.
Aos 22 anos, era candidato à Câmara dos Vereadores e, com um discurso eloqüente conquistava, a cada dia, mais respeito e maior número de eleitores.
Seus discursos inflamados empolgavam a todos, levando muita gente ás lágrimas.
A sua verve política era de assombrar mesmo os mais antigos e experientes políticos.
Porém, um fato insólito, marcou sua estréia como político.
Muriaé, como uma cidade que vivia da Rio - Bahia e era freqüentada por muitos caminhoneiros, tinha uma das maiores e mais variadas Zonas Boêmias da região.
Famosa pelo tamanho, quantidade e qualidade de opções tinha, apesar de se localizar no centro da cidade, algumas características iguais a todos os bairros proletários desse país.
A polícia visitava bem mais a região do que a prefeitura. O sistema de saneamento básico era um horror. A iluminação pública, um descaso total, assim como a saúde dos moradores, abandonados.
Água potável? Nem pensar. Água de mina, se tanto.
Fernando, como bom e honesto ideólogo, tentava reverter esse quadro.
Pois bem, seu trabalho de dia a dia era um dos mais admiráveis, sempre em presença do Padre Jonas, velho “comunista” para o Governo, mas um excelente e coerente cristão.
Às vésperas da eleição, no seu último discurso, Fernando escolhera justamente essa região para fazer um comício.
Centenas de pessoas se aglomeravam para poder ouvi-lo.
Estava bonito de se ver, aquelas bandeirinhas do antigo MDB desfraldadas naquela região abandonada por todos.
Ao começar o seu discurso, Fernando fez uma comparação entre sua candidatura e outras, da famigerada Arena.
- Márcio, filho do dono da Fábrica de Tecidos o que é?
-Candidato dos empresários!
Os aplausos corriam à solta. Entre hurras e foguetes.
-Antonico, o fazendeiro mais rico da região é o quê?
- Candidato dos latifundiários.
Mais aplausos e mais foguetes.
Mas aí, aconteceu a tragédia!
-Eu, que nasci aqui no meio de vocês o que sou?
Aí um gaiato, mais que depressa deu a resposta que selou a candidatura fracassada do jovem Fernando:
- FILHO DA PUTA!!!!!
Publicado em: 20/08/2006 06:30:58
Última alteração:26/10/2008 22:33:58



DAS CARONAS E DE PAULO CARNIÇA
Falando em Paulo Carniça, assim que se aposentou como açougueiro e político, o nosso querido amigo, passou, por um processo de alienação mental progressiva, a adquirir um hábito terrível.

Pedia carona a quem quer que fosse para qualquer lugar.

Era comum alguém passar de carro e, ao ser feito o sinal de solicitação de carona por Paulo, ao parar e informar que o rumo a ser tomado era outro, Paulo entrar no carro assim mesmo e ir para nem imaginava.

Esse hábito era conhecido de todos, inclusive por João Bento, caminhoneiro conhecido de uma cidade próxima a nossa.

Pois bem, numa tarde de sexta feira, João Bento, ia para Muriaé, onde tinha marcado um encontro com um desafeto para acertarem as contas sobre um terreno vendido há tempos, no estado da Bahia.

Distraído, ao perceber que Paulo lhe pedia carona, parou e perguntou para onde esse ia.

Ao informar Paulo que iria para Muriaé, esse, prontamente, subiu no carro e se acomodou no banco do carona.

Quando chegaram ao cartório, João pediu a Paulo que esperasse um pouco, pois ele voltaria em seguida.

Para espanto de Paulo, ao descer, João deixou perceber que estava armado.

Mas, como Paulo conhecia João e sabia que o mesmo tinha um temperamento pacífico, permaneceu no seu lugar enquanto o amigo se dirigia par o cartório.

Nesse ínterim, um conhecido de Paulo o reconheceu e começou a conversar com ele.

Assunto bobo, tipo como vai a comadre, como vão os meninos essas coisas...

Mas, de repente, se ouviu um tiro e um burburinho gigantesco no outro lado da rua.

João vem correndo, abre a porta e, com a arma ainda em punho, acelera o carro a toda.

Paulo, pálido e tremendo todo, dos pés à cabeça, olha para João que, sem pestanejar foge em alta velocidade, Rio Bahia abaixo.

Num sentido totalmente contrário ao da pequena cidade.

João distraído e Paulo apavorado, não deu outra.

Quando João se apercebeu da presença de Paulo, já estavam próximos de Governador Valadares.

Ao perceber o amigo em estado de pânico, mas sem poder voltar para trás, pergunta-o se poderia deixá-lo ali.

Paulo nem sabia que cidade era aquela, mas, devido ao estado de choque em que se encontrava, nem pensou em dizer não.

Devidamente “despejado” na cidade estranha, Paulo dava graças a Deus por estar vivo.

João, quando parou o carro, quase na divisa com a Bahia, ao reparar bem naquela mancha escura no banco do carona do seu carro, passou a entender melhor o apelido de Paulo Carniça.

Quanto a esse, depois de tal episódio, se curou da mania de pegar carona.

Agora, como ele voltou para casa; isso são outras caronas!

Publicado em: 27/08/2006 06:07:11
Última alteração:17/12/2006 13:07:03


Das cinzas do meu passado
Das cinzas do meu passado
Eu refiz minha esperança
Coração desabrigado
Noutros braços vê mudança
Publicado em: 13/08/2008 18:43:45
Última alteração:19/10/2008 19:56:31



DAS COINCIDÊNCIAS DA VIDA
Dificilmente conseguimos explicar as razoes de muitas coincidências que acontecem, em nossas vidas.

Só para se ter uma idéia, todos sabemos que, anualmente a FIFA escolhe o melhor jogador de futebol do mundo e que, no tocante aos craques brasileiros, os escolhidos foram, sucessivamente, Romário, Rivaldo, Ronaldo “Fenômeno”, Ronaldinho Gaúcho e, por último, Ricardo – Kaká, todos os nomes começados com a letra R,

Pois, em relação aos jogos de azar, é muito comum também observarmos estranhas coincidências, como a que ocorria com aquele nosso amigo, em relação ao número 7.
E ele explicava:

Nasci no dia sete do mês 7 de 77 às 7 horas da manhã.

Depois de 7 anos de casado, comprei um bilhete da loteria terminado em 7 e ganhei 7 milhões de reais.

7 anos depois, fui a uma corrida de cavalos onde joguei todo o dinheiro que restava no cavalo 7, que corria no sétimo páreo

- Quanta coincidência! Exclamou um dos ouvintes. E perguntou:

- E quanto você ganhou desta vez?

Com ar triste, o homem concluiu a sua história.

Nada! Absolutamente nada! E foi por isso que deixei de gostar do número 7.

- E o que aconteceu com o cavalo? – insistiu o ouvinte.

O perna de pau chegou em sétimo lugar...


O encanto se desfez, mas as coincidência persistiu mesmo na derrota!

Quem ousaria explicar as razões?

MARCOS COUTINHO LOURES
Publicado em: 08/04/2008 07:19:02
Última alteração:21/10/2008 20:02:20


Das coisas que carrego pela vida
Guardo no meu coração
teu sorriso, teu abraço,
e um beijo ...
(ivi)

Das coisas que carrego pela vida
O teu sorriso pesa no meu peito,
Por mais que a realidade torpe agrida;
Abarco a fantasia quando deito

E tendo em minhas mãos; calos da lida,
Felicidade faz benigno pleito,
Missão com tal penhor sendo cumprida
Permite que eu me sinta satisfeito.

E possa mergulhar neste universo
Telúrico caminho desvendado;
Saber que estás aqui bem ao meu lado

Transcende ao infinito enquanto verso
Meu mundo em teus supremos Paraísos;
Cirúrgica expressão em tons precisos...
Publicado em: 12/05/2009 19:05:54
Última alteração:17/03/2010 19:35:11


-Dança Comigo?
Dança Comigo?

A dança tem o poder de me renovar;

Cada movimento, delicadamente
Cadenciado, ao sabor da emoção,
Me refaz, me faz sentir plena,
Mulher em forma de flor que
Desabrocha como uma cabrocha
Ao sabor da canção;

Vem comigo viver esses momentos
De encantamento e paixão...


REGINA COSTA

Aceite, meu amor a contradança
Valsemos nessa noite que ela é nossa,
Bem antes que a saudade mostre a lança,
A vida do teu lado; vem e adoça,

Não quero e não suporto outra mudança,
Tampouco vou ficar na eterna fossa,
O amor que o coração tocando amansa,
Encanta enquanto os sonhos loucos roça.

Cadenciando os passos, noite afora,
Intensa maravilha nos decora,
E enquanto sou contigo, estou feliz...

Arcanjos, querubins, se aproximando,
O mundo outrora brusco, agora é brando,
Fartando-me do amor que sempre quis...
Publicado em: 17/12/2009 17:21:11
Última alteração:16/03/2010 11:24:58





Dançando sob o brilho das estrelas
" Se um forró é que te afasta da tristeza,
aqui no pampa alegria é a milonga
e um churrasco de ovelha sobre a mesa;
depois sobre o pelego um carinho da candonga."

CHAPLIN

Dançando sob o brilho das estrelas
Tocando uma viola caipira,
Cadenciando os passos do catira
As luzes que eu desejo aqui contê-las

São fartas alegrias, noites belas,
E enquanto a gente bebe e a mente gira
Beleza da cabocla que se admira
E que com poesia tu revelas

Convites para a dança num sorriso,
O portal principal do Paraíso,
Que ateia o fogaréu dos meus anseios.

E assim a noite imersa em fantasia
Enquanto este luar se refletia
Derrama prata sobre os brônzeos seios...
Publicado em: 17/02/2009 20:51:01
Última alteração:06/03/2009 06:23:10



DALTÔNICO
Chegando de viagem, um senhor muito elegante, toma um táxi no aeroporto e pede ao motorista para levá-lo para casa.
No caminho, vê uma senhora com um vestido bem decotado, entrando numa boate. O senhor começa a reparar na mulher e a reconhece.
Então, ele pede ao taxista que retorne à porta da boate. Tira do bolso um maço de notas e diz a ele:
— Aqui estão dois mil reais. São seus se você tirar de dentro desse "Clube das Mulheres" aquela vestida de vermelho que acaba de entrar. Mas vá tirando e cobrindo de pancadas, sem pena, porque aquela desgraçada é minha esposa.
O taxista, que andava duro, aceita de cara e entra na boate. Cinco minutos depois ele sai, arrastando uma mulher pelos cabelos, com o rosto sangrando.
O senhor no táxi vê a cena e percebe, horrorizado, que a mulher está vestida de verde e sai correndo para alertar o taxista do erro:
— Pare! Esta não é a minha mulher! O vestido dela é verde! O senhor é daltônico?
O taxista retruca:
— Fique tranqüilo... Esta é a minha... Já volto lá pra pegar a sua!
Publicado em: 16/09/2008 12:09:00
Última alteração:17/10/2008 13:47:49


De minha embriaguez, cada mulher foi a taça
55

Mote

De minha embriaguez, cada mulher foi a taça


Meu vício, vejam vocês,
Foi bênção e foi desgraça,
Pois de cada embriaguez,
Cada mulher foi a taça...

Marcos Coutinho Loures

Me inebria esta saudade,
Que me faz tão bem e mal,
Passarinho rompe a grade,
Nada encontra no final...
Publicado em: 20/11/2008 12:01:49
Última alteração:06/03/2009 18:47:16




De domínio Público Marcos Coutinho Loures
O capitão estava instruindo a tropa e, precisando de um voluntário para demonstrações, pergunta:
-Por acaso, tem aqui algum soldado valete?
Zé Custódio se apresenta e o capitão manda colocar o recruta bem na frente do novo canhão, e ordena que o mesmo seja disparado.
Ainda surdo do barulho, enquanto se levanta e sacode a poeira, Zé Cust[ódio é abraçado pelo capitão que o saúda!
-Parabéns, soldado! Você mostrou que é mesmo valente! Vou lá trazer uma Medalha de Honra ao Mérito, para você!
Zé Custódio, olha para os lados e fala baixinho, no ouvido do comandante:
-Aproveita e traz também uma cueca nova. A minha está cheia, até na boca...
Publicado em: 20/08/2006 08:26:58
Última alteração:29/10/2008 18:47:09



De domínio Público Marcos Coutinho Loures
Se você pretende se casar, veja o que os mais experientes pensam a respeito do assunto:
“Casamento é como um cavalo bravio! No dia que que alguém quer montar nele, todos vêm ajudar:
Um amarra o estribo; um outro, segura o freio e os outros, ainda, ajudam-no a subir na sela.
Mas, assim que o coitado está montado, todos largam o anilam que começa a dar pinote, como um louco!
Nesse instante, todos juntos, gritam:
-“Guenta” firme!...
Publicado em: 20/08/2006 08:30:42
Última alteração:29/10/2008 18:47:06


De domínio Público Marcos Coutinho Loures
A menininha, chega com a testa sangrando e a mãe, assustada, pergunta:
-O que foi isso, minha filha? Você tomou um tombo?
-Não mamãe, é que eu dei uma dentada na testa!
-Uma dentada? Como pode, minha filha, se a boca é mais embaixo?
A menina, sem perder a pose, retruca:
-É que eu trepei numa cadeira, mamãe...
Publicado em: 20/08/2006 08:33:54
Última alteração:29/10/2008 18:46:58



De domínio Público Marcos Coutinho Loures
Num restaurante, diante de um cliente bem exigente, o garçom pergunta:
-O senhor, que reclama de tudo, seria capaz de diferenciar um frango de uma galinha?
-É claro – respondeu o cliente – faço a diferença pelos dentes!
-Pelos dentes? Mas, como? Eles não têm dentes!
-Eles não, mas eu tenho!
Publicado em: 20/08/2006 08:40:23
Última alteração:29/10/2008 18:46:50



De domínio Público Marcos Coutinho Loures
Tuniquinho foi ao enterro do pai de um coleguinha e, aproximando-se do amigo, perguntou?
-Como foi que o seu pai morreu?
-Morreu como um passarinho... imagina que ele acabou de almoçar, passou mal, tirou os óculos e... pronto! Foi tudo num segundo!
-Puxa vida – continuou Tuniquinho – e ainda teve tempo de tirar os óculos?
-Graças a Deus! Assim ele nem viu a morte chegar...
Publicado em: 20/08/2006 08:43:46
Última alteração:29/10/2008 18:46:45



De Domínio Público Marcos Coutinho Loures
Se você tem algum problema na vida, pense sobre o seguinte:
-Só há duas coisas que podem incomodar você:
Ser bem ou mal sucedido!
Se você for bem sucedido, não há motivo para se incomodar; se, por outro lado, você for mal sucedido, das duas, uma:
Ou você conserva a saúde ou você fica doente!
-Se você conserva a saúde, não há motivo para se incomodar mas, se você ficar doente, das duas, uma:
Ou você sara ou você morre1
Se você sara, não há motivo para se incomodar mas, se você morrer, das duas, uma:
Ou você vai para o Céu ou vai para o Inferno.
Se você for para o Céu, não há motivo algum para se incomodar mas, se você for para o Inferno, você gastará tanto tempo, cumprimentando seus amigos, parentes e conhecidos que não lhe sobrará tempo algum para se incomodar.
Não é legal?
Publicado em: 20/08/2006 08:53:04
Última alteração:29/10/2008 18:46:41


De domínio Público Marcos Coutinho Loures
Um mineiro conseguiu autorização para colocar uma barraca de doces, em frente a uma Agência Bancaria.
Um dia, um patrício apareceu e pediu dinheiro emprestado ao doceiro que, na mesma hora, respondeu:
-Impossível! Quando vim para a porta do Banco, fiz um trato com o Gerente:
Nem o banco venderia doces, nem eu emprestaria dinheiro...
Publicado em: 20/08/2006 09:00:00
Última alteração:29/10/2008 18:46:28



De domínio Público Marcos Coutinho Loures
Aquele menino, quando nasceu, deram-lhe o nome de ÚNICO! Isto mesmo, Único, um nome que ele, ao tomar noção das coisas, passou a odiar.
Assim foi, pela vida até que, já idoso, sentindo chegar a morte, fez um pedido à santa mulher, que ele adorava, de todo o coração:
-No dia, em que eu morrer, por favor, não coloquem meu nome no túmulo!
Assim foi pedido e assim foi feito. Mas a esposa resolveu, em homenagem a ele, mandar escrever na lápide a seguinte frase:
AQUI JAZ UM HOMEM DE BEM, UM BOM FILHO, BOM PAI E BOM MARIDO QUE JAMAIS TRAIU SUA ESPOSA.
Isto foi o bastante para tirar o sossego do morto porque, ao ler a inscrição no túmulo, cada um dos visitantes do cemitério, não tinha dúvidas ao afirmar:
-Este foi o ÚNICO!
Publicado em: 20/08/2006 09:07:29
Última alteração:29/10/2008 18:46:24



De domínio público - Marcos Coutinho Loures
Um garoto de oito anos de idade, pergunta ao pai, influente político local:
-Papai, que é um traidor?
-Traidor, meu filho, é um safado que abandona nosso Partido, para ingressar no Partido de nosso adversário político.
O menino pensa um pouco e pergunta ao pão:
-Um homem que abandona o outro Partido e ingressa no nosso Partido, é um traidor também?
-Não – responde o pai. “Este é um aliado!”.
Publicado em: 17/08/2006 18:45:56
Última alteração:29/10/2008 18:47:37


De domínio Público Marcos Coutinho Loures
Um rapaz, naquela fase de “aborrecente”, olha-se no espelho e resolve perguntar ao seu melhor amigo:
-Já reparei que tenho um rosto meio... digamos... delicado demais e isso anda me aborrecendo! Diga-me sinceramente: Você acha que devo deixar a barba crescer?
-Sinceramente?
-É claro! Quero saber sua opinião!
-Eu acho que não. O melhor é deixar como está.
-Uai; por que é que você pensa assim?
-Desculpe-me, mas se você deixar a barba crescer, vai ficar parecendo uma mulher barbada...
Publicado em: 17/08/2006 18:51:04
Última alteração:29/10/2008 18:47:28





A lei que proíbe a veiculação de propaganda de cigarros, é extremamente just; realmente o cigarro é uma droga, altamente letal e prejudicial tanto à saúde individual, quanto à saúde da economia.

Isso é ponto pacífico, não cabendo discussão sobre esse tema; sendo quase uma unanimidade.

Os males da tabaco são intensos e variados, podendo causar desde queda de dentes, até câncer e infarto agudo do miocárdio, passando por insuficiência respiratória, enfisema pulmonar etc...

Isso é colocado de forma clara nas relações entre escola e criança e entre sociedade e tabagistas, passando por todas as maneiras de publicidade negativas quanto a esse hábito e vício.

Porém, o mesmo não ocorre com relação a outras drogas, principalmente o álcool e medicamentos.

A propaganda de bebidas alcoólicas, além de liberada é associada a saúde, prazer e desportos, tendo entre o veiculadores do estímulo ao hábito do etilismo, entre outros, artistas famoso, mulheres bonitas, cantoras e até atletas de elite, como o Ronaldinho Fenômeno, p.ex.

Se observarmos a extrema associação entre o elilismo e a violência das ruas e do trânsito, para início de conversa, iremos observar o quanto o consumo desta droga é danoso para a sociedade; na minha experiência de médico de pronto socorro há 22 anos ininterruptos, observo que na grande maioria dos acidentes letais e assassinatos ou tentativas de homicídio, rixas, lesões corporais temos o álcool como uma frequente associação.

Isso é tão ou mais danoso que o consumo de tabaco, já que o álcool ceifa muito mais precocemente vidas e futuros.

Esse aspecto, por si só, já é muito preocupante; porém, temos o aspecto social do alcoolismo, enquanto doença; criador e mantenedor de desajustes sociais e fator de multiplicação das mazelas da miséria e pobreza.

Além do fato de destruição de células familiares e de relações humanas.

A liberação da propaganda de bebidas alcoólicas portanto, é tão ou mais prejudicial do que a de cigarros, ou alguém tem dúvida disso?

Além desse aspecto, temos também a propaganda não ética de medicamentos, na mídia escrita, falada e televisada.

O risco da auto-medicação é enorme, com complicações várias para a saúde por ação e/ou omissão; atrapalhando o tratamento, adiando-o e muitas vezes criando sérios problemas para as pessoas.

Muitas vezes, o “resfriado” tratado com os medicamentos prescritos pelo Dr Faustão, ou pelo Dr Gugu, Dra Malu Mader, entre outros “especialistas” pode ser uma tuberculose, uma pneumonia ou um câncer de pulmão, cujo adiamento do diagnóstico e tratamento podem ser letais.

A colocação de avisos para na persistência dos sintomas, o consumidor procurar o médico, de nada adianta num país de tantos analfabetos reais e funcionais.

Afora isso, temos os riscos de efeitos colaterais e reações alérgicas, que deveriam ser tratadas pelos mesmos que “prescreveram” tal medicação

Uma análise sobre esse fato, da justa proibição do tabaco e da incoerente liberação da propaganda de outras drogas tão ou mais danosas que o cigarro, deve ser tema de discussão para o aprimoramento da verdadeira liberdade da publicidade, sendo matéria pertinente à saúde pública
.
Até quando teremos dois pesos e duas medidas nesse tema?
Publicado em: 13/02/2007 19:40:25
Última alteração:23/10/2008 14:28:56



DE FAMÍLIA E DE FAMÍLIAS
Naquela mesma cidade pequena de Minas, onde o Prefeito Francisco tinha tido uma votação expressiva, mesmo das beatas e dos senhores conservadores do local, como eu já citei, havia um prostíbulo famoso, com meninas muito bonitas e de variadas “espécies”.
Clarice era mestra no metièr e sabia que, a melhor forma de manter a freguesia era a variedade.
A cada mês “trocava” as meninas com outras profissionais da difícil arte de amar, por meio de umas relações comerciais que tinha com várias casas em Juiz de Fora e Rio de Janeiro.
Uma nova “estréia” era patrocinada por um dos coronéis da cidade, ou das cidades vizinhas; regada à música, dança e muita alegria.
Pois bem, Francisco, como já havíamos dito, era um dos maiores freqüentadores de tal casa de diversão sabendo, inclusive, quando haveria ou se haveria uma nova “inauguração”.
Quando viajava, principalmente em caráter oficial, pois sabia que as despesas iriam ser bancadas pela municipalidade, Francisco costumava levar consigo uma ou duas das “meninas”, para se divertir e causar inveja aos outros prefeitos das cidades próximas.
Tal variedade de “acompanhantes” dava a Francisco certo ar de virilidade do qual ele tinha muito orgulho.
Mas a verdade é que, nosso amigo e sua amada esposa tinham um casamento feliz.
Pode parecer paradoxal, mas, para a pequena burguesia local, o fato de terem um casal de filhos, irem com freqüência à missa, estarem juntos nas festas da padroeira, no carnaval e em todos os casamentos e aniversários da “high society” do local, os tornava um casal “exemplo”.
E esse aspecto “família” era de fundamental importância para Francisco.
Pois bem, como os mais antigos se recordam na década de 70 a Coca Cola litro ainda era uma raridade.
Mas, tínhamos uma de 750 ml, se não me engano que era chamada de “Coca Família” lembram-se?
Mas, voltando à vaca fria, numa dessas viagens, Francisco levou consigo duas “menininhas” das mais bonitas que tinha aparecido no lugar.
A viagem era longa, se não me engano para Belo Horizonte e, como tinham saído de manhã, Francisco estava com fome e, parando em um restaurante à beira da estrada, foram almoçar.
Francisco fez seu pedido e as meninas também.
Nesse interem, Francisco e o motorista confabulavam sobre outro assunto quando o garçom perguntou o que as meninas iriam beber.
-Coca Cola, responderam.
O garçom solícito pergunta então: FAMÍLIA?
No que nosso herói de súbito, pegando o bonde andando responde revoltado:
-FAMÍLIA O QUE?! ESSAS SÃO LÁ DO PROSTÍBULO DA CLARICE SIM SENHOR! E COM MUITA HONRA!!!!
Publicado em: 13/08/2006 19:39:56
Última alteração:26/10/2008 22:32:57



DE FREIRAS, PADRES E PAPAGAIOS...
Esta se deu no interior de Alagoas, mais especificamente em Rio Largo, cidade perto da capital.

Um dia, na feira livre da cidade, apareceu um papagaio inteligentíssimo capaz de rezar o Pai Nosso e isto chamou a atenção de uma freirinha que comprou a ave e a levou para o convento, onde passou a ser a maior atração.

Instalado na janela principal daquela casa de religiosas, o animal a tudo observava.

Um dia, começou a chover e uma pessoa que estava na chuva, saiu-se com essa:

- O aguinha do capeta! O papagaio decorou na hora.

Assim que a chuva passou, bem em frente à janela onde o papagaio estava, uma mula, que puxava uma carroça, empacou e um passante aconselhou:

- enfia um cabo de vassoura no rabo dela que ela levanta. O papagaio ficou atento a tudo.

Dias após, a freira resolveu batizar o papagaio e, para tal, reuniu toda a congregação.

Tudo preparado, assim que o padre jogou água benta na cabecinha da ave, ela reagiu.

- o aguinha do capeta!

Horrorizada com a blasfêmia, a superiora tem um susto e desmaia no chão.
Todos tentaram acudi-la, no instante em que o papagaio decreta:

- enfia um cabo de vassoura...


MARCOS COUTINHO LOURES
Publicado em: 08/04/2008 16:20:57
Última alteração:21/10/2008 18:13:16



DE GRAÇA? ATÉ INJEÇÃO NA TESTA...

Naquele tempo, especialmente em cidades do interior, quem quisesse usar um terno tinha que procurar um alfaiate, como o Nelson Fidélis, o Luizinho Alfaiate, entre outros.

Sem dúvida, um dos mais competentes alfaiates de nossa cidade foi o Sr Chico, nosso querido Francisco Ferreira que, por ter se casado com Dona Maria Torraca, professora muito conceituada, passou a se chamar Chico Torraca.

Ao se aposentar, Seu Chico, homem extraordinário pela bondade, integridade e pelo humor, adquiriu um barzinho, o TOCA DOS GAMBÁS, onde ele fazia questão de ser considerado o REI DOS GAMBÁS, apesar de não ser alcoólatra.

Pois foi Seu Chico que me contou ter sido, certa vez procurado pelo Padre Nonato para fazer uma batina, sob medida, tendo trazido todo o material necessário à confecção da mesma.

Depois de uma semana, Padre Nonato foi buscar a batina e, depois de aprová-la, quis pagar pelo serviço, mas Seu Chico foi enfático:

- Não é nada não, Padre. Não cobro de religiosos.

Agradecido, Padre Nonato deu-lhe um crucifixo de presente, para o nosso amigo.

Meses depois, Seu Chico, foi procurado por um Rabino que, de passagem por Muriaé, veio encomendar um traje do ritual e, da mesma forma, foi atendido. Quando quis pagar, nosso alfaiate disse a mesma frase:

- Não cobro de religiosos...

No mês seguinte, o mesmo rabino visitando Muriaé trouxe mais um companheiro de fé a fim de encomendar uma veste...


MARCOS COUTINHO LOURES
Publicado em: 09/11/2007 12:43:36
Última alteração:29/10/2008 18:09:16


De graça, até caipirinha do Carlos Alberto.
Espera Feliz tem uma das mais animadas feiras agropecuárias da região.
Todos os anos, grande parte da população da cidade e dos municípios vizinho se reúnem para assistir a shows musicais; as crianças se animam para irem ao Parque de Diversões. Há corridas de motocross, etc.
Como o frio impera no julho caparonense, com os termômetros tendendo a zero grau de temperatura, há a venda de bebidas para aquecer esta friagem.
Carlos Alberto, sabendo disso, resolveu ganhar uns trocados com a venda de sua caipirinha, famosa entre os amigos.
Fez quase um galão da bebida e foi vender na festa.
Sem perceber, colocou sua barraca próximo a um camarada que vendia pinga com mel. Este era um antigo barraqueiro que todos os anos ia até a pequena cidade para “fazer a festa”.
Com o começo da festa, nosso amigo Carlos Alberto iniciou a venda de sua caipirinha.
“Caipirinha a um real, somente um real...”.
Ao que o vendedor de pinga com mel reagiu: “Pinga com mel a setenta e cinco centavos”.
Logo depois, a reação de Beto foi cruel: “Caipirinha a cinqüenta centavos...”.
O frio aumentando, Beto vendendo uma bebendo outra, esquentando o frio e ficando tonto. Cada vez mais quente e mais tonto.
Nessas alturas do campeonato, percebendo que não poderia concorrer com Beto, o barraqueiro já estava se retirando.
Quando, Beto percebeu isso, foi inexorável:
“Caipirinha de graça, só pra terminar o estoque, vamos nessa...!”
Obviamente, acabou tudo em pouco tempo. Beto, mais bêbado que tudo, foi para o meio da festa e ficou até de madrugada.
Dia seguinte, plantão no Hospital, Beto meio de ressaca, chegou para trabalhar.
De repente, começaram a aparecer vários pacientes com uma queixa comum: diarréia e vômitos.
Havia algo de podre no reino da Dinamarca. Nessas alturas, Beto se escondeu na Sala de Raios-X, sob o pretexto de que estava cansado...
Sebastião, outro funcionário, deu a resposta para o mistério.
“Beto, sua caipirinha estava até gostosa, mas não entendi aquele cheiro estranho e também não estou entendendo essa dor de barriga que está dando em todo mundo, inclusive em mim.”
Beto, na maior cara de pau esclareceu com um sorriso meio maroto:
“O problema não foi da caipirinha não, o que aconteceu foi que, depois de ter feito a mistura toda, é que eu reparei que tinha feito numa lata de querosene, dessas de cinco litros, que estava no quintal lá de casa”.
O primeiro a dar uns tapas no pé da orelha de Beto foi Sebastião.
Ainda bem que a maior parte dos que tiveram a diarréia não se lembraram da caipirinha dada por “cortesia” pelo nosso amigo...
Foi a estréia e despedida de Carlos Alberto na promissora vida de barraqueiro; para agradecimento de todos, inclusive o meu. Plantão como aquele eu não esperava ter tão cedo.
Publicado em: 20/08/2006 06:59:33
Última alteração:26/10/2008 22:35:53



DE LEIS E DA GRAVIDADE DOS FATOS
Paulo Carniça era um conhecido açougueiro de uma pequena cidade da Zona da Mata Mineira, a mesma que elegera Francisco de tantas aventuras aqui descritas.

Analfabeto funcional, mal sabendo assinar o nome, se elegera vereador na cidadezinha, no mesmo mandato onde Francisco era prefeito.

Esse fato de ser semi-analfabeto o incomodava muito e, francamente, como era bem intencionado, resolveu se matricular no MOBRAL.

A duras penas, recomeçando a estudar já com seus quase 50 anos, seu esforço era emocionante.

As dificuldades de aprendizagem eram muitas, mas, depois de um ano, já conseguia ler algumas coisas.

Uma delas chamou-lhe a atenção.

Ao entrar na biblioteca municipal, reparara num livro de Física esquecido em um canto e o título logo despertou sua atenção;

“A LEI DA GRAVIDADE, por Isaac Newton”.

Imaginara logo que, pelo nome do autor, deveria ser um grande político estrangeiro, o que logo lhe despertou o desejo de se tornar conhecido.

Pensou, pesou, analisou e, chamando seus assessores, depois de quase dois meses de muito trabalho, resolveu fazer um projeto de lei baseado no que entendera ser a lei de Newton.

Entre risos contidos e reações de surpresa, Paulo apresentou sua lei numa sessão solene, onde se homenageava os Professores pelo seu dia, num outubro perdido no tempo.

“A lei da Gravidade é de muita importância para a nossa e qualquer cidade. Por ela se define as gravidades dos assuntos e das urgências e perigos dos acontecimentos.

Por exemplo: se houver uma enchente e tivermos que calçar uma rua, pela lei da gravidade, a gente desvia dinheiro do calçamento para ajudar as vítimas da enchente”.

O comentário de um médico que assistia à sessão da Câmara foi definitivo.

“AINDA BEM QUE O PAULO CARNIÇA NÃO ACHOU UM LIVRO DE GINECOLOGIA, IA SER DIFÍCIL TENTAR APROVAR A LEI DA GRAVIDEZ!”
Publicado em: 27/08/2006 06:06:33
Última alteração:26/10/2008 22:46:40



DE MÃOS DADAS
Deram-se
as mãos,
dedos
entrelaçados,
como a garantir
este elo
de amor ...
(ivi)

Meus olhos guarnecidos
De teus olhos.
A noite traz estrelas
Rezas ritos,
Caracóis
Areias
Entre vários
Entraves
E vertentes.
Tentes ver
O que é premente
De repente
A gente aprende
E não se perde
Nunca mais.

Voando sobre as nuvens
Vens e me dominas
Minas tão diversas
Versas esperanças,
Lanças desafios
Fios linhos sedas,
Ceda cada passo
Aço entre promessas
Essas nossas sanhas
Assanhas alegrias,
Agrisalhando as dores,
Flores; entremeias.

Leva-me à estrela
Aonde beberemos
O mel de nossos lábios
Em sábias aventuras.
Atalhos; conhecemos
Remos que tentamos
Almas que se dão.
Sendas e floradas.
As mãos tão tenras. Dadas...
Publicado em: 15/03/2008 17:10:32
Última alteração:22/10/2008 14:37:02



De Marcos Coutinho Loures, sobre José de Paiva Loures
Sobre José de Paiva Loures


Uma das lembranças que tenho de meu pai é do apego que ele tinha pelas flores. Os espaços mais nobres do imenso quintal de nossa casa eram ocupados pelas mais diferentes espécies de roas, dálias, lírios, zínias, palmas, copos-de-leite, margaridas e outras, compondo um imenso jardim.
Todos os sábados, pela manhã, lá estava em nossa casa o sacristão da Igreja Matriz, recolhendo braçadas de flores para enfeitar o Altar do Senhor.
Naquele sábado em que meu pai desceu ao túmulo, o longo dia foi uma interminável sucessão de lamentos, até que a noite chuvosa se abateu sobre nossa dor e nosso cansaço...
Inúmeros parentes, vindos de muito longe, buscavam melhor acomodação, espalhados pelos quartos, salas e corredores de nossa casa.
Já era madrugada quando uma das minhas irmãs se levantou, queixando-se de forte dor de cabeça, provocada pelo perfume dos lírios que atravessava as venezianas e invadia o ambiente.
Uma a uma, as pessoas foram acordando e pudemos sentir, em plenitude, aquele perfume e, para aumentar a ventilação interna, apesar da chuva, abrimos as janelas. Tal fato mereceu de minha mãe, um comentário:
-“Que bom! Assim, quando amanhecer, poderemos levar muitas flores para ele!”
Assim, com as janelas entreabertas e suportando os respingos da chuva intermitente, voltamos a dormir.
Mal a claridade de um novo dia ia surgindo, minha mãe já estava na cozinha, preparando o café e, ao se lembrar do ocorrido pela madrugada, ela abriu a porta do quintal e foi procurar os lírios que deveriam estar enfeitando os canteiros.
Instantes depois, ela voltou e pediu que fôssemos também procurar as flores no quintal, ainda molhado pela chuva da madrugada.
Qual não foi nossa surpresa quando, ao vasculhar cada canto do imenso quintal, não encontramos uma flor sequer! Todas, absolutamente todas, haviam sido colhidas pelo fiel sacristão, no dia anterior...
Sem dúvida, para se despedir, meu pai havia deixado entre nós, o suave perfume de sua boníssima alma...
De Marcos Coutinho Loures, sobre José de Paiva Loures

posted by MARCOS LOURES at Sexta-feira, Junho 09, 2006 0 comments links to this post
Publicado em: 03/11/2006 18:44:31
Última alteração:26/10/2008 23:15:31

De domínio Público Marcos Coutinho Loures
De domínio público

Numa reunião de família, Cacá se aproxima da tia e pergunta:
-Tia, você ouviu o que a Sandrinha disse de você, lá na cozinha?
-Não – respondeu a tia – “Eu estava lá na sala, falando mal dela...”
Publicado em: 20/08/2006 08:10:59
Última alteração:29/10/2008 18:47:24


De domínio Público Marcos Coutinho Loures
Dois metalúrgicos conversam. Diz o primeiro:
-Tenho orgulho de meu pai! Ele tudo fez para levantar a classe operaria!
-Foi ele líder sindical? Perguntou o outro.
-Nada disso! Ele foi fabricante de despertadores...
Publicado em: 20/08/2006 08:18:42
Última alteração:29/10/2008 18:47:17



De domínio Público Marcos Coutinho Loures
Joãozinho pergunta ao pai:
-Pai! O que é “pena de Talião”?
O pai abaixa os óculos e responde:
-É aquela de “olho por olho, dente por dente”.
-Ainda não entendi nada – responde o garotinho.
E o pai, definitivo:
-É simples, meu filho: Se você me der um tapa, eu também te dou um tapa; se você me matar, eu também te mato!
Publicado em: 20/08/2006 08:37:22
Última alteração:29/10/2008 18:46:53



De domínio público Marcos Coutinho Loures
Dois sujeitos estão bebendo, num barzinho. De repente, um deles tira do bolso um relógio de ouro, para ver as horas e o outro companheiro de bar, pergunta:
-Que belo relógio! Quanto lhe custou?
-Este aqui custou só seis meses de cadeia...-
Publicado em: 20/08/2006 08:56:10
Última alteração:29/10/2008 18:46:33


De domínio Público - Marcos Coutinho Loures
Duas amigas conversam. Em dado momento, a primeira delas fala para a segunda:
-Observei que você e seu marido brigam demais! Será que vocês têm opiniões tão diferentes assim?
-Nada disso – respondeu a outra – Nós brigamos porque temos opiniões exatamente iguais!
-Como assim? Iguais?
-É simples, - explicou a segunda – Acontece que ele quer mandar em tudo e eu quero exatamente a mesma coisa...
Publicado em: 20/08/2006 08:14:58
Última alteração:29/10/2008 18:47:21


De domínio público - Marcos Coutinho Loures - Os soldados
Vários soldados conversavam num quartel, contando suas proezas.
O gaúcho enfatizava: “Olha aqui, tchê! Na minha primeira batalha, matei cinco inimigos.”.
O carioca sem perder o pique, esclareceu: “Pois eu, logo de primeira, matei uma dúzia, somente no pescoção!”.
O paulista, para não ficar pra trás, enquanto comia “dois pastel”, jurou que havia matado mais de cinqüenta inimigos, só com uma baioneta.
Como o mineirinho tivesse ficado em silêncio, os três perguntaram, ao mesmo tempo:
-E você, mineirinho? Quantos matou?
Já de saco cheio de ouvir tanta mentira, o soldado tirou um cigarro de palha, da orelha e respondeu:
-Eu? Eu não matei ninguém! Logo na primeira batalha, eu dei bobeira e morri!
Publicado em: 17/08/2006 18:41:55
Última alteração:29/10/2008 18:48:03



De domínio Público Marcos Coutinho Loures
No quartel, o sargentão conversa com o recruta, enquanto amarra a sela num belo cavalo alazão:
-Meu jovem, você já montou a cavalo, alguma vez na sua vida?
-Nuca, senhor! Responde o soldado.
-Muito bem! Aqui está o belo cavalo que nunca foi montado! Assim vocês vão aprender ao mesmo tempo. Pode montar!
Publicado em: 20/08/2006 08:21:47
Última alteração:29/10/2008 18:47:13



DE ARAÚJOS - em homenagem a Hélio Valentim
Francisco, já apresentado aqui anteriormente, perpetuava-se no poder na pequena cidade mineira e ainda não tinha tido o prazer de voar de avião. E essa era uma das suas maiores frustrações.
Sabendo desse desejo, um de seus filhos resolveu presenteá-lo com uma viagem para São Paulo, num avião que sairia do Aeroporto Pio Canedo, fretado por alguns empresários locais, entre eles o filho de Francisco.
Toninho, esse era o nome do rebento amado, era dono de uma empresa de locação de automóveis em Muriaé para onde, segundo as más línguas, teria ido boa parte do dinheiro da saúde do pequeno município.
O Aeroporto de Muriaé, ainda se chamava Pio Canedo, sendo depois modificado para outro nome, segundo dizem, por causa de “favores” de um deputado federal a um conhecido Governador mineiro, por emprestar uns aviões, coisas assim.
Mas isso não interessa, pelo menos nessa história.
Voltemos a ela.
O Comandante Araújo, aposentado pela aviação comercial onde fora um dos mais brilhantes pilotos da CRUZEIRO DO SUL, já morta a essa época, estava em um dia muito especial.
Sua esposa tinha-o abandonado na véspera e, como a dor era muita, aquele vôo daria a ele uma espécie de consolo.
Velho comandante do ar, Araújo tinha por hábito, tentar conhecer seus passageiros.
Ao ver aquele senhor sexagenário sentado com outro amigo, no bar do Aeroporto, resolveu entabular conversa com o estranho.
Ao vê-lo, teve uma surpresa enorme quando foi chamado pelo nome.
-Araújo, como está você?
Ao que respondeu que tudo bem, etc e tal.
-O vôo vai ser tranqüilo né?
Claro que sim, e o papo evoluía.
Regado a uma garrafa de cachaça que se esvaziava rapidamente, consumida pelo senhor distinto que reconhecera Araújo.
Como a gente, nessa vida, muitas vezes conhece pessoas e a memória nos trai, nada mais natural que o cidadão ter reconhecido o velho aeronauta.
O tempo passava e a conversa extremamente agradável com aquele caipira bom de papo já se alongara muito quando Araújo a encerrou, avisando que iria decolar em pouco e que, o velho conhecido deveria parar de beber.
Fora muito boa a conversa e isso aliviara um pouco o peito sofrido do nosso amigo.
Voltemos a Francisco.
Assim que chegou, acompanhado de seu testa de ferro de sempre, Francisco estava extremamente tenso.
Ao perguntar o porquê, o seu acompanhante foi informado que aquela seria a primeira viagem de avião do político experiente.
Resolveram sentar no bar e tomar umas caninhas para “aliviar” a tensão.
Ao perceber que aquele senhor estava indo em direção ao bar e que esse portava uniforme sugestivo de que seria um Comandante; Francisco, prontamente, convidou-o para sentar.
Daí em diante se deu o diálogo que captamos no bar do aeroporto.
Ao ver tamanha “intimidade” entre Francisco e o Comandante, seu amigo o interrogou:
- “Seu” Francisco, mas o senhor é muito gozador mesmo hein!? Como o senhor me fala que nunca voou e tem tamanha intimidade com o Comandante?
-Que intimidade o quê! Nunca vi mais gordo!
- Como o senhor sabia do nome dele?
- Não sabia não, e esse não é o nome dele não seu burro!
-Como assim?
- O imbecil, se o homem que trabalha no mar é marujo, quem trabalha no ar é araújo, entendeu?
Publicado em: 20/08/2006 06:29:32
Última alteração:17/12/2006 13:10:36



De beco em beco
De beco em beco
De rua em rua
A cidade cresce
E se esquece
Da feliz cidade...
Publicado em: 10/09/2008 21:20:40
Última alteração:17/10/2008 14:46:40



DE BÓIAS FRIAS E BÓIAS QUENTES
O vírus da política ataca algumas pessoas em fases bem distintas da vida.
Conheci, em Minas Gerais, um médico desses antigos, da época onde ainda não existiam hospitais na maioria das pequenas cidades, quando a medicina era exercida quase que artesanalmente, sem laboratórios nem exames complementares mais efetivos.
Esse colega, já beirando os setenta anos de idade, pertencia a essa fase naquela cidadezinha bucólica.
Tinha como característica, o fato de prescrever medicamentos de há muito abandonados e substituídos por outros, sem que o abandonado médico, sem contacto com revistas e muito menos representantes de laboratórios e menos ainda com as notícias mais recentes da medicina, tivesse buscado qualquer atualização.
Outra característica que lhe era peculiar era o hábito de construir e destruir e reconstruir várias vezes a casa onde morava e onde era seu consultório e até centro cirúrgico, onde fazia pequenas, médias e até, ousadamente, cirurgias de maior porte.
Com o detalhe de ser, ao mesmo tempo, cirurgião, anestesista e parteiro, contando somente com o apoio de um atendente de enfermagem cujo apelido era bem sugestivo: “Peremo”.
Ao procurar saber a origem do apelido, alguns amigos foram bem objetivos – seu apelido derivava da resposta que dava quando alguém lhe perguntava como tinha sido seu dia de trabalho- “Peremo duas pendicite e uma ursa no istombo!”
Esse médico, durante sua vida de dedicação ao município, teve participação efetiva na construção do primeiro posto de saúde, no hospital municipal, na criação do Ginásio Estadual e depois na “Escola Estadual de primeiro e segundo graus”.
A construção do Clube Recreativo da cidade também fora idéia sua.
Portanto, quando jovem, tinha tudo para se candidatar com êxito ao cargo de Prefeito, mas não o fizera, deixando que a idéia fosse aflorar na sua maturidade.
Ao se aposentar, acreditando no poder que julgava ter sobre os cidadãos do município, lançou sua candidatura à Prefeitura.
Uma de suas promessas demonstra o grau de senilidade do nosso amigo.
Propunha, para ineditismo programático, uma coisa fantástica ou de insanidade ímpar.
“Vamos propor a transformação do Bóia fria em Bóia QUENTE, com a colocação de veículos da prefeitura, distribuindo a alimentação na Zona Rural, na hora do almoço e do lanche dos lavradores. Isso vai acabar com a comida fria, transformando os agricultores em BÓIAS QUENTES.”
Obviamente, com pouco mais de 200 votos, coube ao nosso doutor mudar-se, revoltado, para o Rio de Janeiro onde soube foi encontrado morto num motel, acompanhado de uma jovem adolescente de 18 anos.
Mas isso são fofocas, e eu odeio fofocar!
Publicado em: 20/08/2006 06:26:55
Última alteração:26/10/2008 22:33:54



DE CAROÇO EM CAROÇO, O CAMENTO ANDA NO OSSO...
Aquele casal era muito querido e respeitado, talvez por terem vivido em harmonia, por mais de 50 anos juntos!

O Moreira – este o nome do esposo, perfeitamente lúcido nos 85 anos de idade, confessava amar a Guiomar – este o nome dela – mas que ela jamais lhe havia contado que segredo ocultava num velho baú, fechado a sete chaves das quais ela nunca se separou, mesmo nos momentos cruciais.

Um dia, ao chegar, às portas da morte, a esposa, resolve conservar sobre o assunto com o marido, mas antes, dá-lhe as chaves com que ele abre o baú lá encontrando três caroços de milho e um pacote de notas de dólares, perfazendo um total significativo.

- Três caroços de milho e mais de 100 mil dólares? Estranho! – pensou Moreira. E foi conservar com a esposa, acamada.

- Qual o significado do milho e dos dólares, mulher?

- Os três caroços de milho significam três vezes em que eu traí você, Moreira. Cada vez que acontecia, eu jogava um caroço de milho dentro do baú e o fechava a sete chaves.

Moreira ficou muito sentido com aquilo, mas ao se lembrar que, durante a vida, havia traído também a mulher, foi se conformando e acabou perdoado a traição.

- Afinal, de contas, se fosse contar as vezes que a traí, o número seria muito maior! Moreira resolveu sanar a última dúvida.

- E aqueles cem mil dólares?

- Todas as vezes que o baú enchia de milho ,eu vendia e botava o dinheiro no baú...

Realmente, aquele casal tinha muita história para contar...

MARCOS COUTINHO LOURES
Publicado em: 07/04/2008 10:45:39
Última alteração:21/10/2008 19:59:10


De Comendas e Comendadores
Naquela pequena cidade do interior, a cada ano se escolhiam, entre as personalidades do município, as que mais se destacavam.
Eram condecoradas com a comenda Dr. Nauseabundo Souza.
Esse fora um grande fazendeiro da região que trouxera a riqueza para o município, sendo um dos primeiros colonizadores do povoado que crescera às margens do Rio Sapo Cururu.
Ao iniciar esta colonização, habitavam índios da tribo puri e o Coronel Souza, com a ajuda de muitos jagunços, exterminaram esses primeiros habitantes da região.
Com a grilagem das terras e a exploração de pequenas quantidades de ouro que havia, pouco a pouco foram chegando outros aventureiros e com eles o gado e o café.
O desmatamento daquela área de Mata Atlântica fora total, não sobrando mais nada.
Ultimamente, o eucalipto começara a tomar o lugar dos pastos. Já o café, se limitara a pequenas propriedades, onde empregava a mão de obra sazonal costumeira.
Devemos nos recordar que, após o distrito ter-se tornado município, o crescimento e desenvolvimento estava a cada dia maior, o que atraía gente de todos os lugares.
No meio desse povo que migrara para lá, tínhamos um pequeno agricultor, de nome José, oriundo de Espera Feliz, cidade mais ou menos distante dali.
A riqueza traz todo tipo de gente, desde trabalhadores até aventureiros.
Dentre esses aventureiros, veio um grupo de paupérrimos moradores da periferia do Rio de Janeiro.
A chegada destes, trouxe para a população mais conservadora, o medo de que fossem bandidos ou traficantes, num infeliz preconceito que ainda habita as sociedades mais arcaicas e atrasadas do interior do Brasil.
Peterson era um dos homens mais violentos daquela cidade. Tinha, há muito, um programa numa estação de rádio local, cujo mote era “Bandido bom é bandido sepultado”.
Muito popular entre as camadas mais simples do local, este programa garantia ao radialista, a reeleição eterna à Câmara Municipal.
Não somente a ele, mas também à sua filha, Claudia, que seguia os passos do pai na política e no “jornalismo”.
Com o passar dos meses, os cariocas começaram a aparecer mortos, a cada mês aparecia um novo cadáver abandonado próximo aos bairros mais distantes da cidade.
Curiosamente, todos eles tinham uma marca estranha feita a canivete nas costas, uma caveira e duas tíbias cruzadas, à moda dos piratas.
A cada assassinato, Peterson, em seu programa de rádio, louvava a morte de mais um bandido, agradecendo ao executor misterioso, o favor de ter livrado a sociedade local de um facínora. Acrescentando à notícia, um monte de crimes imputados ao defunto.
Um grupo de estudantes que tinha ido estudar em Juiz de Fora, começou a perceber que essas coisas estavam se tornando repetitivas e fundaram uma associação de defesa dos direitos do cidadão.
Obviamente, Peterson começou a atacar esta associação, chamando seus membros de “defensores de bandidos”, de “turma de maconheiros sem vergonha”, etc.
Neste meio termo; José conheceu sua esposa, Maria. Começaram a namorar e, em pouco tempo se casaram.
Do casamento vieram três meninos, “as esperanças de José”, conforme dizia para todos os que conhecia.
Numa tarde do mês de maio, houve um incêndio na rua onde morava Jose.
Heroicamente, sem ter medo do que poderia acontecer e, na ausência de um Corpo de Bombeiros, José se meteu no meio do fogo e salvou uma criança recém nascida que dormia no berço, próximo à cama de sua desesperada mãe que assistiu a salvação emocionada.
Tal fato espalhou-se pela região, sendo noticiado até na televisão, num canal de Belo Horizonte, sendo José transformado, rapidamente, em herói.
José era muito bem relacionado e tinha, entre seus amigos, o Carioca.
Carioca era muito brincalhão, sujeito bom e honesto. Amigo do peito de José. Várias vezes tinha emprestado dinheiro, na época das vacas magras. Era pau pra toda obra.
Um dia, Carioca saiu para trabalhar e se despediu de José, carinhosamente.
Foi a última vez que Jose o viu vivo.
O corpo, encontrado na beira da estrada, crivado de balas e com aquela marca já descrita, feita a canivete nas costas do amigo.
No rádio, Peterson disse o que sempre dizia, que Carioca era um criminoso procurado pela polícia do Rio, envolvido com tráfico, essas coisas...
Essa notícia revoltou sobremaneira nosso amigo que, indignado disse a si mesmo e à esposa que nunca mais iria assistir àquele mentiroso, já que conhecia muito bem seu amigo e sabia-o incapaz de ter feito alguma coisa errada.
No final do ano, à época da escolha das personalidades do município, José foi lembrado pelo vereador do bairro onde morava.
Festejou muito; um humilde lavrador ser homenageado pela Câmara dos Vereadores!
Isso era motivo de comemoração e muito orgulho. Com toda a alegria do mundo, comunicou à esposa que se arrumasse para que no final do mês, na festa da cidade, fosse com ele receber a Comenda Dr. Nauseabundo Souza.
Comendador! Poderia agora, voltar a Espera Feliz com a cabeça erguida, ostentando no peito a comenda de que tanto se orgulharia.
Mas, por um desses acasos da vida, ao ir para o trabalho deparou com uma cena que chamou sua atenção.
Um homem enorme, com quase duzentos quilos, estava na beira do rio, pescando.
Até aí nada demais, mas ao se aproximar do cidadão, empalideceu.
Nas costas desnudas do pescador, deparou com aquela marca que vira desenhada a canivete nas costas do seu amigo Carioca.
A marca tatuada não deixava enganar. Era mesmo aquela.
O susto se tornou maior quando reconheceu Peterson, o radialista.
Era então isso, aquele homem estava ligado à morte de seu amigo.
Afastou-se calado e foi para o trabalho.
Passaram-se alguns dias, até que chegou o ansiado dia da condecoração.
Arrumou-se, se perfumou, vestiu sua mais bonita vestimenta e foi à Câmara receber sua comenda.
Para surpresa sua, entre os condecorados estava Peterson, que teve seu nome indicado pela filha.
A surpresa se transformou em ódio. E esse dominou todo o seu rosto empalidecendo-o.
Começou a tremer e, quase sem ouvir seu nome, levantou-se.
Ao ver Peterson com a comenda no peito, não se conteve.
Mal pegou a sua comenda, cuspiu sobre a mesma e atirou-a na cara do radialista, gritando:
“Essa é em homenagem ao Carioca, Comendador, aquele bandido que foi assassinado no mês passado, esse mesmo, aquele traficante que vocês anunciaram no seu programa de rádio. Vocês merecem essa comenda, vocês todos. Bandido bom é aquele que carrega essa homenagem no peito, vocês merecem!”
Para susto de todos, retirou-se, mas antes de sair, cuspiu no chão daquela digna “Casa do Povo”. Nunca mais ninguém teve notícias dele.
O corpo encontrado no dia seguinte nas proximidades da cidade, tinha o rosto deformado por ácido.
A marca da caveira e das tíbias estava feita nas costas.
Mas, desta vez, o radialista nada comentou...

posted by MARCOS LOURES at Segunda-feira, Junho 19, 2006
Publicado em: 03/11/2006 19:07:40
Última alteração:30/10/2008 19:27:58



DE COMPUTO E DE CÔMPUTO
Num dos episódios mais tensos da Câmara dos Vereadores de nossa pequena cidade, temos um embate inesquecível.

Dr. Flavio era um daqueles médicos do interior que, por idealismo ou por sede de poder, passa a entrar na vida política do município, normalmente com êxito.

Elegera-se vereador e, como tal, era uma ilha de conhecimento em meio ao deserto de idéias que compõe normalmente o poder legislativo interiorano.

Paulo Carniça, depois que concluíra o Mobral estava a toda e, já fazendo o projeto Madureza, se achava um douto, capaz de emitir com franqueza suas opiniões sobre qualquer assunto.

Num de seus arroubos de intelectualismo, em plena sessão aberta da Câmara Municipal, saiu-se com essa:

-Senhor Presidente, eu computo novos casos de tuberculose na nossa cidade, e isso vem aumentando todos os meses;

Além disso, eu computo também o aumento das muriçocas e pernilongos que estão impedindo o nosso povo de dormir.

Nessas computações, foi um tal de computo pra cá, computo pra lá até que, para cutucar o doutor Flavio que a tudo observava calado, Paulo cismou de dizer “computo que o atendimento da Santa Casa está muito aquém do que merece nosso povo!”.

Nessas alturas, Dr. Flavio se ergue e, agressivamente responde ao vereador computante.

-Vossa Excelência está enganado, NÃO SE FALA COMPUTO E SIM CÔMPUTO!”, para começo de conversa e, depois, o senhor não tem conhecimento de causa para poder julgar o trabalho de saúde no nosso município.

Ao que, sem pestanejar PAULO RESPONDE:

- Em primeiro lugar, quando eu falo com Vossa Excelência eu falo COM PUTO sim! E, depois quem é o Senhor pra falar em conhecimento de causa. Pelo que me consta o Senhor é Doutor médico e não doutor advogado!
Publicado em: 27/08/2006 06:07:51
Última alteração:26/10/2008 22:46:36



Das velharias toscas, noves fora,
Meu dadaismo em seu cubismo com um quê de classicismo fez-me pensar que sou mentira e pinico. Mas ser mineiro, meu querido, é ser hindu e brasileiro, é ser sueco e mundo inteiro. Se você quiser, pode até não crer, e é bom que nem creia mesmo, eu faço da ipanemense ser mineira e Atleticana, comer feijão tropeiro, andar de trem, fumar cigarro de palha, dizer "uai" e passar as férias em Guarapari. É. E as minas? São tantas... mina, a mina... ficou chic isso, a escultural mina ipanemense deu um nó em pingo d`água em Duchamps e cia. acadêmica. A mina, a flor mulher, eu também quero a flor, beber a água dessa mina flor, quero a flor, a mina, a cor da flor de qualquer cor que for que por aí mina. Mas... flor! A flor do amor à flor da pele. A flor carnal: a loira do leste da Europa, a flor ibérica, a morena da América, da aurora, da noite, a flor de Angola, a flor selvagem, tribal, indígena, xingu, a flor da Índia, cerimoniosa e ardente, a flor da Antárctica, delicada e fria, a flor geográfica, a flor dos Andes, a flor só de pedra, mas, flor! A flor asiática, a flor lá da China e da conchinchina; a flor nipônica, misteriosa e morna, a flor do deserto, insinuosa, a flor que dança, a flor que se abre, a flor árabe, a flor turca, a flor da separação, a flor mulçumana, cristã, budista, judia, espiritualista, atéia, agnóstica.Eu quero a flor, seja pudica, meiga, doce, vadia, indecente, digna, mas... flor!,ainda que falsa, de plástico. Os poetas mentem com mentiras que são faca e pluma, mas suas verdades vão além, deixando a hipocrisia aquém. Mas os poetas vão mais além, costumam fazer revolução. O Navio Negreiro de Castro Alves foi o estopim para a libertação dos escravos. Mas, mudemos de assunto assuntando mudança alguma, pois eu quero a flor vegetal também, a flor que deslumbra os olhos e enfeita os cabelos de chapinha da mulata, a rosa, a margarida, a violeta, a flor do hibisco, a flor do campo, a flor aquática, aérea, a flor seja qual for a flor,
a flor flor e a flor mulher, a flor tesão e complicação. Mas, no fundo, só me resta uma só flor, única, embora tardia vinda, a flor da poesia: a flor que é do mundo, que é de todos, a flor que liberta até a flor sem sentido: a flor da separação. Mas que é flor e bela se você sentir nela a flor da poesia. A flor poesia é a única que tenho e que me quer. É a flor da união, é a flor que quero, que me quer, é a flor que espero... poesia, mais nada, nada, de nada, nadica e nela tudo há. Vou com ela até o fim, até que eu morra, quem sabe de parada cardíaca... mas morrer do coração, morada da minha flor, a flor poesia, não é morrer em vão.

O Velho Menino

Das velharias toscas, noves fora,
Sobraram dez mil réis e nada mais.
O beijo da pantera não demora,
Quem dera se nós fossemos mortais.

Coroando a festança com sangrias
Urgindo ser feliz, não temo a pressa;
Estrelas que buscamos são vadias
E a noite em plena luz já recomeça;

Repare no cangote da morena,
Poesia maior; inda não vi.
E quando com tesão; a moça acena
O Paraíso em vida é logo ali...

Dadaísmo, cubismo ou aforismos
Morena no meu colo? Cataclismos...
Publicado em: 27/05/2009 14:14:42
Última alteração:17/03/2010 18:59:15



DE TANTO AMOR

É tanto amor que tenho que não sei
Como um dia, sem tê-lo viverei.
És a razão maior do meu sonhar,
Por isso é que tanto, minha amada,
Rumamos, neste amor a mesma estrada
Que faz o nosso sonho despertar.

Loucuras deste amor no dia-a-dia
São portadoras vivas da alegria,
Eu quero ser cativo deste sonho,
Que toma e me domina por inteiro
Vivendo nosso amor tão verdadeiro
Eu prevejo um futuro mais risonho.

Meu coração te entrego sem temer
Pois sei que teu sinônimo é prazer.
A cada novo canto que fizer
Tu saibas que pensei no nosso amor,
Que ajuda minha sina recompor
Em teus braços gentis, minha mulher
Publicado em: 27/08/2007 22:14:55
Última alteração:28/10/2008 17:03:10


De tanto amor
Minha alma se elevando
Ao etéreo.
Infinito...
Liberdade...
Sonhos
Fantasias...

A vida com
Suas mãos
Pesadas
E intransponíveis
Trouxe-me
Ao fim da tarde
A realidade...
Publicado em: 23/05/2008 14:03:03
Última alteração:21/10/2008 06:40:42



Estrela vespertina
Abrindo esta cortina
Do peito sofredor,
Vivendo o puro amor
Na luz que se irradia
Forrando em poesia
Barraco e coração.
Ouvindo esta canção
Que há tempos me dizia
De luas e sertão
Certeza de poder
Nos braços de quem amo
Encontrar o prazer
Que há tanto já reclamo
Seguindo cada rastro
Que, estrela derramaste
Em mel e claridade...
Publicado em: 30/07/2008 19:36:04
Última alteração:19/10/2008 22:00:23


DE TANTO AMOR. COROA DE SONETOS DE MARCOS COUTINHO LOURES
01

És a calção de amor que a brisa traz
Ao coração cansado de sofrer!
És sonho angelical, meu bem-querer,
Etérea fonte de prazer e paz.

Nem desta vida a dor mais crucial
Consegue apagar o teu sorriso!
Deves ter vindo, sim do Paraíso,
Pois és, em tudo, bela e divinal!

Amo teus olhos, límpidos, brilhantes
E de teu corpo, todos os caminhos...
Lírio do campo, rosa sem espinhos.

Tens a eterna pureza dos diamantes.
Mulher divina de beleza tanta,
Somente por te ver, minh’alma canta!


02

Somente por te ver, minh’alma canta
E a teus pés se prostra, reverente,
Pois és a deusa que se faz presente
E suave jugo aos súditos implanta.

À tua volta vejo os passarinhos
Alegres, a cantar em reverência,
E as flores, exalando fina essência
Perfumam os teus passos, teus caminhos.

Se assim a natureza te saúda,
Não pode sesta minh’alma ficar muda
E, diante deste fato se calar.

Por isso digo ao sol, à lua, ao vento,
E a quem puder ouvir, neste momento,
É muito bom, Mulher, poder te amar!

03

É muito bom, Mulher, poder te amar,
Pois trazes refrigério e trazes calma
Às aflições que são tormento de minh’alma
E sofrimento podem nos causar!

As humanas virtudes não têm preço
E sendo assim, por todos cortejada,
Por muitos corações tão desejada
O amor que me dedicas, não mereço.

Mas não posso perdê-lo ou dividi-lo,
Pois és, na minha vida, um sonho lindo
Que ao velho coração, serve de asilo!

E ao recordar o amor que já te dei,
Alegra-se minh’alma, ao ver surgindo
Esta mulher com quem tanto sonhei.

04

Esta mulher com quem tanto sonhei,
Tem sido aquela Musa Inspiradora
Que à minha atividade criadora,
É o ponto de equilíbrio que busquei.

Ela me traz a paz de que preciso
E, sem ela, viver não mais consigo;
E, dela, outra verdade eu aqui digo,
É um anjo que desceu do Paraíso.

Falar no quanto és bela, não dispenso
Mesmo sabendo que és especial,
Pois beleza também é essencial.

Por isso, quando em ti, mulher, eu penso,
Orando aos Céus, vejo com certeza,
Agradecendo a Deus tua beleza...

05

Agradecendo a Deus tua beleza.
Tudo em volta de ti, abre um sorriso.
E se exaltar o Belo, for preciso,
Assim também sorri a Natureza.

Sobre teus pés, coloca seu perfume
A flor mais bela que no campo existe,
E o sabiá entoa um canto triste,
De ti, quase morrendo de ciúme.

As águas vão cantando, nas cascatas
Belas canções de amor que, suavemente
Vão se espalhando pelas verdes matas.

E esta canção que inspiras se revela
Em cada gesto teu, pois és, realmente,
De todas as mulheres, a mais bela!

06

De todas as mulheres, a mais bela
E ao ver-te sinto logo, esta emoção
Que, devagar, ocupa o coração
E assim, de nossa história cuida e zela.

E a vida passa a ter um novo encanto,
Pois domar não se pode o sentimento,
Nem impedir que surja o pensamento
E nem ao coração tão suave canto!

Canto de amor que vem do fundo d’alma
Inspirado nas formas delicadas
Desse teu corpo, que me excita e acalma.

E ouvindo esta canção, à luz da aurora,
Pensando em ti, nas luzes de alvoradas
O velho coração, no peito chora!


07

O velho coração, no peito chora
Pela alegria insana de poder
Pelo menos, sonhar em te querer
No encantamento que em meu peito mora.

Querer esse teu colo, tão bem feito,
Roubar esse sorriso, só pra mim;
Beijar-te a boca rubra de carmim,
Apertar o teu corpo com meu peito.

Roçar meu rosto nos teus belos seios,
Delícias de teu corpo desvendar,
Agrados receber, prazeres dar

Juntos, provar os loucos devaneios
Que dando à nossa vida outro sabor,
Eternizando vão o nosso amor!

08

Eternizando vão o nosso amor
Os instantes felizes que tivemos
E todos os percalços que sofremos
As horas de alegria e horas de dor.

És a mulher que tanto se procura
Pelos dotes morais, pela beleza
Que em todos os momentos, com certeza
Enfeita-lhe a existência meiga e pura.

Magnífica mulher! Mãe e rainha
A quem eu, reverente, beijo os pés.
Pois mereces, da vida, a nota dez

E quando te sentires tão sozinha,
Lembra que alguém a ti deseja e quer
Por seres esta esplêndida mulher!

09


Por seres esta esplêndida mulher
Aqui te presto justa reverência;
E assim será por toda esta existência
E por outras, se acaso uma outra houver.

É fácil descobrir esta meiguice
Que um generoso coração retrata
Pois diante de uma vida que maltrata
Jamais imprecações tua alma disse.

Deixas de lado as glórias deste mundo,
Pois sabes que são falsas e falazes
E, de iludir o espírito capazes!

Mas , nas coisas de Deus, mergulhas
Pedindo sempre paz aos dias teus.
Nas conversas que tens, a sós, com Deus...

10

Nas conversas que tens, a sós, com Deus,
Perdão deves pedir ao meu pecado
Por ter-te, deste jeito desejado
Buscando-te também nos sonhos meus!

Esta emoção não posso mais conter
E ao ver-te tão bonita e graciosa
Como um botão da mais perfeita rosa
Impossível deixar de te querer.

Perdão, porém, se causo-te algum dano
Por mínimo que seja, não me agrada
Porque minh’alma, tonta, apaixonada

Não te pode trazer mais desengano!
Perdão, Mulher, tão frágil, mas tão forte,
És minha inspiração, meu bem, meu Norte...

11

És minha inspiração, meu bem, meu Norte
Em que, constantemente, sempre penso,
Se as atribuições da vida venço,
É que sentir me fazes, bem mais forte!

Frágil mulher, de fortaleza extrema,
Que enfrenta o mundo, de cabeça erguida.
Cuja vitória é sempre conseguida
Com base na Verdade – que é meu lema.

E de tua alma o mais doce perfume
Vai se espalhando pela longa estrada
Por onde passas, trôpega e cansada.

Tens, assim como o sândalo, o costume
Por mais que a ingratidão te fira e doa,
De perfumar a mão que te magoa...


12

De perfumar a mão que te magoa
É teu destino e tua vocação,
Pois sabes da grandeza do perdão,
Que dado aqui na Terra, aos Céus ecoa.

Não é porém a vida só de flores
E mesmo em flores têm os meus espinhos!
Às vezes são bem áridos os caminhos
Que temos de passear com nossas dores.

E mesmo assim, bendigo a caminhada
Que tendo como guia, alguém tão lindo
Consolação que traz e amor infindo.

E quanto mais estreita for a estrada,
Mais amor se precisa e de atenção,
Pois tudo nesta vida é coração!

13


Pois tudo nesta vida é coração
E havendo coração, tudo se explica
Pois ele os nossos erros justifica
E já nos traz as marcas do perdão.

Perdão que peço aos Céus por te querer
E desejar teu corpo e teu carinho,
A todo instante e mesmo aqui sozinho
Sem conseguir, por certo, te esquecer.

E tudo em ti me excita e me domina
E o pensamento que de ti não sai
A desvendar teu corpo, logo vai.

E nesta febre que me contamina
Nas curvas que navego, sintetizo
As mais belas visões do Paraíso!

14

As mais belas visões do Paraíso,
Neste teu corpo divinal achei;
Se foi apenas sonho que sonhei
Viver sonhando sinto que é preciso.

Quando te conheci, há longos anos
Senti que eras, de todas, diferente;
Mais pura, delicada e inteligente,
Trazias na alma amargos desenganos.

Hoje posso dizer quanto te quero,
Sem ter o teu carinho, sem teu beijo,
És todo o meu anseio, meu desejo.

O grande amor que nesta vida espero.
- Fonte de luz, de sonhos e de paz
És a canção do amor, que a brisa traz!

MARCOS COUTINHO LOURES


Se a vida não tem sentido,
Não tem cheiro nem sabor,
Nem tudo estará perdido,
Encha os vazios de amor!

Que faço agora, amada, com meu peito?
Depois de semeares tanto sonho,
Sozinho, vou vivendo insatisfeito.
Um amor que me cure, te proponho...

Talvez não tenha tido esse direito,
Meu mundo parecia mais risonho,
Intenso, tão feliz, quase perfeito.
Porém um pesadelo tão medonho

Rondando o coração, já me desarma.
Saudades! Que saudades de te ter
Será que a solidão virou meu karma?

Menina; tanto quero o teu amor...
Por teus olhos, a vida eu quero ver,
Preencha este vazio, por favor!

Marcos Coutinho Loures
Marcos Loures

Publicado em: 26/03/2007 18:46:39
Última alteração:06/11/2008 11:22:56




Não tema, meu amor, estou contigo
Certeza de te amar, me faz tão forte
Prevejo já prá nós um belo norte
Desditas, não se fazem mais perigo

Se Deus abençoou, nossos destinos
Também há de guiar os novos trilhos
Iluminar os passos que daremos
Fazer-nos adentrar em paraíso...

Seguindo cada passo que tu dás
Em rumo a mais completa sensação.
Vislumbro nesta andança a nossa paz,
Vibrando bem mais forte uma emoção
Que em meio à noite o sonho já me traz
Dizendo com firmeza da paixão
Que toma a nossa vida e mostra o norte,
Fazendo o coração bater mais forte...

ANA MARIA GAZZANEO
MVML
Publicado em: 22/10/2007 20:35:01
Última alteração:03/11/2008 20:47:19




Meu bem estou chegando, vê se espera,
Para plantarmos juntos, um jardim;
Ali há de brilhar a Primavera
E jamais haverá de ter um fim...
Saudade, eu já te digo com certeza
Nunca terá lugar em nossa mesa!

Terei tanta alegria em te rever,
A flor que imaginei, encontro em ti;
Agora que renasço p’ro prazer
Depois de tanto tempo que perdi.
Amada como é bom te ter comigo.
A tarde está chuvosa, mas nem ligo...

Em todos os jardins e nos canteiros,
Em todos os pomares e quintais.
Meus sonhos se tornaram verdadeiros,
Te imploro, não me deixes nunca mais.
No canto em Primavera, a liberdade;
Que traz na bela flor, felicidade!

HLuna
Marcos Loures

Publicado em: 15/03/2007 19:57:57
Última alteração:06/11/2008 11:25:27


A vida nos maltrata tantas vezes
Espero pelo amor durante meses
Nem sempre a noite traz a companhia
Dos sonhos que me salvam, de alegria.
Mas sinto que esse amor que sempre quis
Aos poucos me tornando mais feliz,
Será, ao fim da vida todo o cais
Que sempre procurei sem ter jamais...
Por isso, pouco a pouco me envolvendo
Até que no final, irei sabendo
Que amei demais, por isso te agradeço
Tu és, tenha a certeza, mais que mereço.

Tu és a natureza plena em flor
Na primavera mansa que esperava
E sempre que, contigo, mais sonhava,
Mais forte revela-se o calor
Que toda a minha vida dominava,
Devagarinho via que te amava
Na glória do divino, santo, amor...

Tu és a correnteza, me carrega
Aos mares dos prazeres mais sutis,
És mais do que esperava, mais que quis,
Amor que tanto tenho, já se apega
Aos olhos que desejo e peço bis
Em teu amor, decerto sou feliz,
Um peito apaixonado nunca nega.

Tu és felicidade que encontrei
No fim desta jornada do viver,
Não posso nem consigo te esquecer
Em todo teu prazer eu estarei,
Em todos os caminhos, podes crer,
De tanto amor que tenho, me perder,
Nos braços desse amor, eu morrerei!
Publicado em: 13/12/2006 06:27:14
Última alteração:28/10/2008 20:31:32




Livre

Leve

Louca

Solta

Pronta

No cio

Que ronda

Sou pavio

Que vai

Te levar

Em ondas

Aos mares

De prazer

Bravio

Acesos os pavios da loucura
Que em cios e desejos se completam.
Salivas que se trocam, na procura
Dos mares que se inundam, se repletam...

Explodem multidões de tempestades
Tornando nossos ventos mais bravios.
Rondando nossos corpos, ansiedades
Nos sonhos mais gostosos e vadios...

Nas ondas do prazer as explosões
Roubando a calmaria destas noites...
Tornando bem reais as tentações
Dos lábios sensuais, nossos açoites.

Vazante desta enchente em maremotos
Nas erupções divinas, terremotos...

Maristela Rúbio
Marcos Loures
Publicado em: 02/04/2007 09:13:40
Última alteração:06/11/2008 10:01:46




Queria….
Ser dona do tempo e do mundo…
Queria….
Controlar o sol e a lua….
Para te amar sempre….
Sem interrupções…
Sem ter que esperar…
Pelo lusco-fusco…
E que a porta se feche….
Isolando-nos ……….

Poder te amar o tempo que quiseres,
Sem nada que contenha essa vontade.
Tomados por volúpia em mil ampéres,
Vibrando até chegar saciedade.

Mais bela e desejada entre as mulheres,
Amor já nos mostrou felicidade.
Banquete que desfruto, seus talheres,
Além do que concebe a realidade...

Poder estar contigo o tempo inteiro,
Numa manhã, na tarde ou madrugada.
Teu corpo, o meu eterno companheiro...

Sozinhos, isolados deste mundo,
Sem perguntas, sem medos ou mais nada,
Apenas nosso amor, cada segundo...

MARTA TEIXEIRA
Marcos Loures
Publicado em: 17/05/2007 16:37:45
Última alteração:06/11/2008 07:41:39



Das catedrais tão lúbricas dos sonhos,
Em preces mais profanas, meu Nirvana,
Os passos quando outrora mais medonhos,
Louvavam solidão que desengana,
Crivando em pedras raras vão risonhos
Transmudam esta estrada soberana
E vão nas noites claras, fugidias,
Transitam as sidéreas fantasias...
Publicado em: 10/11/2007 17:43:38
Última alteração:28/10/2008 12:56:59




Tua pele, tua boca...
quando as sinto fico louca,
não controlo o meu desejo.
Percorro o brilho e o trilho
que as estrelas vão traçando,
pois que vão iluminando,
juntamente com a lua,
quando me entrego nua,
e me derramo num beijo


Minha alma te procura em tantos lagos,
Vivendo a sensação de ser só tua.
Por vezes esquecida vai embalde,
E sem amor sequer se rasga nua...

Querida tanto quis quanto fizeste
Tufão que me derruba e me transtorna.
Tu és a soberana que domina,
De tanto amor que tenho, a alma se entorna.

Mas sinto que depois de certo tempo,
Virás para os meus rios, cachoeiras.
E seguirás comigo para um mar.
Trazendo novas luas verdadeiras.

Cercado por carinho, então serei
O rei que tu quiseste amar, sereia.
E tanto amor enfim nos levará.
Deste pequeno lago; imensa areia.

E vamos nos salgar, tanto prazer,
Trazer para a lagoa, o grande mar.
Na imensidão insana e deliciosa
Que traz essa alegria de te amar!

HLUNA
ML
Publicado em: 14/12/2007 13:21:09
Última alteração:23/10/2008 08:26:25



Corações seresteiros
A cantar, dia inteiro
Só fala do amor...

Um amor,
Que de tão verdadeiro,
De janeiro à janeiro,
Só inspira prazer...

Vivo assim,
A sentir tal prazer,
A cantar com você,
Nossas canções de amor!


Cantando o nosso amor em serenata
Nas noites entre estrelas e luar.
Paixão que nos domina e arrebata
Vontade de contigo namorar,

Reflexos te tocando cor de prata
Nas mãos este desejo a dedilhar
Canções e corações, amor nos ata
No sonho tão gostoso de sonhar.

Amada não descanso um só minuto,
Meu coração que outrora fora bruto
Em tua voz macia já se acalma,

Nas tramas deste amor, percebo o quanto
Amar é se entregar ao teu encanto,
No mergulho que faço, de corpo, alma...

ANNE MARIE
Marcos Loures
Publicado em: 10/05/2007 19:04:57
Última alteração:06/11/2008 07:50:16


Na balada que preparo, rara amada,
Na cara madrugada tão sonhada.
Sou nada se não tenho teu amor.
Se nada mais que fui, hoje não sou,
Apenas minha amada, rara, amada...

Toadas que entoavas se cantavas
Encantos que distantes ecoavas
Com tantas melodias; naves, dias.
Voando nos teus aços, braços, laços...
Cansaços esquecidos, idos, ledos.


Cantares e saberes, tantos mares
Amares e marés que nunca param.
Que mudam e que inundam, levam...
Nas asas mansas anjos, banjos, bandos...
As estrelas velas belas acesas

Te quero e sou sincero no querer
Balada que te fiz
Amada fada
Fazer feliz...
Publicado em: 19/02/2007 19:05:48
Última alteração:28/10/2008 18:04:37


Tão bom saber
Que este amor
Nos proporciona,
Retorno florido,
À primavera da vida...

Quem ousou sonhar...
Algo parecido?
Quem ousou imaginar,
Que algo assim,
Fosse possível?

Presente dos deuses?
Real paraíso?
Somente te digo...
Braços dados contigo,
No amor, vou contente!

Lembrando nosso amor, roupas quarando
Em todos os varais das esperanças.
Persigo cada sonho desde quando
Brincávamos felizes, quais crianças.

A lua no barraco penetrando
Selando com a prata, as alianças,
Do amor que cedo foi emoldurando
Em águas cristalinas, doces, mansas...

Um dia nosso amor rebrilhará
Além deste infinito, eternidade.
Provando da delícia de um maná,

Em raro privilégio prosseguimos
No rumo da total felicidade
Em altas cordilheiras, em seus cimos...

ANNE MARIE
Marcos Loures
Publicado em: 07/06/2007 16:44:49
Última alteração:05/11/2008 21:30:42



Amor não cabe em mim...
Já ocupou espaços
Que sei, já sem limites...
É ar que enfim respiro...
Se fez um sol intenso...
E nem meu pensamento
Amor controla mais...
E busca no teu cais
O refratário certo...
Já matizou desertos...
Mil campos já floriu
Com flores de abril
E cunha a poesia
Imagem da alegria
Do amor que em mim nasceu...
Meus versos são só teus
Te amo, meu Romeu!

Matizas o meu canto
Em luzes maviosas
Mostrando que este encanto
Recende a raras rosas
Por isso em amar tanto
As horas são gostosas

Desertos que passei
Oásis procurando
Por tanto que pensei
Não saberia quando
Amor fizesse lei
E fosse iluminando

Caminho que enternece
Amor feito uma prece...

ANA MARIA GAZZANEO
Marcos Loures
Publicado em: 26/07/2007 11:37:42
Última alteração:05/11/2008 18:02:27


TE AMO E SIGO A REPETIR
E SEM PODER TRADUZIR
NESTES VERSOS, A GRANDEZA
DO QUE SINTO, EM REALEZA
APENAS UM LEVE ESBOÇO
DE MINH´ALMA EM ALVOROÇO...
MAS MUI GRANDE É A CERTEZA
DE VERO AMOR, SEM LIMITE
COLOSSAL, RARO EM BELEZA
QUE AO TEMPO INDA PERSISTE.

Rascunhos de esperança amores tantos
Trazendo para a vida uma alegria
Em meio à fantasia, teus encantos
Espalhas em meu peito, todo dia.
Coberto pelo belo destes mantos,
Declino meu amor em poesia.
O coração dispara em alvoroço,
Nas garras deste amor, eu me remoço...

ANA MARIA GAZZANEO
ML
Publicado em: 23/11/2007 15:08:40
Última alteração:31/10/2008 12:16:28



De tanto amor que trago em minha vida,
Buscando nos teus braços, meu apoio.
Matando a solidão...

De tantos os desejos que proponho,
No sonho que contigo quero ter...
Aurora do prazer...

As asas vão lançadas ao espaço
No vôo mais feliz que me propus.
Rondando a madrugada...

O murmurar profundo, sem juízo,
Na nossa cama explode de prazer.
Restituindo a vida...

Não deixe que este amor seja vencido,
Nem quebre essa corrente que nos une.
É nossa garantia.

Matando a solidão, te quero tanto...
Aurora do prazer foi prometida
Rondado a madrugada, em nosso canto.
Restituindo a vida sem ter pranto.
É nossa garantia, sobrevida!
Publicado em: 19/01/2007 17:35:34
Última alteração:28/10/2008 19:13:28


De tanto amor que te tenho,

Moreninha minha flor,

Toda noite amor, eu venho,

Procurar o teu calor.
Publicado em: 23/10/2008 11:27:49



De que valem palavras de ternura,
Se o coração não sente o que se diz?
O verdadeiro bem que se procura,
Não se contenta sem parecer feliz!

O poder das palavras só perdura,
Se o sentimento não as contradiz,
De que vale um momento, que não dura,
Pra quem a eternidade sempre quis?

Por mais que, nesta vida, se acelere
O passo, em busca da suprema glória,
Por mais que o humano ser deconsidere

Os limites da própria humanidade,
Somente poderão cantar vitória,
Os que não se apartassem da verdade!

MARCOS COUTINHO LOURES
Publicado em: 01/11/2007 19:54:04
Última alteração:13/10/2008 18:40:51


De repente,// Todo fulgor

uma luz // quimera de amor

invade // reluz

o coração // minh’alma...

Marcos Loures // Mara Pupin
Publicado em: 07/04/2007 10:15:49
Última alteração:28/10/2008 06:10:14


De repente, repente...
Vergalhões esquecidos no caminho,
São pedras que procuro disfarçar...
Um pássaro faminto sem ter ninho,
Teimoso se esqueceu como voar!
Nas horas mais difíceis vou sozinho.
Estrelas companheiras a guiar.
Recebo tais promessas, de mansinho,
É certo que jamais vão me cansar...
De todas as promessas mentirosas,
De todas as mentiras que disseste.
Amor que já morreu, vento nordeste,
Jardim que cultivei, morreram rosas..
Fazendo tantos versos sem sentido...
O mundo que sonhei ver dividido,
Depressa se desfaz, provoca guerra;
Saudades de descer da tua terra,
Fazendo minha rede em teus cabelos...
Não posso mais nem quero recebê-los.
A sorte não dá mote pra cantar.
Maria foi pro mar, sabe nadar?
Serviço de primeira, conta cara....
Amor que não maltrata é coisa rara!
Vencido meu desejo de vingança,
Correndo vem dançar na contradança...
Não quero meu emprego, perco viço...
O tempo que não nego, corrediço,
A vida sem saber virou enguiço,
Da feiticeira quero esse feitiço...
Não fale de Maria ou Mariana,
Esqueço que vivi, tanta mentira...
A noite que prometes não me engana,
Sandália que calcei procura tira...
O bom cabrito berra, senão morre...
Aquele que ficou, pobre coitado...
Menina vou tomar um grande porre.
Delícia pra comer: cabrito assado!
No lote das estrelas, Botafogo.
No canto das sereias, teu cantar...
Incêndio que se preza, bota fogo,
Estrelas mais brilhantes? Nem no mar...
Vencemos os problemas que sofremos,
É certo que esqueci de te contar
Na noite dessas bruxas revivemos,
Agora vou morrer neste luar.
Menina me enganaste, que besteira!
Barriga vai crescendo, devagar...
Vai custar muito caro a brincadeira,
Agora é que vou ter que trabalhar!
Cunhado não é sorte nem destino...
É carga que não canso de levar,
Mas também quem mandou o desatino,
A mala me sobrou pra carregar!
No peixe que pesquei, um diamante,
Nas ondas que navego, meus pecados...
Amor que dediquei, era gigante...
Na porta dos desejos, teus recados...
Na curva desta estrada capotei,
Perdi a minha sogra, quero o carro.
No reinado da rainha já fui rei...
Marido da cigarra? Meu cigarro.
Na carta que mandaste, meu amor,
Me falaste de estrelas e da lua...
A noite que não brilha, traz pavor.
Mulher que não amei, caminha crua...
Recebo teu pedido de perdão...
Não posso te dizer que não reparo.
Gordura me faz mal ao coração,
Amor que não sonhei ficou bem caro...
As jóias que pediste, de cristal,
De vidro verdadeiro são bem feitas...
Amor que não conhece carnaval,
Por certo tantas pernas endireitas...
Na doce melodia que me encanta,
A voz desta cantora não faz feio...
Plantei no teu castelo, minha santa,
Amor que já brotou, trouxe receio...
Receita que te dei, felicidade,
Jogada na cozinha, se perdeu...
Não posso te dizer tranqüilidade.
Se não morrer você, já me mato eu...
Mascaro meus desejos com chiclete
Meu hálito melhora e me suporta...
Não venha serpentinas e confete.
A solidão deixei atrás da porta...
Assim vou terminando meu repente.
Amor que não sobrou é paranóico...
Meus versos vão morrendo, de repente,
Decassílabos? Faço! Tudo heróico...
Publicado em: 03/11/2006 17:10:03
Última alteração:29/10/2008 12:03:05



Tanto quanto poderia,
Falar de tanto que sei
Vida, nova vida, adia
A vadia que sonhei.
Na avidez de nada ter,
No não temer nem a dor,
De nada tendo a perder,
Lívido, divido a flor
Do pensamento mais louco
Que nada se faz do tanto,
Desse tanto que é tão pouco,
Carregando, levo o pranto.
Na tímida lua nova
Que me inspira tanta luz
Que me traz de novo, a trova
Travada a sangue, no pus
Escorrido pela face
Marcada pelas manhãs
Que, antes que tudo se embace
Traz as febres das terçãs.
Me pergunta, nessa espreita
Nova forma, mais disforme
Carregada na maleita
que comigo, amante, dorme.
Quero vícios meus ofícios
Meu principal precipício,
Principiando meu verso,
N’avesso dess’universo...
Tinhas tantas teimosias
Em tuas aleivosias,
Tantas velhas melodias,
São as minhas fantasias.
Quero o sedento sabor
Do mais que a sede dará.
Quero o acre gosto da dor
Na maçã que brotará.
Macia a boca nojenta
Que me escancara desejo
No podre sabor do beijo,
Represa que se arrebenta.
Nocivo gosto de morte,
Transgredindo todo norte,
No topo de minha sorte
Não há ninguém que me importe.
No serão nem no seria,
No sertão, na maresia
Nos olhos de mãe Maria
Trafegando rebeldia.
Quero o medo dos meus medos
Catarse e virginal hímen,
Afagar todos segredos,
Fugindo desse teu lúmen.
Liberdade, tão às moscas
Emboscas e me torturas,
Na noite das luzes foscas,
Tateando nas procuras
De minha cara metade,
Na metade do clarão,
No meio dessa cidade,
No cerne do meu sertão.
Vi teus olhos passageiros,
Teus olhos são os primeiros
Que encontrei nessa viagem
Neles, pedindo paragem.
Falando tanta bobagem
Rasgando meu coração,
Pedindo pelo perdão,
Nas dores, amores agem...
Vou terminar meu incerto,
Concretizar o concreto,
Prometo ser mais discreto,
Amor pedindo meu veto...
Poetar sempre poeto,
Sempre cometendo rima,
Amar vai trazendo estima,
Estimação de moleque,
Na vida piso no breque.
O resto vai a reboque...
Nas mãos, meu velho bodoque,
Vitrola tocando roque,
Dos versos, final de estoque.
Isso que já cometi,
Nesses versos sem sentido,
Foi porque já me perdi
Quando te vi, sem vestido.
Nua caminha na sala,
Embala os sonhos caminha,
A pele, traje de gala,
Que pena não seres minha!
Publicado em: 18/04/2007 17:46:28
Última alteração:28/10/2008 17:05:44



DE SANTOS E PALAVRÕES.


Em Mirai que, segundo as primeiras edições do Dicionário do Aurélio, fica no Estado de Goiás, havia um jovem seresteiro de inteligência rara chamado Nelson Carcacena, polêmico por natureza e eterno apaixonado por misteriosa mulher a quem dedicava intermináveis melodias, nas madrugadas musicais das ruas daquela cidade.

Para lubrificar as cordas vocais, o seresteiro ficava ali no Bar do Cici, discutindo a respeito de tudo!

Um dia, um morador foi até o grupo e reclamou que estava havendo muitos palavrões e o Nelson saiu em defesa da turma, com uma tese polêmica:

-Palavrão não existe! Dependendo do ponto de vista, toda palavra é palavrão.

Como aquela tese foi muito contestada, foi ele desafiado a comprová-la e ele, deixando de lado o cavaquinho começou a sua exposição:

-Pra começo de conversa, vou provar que Santo Antonio é um palavrão.
E continuou:

-Estava eu tomando um banho de piscina no clube quando, num movimento brusco, minha sunga saiu e foi engolida pelo ladrão, indo embora pelo ralo.

Apesar de ter ficado nu, não perdi a calma e fui para a parte funda da piscina, fazendo hora, à espera de que todos fossem embora para casa, para poder pegar minha roupa no vestiário.

Já era quase noitinha quando aquela senhora, a última à beira da piscina, se levantou e chamou o filho, de uns cinco anos, que teimava em nadar na piscina menor.

Senti um alívio quando os dois se dirigiram à portaria e fui saindo, bem devagar, da piscina.

Quando já estava fora, o menino voltou correndo e ao me ver inteiramente nu, gritou para a mãe:

- Mamãe! Vem cá! Olha lá o Nelson com o Santo Antonio de fora!

Aí, todos vimos que o Nelson tinha razão...

MARCOS COUTINHO LOURES
Publicado em: 15/10/2007 19:12:12
Última alteração:29/10/2008 18:09:58


DE SAPOS, LAGARTOS, COBRAS, PERNILONGOS E OUTROS BICHOS...

Muitos andam assustados com a quantidade de pernilongos surgidos no perímetro urbano da cidade, especialmente nas margens do rio.

Felizmente, a maioria são machos que não sugam o sangue de outros animais e mostram um eventual desequilíbrio ecológico causado pelo desaparecimento de alguns predadores naturais, como peixes, répteis entre outros.

Porém uma coisa que, paralelamente está ocorrendo e que intriga principalmente os ecologistas é que, ao estudarem os pernilongos, como eu disse acima, reparou-se que a maioria absoluta era formada por machos.

O que estaria causando tal fato foi extensamente estudado sem nenhuma conclusão; já que a questão alimentar não caberia, pois a quantidade de transeuntes que passam pelas avenidas próximas ao rio, portanto fontes de alimentos para as fêmeas é elevado.

Mauricio Padilha, um bioquímico afamado na região e morador de ESPERA FELIZ, mas natural de Muriaé; um observador sagaz e atento matou a charada.

Paralelamente um fenômeno está ocorrendo no rio.

Com o extermínio de peixes, cobras e lagartos, seus predadores naturais a população de PERERECAS aumentou assustadoramente.

O que explica a concentração de pernilongos machos na margem do rio...

MARCOS COUTINHO LOURES
Publicado em: 10/11/2007 16:23:54
Última alteração:24/10/2008 14:31:54





Que belo amor este, que tem que ser calado profundamente, tem que
tentar fazer de conta que não existe sofrer sem ter... Mas lá dentro,
bem no fundo grita tão forte, tão voraz, alucina, e mesmo assim
precisa calar,
mesmo amando tanto!!


Eu te amo, mas preciso sufocar
O sentimento imenso que dedico.
Além de todo céu a nos brilhar
Sozinho, sem te ter, aqui eu fico.

É tão difícil assim, amor calar,
Matando este querer, deveras rico,
Em cada novo encanto te buscar,
Que faço se não posso nem explico...

Fazer de conta? Nunca consegui.
Pois mentir a mim mesmo é impossível.
Se tudo o que mais quero encontro em ti,

Em devaneios sofro todo dia.
Amor que se fez forte e tão incrível
Matando o que me resta de alegria...

ISABEL NOCETTI
Marcos Loures
Publicado em: 21/05/2007 19:52:42
Última alteração:05/11/2008 23:05:44


DE TANTO AMAR
Vem,
me toma nua,
me ponha exposta
na luz da lua,
vem,
me toma tua ...

Me dá um beijo,
quero teu desejo ...

Vem,
me enlouquece
de prazer,
me faz gemer ...
(ivi)

Ao roçar a tua pele
Com meus lábios mais gulosos,
Tanto desejo compele,
Explodindo em fartos gozos,
Tua nudez me convida
À loucura, insanidade,
O melhor de nossa vida,
Vou beber à saciedade.
Explorando cada ponto
Deste corpo deslumbrante,
Tanto amor deixando tonto,
Num momento fascinante,
Galopando em mil estrelas
Nos espaços, um corcel,
Na beleza que revelas,
Eu percorro em luz o céu...
Publicado em: 14/05/2008 21:51:16
Última alteração:21/10/2008 14:44:08


DE TANTO AMAR...

Tanto mar
Tanto mar
Te darei tanto mar
Se deite
Que tenha tanto amar
Aproveite e aceite amar...

Molha o mar
Lambe o mar
E deixa vir esta onda
E acate
Que venha tanto mar
Acate e aceite o mar...

Tanto mar
Tanto mar
Te darei tanto amar
E acate
E aceite tanto mar
Me aceite, receito amar...

Salgue e receba do mar
Meu mar e no teu mar
Ondas entram mais
Venha
Que eu te vou
Meus mares das Gerais...
Publicado em: 31/12/2006 14:53:16
Última alteração:28/10/2008 19:09:32


Na estrada longa da vida,
De tanto amar; perdi rumo,
Deita comigo, querida,
Da laranja eu quero o sumo!
Publicado em: 06/03/2007 22:20:19
Última alteração:28/10/2008 10:04:34



Te quero,amor, como for...
Do jeito, enfim que vieres
Amigo, amante, namorado
Poeta, sol encantado
Sonhador e seresteiro
A ti me dou por inteira
Menina-flor, uma rosa
Mulher, deusa encantada
sei ser feliz nos teus braços
como quiseres, amado

Sondo em versos, teu caminho,
Na procura de teus rastros,
Vou buscar devagarinho
Os teus seios, alabastros.

Sou teu par, teu companheiro,
Vou seguindo cada passo
Que me enleve, verdadeiro
Balanço este compasso.

Verso feito, rumo certo,
Nos cantos, enamorado,
Vem aguar o meu deserto
Vem matar o meu passado...

ANA MARIA GAZZANEO
MVML
Publicado em: 06/10/2007 18:56:16
Última alteração:04/11/2008 11:43:10


DE PADRES E ADVOGADOS
Depois de um acidente que vitimou um casal de noivos que se dirigia à Igreja, para casar, chegaram eles ao Céu, sendo recebidos por São Pedro.
Embora traumatizados, resolveram pedir ao Santo que concretizasse o casamento, pois este era o sonho de ambos, quando viviam na Terra.
São Pedro disse que iria estudar o assunto vendo o que poderia fazer pelo casal.
Levado o assunto ao Egrégio Conselho Celestial, foi o pedido indeferido, por unanimidade.
- Um casamento feito no Céu teria que ser por toda a Eternidade – explicou o Santo ao casal.
- Mas não criaram ainda o divórcio, por aqui?- indagou o noivo.
Bem à vontade o Santo ponderou.
- Reina aqui no Céu total liberdade, mas para isto temos enormes problemas a resolver.
A noiva, curiosa, quis saber que problemas eram esses e São Pedro explicou:
Nós temos muito poucos advogados aqui e os pedidos iriam demorar séculos a serem atendidos.
Tentando achar uma solução, o noivo falou:
- E o Egrégio Conselho Celestial não poderia nomear uma outra pessoa para outra tarefa?
-Mais difícil ainda- retrucou o Santo – e continuou.
“Um divórcio é coisa séria e não poderia ser feito por qualquer um.”
Lamentando a situação, o noivo deu uma última cartada e sugeriu que fosse nomeado um padre para fazer o divórcio.
“Há um ponto que torna impossível esta designação” – explicou São Pedro”.
E diante já desanimado casal, arrematou:
“Restaria encontrar um padre aqui no Céu muito mais difíceis de achar do que advogados”..

MARCOS COUTINHO LOURES
Publicado em: 18/11/2008 12:42:39
Última alteração:06/03/2009 19:05:19


De pequeno eu te queria,
Tu querias outro braço,
A minha alma tão vadia
Vai morrendo de cansaço...
Publicado em: 13/08/2008 14:22:38
Última alteração:19/10/2008 19:56:27


Eu bebi de tua boca
Deliciosa aguardente
Minha mente fica louca,
Mas me deixa mais contente
Minha voz ficando rouca,
Uma alegria pressente,
Mas não vou dormir de touca
Tô chegando de repente,
Bote roupa, mas bem pouca,
O resto deixa co’a gente..

Publicado em: 14/05/2008 21:06:42
Última alteração:21/10/2008 14:43:32


De vinganças e vinganças
Um dos maiores parasitas que existem é o conhecido “colunista social”. Escravo e bobo da corte, é vitima e o carrasco das conhecidas “socialites”.
A maior parte das vezes é convidado para as festas da high society, tendo como característica marcante, o olhar ferino e agressivo contra alguma pessoas, principalmente aquelas que não lhe satisfazem os desejos de fama, poder ou simplesmente narcisistas.
Em contrapartida, as que cedem aos seus caprichos são tratadas a pão de ló, tendo o rosto estampado com legendas elogiosas a cada semana ou a cada evento em que estas personalidades estejam.
Mauricio Flavio era um dos mais conhecidos colunistas sociais da cidade de Pintassilgos, no interior mineiro.
Tendo em Amaury Jr, seu principal ídolo, tentava ser simpático com a maior parte dos ricaços do local, sendo cruel com aqueles que não tinham “origem” na tradicional família pintassilguense.
Os novos-ricos, então eram vítimas de sua língua ferina, mesmo nos elogios, não se esquecia dos pequenos detalhes que, invariavelmente, demonstravam a origem camponesa ou proletária da personagem escolhida por Mauricio Flavio para ser esculachada.
Marieta herdara de seus tios uma propriedade rural de fazer inveja a quem quer que seja. Nos seu quase mil alqueires de terra, desfilavam mais de mil cabeças de gado, além da produção de café, uma das maiores do sul de Minas.
Não que fosse uma nova rica típica, isso não. Mas, sua filha, no auge da adolescência e deslumbramento, resolveu fazer uma festa de quinze anos.
A mãe, que tinha mudado para a cidade fazia pouco tempo, relutou em fazer a tal festa mas, sob a influência das companheiras de salão e das amigas de sempre, rendeu-se aos apelos da menina.
A festa fora um esplendor de fartura para todos os gostos, inclusive para a língua afiada de Mauricio Flavio.
Entre os convidados, obviamente, vieram os parentes de marie ta, todos oriundos da zona rural. As misturas de estilos se tornaram evidentes.
Como não poderia deixar de ser, Mauricio Flavio estava entre os meio convidados meio penetras que vieram na carona de alguns amigos da filha da dona da casa.
Marieta não lia as colunas sociais, isso nunca. Mas, como a festa da filha fora anunciada como uma das atrações da maldita coluna, teve o desprazer de perder seu tempo lendo as matérias publicadas pelo “dengoso” mauricinho.
A festa foi desancada do começo ao fim, com críticas vorazes e ferozes contra a “Família Buscapé”, tendo como máxima , a falta de gosto e de estilo da dona da casa e de sua filhota, “exemplo de como não se deve portar a juventude cocoteira e baladeira”. Entre outras coisas, a decoração da casa foi tema de agressivos e preconceituosos comentários do colunista.
O calor começou a subir às ventas de Marieta que, no auge da ira, planejou sua vingança.
Sabendo da sede de poder do adamado colunista, mandou flores para este em agradecimento aos comentários postados no jornaleco.
Este cuja megalomania não permitia discernir nada, agradeceu e encantou-se com tal atitude.
Passaram a trocar correspondências e telefonemas.
Depois de uns três meses de intensas intimidades, Marieta preparou-lhe a arapuca.
Convidou a toda a cidade para uma festa em homenagem a Mauricio Flavio.
Orgasmos múltiplos não dariam a dimensão exata do prazer proporcionado a este pela notícia.
Esquecera, a muito, das críticas impostas a sua nova amiga.
Enquanto essa estava se firmando como uma das maiores fortunas da região, Mauricio a cada dia se encantava mais com Marieta.
No dia da festa, um luxo só. A casa fora toda preparada para a recepção, inclusive com música ao vivo, cantor famoso, em fim de carreira, mas conhecido.
Aquilo tudo estava fantástico. O nosso colunista estava em lágrimas, verdadeiras lágrimas de emoção e felicidade.
Lá pelas tantas, Marieta, pediu a palavra e em tom de agressividade, para surpresa de todos começou a desfiar :
-Esse imbecil que se chama Mauricio Flavio, puxa saco dos ricos, achou que eu ia me esquecer do que ele fez com a minha filha. Convidei vocês para que saibam o quanto esse vagabundo sanguessuga vive das fofocas e intrigas, muitas das quais ele mesmo inventa para extorquir dinheiro ou vantagens pessoais.
Eu não preciso desse tipo de gente, dessa bichinha safada que vive fingindo que tem namorada, somente para esconder o fato de estar saindo com o meu meeiro, Zé Trindade; ou você pensa que eu não sei disso?
Aliás, eu não preciso de seus elogios ou críticas, eu posso e faço o que eu quiser, não quero você, sua lombriga asmática nem aqui em casa e nem no meu jornal.
Pois é seu babaca, acabei de comprar o jornaleco onde você trabalhava e, para que todos saibam você está demitido desta casa e do jornal. Suma!
Ao que, o choroso colunista, meio de banda, humilhado mas com a cabeça incrivelmente erguida responde:
-Caipira, caipira, caipira! E ainda por cima, GORDA!
Publicado em: 20/08/2006 07:07:44
Última alteração:26/10/2008 22:36:33


DE, REPENTE GONÇALVES REIS






DE, REPENTE

Admirado leio os teus versos
Sentindo a rima e a métrica qu’enfeita
Num redondilho até nos mais dispersos
Nas mãos há um ajuste que se ajeita...

E os neurônios sempre estão imersos
Na Praia da Palavra em qu’é Perfeita
Nas Letras pelos mundo tão diversos
Da inspiração da alma – do que é feita...

Os sonhos, as fantasias – ilusões
Pergunto-te, então: “Como compões?
Tão rápido, tão fácil, de repente!...”

Correspondência mando pra saber
Da gran facilidade de escrever
E diz-me apenas isso: “De, repente...”



OBRIGADO AMIGO
Publicado em: 03/09/2007 20:35:30
Última alteração:04/09/2007 06:27:30




Debaixo da janela, o seresteiro,

Olhando na janela, uma menina
E o tempo a galopar soma ilusão.
Se era a lua a face da vitrina
Agora cai a noite, escuridão...

Viver, sonhar, seguir se faz a sina...
Alentos, desventuras, no balaio
Colheita que se fez, pobre vindima
Nos olhos da menina, só desmaio...

E o tomo desta vida, precipício
Indício de mudança não faz face
Restando o canto lúgubre e o disfarce

E da insensatez, forte resquício
Razão em confusão e o esgarce
Do resto que sobrar, tão fictício.

Ana Maria Gazzaneo

Debaixo da janela, o seresteiro,
Invoca; enamorado, a bela lua,
Sua alma perde os lastros e flutua
Tendo no violão seu mensageiro,

O sonho perseguindo este luzeiro
Imaginando a deusa seminua
Que em doce transparência continua
Ouvindo a mansa voz do seresteiro.

Retrato abandonado na gaveta
Do tolo imaginário de um poeta
Teimoso que esqueceu de olhar em torno,

O quanto deste encanto ainda resta,
Romântico soneto? A luz funesta
Impede sem perguntas, tal retorno...
Publicado em: 03/03/2009 16:21:13
Última alteração:06/03/2009 01:35:20



Debaixo desta saia, o paraíso,
Debaixo desta saia, o paraíso,
Morena maltratando o coração,
Eu perco desse jeito, o meu juízo,
Mas acho a mais gostosa direção...
Publicado em: 09/02/2008 14:12:04
Última alteração:22/10/2008 17:47:31


-Debaixo do Tamarindo
Debaixo do Tamarindo

No tempo de meu Pai, sob estes galhos,
Como uma vela fúnebre de cera,
Chorei bilhões de vezes com a canseira
De inexorabilíssimos trabalhos!

Hoje, esta árvore de amplos agasalhos
Guarda, como uma caixa derradeira,
O passado da flora brasileira
E a paleontologia dos Carvalhos!

Quando pararem todos os relógios
De minha vida, e a voz dos necrológios
Gritar nos noticiários que eu morri,

Voltando à pátria da homogeneidade,
Abraçada com a própria Eternidade,
A minha sombra há de ficar aqui!

Augusto dos Anjos

À sombra do arvoredo em que brincava,
Nos tempos onde ainda havia a luz,
A morte se aproxima; fera cruz,
Minha alma se derrama em fogo e Lava...

Quem sabe eternidade? Dura clava
Que em meu costado corta e jorra pus,
Abraço os descaminhos onde pus
O fogo da ilusão que me abrasava.

Intrépido fantasma; tão soturno,
O fim se aproximando a cada turno,
Debaixo do arvoredo, ainda alcanço

Um resto de esperança, que se esvai,
Só peço este favor a Ti, meu Pai,
Em volta das raízes, meu descanso...
Publicado em: 15/12/2009 14:47:52
Última alteração:16/03/2010 12:18:07



DEBATES EM FOCO

Surpresa desagradável foi a retirada do ar do programa “DEBATES EM FOCO”, do correto comunicador Ailton Malta.

O Canal 7 que integra a Rede Minas, uma das expressões da TV CULTURA, com a saída de Ailton Malta acaba de perder um dos seus mais expressivos profissionais e a região deixa de contar com um programa voltado para a história de sua gente, sempre apresentada de uma forma limpa e imparcial, como, aliás, deve ser feito por quem se habilita a fazê-lo.

Com tremenda empatia, Ailton Malta conseguiu promover a integração semanal de vários veículos de comunicação e buscava trazer ao conhecimento público, assuntos dos mais relevantes, como profissional sério e cuidadoso que é.

Não sabemos as causas da retirada do programa do ar, mas seguramente, sabemos que Muriaé e região muito perderam e ficamos aqui torcendo para que muito em breve, Ailton Malta possa estar de volta, brindando-nos com o brilho de sua inteligência e o bom-gosto na escolha dos temas que fazem a história de nossa terra e de nossa gente.

Sem DEBATES EM FOCO, as manhãs de domingo ficaram mais frias, em toda a região coberta pelo programa que se foi.

Que ele esteja de volta, o mais rápido possível são os nossos votos e de todos os que admiram uma imprensa limpa, bem intencionada, bem dirigida e com a isenção de Ailton Malta, a quem agradecemos pelas gentilezas durante todo o tempo em que esteve no ar!

- VOLTE BREVE!

MARCOS COUTINHO LOURES
Publicado em: 07/04/2008 07:54:09
Última alteração:21/10/2008 19:58:04



De trovinhas não me canso,
De trovinhas não me canso,
Vou fazendo o tempo inteiro,
Coração; depressa alcanço
Se este amor é verdadeiro...

Publicado em: 16/01/2010 13:43:50
Última alteração:14/03/2010 20:49:21



De tua boca, ouvir o belo canto



Esquecer-te? Como eu poderia?
Seguir avante, sem saber de ti
Se és para mim o sol de cada dia
E toda poesia está aqui...

No teu olhar de amor, minha alegria
Nas tuas mãos, o bem que me vicia...
Na tua boca, o canto que me alenta,
Em ti, toda magia enfim, que me apascenta!


ANA MARIA GAZZANEO

De tua boca, ouvir o belo canto
Que pode transformar a minha sina,
A vida tantas vezes me destina
Apenas, tão somente o desencanto,

Não quero mais saber do antigo pranto
Rolando de meus olhos, fria mina,
Tampouco a solidão, esta assassina
Cobrindo-me deveras com seu manto.

Eu quero uma magia tão simplória
Modificando toda a minha história
Tragando os dissabores que inda trago,

Numa explosão fantástica e silente,
Dizendo deste afeto que se sente
Na simples sensação de um manso afago...
Publicado em: 25/02/2009 15:16:08
Última alteração:06/03/2009 01:45:12



De um jeito inebriante e tão macio
Tua face afagarei
na ternura de quem ama
ardente te beijarei
tua serei nesta cama...

AMG

De um jeito inebriante e tão macio
A voz de uma pessoa cativante
Entorna a poesia e num instante
Invade o coração deste bugio.

E quando esta presença; fantasio,
Minha alma num falsete dissonante
Do som maravilhoso, discrepante
Ainda tatuada pelo frio

Espera um novo tempo mais feliz,
Viver é desfrutar do que se quis
E um dia cultivei com tolos versos.

Depois de tanto tempo em solidão,
Plangência dominando o violão,
Espanto-me em acordes tão diversos...
Publicado em: 15/01/2009 08:17:24
Última alteração:06/03/2009 07:29:01



Qual fosse um furacão em ventos fortes
Mudando nossos rumos, nossas sortes,
Trazendo para a vida uma explosão

Eu sinto que estes dias que passamos
Aos poucos conhecemos, nos amamos,
Vivendo toda a fúria da paixão.

Os olhos se encontrando no infinito
Permitem nesse amor o calmo rito
Que faz com esta vida valha a pena.

Ao largo me perdendo pouco a pouco,
Em vias de me achar deveras louco
Sem ter formado a imagem desta cena.

Dos corpos que se buscam sem vergonhas
Por sobre travesseiros, mordem fronhas
Deliram, empapuçam os lençóis.

Amada, nossa chama me enlouquece,
Traçando uma profana, insana prece,
Trazendo para a cama dois mil sóis...
Publicado em: 24/02/2007 18:02:21
Última alteração:28/10/2008 18:08:54



De tanto que tenho tido Problemas na minha vida,
De tanto que tenho tido
Problemas na minha vida,
Disso eu nunca mais duvido,
É minha sina cumprida.

Quando não é no trabalho,
Com chefe ou com gerente
Com patrão num ato falho,
Com empregado ou cliente;

É lá em casa com filho
Com mulher ou empregada,
Todo dia o mesmo trilho,
Toda vez a mesma estrada.

Na semana quando há feira
Ou sem feira tanto faz,
Já tá me dando canseira
Só quero viver em paz...

Mas por milagre outro dia,
Por um só curto momento,
Vi quanto é que me entedia
Faltar aborrecimento!
Publicado em: 09/10/2008 14:04:08



DE TANTO TE AMAR.

Teus braços
Laços
Aços
Passos tantos
Santas ceias
Corpos nus.
Vago em ti
Cometa a esmo,
Encontro sóis
Em céus diversos
Bebo na fonte
Furnas grutas
Grotas, locas
Loucas noites.
Lábio açoite
Voracidade.
Anseio
Seios
Veios
Vias
Vãos e tocas.
Tocas, trocas
Bocas seixos
Sexos
Águas
Correnteza...
Publicado em: 22/04/2008 21:35:56
Última alteração:21/10/2008 13:22:03



O vento
Dos teus lábios
Percorrendo
Arrepios
Vontades.
Sabores
Imaginados
Sal e mel.
Arrebatador....
Publicado em: 24/08/2008 21:05:20
Última alteração:17/10/2008 17:06:47



Toda mulher amada é como um sol
Que brilha nos seus mares num encanto,
Sereia que delira com seu canto
Estrela tão brilhante, qual farol
Às vezes, de saudades vem o pranto,
Mas logo renascendo vibra o manto
Da alegria, refaz-se, girassol...

Toda mulher amada é como a luz
Que transmite total felicidade
E permite que em sua claridade
A louca fantasia se produz,
Dizendo tanto amor com liberdade
Mostrando que viver realidade
Melhor do que sonhar, tanto seduz.

Minha amada mulher, meu sentimento
Percorre cada poro de teus seios,
Matando meus desejos e receios
Sentindo teu prazer, vivo no vento,
Eu quero mergulhar nestes teus veios
Fazer-te dos meus cantos, galanteios
Gozar total prazer do sofrimento!
Publicado em: 10/09/2008 16:16:58
Última alteração:17/10/2008 14:37:56



Num sonho espectral tive intensa sensação
Da morte em eminente aspecto mais cruel.
Nem bem adormecido, em plena convulsão,
Senti a mão macia e um negro e triste véu
Qual fosse ave agourenta em sobrevôo manso.
Pensei que fosse embora, o sentido, não alcanço...

Perfume adocicado em plena fantasia.
Um olhar sorridente estende seu carinho.
A noite que era quente, em um segundo; fria.
Cruel ave agourenta, espero, volta ao ninho...
Mas nada, estava ali, sorridente e mordaz.
Há muito tempo vivo esquecido da paz.

Nada falava, quieta. A noite se passava
Naquele ritual, macabro ritual...
A morte que eu sonhara eu nunca imaginava
Que fosse assim, tortura... Achara tão banal
Que explicações sem nexo eu procurava dar.
Delírio, fantasia... Ao sabor do luar..

Pois bem sabes a lua em momentos assim
Muitas vezes traz culpa em situações vãs.
Lunático, isso mesmo, essa ave vive em mim!
Acordando comigo em todas as manhãs,
Me acompanhando sempre, existe no meu ego
É manto que me cobre e sombra que carrego.

Dormirei mais tranqüilo e depois isso passa.
Qual nada! Inda está lá, sorridente e sutil.
Por um momento ou outro eu sinto que me abraça.
Meu peito ardendo em brasa, a noite não se abriu
E deixou essa quimera em forma de mortalha.
Não me deixará nunca. A noite vem, não falha...

Se cada vez que tento, embalde, descansar
A sombra não deixar de vir, o que farei?
Onde eu acharei força e paz para tentar
Viver? A cada dia enlouqueço...Cansei,
Mas no dia seguinte, a vida continua.
O trabalho não pára e não posso fugir.
Ao voltar para a casa eu não posso dormir.

Já tentei sair, dormir num outro quarto,
Dormir em outra casa, inútil, não me deixa...
Marcada cicatriz, dela não mais me aparto.
Pontual é dormir ela vem, não desleixa.
Namoro, casamento...Esqueci, estou só.
E rezo, toda noite, em prece peço dó

Mas nada me responde, a quimera não larga!
Eu peço minha morte, assim talvez, quem sabe...
Esta rapineira ave estúpida e vil praga
Se vá para não mais e tudo isso acabe...
Te peço Meu Senhor, desesperadamente!
Escute meu pedido, o lamento de um demente!

Há quase um mês não durmo, e sempre esse fantasma;
O sorriso calado, a mão fria, o vazio...
É sombra, espectro, Fado, ou será simples plasma,
Um pesadelo, cisma? O fato é que é sombrio.
Cansado, estou cansado... Eu não suporto mais...
Milagres? Já não creio. Eu só imploro Paz!

Decerto que acostumo, eu quase já não ligo.
A sombra me domina em todos os momentos...
Nem ansiada cura, embalde, não persigo.
A cada dia sinto o fim dos meus tormentos.
Essa presença fria, um câncer terminal,
É minha companhia, o meu amor fatal!
Publicado em: 13/09/2008 19:44:27
Última alteração:17/10/2008 13:26:32


Amor e Paixão
Amor não é guloso
e, ao contrário da paixão e do desejo,
se alimenta de pouca coisa...
um sorriso, um carinho, um beijo, bom dia...
às vezes nem isso.
Muitas vezes não cobra nada e nem pede,
nem reciprocidade.
Paixão, muito pelo contrário,
a cada dia se rebela
e tumultua tudo.
Não sabe viver sem não
Sem senão sem porquê
Sem calmaria e tempestade
Invade e nem pergunta, invade.
Amor bate na porta, paixão arromba.
Amor diz bom dia, paixão nem pergunta
Amor respeita, paixão inunda
Amor é sempre paixão é nunca.
Amor perdoa, paixão castiga
Mas se queres ser feliz, ame!
Entenda o que é o amor e o alimente sempre
Mas não deixe que a paixão o destrua.
Nem o mude, já que a paixão vira amor e consolida
Se o amor virar paixão destrói e não deixa nem sombra.
Acima dos dois, somente a amizade.
Essa não pergunta e não se trai.
E se trai perdoa, e continua um ritmo todo especial.
Feliz da paixão que vira amor e morre amizade.
É perfeita!
O desejo?
Maria foi para a cama a chama de Maria já me chama e me sacia.
Depois?
Outro dia...
Publicado em: 14/09/2008 20:27:15
Última alteração:17/10/2008 13:30:36



Recende a tal perfume que me encanta,
Uma esperança em mim, de amar, já planta
E granando este sonho em meu jardim,
Afasto neste instante tantas pragas.
Recebo o doce aroma, até o fim.
E mansamente, amada tu me afagas...
Publicado em: 08/04/2008 08:10:08
Última alteração:21/10/2008 18:11:44



DECLARAÇÃO DE AMOR
Recato que
Recolho
Nos olhos
Da morena
Que intensa
E mesmo tensa
É densa cercania.

Se a cria fosse dada
Se o tempo não se faz
A paz tão procurada
O vento agora traz

E nada do que fui
Meu jeito
Peito
Calado
Pleito
Negado e
O esmo...

Ermida
Seta
Sombra
Sonda
E nada ronda

Nem mesmo a roda
Girassol
E volta ao
Instante
Do inicial
Vazio...

Da crisma ao créu
Véu de multicolorida
Insanidade.

Quem há de
Quem arde

A arte se mata
E se esgota
Nos esgotos de minha alma.

Viajante de espaços ocos
Nas ancas da emoção
Eu me perdi.

Atravessando
Desertos
E dissídios.
Assédios
e tédios
tensões...

Tétrico retrato da contemporaneidade
Atemporal
Entre temporadas
E tempestades.

Temo o termo
Termômetros.
Metropolitana imagem
Sem espelhos
Falseiam ritos
Diversos.


Sou caipira
A pira mantenho acesa
Somente por manter.

Manteigas meigas
Madrugadas
Entre neblinas
Esfumaçando
Uma alma sertaneja
E teimosa.
Sem véu, sem créu,
Ao léu.
Envelhecida.
Vendida nas esquinas
Nas carnes apodrecidas
Das meninas
Aculturadas.

Saudade do que foi
Rumina feito boi
E diz que nada vem
Nem mesmo o velho trem
Descarrilado na ingênua
“calça branca de riscado”...

Quero a morena
Que a noite levou
E adormeceu
Nos braços
Da internáutica ilusão.

Falo das praças
Das peças
Das bocas
Precocemente profanadas
Pelo carmesim
Das falsas
Fantasias
De balsas
E poesias
Levadas pelo vento,
Correndo atrás de mim mesmo
A volta se completa
E o coração poeta
Em anorexia...
Publicado em: 12/04/2008 10:21:15
Última alteração:21/10/2008 18:23:36


Não amo em ti, somente este teu rosto
Tão meigo, tão bem feito e delicado;
Suprema prova do maior bom-gosto
Foi tê-lo o Criador emoldurado.

Bela figura que emoções revela
Em cada gesto, nele, a se espalhar;
De alma tão pura, esplêndida janela,
Lindo a sorrir, belíssimo a chorar.

Templo sublime de um olhar tão lindo
E de um sorriso meigo e cativante,
Trazendo aos corações um Bem infindo!

Este teu rosto inspira amor e paz
E, na alegria que ele assim garante,
Felicidades mil, ele me traz!


MARCOS COUTINHO LOURES
Publicado em: 17/04/2008 12:30:36
Última alteração:21/10/2008 18:25:27



Quando encontrei em ti tal formosura
Que sempre invade a vida, uma ternura;
Deixando o sentimento satisfeito
A vida se tornando menos bruta
Amar passando a ser total direito,
O canto da alegria já se escuta...

A luz de imenso brilho, tão precisa,
Num gesto mais tranqüilo, calma brisa...
No peito um batimento acelerado,
Quase se arrebentando num estouro.
Dizer deste momento apaixonado,
Amor é com certeza, o meu tesouro...

Não falha o pensamento mais preciso,
Que trama com certeza, um paraíso...
Eu sinto estar feliz por ser cativo,
Eu sinto uma alegria em forte chama;
Da dor que me ilumina, sempre vivo.
Amor que é redenção, tanto me inflama...

É força que comove e me sustém
Sem ele sobrevivo e sou ninguém
Sustento que me nega a refeição
É rumo que me perde e que redime.
É lastro que me traz elevação,
Demais tanto me salva e me deprime!
Publicado em: 19/04/2008 09:21:11
Última alteração:21/10/2008 13:09:48



Palavras
Lavras de almas
Que cultivam
Bem querer.

Sabias dos meus lábios
Mansos sábios sabiás
Que sabem muito bem
O que pretendem

Acendem colibris
E vivem revoando
Afloram e defloram
Florindo uma alegria

Num êxtase sem fim...

Publicado em: 24/04/2008 17:12:43
Última alteração:21/10/2008 13:26:48



Beleza traduzida nesse amor
Que salva e que me torna qual gigante
Promessas dum viver mais delirante
Em meio a maciez, manso vigor...

Vivendo deste amor em harmonia,
Preparo minha entrada ao paraíso,
De tudo, neste mundo, que preciso,
Encontro nesse encontro de alegria.

Amor que nos transporta em vivo sonho,
Por mares e cascatas e delírios
Na pureza, esperança lembra os lírios
Citados por Jesus; amor risonho...

Transforma-se em sinônimo: beleza
Renasce da beleza em que se fez,
Transmuda-se em beleza tanta vez
Perpetua a beleza na beleza...
Publicado em: 02/05/2008 20:45:56
Última alteração:21/10/2008 14:31:12



Seduzido por ti, silente e bela,
Enamorando estrelas e luares,
Vontade em tentação que se revela,
Nas frutas mais gostosas dos pomares
Meu corpo em tua pele já se sela
Fazendo dos prazeres, meus altares.
Olhar que te procura, tão guloso,
Desfruta em antemão divino gozo...
Publicado em: 14/05/2008 08:44:48
Última alteração:21/10/2008 14:38:38


Desfraldam-se altaneira, uma esperança
Por onde esta palavra já te alcança
Nos sonhos e desejos mais concretos.

Eu quero me entregar ao teu destino
Não vejo outro caminho nem domino
Os rumos destes ventos tão diletos.

Nos meus momentos tristes sem ninguém,
O canto da promessa imenso vem
E forra o coração de poesia.

Amada como é bom saber que existes,
Não deixe mais sequer momentos tristes,
Teu nome representa uma alegria...

Contigo conheci cedo o Nirvana,
Minha alma na tua alma já se ufana
De ter o teu amor só para mim.

Tu trazes um viver mais palpitante
Encontro em teu olhar tão deslumbrante
Motivos pra falar de amor sem fim...
Publicado em: 14/05/2008 17:58:14
Última alteração:21/10/2008 14:40:45



No tabuleiro da serra
Seguindo pelas estradas
Vou trilhando pelas terras
Nas noites enluaradas.
Estrelas por companhia
Em busca do meu descanso
As três marias por guia
Em Maria o meu remanso...

Amar Maria me trouxe
O peito novinho em folha
Tanta tristeza acabou-se
A vida permite escolha
Por isso que eu quero tê-la
O mais depressa comigo
Com Maria, a boa estrela,
Eu não corro mais perigo.

Vou correndo tão ligeiro
Procurando seu carinho
Coração sempre matreiro
Encontrou o seu caminho.
No colo dessa morena
Que não me deixa mais só
O final da estrada acena,
Minha alma cheia de pó.
O pó de tanto sofrer...
Maria sabe varrer!
Publicado em: 19/05/2008 22:47:43
Última alteração:21/10/2008 15:07:46



Menina deixa quieto
Que eu quero desfrutar
De amor tão irrequieto
Que nunca vai parar,
Correndo na calçada
Te pego lá num canto,
Depois... Não falo nada,
Depois... é nosso encanto.
Tu sobes na mangueira
Eu torço que não caia,
Beleza assim trigueira
Se vê já sob a saia.
Pulando amarelinha,
Brincando de carniça,
A tua mão na minha.
Assim você me atiça
E faz deste moleque
Um pobre apaixonado,
Amor abrindo o leque
Me deixa transtornado...
Soltando papagaio
Foguete e até balão,
Assim eu me atrapalho
Já tá ficando bom...
Depois lá no quintal,
A mãe não pode ver,
Amor sensacional,
Nos dá tanto prazer...
Publicado em: 22/05/2008 18:46:48
Última alteração:21/10/2008 06:35:33



DECLARAÇÃO DE AMOR
Na dança que ronda
A mente que roda
O vento que açoda
O prazer que me dá
A boca fremente
O sorriso profuso
Olhar tão difuso
Encontra outro olhar
E a noite passando
No véu das estrelas
Brilhantes e belas
Amor me revelas
Velejo teu mar.
Encanto total
Gozo sensual
Do toque fatal
Que traz em delírio
Amor, um colírio
Matando o martírio
Riqueza sem par,
No gosto do beijo
Amor e desejo.
A nos entranhar...
Publicado em: 01/06/2008 22:08:23
Última alteração:20/10/2008 20:12:14

Sentir tua presença tão amada
No vento que depressa vem chegando
Trazendo uma alegria inesgotável,
Prenúncio de prazer e fantasia.
Dourando o amanhecer em belo sol,
Qual fosse um girassol eu te persigo
E sinto o teu perfume em meu jardim.
No vício de te ter por companheira,
A vida se mostrando por inteira
Acende esta esperança dentro em mim.
Do dia em perfeição que se anuncia.
Tomado pelos cantos de alegria.
Publicado em: 07/07/2008 07:51:54
Última alteração:19/10/2008 21:44:34



Amar é
Maré
Que bebe da lua
Em vão continua
Repete uma história
Distante memória
Vazia sem nexo.
Não vê retrospecto
Espectros de nós.
Vagando na noite
Pernoites em claro
Declaro o que sinto
Nas ondas reflito
Amor velho rito
Recobre de nuvens
O céu onde vens.
Chuviscos trovões
Arisco menino
Amor sem ter tino
Destino desregra
Que fará da gente?
A boca sem dente
O olhar no vazio
No amor principio
E morro contente.
Atente aos segredos
Degredos e senhas.
Do jeito que venhas
As lenhas acendes.
Gnomos, duendes,
Adendos e cortes.
Mudando os meus nortes
As sortes lançadas
Amor em laçadas
Alçando oceanos
Fazendo marés...

Publicado em: 30/07/2008 12:35:44
Última alteração:19/10/2008 21:53:55



Tatuagem
Teu corpo
Colagem
Coragem
Viagem.
Escravo
Cravo
Trava
Lava
E fogo
Jogo
Rogo
Medo
Selado
Exausto
Claustro
Astro
Farto
E morto;
Ares
Marte
Morte
Corte
Arte
Parte
Tua...
Nua
Estrela
Que toma
E sela
Cavalga.
Alga
Sargaço
Perpétuo
Repleto
Adepto
Atado.

Quero ser o teu escravo
Na senzala que me deste
Como herança riso e peste,
Gozo e dor sem agravo
Crave as garras
As amarras
E me leve
Leve
Breve
Cevaste
Colheste
Carpistes
Louvaste
Lavaste
Com minhas lágrimas
Minas lástimas
Minhas últimas
Vontades
Ardes
Cortas
Portas
Tortas
Taras
Toras
Sangras
Singras
Tatuas...
Cicatriz.
Publicado em: 31/07/2008 15:38:42
Última alteração:19/10/2008 22:05:36




Fazendo uma viagem
Decoro a geografia
Do corpo que desejo
Todo o prazer me guia
E leva para a boca
O lábio mais audaz
Que desce no pescoço
Embala colo abaixo
Mostrando ser capaz
Ao encontrar a porta
Sem medo e sem juízo
Arrebentar tramela
Entrando na janela
Fazer festa na sala...
Ao beijar sem receios
Romãs feitas em seios
Pressinto que este abrigo
Descendo pelo umbigo
Terá em maravilha
Bem perto da virilha
O gosto delicado
Do mel que vem descendo
Até me lambuzar.
Eu quero ver a fresta
Por onde a nossa festa
Irá recomeçar;
Deixando umedecida
A mina onde se emana
A força soberana
Que dá tanto prazer.
Vem minha estrela maris,
Por todos os lugares
Deitando em loucos mares
A tempestade intensa
Que brota do desejo
De te fazer com calma
Mulher que não se acalma
E quer me devorar.
Deitado no teu braço
Atiçando teu laço
Amor que sem cansaço
Jamais irei deixar...
Publicado em: 04/08/2008 19:24:08
Última alteração:19/10/2008 22:14:03



Ah! Se eu pudesse ser
O canto da esperança
Que traz toda esta festa
Que faz toda esta dança
Andar o que me resta
No amor em aliança
Na qual a gente gesta
O sonho que se alcança
Vencendo a dor que empresta
Valor a cada lança
Amor tem a potência
E mostra que a ganância
Matando a convivência
Se faz em dissonância
Porém uma alegria
Que vem desta partilha
Além do que podia
O mundo maravilha
Fazendo da constância
O passa mais intenso
Em direção ao sonho
Que sei ser tão imenso
De um mundo mais risonho
Ao qual estou propenso
Pois sei que quando penso
Em ti, felicidade
Se torna realidade
E mostra ser possível...
Publicado em: 07/08/2008 09:32:00
Última alteração:19/10/2008 22:17:07



Que seja amor escora e nos sustente
Mantendo o nosso prumo vida afora,
No doce do desejo que se sente
Felicidade vem e já se aflora
Tomando o coração, sagrando a gente
Jogando uma tristeza para fora.
No manto deste amor que nos aquece
Ternuras e carinhos, viva prece...
Publicado em: 08/08/2008 07:29:58
Última alteração:19/10/2008 19:46:37



Amor eu bem te vi
Abrindo-se em botão
Se eu fosse um colibri
Beijava com tesão,
Trazendo para ti,
Prazer e tentação.

Bebia do teu mel,
Florzinha tão cheirosa,
Levava-te pro céu,
Da forma mais gostosa,
Destino tão cruel
Espinhos; tem a rosa...
Publicado em: 06/04/2008 20:09:27
Última alteração:21/10/2008 19:54:52


Minhas mãos
que procuram
por ti, aqui,
neste sonho
de amor,
que vivo ...
(ivi)


Mãos
Vãos
Reconhecem
Tecem
Preces.
Correntezas
Com certezas
Tais proezas
Recomeças
Peças
Presas
Belas
Sendas
Sanhas
Nossas
Gestos
Lentos
Maciez.

Pra que lucidez?
Publicado em: 07/04/2008 22:31:49
Última alteração:21/10/2008 20:01:59



Hoje foi um dia perfeito...
Meu amor...
Tive-te só para mim...
Em abraços prolongados...
Com histórias felizes...
Companheiros, cúmplices
a partilhar o silêncio..
A alma...
O segredo de estarmos completos................

Segredos compartilho
Com quem desejo amar,
Coração andarilho
Batendo devagar

Encontra em cada trilho
Certezas deste mar
Amor vira estribilho
Delícias de te amar.

Sou teu e nunca nego
Felizes nós iremos,
Teus rios eu navego

Meus lábios são os remos.
Encontro no aconchego
Prazeres que queremos...

MARTA TEIXEIRA
MVML
Publicado em: 01/11/2007 17:20:39
Última alteração:02/11/2008 20:17:30


Não desperdice este meu amor
Aproveita dele o máximo
Nunca saíras dele perdendo
Só terás o que ganhar de fato
Ele é meigo carinhoso e imenso
Além de discreto e educado

Está escrito naquela estrela
Que não é a toa que meu amor te ama
Que te adora e te quer tanto
E que da vida os males espanta
Que te dará prazeres imensuráveis
Na tua vida e na cama

Mirando nos teus olhos espelhares
Recebo a maravilha deste mar,
No corpo vou tecendo meus altares
E catedrais divinas encontrar.

Vagando em noite imensa, tantos bares
Bebendo cada raio do luar.
Catando estas estrelas que ao andares
Espalhas pelas ruas a brilhar.

Imensurável sonho em que mergulho,
Varrendo o meu passado, triste entulho,
Depois de tanta andança pela vida

Sentindo o teu perfume em meu jardim,
Abrindo o coração, percebo enfim,
Que a vida preparou uma saída...

GELIS
MVML
Publicado em: 02/11/2007 16:16:30
Última alteração:02/11/2008 20:02:49


Este amor que eu te dou
é puro, não tem mistura.
É feito de sonhos - de beijos,
é o mais lindo desejo
que acomete a criatura.
Dou-te inteiro, livremente,
sem cobranças - não tem juro,
e repito novamente:
meu amor é o mais puro.

Neste amor tão puro encontro o céu
Num sonho delicado que revelo.
Um cavaleiro alado em seu corcel,
Meu destino ao teu; querida, atrelo
E vago em nossas noites, carrossel
Num canto enluarado e mais singelo.
Tocado pelos ventos da ternura,
Ao lado da mais bela criatura...

HLUNA
MVML
Publicado em: 05/11/2007 21:01:21
Última alteração:02/11/2008 19:45:35



Derramo em ti
Os meus desejos...
As minhas vontades...
Desconheço-me...
Larguei a timidez...
Procuro-te...
Entrego-me com paixão
e certezas....

Quem fora em timidez, quieta e calada,
Ao ter a sensação do amor insano,
Mudando o seu comum cotidiano
Encontra neste amor a nova escada

Que leva ao infinito. E sendo amada,
Permite ao coração que em outro plano
Mergulhe sem limites, soberano,
Na vida já permite esta guinada

Tornando mais bonito amanhecer,
Beijando a madrugada com sorrisos,
Amor que assim chegou e sem avisos

Refez a nossa vida e deu prazer,
Merece ser louvado a cada vez
Que a gente se perder sem lucidez!

MARTA TEIXEIRA
MVML
Publicado em: 08/11/2007 14:02:38
Última alteração:31/10/2008 16:26:32




Altares que deslumbro em tuas pernas
Abertas, deslumbrantes maravilhas.
Adentro noites raras, pois eternas,
Singrando com tesão as tuas trilhas.
Luxúrias de bacantes, são tão ternas
Abençoadas festas andarilhas.
Nas preces neste oráculo fantástico
Um sacrossanto manto, feito orgástico...
Publicado em: 20/11/2007 18:01:01
Última alteração:28/10/2008 12:18:51




Nossas bocas unidas, lábios, língua
Sem míngua, mágoa ou resto de ilusão,
Emoção que se aflora em arrepios,
Vadios dedos buscam coxas, seios,
Enleios, devaneios, roupas fora,
Agora quero o sempre e cada vez,
Que a lucidez se dane! Na saliva
Espumas e vontades já se trocam.
Alocam-se verdades e delírios,
Tiros, setas em mágica loucura,
Canduras enlanguescem e convidam
À vida pressentida em cada toque,
Estoques que se findam e renascem,
Apascentando o mar em nossas bocas.
Publicado em: 18/09/2007 18:38:56
Última alteração:28/10/2008 15:29:25



Desofusquei meus olhos ao te ver,
Beleza que transcende à liberdade!
Que sonho meu Senhor, alvorecer
Criaste tal mulher sem humildade!

Nem mesmo a maciez duma pantera
Pode, com precisão, equiparar-se,
Tens a brandura amarga duma fera,
Teu sorriso, um remanso num disfarce...

A luz do meu verão, tu és meu sol!
Me queimas e bronzeias com delícias.
Perdido, vou tentando um girassol,
Tresloucado, procuro por carícias...

Refulges, da natura és a rainha...
Oásis mavioso em um deserto...
Quem dera tanta luz fosse só minha,
Ofuscas quem quiser chegar mais perto!

Feliz a nação de onde tu vieste!
Iluminada brilha solar êxtase!
Rebrilhando esse mundo oeste a leste,
Meus passos paralisas numa estase...

Catarse, catatônica ilusão!
Amar-te na platônica jornada.
À parte em histriônica paixão,
Beleza arquitetônica mostrada!

Furacão de matizes delirantes,
Meus olhos enebrias sutilmente...
Absinto teus olhares penetrantes,
Desfaz completamente minha mente...

Riacho mais piscoso da beleza,
Levante boreal forjado em ouro
Penetras, impedindo uma defesa,
És ilha da magia e do tesouro...

A boca desenhada por pincel,
Na fala traz a mansa, doce brisa,
Sorrindo me refletes belo céu,
Enigmática, nova Mona Lisa...

Teu hálito perfume que transcende
Recorda o das mais lúbricas essências!
À mistura de flores sim, recende,
Num misto de torpores e indecências!

Lábios carnudos, veros espetáculos!
Mordiscando tenazes que deliram,
Beijando funcionam qual tentáculos
Pena que para mim jamais se abriram...

Tens a pele suave de criança
Os cabelos produzem ventania.
Os olhos reparei, bela esperança,
Amar-te simplesmente, uma mania!

Perdido em tal beleza, me embeveço,
Não posso caminhar sem ter teus passos,
Quem dera te pudesse, mas mereço?
As cordas se romperam, velhos laços...

Os órgãos todos querem teu orgasmo,
Os mares que percorro te procuram,
Não te encontrando, fico louco, pasmo,
As noites mal dormidas me torturam!

Visto minhas melhores ambições
Fumando, desbragado, fico insone...
Nas jaulas aprisiono meus leões,
E salto a cada toque, telefone...

A voz que me procura não é tua,
A boca que beijei não te pertence,
O sol que tanto quis verteu-se lua
A sorte de não ter não me convence...

Quis um momento simples de ternura,
Um segundo somente mas não tive...
Macias tuas mãos, fruta madura,
Nas fotos que guardei, eterna vive...

Definitivamente és obra prima,
Não posso e nem pretendo me envolver,
Acima disso está minha auto estima,
Se não parar talvez possa morrer...

Mas, cada vez que passas o que faço?
Não posso me queixar nenhum segundo.
No universo gigante, tanto espaço.
És razão de existência deste mundo.

Saber que vives basta a quem tanto ama.
Para quem viveu sonhos mais ateus
És finalmente, toda luz e chama.
És a prova cabal que existe Deus,
Publicado em: 27/09/2007 21:21:07
Última alteração:28/10/2008 14:33:00



Dilúvios
Entre as pernas
Noites
Eternas
Nossas...
Arroubos
Roubos
Brisas
Brios.
Cismas
Crismas
Comas
Marcas.
Lambidas
Lambadas
Riscos
Rajadas.
Aladas
Palavras
Alvoroço.
Pescoço
Caço e coço
Ariscos
Meios,
Medos
Seios,
Cataclismos
Avalanches...
Somamos
Viramos um.
Somos um.
Somente o mesmo.
O corpo exposto
Desejo e gozo.
Valentias.
Serventias.
Companhias.
Risos fartos
Seios fartos,
Beijos fartos.
Altos e baixos.
Cachos e cochos,
Capas,
Mistérios.
Mantos
Recantos
Encantos.
Teus cantos
Exploro,
Decoro
Teu corpo
Carpindo
A saudade
De ter
Teu prazer...
Publicado em: 30/09/2007 21:42:55
Última alteração:28/10/2008 14:35:06




Nestas mal traçadas linhas,
Eu declaro o meu amor,
As palavras, andorinhas,
Vão seguindo aonde for

Coração em desalinho,
Disparado não se cansa,
De bater bem ligeirinho,
Nos acordes da esperança.

Sou um velho apaixonado
Que te quer, morena bela,
Meu olhar vive parado,
Observando aquela estrela

Que brilhando no meu céu,
Faz um trilho em belo lume,
Se eu bebesse desse mel,
Se eu sentisse o teu perfume,

Poderia te dizer
Deste amor que trago aqui,
Te daria tal prazer,
Seria o teu colibri...
Publicado em: 02/10/2007 16:12:44
Última alteração:28/10/2008 14:36:56




Envolto em tão fantástica ilusão,
Persigo sem minuto de descanso
A sorte que nem sempre vem. Alcanço
Muitas vezes espaços na amplidão,

Porém o que desejo já me escapa
Sempre me deixa solitário e triste.
Quem luta, não se cansa e não desiste,
Nas curvas do caminho se derrapa

Mas não desiste nunca deste sonho!
Eu quero ser feliz e que se dane
Não deixo que a quimera sempre engane
Das lágrimas e risos me componho.

Não temo, resoluto, qualquer dano
O manto que me veste me traz Marte.
Amores posso achar em qualquer parte,
Mas eu quero esse amor mais leviano

Das brigas e das guerras sem ter tréguas,
Das camas desfrutadas com prazer,
Vontade de matar e de morrer.
Correr neste horizonte, longas léguas...

Trazendo em minha mão a dura adaga,
O gosto da vingança e do desejo.
Ao mesmo tempo mordo e peço beijo,
Ao mesmo tempo morde e já me afaga...

Nas mãos trazendo trágicos tentáculos,
Nas pernas maciez, a carne dura.
A lua que escurece a noite escura,
Tresloucando assim, todos os oráculos!

Quero teu desejo e meu delírio
Sutileza divina da dentada.
A voz que nunca sai, asfixiada,
A santificação neste martírio!

Paixão, voracidade que não teme.
Em meio a tempestade está feliz
Viver quase morrer só por um triz
Na dor e no prazer, a perna treme...

Inebriante cálice de vinho
Que sangra e que soprando traz a cura.
A mão que esbofeteia forte e dura
Depois em desespero quer carinho...

Não deixa nem sequer um sentimento
Que possa resistir ao furacão
Detona e reconstrói um coração,
Os restos espalhados pelo vento...

Explode no corcel e na pantera
No vôo e na boca que entrelaça
É sorte tanto quanto me desgraça
É morte e alimento da quimera!

Nossas roupas rasgadas pelo chão.
A loucura se espalha, perco o nexo,
A noite se rebenta em tanto sexo.
E depois disso tudo, a solidão!

Não quero ter amor que não maltrate.
Nem quero a mansidão desta amizade.
Amor se quer viver: cumplicidade,
Paixão no mesmo engate, desengate...

Agora que chegaste e que já fomos,
Vá-te embora não quero o teu amor!
Secamos toda fonte em todo ardor,
Da fruta que comemos cadê gomos?

Procure quem te queira, de verdade,
Não quero mais viver a noite fria.
A vida necessita fantasia.
Não restará sequer uma saudade!
Publicado em: 09/10/2007 22:38:16
Última alteração:28/10/2008 14:38:21



Marcando minha pele
Beijos mais audazes,
Velozes tuas mãos,
Teus lábios são vorazes.
Eu quero me entranhar
Aonde tu escondes
Tesouros encantados,
Depois de eu encontrar
Decerto saqueando
Teu reino penetrando
Um cavaleiro alado.
Deseja sempre e tanto…
Sedento, cedo a ti,
Cometas e gametas
Misturas mais completas
Repletas de prazer.
Sou cais enquanto queres
Ancoradouro em fogo,
Meu barco, o teu saveiro
Naufrágios misturados.
Flores e fagulhas,
Retomo o meu caminho,
Vasculho cada canto
E encanto-me por que
Achando um diamante
Perpétua fantasia,
Nesta água cristalina
Em fúria transformada,
A fada chega nua
Safada e pede bis..
Publicado em: 13/10/2007 12:53:34



Não sinto mais vontade de sair,
Pretendo aqui ficar por toda a vida.
Não vejo mais motivos pra pedir
A sorte, pois está bem resolvida.
Eu quero toda noite te sentir,
Depois dessa exaustão da nossa lida...
Teu sopro benfazejo e delicado,
Um vento que me fez enamorado...
Publicado em: 22/10/2007 13:11:14
Última alteração:28/10/2008 13:10:26


Estrela que nos céus faz a jornada
Do sonho que se fez em poesia,
No brilho deixa em rastros a pegada
Maravilhosa luz na qual eu via
Caminhos mais felizes, bela estrada.
Estrela que sozinha, iluminava,
A noite dos meus dias constelava...
Publicado em: 27/10/2007 12:03:37
Última alteração:28/10/2008 13:18:02




Meus olhos em tristezas se lavavam,
O mundo que sonhara, desabando,
Vazios os meus dias se encontravam,
Espinhos, meu rosal iam tomando.
Apenas esperanças me douravam,
Na lua que surgira prateando.
Ao encontrar você eu renasci,
No amor que tanto quis, e tenho aqui...
Publicado em: 10/11/2007 10:00:45
Última alteração:28/10/2008 12:57:19



Amor fazendo o gozo
O riso desejoso
O canto mais gostoso
Em tempo doloroso
Amor é caprichoso
E faz sempre das suas...

Descendo a ribanceira
Capota nos seus braços
Amor, bicho treteiro
Adora sacanagens
E volta tudo a ser
Um vago coração...

Publicado em: 22/11/2007 11:35:45
Última alteração:28/10/2008 12:16:21



Desejo divindades mais profanas
Mulheres mais safadas e gostosas,
Palavras carinhosas, mas insanas,
Farturas nestas coxas gloriosas,
Carícias mais audazes e sacanas,
Desejo algum espinho nesta rosa
E o corte que sangrante sempre traz
O gozo de um prazer bem mais voraz...
Publicado em: 22/11/2007 16:24:12
Última alteração:28/10/2008 12:19:02




Em tua cabeleira, belos cachos
Descendo pelos ombros, cachoeira
Cascatas de dourada maravilha
Na trilha extasiante em fios longos
Mananciais de gozos deslumbrantes.
Teus seios encobertos pelas ondas
Tão delicadas fontes de prazer.
Mamilos róseos entre feixes de ouro
Tesouros descobertos, paraísos...
A fruta do pecado é a romã...
Publicado em: 24/11/2007 09:30:12
Última alteração:28/10/2008 12:15:37



Com o seu olhar o mundo é facíl
Sua gentileza é pura e mais doce
NÒs olhamos na mesma espaço
Aguardo com ansiedade os dias
Para sentir você em meus braços
Nem a lua,nem as estrelas irá interroper
No dia em que a gente conhecer...


Eu sinto o teu carinho manso e forte,
No toque mais suave e mais gentil.
A vida se promete em novo norte
Que faz do sofrimento ser sutil.

O gosto da amargura no desejo
Traduz uma esperança que buscamos,
Eu quero me embalar no doce beijo
No instante mais exato em que sonhamos...

Eu quero a sensação de ser mais teu
Vivendo em teu afago, uma esperança
De mergulhar no mundo que se deu
Num gesto que não sai mais da lembrança.

Eu sinto teu carinho, minha amada,
Nos versos que fizeram a alvorada!

LUCIANA DIAS
ML
Publicado em: 20/12/2007 22:00:59
Última alteração:23/10/2008 07:26:06




Não posso mais conter esta vontade:
Gritar ao mundo inteiro que sou teu.
Desejo o teu amor, à saciedade,
Meu mundo, no teu corpo enlouqueceu.
Sentir as tuas mãos, tuas carícias...
Na boca que provei, tantas delícias...

Ás flores, passarinhos; natureza,
Eu quero que tu fales do prazer
Do amor que nos serviu de sobremesa,
Gostoso, tão gostoso de viver...
Eu quero te aquecer na noite fria,
No amor que a gente faz com maestria...
Publicado em: 21/12/2007 16:07:12
Última alteração:22/10/2008 22:55:21



Um pássaro sozinho que voava
Em meio a roseirais, vago e tristonho,
Espinhos e torturas encontrava
Invés da magnitude em belo sonho.
Uma alma sem destino, um passarinho
Que busca por recanto em manso ninho.

Mal sabes quanto quero o teu querer.
Preciso de viver junto contigo
Envolto nos teus braços, vou viver,
Sabendo que encontrei afeto, abrigo.
Não ligue se, por vezes, sou azedo
A vida maltratou-me, desde cedo...
Publicado em: 22/12/2007 08:29:43
Última alteração:22/10/2008 21:04:33



Tanto quanto poderia,
Falar de tanto que sei
Vida, nova vida, adia
A vadia que sonhei.
Na avidez de nada ter,
No não temer nem a dor,
De nada tendo a perder,
Lívido, divido a flor
Do pensamento mais louco
Que nada se faz do tanto,
Desse tanto que é tão pouco,
Carregando, levo o pranto.
Na tímida lua nova
Que me inspira tanta luz
Que me traz de novo, a trova
Travada a sangue, no pus
Escorrido pela face
Marcada pelas manhãs
Que, antes que tudo se embace
Traz as febres das terçãs.
Me pergunta, nessa espreita
Nova forma, mais disforme
Carregada na maleita
que comigo, amante, dorme.
Quero vícios meus ofícios
Meu principal precipício,
Principiando meu verso,
N’avesso dess’universo...
Tinhas tantas teimosias
Em tuas aleivosias,
Tantas velhas melodias,
São as minhas fantasias.
Quero o sedento sabor
Do mais que a sede dará.
Quero o acre gosto da dor
Na maçã que brotará.
Macia a boca nojenta
Que me escancara desejo
No podre sabor do beijo,
Represa que se arrebenta.
Nocivo gosto de morte,
Transgredindo todo norte,
No topo de minha sorte
Não há ninguém que me importe.
No serão nem no seria,
No sertão, na maresia
Nos olhos de mãe Maria
Trafegando rebeldia.
Quero o medo dos meus medos
Catarse e virginal hímen,
Afagar todos segredos,
Fugindo desse teu lúmen.
Liberdade, tão às moscas
Emboscas e me torturas,
Na noite das luzes foscas,
Tateando nas procuras
De minha cara metade,
Na metade do clarão,
No meio dessa cidade,
No cerne do meu sertão.
Vi teus olhos passageiros,
Teus olhos são os primeiros
Que encontrei nessa viagem
Neles, pedindo paragem.
Falando tanta bobagem
Rasgando meu coração,
Pedindo pelo perdão,
Nas dores, amores agem...
Vou terminar meu incerto,
Concretizar o concreto,
Prometo ser mais discreto,
Amor pedindo meu veto...
Poetar sempre poeto,
Sempre cometendo rima,
Amar vai trazendo estima,
Estimação de moleque,
Na vida piso no breque.
O resto vai a reboque...
Nas mãos, meu velho bodoque,
Vitrola tocando roque,
Dos versos, final de estoque.
Isso que já cometi,
Nesses versos sem sentido,
Foi porque já me perdi
Quando te vi, sem vestido.
Nua caminha na sala,
Embala os sonhos caminha,
A pele, traje de gala,
Que pena não seres minha!
Publicado em: 29/12/2007 21:11:21
Última alteração:22/10/2008 21:20:33



Um vulto de mulher sempre aparece,
Quando os sonhos se tornam pesadelo;
A sorrir levemente, avulta e cresce
E, sem detalhes, o sinto e ainda posso vê-lo!

No jeito de me olhar, emanações de prece
E há cheiro de pecado, em seu cabelo;
Tem as cores do dia que amanhece
E a simetria dos cristais de gelo...

Esta visão que bate à minha porta,
Sem me dizer o que deseja e quer,
Faz reviver uma esperança morta...

Ilusão, fantasia ou realidade,
Existe sempre um vulto de mulher,
Em cada coração onde há saudade!

O vulto da mulher com quem sonhara,
Distante de meus olhos, tanta dor.
Amar é cultivar pérola rara,
Mistura entre a lama e o esplendor.

Eu sinto que tu queres me deixar,
Não vejo por fazes isso, amada,
A noite se aproxima devagar,
Depois a solidão da madrugada...

Não deixe que emoção termine assim,
Preciso te encontrar, minha alegria.
Matar o que, de amor, existe em mim,
É como me negar a fantasia...

Mulher que tanto quero em realidade,
Não deixe o coração virar saudade!

Marcos Coutinho Loures
Marcos Loures
Publicado em: 30/12/2007 07:43:27
Última alteração:22/10/2008 21:19:39



Chegando, sem controles ao extremo,
Descrevo no teu corpo, este infinito
Do amor que nos tomou, forte e supremo.
Tornando nosso dia, enfim, bendito,
Na dança de dois corpos, sensual;
É tudo o que mais quero, um ideal..
Publicado em: 03/01/2008 14:09:04
Última alteração:22/10/2008 19:28:53



O brado feito amor já se levanta
Espalha sobre a Terra um bem profundo,
A dor para bem longe, amor espanta,
Mudando a minha sorte num segundo.
Minha alma extasiada, assim se encanta,
Nas águas deste amor, enfim me inundo,
E canto meu futuro venturoso,
Tocado pelo amor em pleno gozo...
Publicado em: 05/01/2008 10:30:34
Última alteração:22/10/2008 19:58:42



Meu sonho me transporta
Aos braços de quem amo.
Sonhando a noite inteira
Querida eu tanto chamo

Contigo naufragando
Desejo sem igual,
Depois ir passo a passo
Caminho sensual.

Na boca que promete
Um êxtase tão terno,
Um gosto prazeroso
Se torna enfim eterno.

Vem logo e não discuta
Amor eu já te disse
Perdido em maravilhas,
Encontro esta meiguice

Que mostras em sorrisos,
No fogo que nos guia,
Acendo uma certeza
De toda esta magia.

Amor não tem pecado,
É sempre salvador
Recebo com afeto
Teu beijo encantador

E quero sempre mais
Não canso de dizer
Que a vida vale pena
Somente por prazer.

Num hedonismo insano
Meu verso te procura,
Fartando-se do mel,
Em laços de ternura...
Publicado em: 02/02/2008 14:44:09
Última alteração:22/10/2008 16:48:08



Um desejo ...
Uma recordação ...

Agora em presença ...

(ivi)

Luxúria em mil orgasmos me alucina,
Os olhos penetrando nas entranhas,
Cavalgo em liberdade, vento e crina
Por entre vales úmidos, montanhas.

Lambendo todo sal de tua pele,
Suores alagando leito e chão,
Sem ter qualquer pudor que nos atrele
Aos deuses do prazer, invocação.

Gemido, gargalhadas, explosões
Correntes, olhos, bocas, gozos sádicos.
Torrentes transtornando turbilhões,
Distante dos desejos esporádicos

Repetidas vontades enlanguescem,
Os ópios de teu corpo me entorpecem...
Publicado em: 25/03/2008 13:50:08
Última alteração:21/10/2008 22:01:32



Eu quero sentir
este arrepio suave,
uma sensação crescente,
nossos beijos ardentes
e teu amor envolvente ...
(ivi)


Não temo sequer dores nem tormentas,
Nos laços deste amor que é nosso guia.
As luzes de esperança logo aumentas
Como toda uma emoção, pura magia.

No sonho venturoso deste amor
Debruço meus olhares mais felizes.
Fazendo deste canto o meu louvor
Preservando a minha alma de deslizes.

Nós somos caminheiros sem descanso,
Na busca da total felicidade.
Meu corpo no teu corpo, num remanso
Num encanto divino, liberdade.

O dia renascendo cor de rosa,
Beijando bela estrela tão vaidosa...
Publicado em: 03/04/2008 13:00:26
Última alteração:21/10/2008 16:56:25



Vem logo e não se esqueça
Que a noite é toda nossa
Vencendo antigos medos.
A mata assim se empoça
E quer ser penetrada
Por sonho bandeirante
De quem te beijo louco
E quer a cada instante
Fazer desta alegria
Decerto uma festança
Que tanto prometida
Atiça logo a lança
Que avança a noite inteira
Sem nada mais que impeça
Fornalha deliciosa
Molhada e boa à beça
Promete chuvarada
Em uma inundação
Que mostre uma delícia
Em forma de paixão...
Publicado em: 05/04/2008 09:24:41
Última alteração:21/10/2008 17:00:58



Decifro os teus enigmas e sinais,
Lábios se procuram/Bocas famintas me sugam/
Mãos tateiam minhas curvas/Acordo em chamas só,...nua...

XAMA

Decifro os teus enigmas e sinais,
Mergulho nestas curvas sensuais
E bebo do prazer proporcionado
Pelo sonho em loucura emoldurado.

Percorro este infinito e de bom grado
Sorris quando em teu corpo sigo atado,
Causando as explosões fenomenais
Querendo o tempo todo e muito mais.

Desnuda sobre a cama, seus lençóis,
Derramando, magnífica, mil sóis,
Estrela divinal, ninfa e rainha.

Do encanto mais real, protagonista,
O Céu enfim permite que se assista
Orgástico esplendor; que se adivinha...
Publicado em: 14/01/2009 15:17:52
Última alteração:06/03/2009 07:30:33


Décimas - No sertão do Ceará
No sertão do Ceará
Encontrei linda princesa,
Carregada de tristeza,
De tanta dor prá contar.
Beleza igual ao luar,
O luar do meu sertão,
Que, com toda essa emoção,
Não consigo lhe esquecer.
Tão bela quanto você,
Não fez Deus, na criação.
Publicado em: 12/08/2006 23:20:04
Última alteração:29/10/2008 12:11:12


Décimas - Nunca mais saber teu nome
Nunca mais saber teu nome,
Nem querer te conhecer,
Preferia, assim, viver,
Sabendo que tudo some,
Vivendo amor sem ter fome,
Nem escolhendo parada,
Devorando a madrugada,
Da poeira, companheiro,
Seguindo esse mundo inteiro,
Sem ter medo, sem ter nada!
Publicado em: 12/08/2006 23:13:06
Última alteração:29/10/2008 12:10:45



Décimas - Saudade
Saudade – mulher amada,
Dos nossos beijos roubados,
Saudade dos tempos passados,
Na noite, na madrugada,
Da tua boca molhada,
Dos corpos entrelaçados,
Dos desejos mais molhados,
Desse tempo que não volta,
E, por não voltar, revolta,
Corações apaixonados...

Saudade da minha infância,
Onde vivi felicidade,
Trazendo tanta saudade,
A quem não teve constância,
Da sorte teve distância,
Mas foi feliz por um dia,
Vivendo da fantasia,
Que nunca mais voltará,
Saudades torrada e chá,
Que minha mãe me trazia...

Saudades da minha terra,
Que ficou no meu passado,
Olho o tempo, vou de lado,
O coração não encerra,
Pesando daquela serra,
Inclinado vai andando,
Tanto lugar se mostrando,
Nas curvas da existência,
Mas, saudade, diz clemência,
Num retrato, recordando...

Saudade da juventude,
Onde não tinha nem medo,
A força era meu segredo,
Onde sempre quis não pude,
Amar assim, amiúde,
Quem nunca mais queria,
Mas a vida era vadia;
Nem sonhava recompensa,
Vida leve, breve, densa,
Saudade faz melodia...

Saudades do grande amigo,
Que ficou lá no sertão,
Seguindo por outro chão,
Nunca mais terei comigo,
No conselho, paz, abrigo...
Na vontade de ser rei,
Tantas vezes que eu errei,
Tive o braço companheiro,
Hoje sei do mundo inteiro,
Mas saudade também sei...

Saudade do Botafogo,
De Garrincha e de Didi,
Do melhor time que vi,
Não tinha nem pena e rogo,
Brincando, ganhava jogo,
Nas pernas tortas e loucas,
Vozes delirando roucas,
No Maracanã da vida,
Pena que vai esquecida,
As lembranças são bem poucas...

De minha mãe a saudade,
Dói essa dor tão cruel,
Mãe na terra, mãe do céu,
Simbolizas claridade,
Se a vida traz falsidade,
A verdade em ti está,
Onde eu estiver, é lá,
Que teus olhos estarão,
Nesse imundo mundo cão,
És um porto mais seguro,
Se me escondo nesse escuro,
Representas o clarão...

Saudades desse meu filho,
Ceifado logo bem cedo,
Deixando meu grande medo,
Novo enredo que hoje eu trilho,
Sua dor, meu estribilho,
Entoando todo dia,
Martiriza a noite fria,
A saudade rasga o peito,
Pergunto qual meu direito!
Vou vivendo essa agonia...

Saudades dessa esperança,
De viver um mundo justo,
De respeitarem arbusto,
De respirar nova dança,
De teimar em ser criança,
De ter um mundo melhor,
Sem diferenças e guerras,
Nossa Terra, tantas terras,
Nosso sonho ser maior,
Justiça saber de cor...

Saudade trazendo um laço,
Prendendo o que for saudade,
Saindo da realidade,
A vida acolhendo meu passo,
Descansar esse cansaço,
Duns olhos de sertanejo,
Na campina, no desejo,
Do trabalho, lindo sonho,
Minha saudade, te ponho,
No canto dum realejo...

Saudade dessa mulher,
Saudade dessa criança,
Saudade dessa festança,
Saudade, jovem, me quer.
Saudade, jogo qualquer...
Saudade tão companheira
Saudade dor parideira,
Saudade doce Natal,
Saudade desse ideal,
Saudade da vida, inteira...
Publicado em: 31/08/2006 18:29:08
Última alteração:29/10/2008 12:12:05



DECLARAÇÃO DE AMOR /


Enfrentei avalanchas intempestivas
Enfrentei tempestades intensas
Sem saber que a bonança
Estava logo a minha frente

Foi quando surgiste meu amor
Minha vida na beira de um caos
Quase morta sem esperanças
Chegaste trazendo expectativas afinal

A principio não me acostumei
A um amor assim tão diferente
E aos poucos esta triste chaga
Foi penetrando lentamente

Por muitas vezes me peguei chorando
- Peninha de mim e desta menina! Coração falava
Mas eu ali sempre constante
Chorando em plena madrugada

Foi indo, foi indo, foi indo
A vida foi passando devagar
Até que então este insano amor
Decidi a todos declarar

Declarei em forma de versos
Recebi lindos comentários
Muitos de mim desconfiaram!
Será que é mentira? Ou verdade de fato?

Nada então aconteceu
Continuei neste sofrimento
Até que uma amiga surgiu
Ate que enfim! Alento

Falou-me de amores platônicos
No entanto verdadeiros
Pensei... Pensei...
Disse: Pois o meu e deste jeito!

Então ela falou-me
Que o importante é amar
E que nenhuma distancia
Poderia nos separar

Falou que a lua, vive distante do sol
Mas que mesmo assim, todos os dias
Enfeitiçados paqueram-se
No momento do arrebol

Então entendi finalmente
Que meu amor será sempre assim
Puro, lindo, esplêndido, verdadeiro
Mesmo estando distante de mim

Hoje já estou conformada
Adoro conviver com este sentimento
Vou amar-te até o último suspiro
Não vou morrer sofrendo

Será totalmente o inverso
Morrerei muito feliz
Por saber que este amor
Também por toda vida me quis

Sabendo deste amor que também trago
E falo em cada verso que dedico,
Dizendo tão somente que aqui fico
Na busca por carinho e por afago.

Bebendo a calmaria deste lago,
Não falo, nem pergunto e nem explico,
Um sentimento nobre, faz bem rico
Aquele que recebe o gesto mago.

Contigo num convívio mais sereno
Compartilhando sempre da emoção
De termos um futuro que se faça

Em doce sensação de ser tão pleno
Amor que se mistura em tentação
Deixando toda a dor virar fumaça...

GELIS
MVML
Publicado em: 16/08/2007 18:05:38
Última alteração:05/11/2008 15:43:29


DECLARAÇÃO DE AMOR /


Beijas-me...
E ao teu beijo veneno
Com tuas mãos tateando-me
A buscar, pelo meu centro
Vou te abrindo o espaço
Para que em mim tu te encaixes
De uma forma perfeita!
E quando então te ajeitas,
E sem pensar me adentras
Sinto o meu mundo a girar...
Flui minha alma pelos poros
E amado, ignoro
Divisão que me separe
E até me faça ver,
Quem sou eu, quem é você...
Sensação de unidade
Em explosão de alegria
Chega ao auge, prazer,
Quando em mim, sinto, diluis,
E te deixas escorrer...

Adentro teus mistérios e segredos,
Fluindo por teu corpo, sede e senso.
Invado cada poro com meus dedos.
Num ato desejoso em fogo tenso.

Ajeito-me em teus braços, sinto o rumo
E nele entranharei com fome tanta.
Num movimento calmo assim me aprumo
E sei da corredeira que me encanta.

Encaixes tão perfeitos. Desfrutamos
De todos os momentos. Unos somos,
Até que em explosão juntos tomamos
Da fruta proibida, sumos, gomos...

E assim, redemoinho cessa a fúria
Em placidez repleta de luxúria...

ANA MARIA GAZZANEO
MVML
Publicado em: 21/08/2007 21:46:23
Última alteração:05/11/2008 14:52:23



DECLARAÇÃO DE AMOR /

A tua foto já salvei
Não adianta mais se esconder
Salvei nas minhas imagens
Não poderás a ninguém recorrer

Mas não fiques zangado
Não guarde de mim nenhum rancor
Vai ficar guardada no meu coração
E no meu querido computador

Todas as vezes que quiser
Matar a minha saudade
Olharei para ela

Beijarei a vontade
Amar-te-ei só com os olhos
Isto me trará felicidade


Querida, não percebes que alegria
De ter tua presença aqui, tanto me invade,
Pois sinto ser intensa esta magia
Que se traduz total felicidade.

A boca que me beija todo dia
Já deveria ver a claridade
Que em cada novo olhar se dirigia
A ti, ao demonstrar voracidade...

O teu retrato há muito sempre esteve
Guardado no meu peito, em rico manto
Teu corpo já desnudo- amor – tão belo

Mesmo que de soslaio, ou mesmo breve
Permite que eu recorde com encanto
Do sonho que, querida, eu te revelo...

GELIS
MVML
Publicado em: 22/08/2007 20:32:37
Última alteração:05/11/2008 14:20:26




Em desejo ardente
Com fome de beijos
Te quero em meu leito
Amante perfeito,
Em paixão e delírios
No rito solene...

Unida ao teu corpo,
Num gozo fremente,
Em chamas, caliente,
Morrer de prazer...

Perder-me em você
Depois renascer
Sentindo o torpor,
De estar com você,
Na tenda do amor!


Beijos calientes
Ardentes, frementes
Até que um gozo, em aleluia,
Em nós, exploda, de repente...


Encontro a perfeição da poesia
Em todos os carinhos que me dás.
Fazendo da loucura, uma alegria,
Querendo sempre amor... cada vez mais...

Não rimo nosso amor, pois sei que um dia
Virás deitar comigo. A vida traz
Além do que pensamos; fantasia
Que é feita de maneira mais audaz

No gozo que se explode feito em chama
Depois de tantos beijos. Sedução...
Amor que a gente faz logo nos chama

A todo este prazer que não tem fim.
Encontro no teu corpo, a perfeição,
Da rima que nos faz princípio e fim...

ANA MARIA GAZZANEO
MVML
Publicado em: 23/08/2007 19:12:11
Última alteração:05/11/2008 13:09:30



Borboletas...
Encantam o jardim....
Espalham a tranquilidade
que me falha....e que procuro...
Entre flores, cascatas e lagos...
Em voos delicados....frágeis....
Na palma das tuas mãos....

Amor em poesia se declara
Em flores, em canteiros, rios, lagos,
Na noite que ilumina em lua rara,
Na boca que se toca, com afagos.
Na mão que acaricia e nos ampara,
Na cana, na garapa, trigos, bagos.

Cascatas e remansos, natureza.
No brilho das estrelas, vaga-lumes,
Nos córregos dos sonhos, na beleza,
Nos olhos que procuram, nos perfumes.
A poesia, amada, com certeza
Encontra-se nas dores e queixumes.

Porém além de tudo, na verdade
Está o bem do amor e da amizade...

MARTA TEIXEIRA
MVML
Publicado em: 22/09/2007 08:53:23
Última alteração:04/11/2008 14:58:13




O vento grita..
Enlouquecido...
Como eu...
Nas tuas mãos loucas
Que suavizam o meu
desejo...
Contornam o meu prazer..
E se rendem ao meu amor..

Minhas mãos percorrendo ensandecidas
Teu corpo, porto, cais que revigora.
Contorno minhas noites, nossas vidas,
E chamo-te pra cama. Vem agora!

Meu desejo te pede sem ter hora,
E lambe tuas pernas distraídas.
Do amor que tanto tenho se decora
E sabem dar prazer, mãos pedidas

E tanto desejadas. Quero mais,
Repito logo a dose e me inebrio,
Tocado pelo fogo do teu cio,

Sentindo-me de tudo ser capaz
Até que no final, extasiado,
Dormindo entre estas pernas, do teu lado...

MARTA TEIXEIRA
MVML
Publicado em: 29/09/2007 13:29:15
Última alteração:04/11/2008 13:06:37




De novo o erro
De entendimento
Nada busco
Nem fomento
Sou o vento
Adentro
Arejo
Como um beijo
E passo
posso matar
Se asfixiada ficar
água parada
viro veneno
Tirana
Azeda
Infame
E fatal
não se escude
nem tente entender
Apenas sinta
Uma leve brisa
A te envolver...
E seja feliz!

Alado sonho
Que te proponho
Em verso e prosa
Rosa sem espinhos,
Mas saiba do arvoredo
Que arvora no meu peito
E faz a ventania.
Magias são fáceis,
Mas a dor que me toca
Não vem de teus ventos,
Apenas se aloca
Na frágil sonata
Que a vida arremata
E trama decerto.
Desertos cultivo
E os medos cativos,
Da morte que exata
Exala seus cheiros.
Meu tempo é exíguo,
Os olhos já perco,
As pernas amputo,
O campo se esvai.
Nas dores confessas,
Reais tempestades,
As frestas se alargam
Nas chagas finais.
Hoje o vento frio
Do quanto que inverno
Bateu na janela,
E me constipei.
Estou mesmo amargo,
Abarco meus dias
Em últimas frases,
O adeus se aproxima.
Amor...
É tão bom
Ouvir este som.
Que tem sábio dom
De alívio e de paz.
Porém rasgo o peito
E encontro a sangria
Desta ventania
Que a morte me traz.
Perdoe se exalo
O podre diabético
Olor sempre fétido
Dos dedos necróticos.

Não quero te dar
Cadáver ambulante,
Figura distante
Do quanto sonhei.

Já vejo o cajado
Da amiga mortalha
Que enfia a navalha
Em dores, lateja.

Minha alma deseja
A sorte bendita,
Mas verdade já grita
E mostra em nudez
Entranhas estranhas
Estragos e fendas.
Doente, percebo
Que o fim bate à porta,
Ronda a janela
E os ferrolhos são frágeis...

Te amo.
Se isto te importa,
Minha alma vai morta
Mas o corpo deseja
O beijo da moça
Que sabe alvoroça
E faz temporal...

ANA MARIA GAZZANEO
MVML
Publicado em: 06/10/2007 14:49:29
Última alteração:04/11/2008 11:51:03




O cometa atendeu ao teu pedido
Ao meu também para seguir teu rumo
Viagem na galáxia em imensidão
Resgatando o pedido veio ao prumo

Atados nestes laços eu me entrego
Ao longe na distância já avistara
Em órbitas elípticas, feito uma nuvem
Meu coração te vendo alucinada

Montei eu sua calda assim gasosa
Girando ao redor do sol em disparada
Apenas o firmamento serviu de fada

E noutro planeta fomos sem adeus
E quem quiser saber nem ouve a fala
Unidos neste sonho fomos sem mala


Ascendo ao infinito nos teus braços,
Nascendo novamente uma esperança
Arcanjos enaltecem nossos laços
E a noite em festa imensa nos alcança.

Decoro de teu rosto os finos traços,
Proponho que estreitamos aliança
Riscando em fantasia, ganho espaços
E volto a ser feliz como criança

Que tem toda a certeza de que um dia
Seus sonhos virarão realidade.
Sabendo de antemão felicidade.

Amada, ser feliz tanto me urgia
Que ungido em teus abraços, percebi,
O rastro do infinito encontro em ti...

SOGUEIRA
MVML
Publicado em: 16/10/2007 16:11:25
Última alteração:03/11/2008 20:53:30




Alguns dos meus amores se foram
Alguns nem mesmo lembro que existiram
Outros dizem que sentem minha falta
Reclamam por tê-los esquecido
Falam que sentem muito a minha falta
Perguntam o que aconteceu comigo

Tudo culpa deste amor bendito
Respondo a todos com satisfação
Ele é tudo de bom pra mim
Foi quem livrou meu coração
De uma vida sem sentido
Outrora sem direção

Agora todos estão cônscios
Deste amor puro e ilimitado
O que resta são apenas ciúmes
Daqueles que foram mais chegados
Desejo que todos eles encontrem
Um amor como o meu lindo e encantado

Cantando o nosso amor, nada me impede
De ter uma alegria feita em festa.
Carinho desejoso que me cede
Aquela a quem a sorte já se empresta.

Amor que na verdade, não se mede,
Entrando na janela arromba a fresta.
E molha em fantasia o coração,
Com todo o bom vigor de uma paixão.

Amor é um moleque sem juízo
Que tantas vezes grita, impertinente.
Roçando em tua boca, o meu sorriso,

Prevê que a vida traga, novamente,
O mundo sem maldades, que enfim biso
Depois de tanto tempo, finalmente.

Sou teu e te desejo amada amante,
Na força deste amor, tão cativante...

GELIS
MVML
Publicado em: 24/10/2007 21:19:12
Última alteração:03/11/2008 19:14:36



Dei um beijo na saudade
E depois sai correndo,
Buscando felicidade,
Nesta vida, vou morrendo...
Publicado em: 29/12/2006 07:17:54
Última alteração:28/10/2008 10:03:46



Dei um bico na saudade,
Pontapé no nosso amor.
Quando o sonho é de verdade
Justifica o sonhador...

Publicado em: 20/08/2008 19:17:30
Última alteração:19/10/2008 20:20:59


Dei-me um beijo de língua
Daqueles bem espalhafatosos
Daqueles que misturam salivas
Deixando em ardência os corpos

Dei-me um beijo ousado
Dos que servem de convite
Para outras possíveis peripécias
Quem sabe até no umbigo

Dei-me um beijo no umbigo
Passando a língua lentamente
Quem sabe se com esse carinho
A língua escorregue de repente

Se a língua escorregar
Não perde tempo doutor
Dei-me um beijo bem guloso
Um convite para o amor

GELIS

Lábio audacioso
Roça tua pele
Ao encontrar teu gozo,
Bem mais quer e confere.
Eu quero cada gota
Da farta inundação
Amor jamais se esgota
Repete a expedição.

Menina vem comigo,
Contigo sou feliz,
Teu corpo é meu abrigo,
Prazeres tanto diz.
Publicado em: 09/03/2008 19:06:50
Última alteração:22/10/2008 15:34:12


DECLARANDO O MEU AMOR
Nos meus humildes versos te proponho

No sonho tão real quanto risonho,

Da vida numa eterna insensatez.


Tocando tua pele tão macia,

Roubando de uma doce fantasia

O gosto deste amor que a gente fez...


Roçando teus cabelos levemente,

Beijando tua nuca e de repente

Sentindo-te feliz ao lado meu...


O medo de te ouvir dizendo não

Falando que esse amor é ilusão,

Ao ver o teu sorriso, se perdeu...


Eu quero que tu saibas quanto eu te amo,

Nas noites solitárias sempre clamo

Teu nome, nos meus sonhos mais sutis.


Não sabes quanto estou tão radiante,

Poder sentir teu beijo antes distante

Agora sim, querida, eu sou feliz!
Publicado em: 10/12/2008 17:30:44
Última alteração:06/03/2009 15:39:58



Aporte no meu coração; apertadinho,
cheguei pra te fazer um carinho.
Ai que saudade dos seus beijos,
morrendo de vontade e desejos...

LUZIA MONIQUE

O tempo urge
A sorte ruge
E o rouge no rosto
Da moça bonita
Combina com o carmesim dos lábios
Lábios/beijos/
Beijos/anseios
E a história não tem fim...
Publicado em: 16/01/2010 10:47:06
Última alteração:14/03/2010 21:07:59


Chibatas em forma de sonhos
Métodos medonhos
Mesas e cadeiras
A festa recomeça
Tropeço nos teus pés
Valsando alçando o quando
Tanto quis e não feliz.
Giros, rodopios
Pistas, cios, ópios.
Crio um novo dia
Tento disfarçar
Garças entre graças
E galgos pensamentos
Sais ócios, lamentos
Mentes e mentiras.
Tiras, ritos, rastros
Ratos e porões
Luas e sertões
Seremos o que somos
Se nada mais impede.
A sede de se ter.
Se ater e mal se atar
Atento aos passos vários desta dança...
Publicado em: 26/08/2008 18:48:07
Última alteração:17/10/2008 17:08:29


Sustenta minha vida , essa esperança
Nascida num momento mais feliz
Poder ter, finalmente, o que mais quis,
Um vento que transforma, de mudança.

O bem que mais queria, confiado
Aos braços tão cansados desta luta.
Minha alma sequiosa não se enluta
Nos olhos deste amor, sou sustentado.

Suspiros que arrancara, há tantos dias,
Nos trêmulos carinhos que não tive,
De tais recordações minha alma vive,
Embora se permita fantasias.

Ao fim de tal jornada, uma surpresa
Permite que eu sossegue meu lamento.
De tudo em minha vida, meu sustento,
Amor não me deixou sua leveza.

Agora que não tenho quase nada,
Que a noite se aproxima, em meu crepúsculo.
Num fulgor que estonteia, pois maiúsculo,
Tu vens iluminando minha estrada!
Publicado em: 13/09/2008 22:51:15
Última alteração:17/10/2008 13:29:33



Decomposição.
Havia, na pequena Santa Martha de João Polino, uma velha senhora que, mais por vício do que por necessidade, mendigava pelas estreitas ruas de terra do distrito.
Já sexagenária, tinha a mania de dar cantadas em todos os jovens que encontrasse pelo caminho e, por incrível que pareça, muitas vezes obtinha sucesso em tais investidas.
Volta e meia era encontrada nos matos e quintais das casas, semi-nua e adormecida. Com aquele sorriso de quem obtivera muito prazer nas noites geladas do lugarejo.
Quando não obtinha êxito, era comum encontrá-la no celeiro de um sitiante qualquer, muitas vezes embriagada.
Tal mulher colecionava na embaraçada cabeleira vários tipos e espécies de parasitas. Muitas vezes os bernes se desenvolviam e completavam as etapas evolutivas do espécime, até voarem para nova reprodução, provavelmente encontrando ali, novo campo para o desenvolvimento, do ovo à mosca adulta.
Quando falo que não tinha necessidade de mendigar, me remeto ao fato da mesma ter aposentadoria e casa própria.
Essa casa era raramente usada pela velha senhora, se tornando mais um depósito de seus garimpos pelas vielas do local, onde catava tudo quanto se pode imaginar e seqüestrava , transformando restos de latas, vidros, sofás destruídos, pedaços de pano rotos, garrafas de vidro ou plásticas; tudo, enfim, em preciosidades guardadas dentro da casa.
O mau cheiro denunciava a decomposição dos guardados orgânicos, como os restos de comida que se acumulavam num cômodo especialmente separado para isso.
Um dia, mais revoltados que penalizados, alguns vizinhos, cansados de denunciarem à saúde pública o estado em que se encontrava tal pardieiro, resolveram agir.
A ação foi de uma violência ímpar. Invadiram a casa da pobre demente e começaram a arrastar tudo o que encontravam pela frente.
Na sala, vários “monumentos” feitos com pedaços de diversos materiais demonstravam a todos a que ponto a loucura chegara.
Várias esculturas de formas lembrando vagamente crianças estavam espalhadas entre restos de madeira, de lata e de vidros jogados pelos quatro cantos.
Ao simples toque as esculturas se desfizeram, revelando a fragilidade com que foram feitas; sem nenhum material que aderisse os diversos “tijolos”.
Porém, ao entrarem no quarto onde, teoricamente, dormiria a pobre senhora, tiveram uma surpresa.
Pelo quarto, espalhados, vários esqueletos de crianças de, no máximo um ano de idade, em diversas posições, sentados, deitados, em pé, estavam espalhados pelo cômodo, e os alimentos decompostos servidos em pratos, como se fossem para alimentar aos pequenos infantes.
E, deitado no chão, um cachorro morto, em estado de decomposição avançado, observava os pequenos cadáveres famintos...
Publicado em: 20/08/2006 06:56:18
Última alteração:26/10/2008 22:35:21



Dedilhas com suprema maestria
Velho violão
Conchegava-se a fresca da noitinha
ao portal da minha querência
onde debruçava um violão que vinha
me acompanhando na vida a eflorescência.

Desafinado, me olhava das trevas do tempo
condoído pela dor que o peito me resserra,
como se quisesse, nas cordas, me passar alento,
me esbrasear a alma, quedar-me nessa terra.

Nas minhas penas, o mais sincero confidente;
quando eu flanava, desatinado e intranqüilo,
um acorde no silêncio atroz se fez latente.

Hoje, uma trenodia no violão se faz presente
e não me importo mais se não ouví-lo,
pois vou me aquerenciar num som onipotente.
Chaplin

Dedilhas com suprema maestria
As cordas do meu pobre coração,
Usando o diapasão da poesia
Expresso na beleza da canção,

Por vezes a minha alma é tão vadia,
Uma andarilha solta na amplidão,
Mas quando ouço a divina melodia
Tocada com talento e precisão

Eu volto o meu olhar emocionado,
E o peito se entregando de bom grado
Explode num momento de alegria,

Quem tantas vezes busca ser ritmado
Ouvindo o teu cantar, maravilhado,
Dispara em sem igual taquicardia...
Publicado em: 20/02/2009 16:44:49


DECLARANDO O MEU AMOR
Sem aviso
o Poeta faz
uma proposta
indecente
e sem juízo ...
mal sabe ele,
que a morena gosta ...
(ivi)

A morena é recatada,
E não gosta de bobagem,
Se a palavra é mais ousada,
Põe um fim nesta viagem.

Mas se ela me desse espaço,
Eu garanto não fugia,
Nem que seja no cansaço
Vou vencer, não sei o dia.

Coração apaixonado,
Não quer mais fazer aposta,
Qualquer dia do meu lado,
Vem do jeito que se gosta.

Camisola transparente,
Deixa ver o conteúdo.
Coração fica contente,
Se quiser, meu bem te ajudo...
Publicado em: 14/05/2008 21:19:21
Última alteração:21/10/2008 14:43:42


Vento que me toa
Cantigas em lirismo
O beijo de meu bem,
Sorrisos e carinhos...
Olhando para a cidade deitada sob os pés
Subindo no terraço de minha casa
Eu tinha a impressão de ser o dono de tudo.
Das pequenas imagens que perambulavam
Pelas ruas, aparentemente perdidas.
Por vezes queria ter asas e mergulhar por sobre
As pequenas formigas que ziguezagueavam pelas calçadas.
Não somente sobre aquelas,
Mas sobretudo sobre as mais distantes,
Inalcançáveis mesmo.
Mal percebia, entretanto
Que eu mesmo era um daqueles insetos
Vagando a esmo, sem nexo ou sentido.
Depois, cresci
E o amor se apresentou com a mesma faceta,
Intocável figura distorcida, longínqua e desejada.

Envelheci, envileci, mas essa imagem
Perpetuada pelo vazio de uma vida quase inútil
Permanecia incólume numa retina cansada
De tantas promessas e capotagens.

É certo que vez em quando, vislumbrava; pelo menos em sonho
A aproximação de uma forma distorcida
Entre noitadas regadas a sexo e bebidas.
Amanhecia, e tudo se esvaía novamente.

Num lusco-fusco em carrossel,
Percebia ter sido simplesmente uma miragem.

Mas, tocando teu rosto
Sentindo teu gosto
Amor mata agosto
E traz primavera.

Do quanto não tinha,
Vazio que vinha,
Agora que és minha
A glória me espera.

A boca que eu beijo
O tempo que é nosso
Deitando em desejo
Expressa o colosso

Do sonho em que tenho
Amor que busquei,
Estrelas contenho,
Decerto eu sou rei...
Publicado em: 24/09/2008 13:36:07
Última alteração:02/10/2008 18:12:35



Meu amor é penuginha
Das asas duma andorinha
Que nasceu de manhãzinha
Num coração sofredor,
Nas asas do passarinho
Que neste peito fez ninho,
Trazendo tanto carinho,
Pr'esse peito sonhador.

Cada vez que o peito chora,
Eu mando a tristeza embora
Tenho tanto amor agora
Parece vou explodir,
O meu verso vai saindo,
Das penuginha surgindo
Desse sorriso mais lindo,
Que vi, nos lábios surgir

Nesta boca de carmim,
Deste amor que guardo em mim,
Que bem de mansinho, assim,
Vem beijar meu coração.
Neste verso improvisado
Trovador enamorado
Vai cantando apaixonado,
Transbordando de emoção.

Eu quero a pele de louça
Toda a beleza da moça
Que Deus do Céu sempre me ouça
E não deixe ela fugir.
Não quero andorinha morta,
Quando o meu peito abriu porta,
Minha vida que era torta
Só amor fez corrigir...
Publicado em: 25/09/2008 21:48:58
Última alteração:02/10/2008 14:40:33


Amor, quanto mais dou, maior eu fico
E nesta roda viva eu já me encharco
Descrevo toda vez esse mesmo arco
Que em mim nunca termina e multiplico.

Nesse moto perpétuo renovando
O mesmo sentimento que me move.
A pedra do caminho se remove
De amor que gera amor, me alimentando.

Se pago teu amor com mais amor,
Amor que te paguei, amor recebo.
Recebo tanto amor que não concebo
Que amor é desse amor o gerador.

Porém se me desejas desamor,
Amor que tanto trago não te basta,
A vida sem amor já se desgasta
E salva-se somente noutro amor...
Publicado em: 16/09/2008 13:38:05
Última alteração:17/10/2008 13:48:52


Meu passos que sem rastros não guardo
Senão da nudez e das nossas noites
E senzalas da alma. Sonhos expostos...
Busquei o teu sol e tua lua
Andavas nua pela sala
E minha mansidão
Em tua loucura
E meu desatino
Na tua calmaria...
Onde passo se não me lembro?
Só sei de tua nudez e das nossas noites
E belezas da alma. Roupas jogadas...
Encontrei teu mar e meu rio
Andavas em cio pelo quarto.
E minha mansidão
Em tua loucura
E meu desatino
Na tua calmaria..
Havia a promessa
Inevitável de uma felicidade
Imensa imersa em nós mesmos...
Publicado em: 18/09/2008 16:46:02
Última alteração:03/10/2008 13:07:54




Fascínio
Sem domínio
Domando
O sentimento
Tomando
O pensamento
Girando
Em carrossel
Na boca
Farto mel
No corpo uma vontade
Do quanto em qualidade
Amor não se despreza
Nem mesmo se represa
Deixando fluir manso,
Intenso
Sem temor.
Ardores
E fulgores
Langores
Noite afora.
Publicado em: 22/09/2008 10:21:01
Última alteração:02/10/2008 19:51:26



Amar
Sentir
Viver
Pecar?
Quem disse que estas coxas tão morenas
Divinas da mulher que rebolando
Passando na calçada em belas cenas
Traz o pecado em si?
Boçal!
Estúpido eunuco
Que não sabe
Nem sequer
Mais discernir
Pecado
De delícia
Prazer
De penitência.

Falo deste amor
Carnal, erótico.
Exótico é não amar,
É se deixar ao vago,
Vazio.

E cabeça vazia
Oficina do capeta!
Publicado em: 22/09/2008 19:01:47
Última alteração:02/10/2008 19:28:46


Razão em tantas vezes mostra a face
Cruel de um dia duro e destroçado
Em plena ventania que amor trace,
Na fria sensação, triste passado.
Quem sabe noutra luz se sustentasse
O sonho que se fez iluminado.
Distante da cruel e triste inveja,
Amor em plenitude se deseja...
Publicado em: 23/09/2008 18:18:01
Última alteração:02/10/2008 19:00:32


O verdadeiro amor é raridade
Flor que nasce na areia do deserto,
Se cultivado gera uma esperança
De vida mais sincera plena e pura.
Vivendo neste sonho de um futuro
Melhor para quem vive o pleno amor,
Regado pelo vento da emoção
Aguado na bonança dia a dia,
Jardineiros do amor, pois que sejamos,
Ao cultivarmos perlas na aridez.

Amiga, não deixemos para trás
A sorte que bendisse nosso canto.
Somente esta alegria satisfaz
Projetos de outro mundo em novo encanto
Publicado em: 25/09/2008 08:53:39
Última alteração:02/10/2008 14:20:09




A noite vem chegando de mansinho
Tomando já de assalto o coração,
Andei por tanto tempo sem ter rumo,
Agora encontro a senda da paixão,

Vivendo sem sequer saber de um beijo
Que fora prometido e nunca dado,
Seqüestro uma ilusão e morra além
De todo o desespero do passado...

O rio que transcorre em cachoeira
Encontra no oceano imensa foz,
Não vejo mais ninguém que um dia possa
Calar toda a potência desta voz

Que sai dentro do peito em verso livre,
Liberto das algemas da tristeza,
Meu canto sem limites sempre foi
A forma em que moldei minha defesa

Contra as agruras todas desta vida,
Contra as cruéis senzalas de emoções,
Assim não temo as rinhas de um deboche
Que não conhece a força das paixões...
Publicado em: 22/10/2008 17:44:12
Última alteração:02/11/2008 21:47:20



Contigo aprendi tantas maravilhas,
Amar a natureza por si só,
Saber que retornamos sempre ao pó,
Por mais que sejam tristes nossas trilhas.

Aprendi respeitar o ser humano,
Mesmo que decepcione, pois quem erra
Merece ter perdão. Fugir da guerra
Que mesmo com justiça, é sempre engano.

Amar a luz de todos, cada brilho
Diverso do meu brilho, do meu breu.
E saber perdoar quem me esqueceu,
Cada qual reconhece o próprio trilho.

Amor tão gigantesco nega o medo,
Que esconde, na verdade, o vero amor.
Saber que nem precisa temer dor,
Amor já recompensa sem segredo.

Tão longe das estrelas, mas tão perto,
Fazendo do viver uma alegria,
A vida assim, perfeita fantasia,
É lua num oásis, no deserto...
Publicado em: 28/10/2008 11:43:26
Última alteração:02/11/2008 20:36:04



Desofusquei meus olhos ao te ver,
Beleza que transcende à liberdade!
Que sonho meu Senhor, alvorecer
Criaste tal mulher sem humildade!

Nem mesmo a maciez duma pantera
Pode, com precisão, equiparar-se,
Tens a brandura amarga duma fera,
Teu sorriso, um remanso num disfarce...

A luz do meu verão, tu és meu sol!
Me queimas e bronzeias com delícias.
Perdido, vou tentando um girassol,
Tresloucado, procuro por carícias...

Refulges, da natura és a rainha...
Oásis mavioso em um deserto...
Quem dera tanta luz fosse só minha,
Ofuscas quem quiser chegar mais perto!

Feliz a nação de onde tu vieste!
Iluminada brilha solar êxtase!
Rebrilhando esse mundo oeste a leste,
Meus passos paralisas numa estase...

Catarse, catatônica ilusão!
Amar-te na platônica jornada.
À parte em histriônica paixão,
Beleza arquitetônica mostrada!

Furacão de matizes delirantes,
Meus olhos enebrias sutilmente...
Absinto teus olhares penetrantes,
Desfaz completamente minha mente...

Riacho mais piscoso da beleza,
Levante boreal forjado em ouro
Penetras, impedindo uma defesa,
És ilha da magia e do tesouro...

A boca desenhada por pincel,
Na fala traz a mansa, doce brisa,
Sorrindo me refletes belo céu,
Enigmática, nova Mona Lisa...

Teu hálito perfume que transcende
Recorda o das mais lúbricas essências!
À mistura de flores sim, recende,
Num misto de torpores e indecências!

Lábios carnudos, veros espetáculos!
Mordiscando tenazes que deliram,
Beijando funcionam qual tentáculos
Pena que para mim jamais se abriram...

Tens a pele suave de criança
Os cabelos produzem ventania.
Os olhos reparei, bela esperança,
Amar-te simplesmente, uma mania!

Perdido em tal beleza, me embeveço,
Não posso caminhar sem ter teus passos,
Quem dera te pudesse, mas mereço?
As cordas se romperam, velhos laços...

Os órgãos todos querem teu orgasmo,
Os mares que percorro te procuram,
Não te encontrando, fico louco, pasmo,
As noites mal dormidas me torturam!

Visto minhas melhores ambições
Fumando, desbragado, fico insone...
Nas jaulas aprisiono meus leões,
E salto a cada toque, telefone...

A voz que me procura não é tua,
A boca que beijei não te pertence,
O sol que tanto quis verteu-se lua
A sorte de não ter não me convence...

Quis um momento simples de ternura,
Um segundo somente mas não tive...
Macias tuas mãos, fruta madura,
Nas fotos que guardei, eterna vive...

Definitivamente és obra prima,
Não posso e nem pretendo me envolver,
Acima disso está minha auto estima,
Se não parar talvez possa morrer...

Mas, cada vez que passas o que faço?
Não posso me queixar nenhum segundo.
No universo gigante, tanto espaço.
És razão de existência deste mundo.

Saber que vives basta a quem tanto ama.
Para quem viveu sonhos mais ateus
És finalmente, toda luz e chama.
És a prova cabal que existe Deus,
Publicado em: 19/11/2008 11:46:21
Última alteração:06/03/2009 19:02:31



Se achegue aqui, morena, minha amada
Que a noite se promete mais gostosa.
Ao lado da fogueira. Uma sanfona
Chamando para a dança. Vem comigo;
Vamos despetalar a pobre rosa
Fazendo desta noite o que quiser
Teu homem te deseja, vem mulher
Que o tempo vai passando e sem abrigo
O coração sofrendo descompassa.
No gosto do aguardente, da cachaça
A boca adocicada te procura,
Segredo se procura sempre se acha,
No facho de teus olhos me aqueci.
Agora não se pode perder tempo
Não deixe que apareça contratempo
A cama que te espera é bem quentinha,
Por isso minha amada moreninha,
Vem logo, vem comigo namorar!
Publicado em: 02/12/2008 12:58:11
Última alteração:06/03/2009 16:24:58



Não quero falar de amores tontos,
Nem quero perceber quais foram os sonhos...
As madrugadas parecem mais risonhas,
Os meus dias são pétreos abandonos...
Queria navegar teu horizonte.
Da fonte dos desejos, uma moeda;
A mordaça cansaços e delírios.
As crisálidas que fomos não vingaram...
Quero o defeito de não ter solução,
Quero o direito de não ter mais meu fracasso.
Aço fraco, frascos, ascos e escusas...
As blusas abertas, o blues que tocas..
As tocas onde deixo meus degredos e segredos...
Meus medos, sutis medos, temerário...
Meu salário que recebo, um passo sem estrada...
Uma escada sem degraus. Um mar sem ter naus...
O caos absoluto...
Me enluto e não te esqueço. Tropeço, vou do avesso...
Me arremesso, não peço nem prossigo.
Se persigo não consigo consistência. A ciência
Da consciência esparsa, farsa...Belas taças
Jogadas num vago espaço...
Trago o aço da batalha, navalha, falhas e pecados...
Quero o acero da alma, a chama, acalma e tramas sem nexo...
Quero o frio gosto do rosto exposto sem rugas...
As rusgas as tropas e as trôpegas pegadas...
As pegas, os rogos, os lagos e barcos.
Arcos, areia, marcos, penteia a sereia os cabelos...
A morte não traíra nem traria uma traição.
Ação e coragem, aragem e sertão.
As serralhas e as fornalhas, acendidas.
As mãos descansadas, o peito aberto.
Meu medo completo, a nau, o sol...
Quero teu prazer e tua lei.
Quero poder ser teu rei
Quero o que não sei,
O seio, o veio,
O meio
Um mar
Distante mar,
Luz e luar, plenilúnio
Quero saber teu infortúnio.
Quero nada mais que minha sina.
Um frágil delírio, um vício, um principio.
Um banal gesto trazendo um desencontro louco,
As tarde sem Marina. Saudades fúteis e inúteis, fétidas...
Se ainda me quisesses não poderias dizer adeus...
Quem sabe os sonhos meus te trariam de novo.
O gosto amargo da saudade... Olhos tristes,
A vida resiste e não insiste, existe. Exige!
A face da esfinge se finge ágil e frágil.
As horas não passam, nem peço.
Meus passos, tropeço.
Me apresso
E não
Vou....
Publicado em: 06/12/2008 20:23:33
Última alteração:06/03/2009 15:27:44


E se ela não me quiser?
Cantarei assim a esmo
Sem ter rumo nem sentido.
O meu amor vai perdido...

E se ela já me esqueceu?
O meu canto sem ter rumo,
Meu amor perde o sentido
Vai a esmo, vai perdido...

Vou pedindo o teu amor
Perguntando no caminho:
Quem já viu a bela flor
Que me fez cantar sozinho?

Eu te peço sem demora
Que tu voltes para mim,
Tanto amor meu peito implora
Tanto mar de amor assim...

Não me faça tempestade
Nem chover no peito meu.
Procurando na cidade,
Meu amor que se perdeu...

Mas será que merecia
Teu amor quem tanto amou?
Amor morre fantasia
Neste amor nem sei quem sou...

Sou o canto da saudade
Que termina no meu peito.
Eu bem sei desta verdade
Ter amor é meu direito?

Mas espero que te façam,
Meu amor, meu bem feliz.
Minhas lágrimas disfarçam
O que me coração diz.

Eu te quero, nunca nego,
Tu és minha, vais voltar.
Mesmo distante navego
Cada porto do teu mar...
Publicado em: 10/12/2008 10:53:46
Última alteração:06/03/2009 15:41:06

Se é picuinha
Ou vai sozinha
Eu não sei
Só sei que te amei
Nem que seja por um minuto
Um mês, um ano, uma vida...
Velando o cadáver do amor
Eu vi o sorriso de ironia
Do danado...
Abre o túmulo
Que o cumulo
Deste cúmulo
Que acumulo
Prega peças
Malazarte!
Publicado em: 02/01/2009 14:37:00
Última alteração:06/03/2009 13:29:30


Mergulho do mais alto precipício,
O sexo da sereia procurando,
No corpo tão fantástico meu vício
Nos braços desta deusa me entregando,
Embora seja duro o meu ofício,
A saia da sereia levantando.
Na luta quase insana nada vejo.
Que faço se a sereia, assim desejo?
Publicado em: 20/02/2009 11:52:39
Última alteração:06/03/2009 01:59:12




Meu coração inconstante
de poeta, trovador,
não se aquieta um instante:
é apenas sonhador.

HLuna

Coração de um sonhador
Vai batendo em disparada
Quando vê a bela flor
Numa noite enluarada
Um poeta vai compor
Uma canção inspirada
Pra falar do grande amor;
Minha vida está mudada,
Sou apenas trovador,
Mas minha alma: apaixonada...
Publicado em: 15/01/2010 18:44:03
Última alteração:14/03/2010 21:27:50




Eteral Amor

Você é da dimensão
Do sutil,
Do sensual e
Do sensorial
Te olhar e olhando...
Perco a noção do tempo.
Te tocar e tocando...
Perco a noção do espaço.
Te ouvir e ouvindo...
Perco a noção do audível.
Te falar e falando...
Perco a noção do vocábulo.
Te querer e querendo...
Perco a noção do certo e errado.
Te penetrar e penetrando...
Perco a noção de tudo.
Te sentir e sentindo...
Me perco achando-me em todos os sentidos.
Regina Costa


Amor ganhando espaço plenamente
Traduz o que deveras mais anseio,
Sentindo a maciez de cada seio,
Penetro os teus caminhos, lentamente,
E quanto mais desejo a gente sente,
A vida se traduz e sem receio
A cada novo passo mais permeio
Com todo este delírio imensamente.
Vagando sem destino e sem fronteira
Aonde quer que mais se pense ou queira
Não tendo mais pudores, sou só teu,
Meu mundo no teu mundo se envereda
Pagando com prazer, mesma moeda,
A plenitude em ti se conheceu.
Publicado em: 23/07/2010 12:15:06



Nas rosas alvas vejo o teu vestido,
Deitando em minha cama, bela e nua,
Teu corpo constelar vem decidido
E invade meus prazeres, clara lua.
Nos gozos e desejos, renascido,
Minha alma sem limites já flutua
Sonorizando os dias que virão
Estrela que virou constelação...
Publicado em: 10/11/2007 15:24:51
Última alteração:28/10/2008 12:52:50




Amor que em meu caminho, muda o Fado
Tramando em alegria um novo enredo,
Meu canto se mostrando extasiado,
Percebe a solução deste segredo
Há tanto tempo e sempre demonstrado
Distante de temor, receio ou medo.
Minha alma na tua alma mergulhada,
Impede a solidão, fria cilada...

Meu canto em teus encantos, satisfeito,
Transborda em alegria, calmamente,
Felicidade muda em seu conceito
Do amor vira sinônimo e pressente
Que o mundo em nova face, dê direito
A quem necessitar ser mais contente
Deixando o sofrimento já perdido,
Distante, sempre ausente, e sem sentido...

Amor que em esperanças se lançou,
Renova um coração outrora velho,
E busca uma alegria que encontrou,
Não quer da solidão sequer conselho,
Vestindo uma emoção se demonstrou,
Mais forte e mais sereno. Em seu espelho
Reparo a juventude ressurgida,
Ao renovar em brilho a minha vida...


Amor não permitindo mais engano,
Nem mesmo a fantasia que desande,
Repara da tristeza qualquer dano,
Tornando-se maior em feito grande,
Amor que se demonstra soberano,
Não sabe de ninguém que nele mande
Seguindo vai incólume adiante,
De todos os maiores, o gigante!

O sonho que, em amor, se emoldurava,
Na glória de poder tê-lo vivido,
Fulgura em nossa vida, intensa lava,
Permite conceber desconhecido,
Amor não reconhece qualquer trava,
Domina em mansidão todo sentido.
Nas tramas deste amor eu concebi,
O sonho que encontrei, somente em ti...
Publicado em: 20/10/2007 13:26:11
Última alteração:28/10/2008 14:13:02



Dei-te um beijo somente, mas o meu desejo era te dar cem...
87

Mote

Dei-te um beijo somente, mas o meu desejo era te dar cem...

Confessar-te é meu desejo,
Pois pequei, como ninguém,
Ao te dar somente um beijo,
Quando queria dar cem...

Marcos Coutinho Loures.

Depois fica reclamando,
Meu amigo, não te aturo,
Agora ao te ver chorando
Eu não mandei ser pão-duro...
Publicado em: 20/11/2008 14:43:26
Última alteração:06/03/2009 18:42:11



Deixa o Amor Te Levar

Não ligue se essa tristeza
Resolver te provocar
A vida não traz segredo,
Deixa esse amor te levar..

O futuro sempre é duvidoso
Não preocupe-se com isso,
Amor é sempre tão vaidoso,
Não vale sofrer nem preciso...

Mas traga sempre esperança
Esperança meu amor.
Quem sabe viver é agora...

Rodando nas nossas tramas
Vivendo só por prazer.
Acendendo novas luas
Sabendo que irás vencer.

Não creia no que te prometem
Nem búzios nem no tarô
As ondas não se repetem
Nem acredite em amor.

Mas traga sempre esse sonho,
Sonhar é bom, meu amor.
Não deixe a vida ir embora....

E rode nessa balada
Que vem de tudo ou quase nada
Trazendo um sonho de valsa
Na dança que noite avança.

E pára sem que se prometa
De todos esses nossos medos,
Amores que a gente cometa.
Que para sempre serão segredos...
Publicado em: 31/12/2006 10:53:42
Última alteração:28/10/2008 20:35:53



Esperança traz
Sonhos, ilusões
Batendo mais fortes
Nossos corações

Nas promessas feitas
Gestos delicados,
Seguimos a vida
Sob a luz dos Fados.

Quero que tu saibas
Quanto quero a ti,
Na busca incansável
Pelo que perdi.

A sorte de ter
Amor que me quer
Nos braços mais fortes
Da amada mulher.

Vencendo meus medos,
Raiando alegria
Querida vem logo
Clareia meu dia.

Eu tenho esperança
Da boca gostosa
Da moça bonita
Perfume de rosa.

Vibrando comigo
Trazendo pra mim
Beleza sem par
Regando o jardim...

Meu peito se aninha
No teu bom regaço,
Amada, eu te quero,
Me dê beijo, abraço...

ML
Publicado em: 01/03/2008 17:40:34
Última alteração:22/10/2008 17:05:19



Depois de entrar assim duro,
Depois de entrar assim duro,
Saindo mole e pingando
Meu amor, eu quero e juro
Macarrão ir devorando..
Publicado em: 14/08/2008 13:18:58
Última alteração:07/10/2008 15:01:46


dentro da alma tenho o gozo
dentro da alma tenho o gozo
da alegria de cantar
se meu canto é caprichoso,
aprendi com o luar...
Publicado em: 17/01/2010 15:29:03


Dentro do meu coração!

Na minha alma, tão serena
E por vezes, mais amena
Acena a luz deste amor
Que se for por onde vou
Acabará com a dor
Que tanto tempo marcou
A vida de quem amou
Ávida vida sem gozo,
Sem gosto quase de nada
E sem sequer ter amada
Que possa me traduzir.
Que não precise pedir
Pois sei que sempre virá
Ao meu lado ficará
Nos momentos mais difíceis
Impossíveis de viver.
Que não me deixe sofrer
As esporas da saudade
E que traga claridade
E gosto de liberdade,
Vontade de viajar
Pelos raios do luar
Pelo céu, estrela e mar,
Por toda essa imensidão
Guardada, numa paixão,
Dentro do meu coração!
Publicado em: 03/12/2006 14:58:14
Última alteração:29/10/2008 12:09:27


DEPENDENTE DE TI
Dependente de ti, bem sei que sou;
Devo dizer, porém, que sou feliz
Pois és, da vida o Bem que me restou,
O amor com que sonhei e sempre quis.

E como é bom saber que estás presente
Nos momentos mais tristes , cruciais,
Como nos da alegria que se sente,
Que nos são bem comuns e naturais.

Mas como dói saber não seres minha,
Pois assim quis meu lúgubre destino
Que fez de ti , esplêndida rainha!

Mas, se acaso tivesse os beijos teus,m
Por ser o teu amor, santo, divino,
Em vez de humano ser, seria Deus!

MARCOS COUTINHO LOURES
Publicado em: 27/08/2008 18:48:43
Última alteração:19/10/2008 20:34:29



Depois da curva da estrada


Nunca mais quero saber dessa cidade, nunca mais, nem que tudo mais se acabe, que o mundo se desespere, nada mais me trará de novo essa cidade.

Ficando atrás da curva da estrada, perdida entre montanhas que nem mais serão minhas, nunca seriam minhas, minas de água límpida, turvadas pelas minhas tristezas, perdidas pelo tempo, entre tantos entretantos e poréns...

Nasci na esquina da rua do Sol, com a rua da Lua, filho de um anoitecer ou de um sonho frustrado de uma menina
apaixonada pelo príncipe que nunca houve, somente o ronco forte do motor indo embora, voltando para o reino de onde veio, velho e acabado reino, em busca de outras princesas.

Pai que não sei, mal sei o nome, talvez nem saiba mais, nem interessaria tanto para ele quanto mais para mim, solitariamente esquecido na pequena cidade entre as montanhas de Minas.

Minas, de Gerais a tão restritas, minas de minério de ferro, água ferruginosa engasgada na garganta, minha garganta na garganta da serra, da serra mineira, escondida depois da curva da estrada...

Fui crescendo, crescida a mágoa, mãe desaguando no rio, suicídio me contam, mas não sei bem, talvez o gosto da água ferruginosa tenha conseguido calar a voz desafinada que me embalou...

Embalado para presente, qual cavalo troiano, fui rolando de casa em casa, por acaso uma aceitou.

A última que procuraram, acho que em meio a um sem número de diachos, no outro lado do riacho, casa de pau a pique, vida a pique, serra a pique.

Pique esconde, escondido do tempo, brincando rápido que senão a vara queima, marmelo, doce de marmelo, vara de marmelo, queimando nas pernas do moleque safado, pilantra, sem vergonha...

Vergonha traz lágrimas, doem os braços, os abraços negados, os ossos quebrados, pernas amarradas, embira e breu. Talas e varas estaladas nas pernas, em conjunto, reativa a circulação.

Na circular dos meus sonhos de moleque, pés de moleque na boca dissolvendo, o solvente trazendo delírios na adolescência, dando a coragem para a enxada, para o peso do arado, árduo e pesado para o moleque franzino. Hinos evangélicos no final de semana, entre tantos cultos, inculto cresci.

Cresci não, espichei.

Pichado por todos, mãos de piche, negras e ossudas, calejadas, calendário, época de plantar, depois do arado, planta dos pés ferida, feitas de cravos sob as canelas finas, finais, finalizando o esqueleto andante.

Ardente sol, tonteiras e aguardentes, as mágoas ardentes desaguando nos poros, nos olhos, nos dentes esquecidos a cada dia nos cantos da roça.

Dentes de alho para afastar mau-olhado, mas olhar para quê, o quê, quem?

Motos e carros, carros de boi são raros, somente as motos e os motivos: mortes, mortes de tio e tia, as primas e primos, primeiros a terem a primazia, depois dos tios, do açoite.

Açoite e costas magras, costelas expostas na estrada que me chamava.

As marcas das pancadas nunca mais saíram, nem as cicatrizes na pele, pele e osso, colosso de tosse...

Tosse diária, febre de tarde, ardendo tanto, molhando cama e lençol, preguiçoso, vagabundo, vadio, tuberculoso...

Seis meses de tratamento, nove meses para nascer, filho de Maria de Fátima, única louca, meu filho...

Aborto, para sorte de todos, inclusive da criança, principalmente dela...

Fátima era tonta, tão tonta quanto feia, mas a aveia de pobre é capim.

Na veia, depois de tanto, transfusão, confusão, profusão de pragas e palavrões, a sina abre a esperança.

Partir para longe, onde o bonde da sina não me encontre, longe dali, por onde? Qualquer lugar, desde que longe...

Onde vou, sei lá, só sei que a curva da estrada me liberta, melhor o incerto que essa certeza, melhor a morte sem mortalha, que o amargo da serralha, que ficou nessa serra...
Publicado em: 10/12/2006 07:57:48
Última alteração:24/10/2008 13:54:12



Com esse cabra, companheira,
Eu também já fiquei fulo.
A verdade verdadeira
É o que dizia Catulo:

“Nos tempo das inleição
Que é o tempo das bandaiera,
Nóis só tem uma cangáia
Pra levá toda porquera
Dos dotô politicáia”




Delírios / Num êxtase

Dê tuas mãos/Entrelaçadas

navegue nos meus sonhos /as sensações

de ilusão./do prazer

Mara Pupin // Marcos Loures

Publicado em: 27/03/2007 23:18:11
Última alteração:28/10/2008 05:49:16




Delírios
Quem acreditar nesses meus delírios
Por certo nunca mais terá sossego...
As cordas arrancadas, meus martírios;
Não posso decifrar um tal apego...

Quem quiser prosseguir nesta charrete,
Não sabe dum corcel que desaponte...
A lua mergulhante não reflete
Atravesso canais canis e ponte...

Nasci para viver sem serventia,
Servil serei se formos formas fórmicas...
Valete que verti sem valentia...
As barcas que embarcas são mais fóbicas...

Fantoches que me iludem são palhaços,
Os aços dos meus cantos são reveses,
Os erros cometidos são mais crassos,
Pedaços que larguei nunca desprezes!

Minutas dos contratos rescisórios
Me mostram certidões que foram trágicas.
Os beijos permitidos ilusórios,
As fímbrias do passado soam mágicas...

Não quero mais valores nem vestais...
Não posso preservar tal iguaria;
Tantos sexos expostos, carnavais,
A vida não chegou ao meio dia!
Publicado em: 06/10/2006 21:35:28
Última alteração:29/10/2008 12:03:26



DELÍRIOS...
Nosso amor que em delírios põe a mesa,
Determinando a vida desejada,
Nadando contra a forte correnteza,
Permite uma esperança, assim talhada
Mostrando ser mais firme em fortaleza,
Banhado na alegria demonstrada
A cada novo pranto derramado,
A cada novo sonho conquistado..
Publicado em: 26/10/2007 16:22:55
Última alteração:28/10/2008 13:17:35


Deliciosamente // Doce sentir
como é bom // ao amanhecer
dizer: // com carinho
te amo! // em suaves palavras

Marcos Loures // Mara Pupin

Publicado em: 26/03/2007 22:28:02
Última alteração:28/10/2008 05:48:28



DEIXE O PASSARINHO VOAR
Não maltrate o passarinho,
Gaiola não é seu lar
Tanto amor tem no seu ninho,
Deixe o bichinho voar!
Publicado em: 28/08/2008 13:33:54
Última alteração:17/10/2008 14:23:56



Delicado sentimento// Puro em amor..

Amor perfeito// revela em mim

Sempre viva// a chama

Emoção // da paixão...

Marcos Loures // Mara Pupin
Publicado em: 02/04/2007 22:56:24
Última alteração:28/10/2008 06:06:56


DELÍCIAS DO PRAZER...

Entregas que se dão sem um limite
Dos corpos que sedentos não se cansam
Da busca de um prazer extasiante,
Orgasmos que queremos já se alcançam.

Nossos corpos se entregam ao prazer
Encaixam-se de forma bem suave, lenta.
Sinto-te deslizando tocando meu íntimo
Nós gememos numa volúpia intensa

Desnuda, tua pele junto à minha,
A vulva em minha boca, incendiada,
A mão vai percorrendo cada ponto
Tua umidade doce e desejada.

Um calafrio de excitação me percorre
Quando sinto tua boca degustando
Língua ávida prova meus sabores
Meu licor num gozo pleno derramando


Sentindo teu prazer se derramando,
Meus lábios vão sugando cada gole
Que aflora desta senda sensual,
Não deixa sobrar nada, e tudo engole.

Teu corpo treme ao sentir meus espasmos
Tua boca se esfregando loucamente...
Numa fúria sem limite, se lambuza.
E teus braços me envolvem firmemente

Servido de teus vinhos, me inebrio,
Tocado pelo cio insaciável,
Ardentes emoções proporcionadas,
Além do que pensara imaginável.

Sobe um frio fininho pela espinha
Ao te sentir dentro de mim latejante
Teu sexo desvenda meus segredos...
Faz-me tua fêmea, tua mulher, amante


Eu quero cada gozo que tiveres
Nas chamas do desejo que não cessa.
Fazer-te mais feliz em cada cópula,
E podes me cobrar esta promessa

Quero teu sexo assim me lambuzando
Teu cheiro, teu corpo encostado no meu
Quero-te. Agora. Nesse minuto, vibrando.
Deixa que meu gozo se misture no seu

Sou teu, isso eu não nego e te desejo,
Furores enaltecem meu querer,
Amada, eu necessito de teu corpo,
Intensa catedral feita ao prazer...

Adoro ver seu rosto másculo feliz
Porque meu corpo é teu, toma-o loucamente.
Vejo o desejo de quem me tem e quer mais
Então prometo ser sua para sempre.


MVML E MARI.
Publicado em: 09/10/2007 23:26:20
Última alteração:29/10/2008 20:26:49



Desejo de Viver
Abstrato desejo de viver
Torna-se violento em meu outono
Causando a sensação dum abandono
Embora, com certeza irei morrer.

Ao ver a tua imagem traduzida
Em vários e espelhados desenganos.
Lembranças d’outros tempos mais tempranos
Reforçam meus amores pela vida.

Ao ver teu corpo nu tão longemente
Nas páginas viradas do caderno
Que trago na gaveta deste inverno,
Em voltas desconexas minha mente

Retorna aos destinos pueris,
Dos sonhos que alimento, ser feliz,
E, vejo que não passo deste sonho,
Da vida refazendo uma ilusão.
Morrer é quase sempre a solução
De tanta dor que trago, mar medonho.

Prossigo sem rever tua nudez,
E sinto que jamais a reverei
Eternidade sei que não terei,
Porém na morte, a vida se refez...
Publicado em: 29/11/2006 20:29:49
Última alteração:29/10/2008 12:02:34



Craca encontra navio
E roça-se desejosa...
Onde será o seu cais?

Publicado em: 19/03/2007 12:41:20
Última alteração:28/10/2008 05:43:04



Alvo vinha veloz alvorecer...
Beijo, embarco na bela doce boca...
Encontro a mansidão na voz tão rouca.
Adoço o sonho, quem me dera ter!
Não sei se sabes sinto não saber,
Aportei portos pútridos. Espoca
O meu medo, penedo a percorrer.
Meu trabalho foi falho, fel desloca!

O rombo dos arroubos foi rebento.
O traço dos meus passos foi errado.
Varais, vestidos, vértices do vento...
Tua seminudez, doce tormento
T’as pernas meus desejos embaraço
E danço em verdadeira sincronia
Vencido pelo gozo risco um traço
E canto em teu prazer, minha alegria...
Publicado em: 11/12/2006 21:51:59
Última alteração:28/10/2008 20:54:12



Desejo e Verdade
O que um homem deseja, ele também imagina ser verdade. Demóstenes

Desesperadamente creio em ti,
No teu amor, em tudo o que me dizes!
Desejo que sejamos mais felizes
Depois de tanta dor que já sofri!

Eu creio nas palavras que disseste
Na noite em que juramos nosso amor.
Vento da solidão, pleno pavor,
Desvia seu caminho para leste

E me deste carinho e liberdade
No gozo do prazer que desfrutamos.
Eu mal posso entender, mas nos amamos;
Prefiro acreditar nessa verdade!

Quando estamos tão pertos, tudo some,
A vida se transcorre como um rio
Que, indo para o mar, trama nosso cio
E mata nossa sede e nossa fome...

Acredito nas luzes que iluminam
As beiras das estradas que fizemos
Com sangue e com suor que já bebemos
Nas noites que devoram e alucinam!

Eu creio em nosso caso de loucura
Que traz a faca exposta quando beija
Que traz a lua ingrata se deseja
E mata ao mesmo instante que me cura!

Eu creio em nossa vida entreaberta
Não posso duvidar deste teu seio
Exposto nessa noite sem receio
No gozo que me fere e que me alerta.

Eu creio em tuas mãos tão delicadas
Percorrendo os caminhos sem paragem,
Eu creio que no fim desta viagem
As mãos que se procuram, mãos de fadas

Depois de tantas grutas e mergulhos,
Rolando pelos seixos e cascatas
Entrando pelos bosques, pelas matas,
Subindo e derrubando pedregulhos,

Não possam se dizer mais inconstantes
Não deixam de viverem nossos sonhos,
Momentos de prazer bem mais risonhos,
Vértices abissais de dois amantes!
Publicado em: 24/11/2006 14:56:19
Última alteração:29/10/2008 12:10:12



A boca no meu falo, ensandecida
Descendo até chegar à sua base,
A mão me punhetando enquanto lambe
Gostosa sacanagem prometida.

Minha língua te toca; toca aberta,
Depois vai para trás, volta pra frente
E nesse vai e vem teus arrepios
Inundam minha boca em gozo quente.

A cabecinha dura e mais safada
Procura em tuas coxas o caminho,
Entrando em tua gruta se escorrega
E vai logo pra trás, bem de mansinho.

Rebolas no meu falo com vontade
Me xingas e pedindo sempre mais
Adentro ao mesmo tempo, falo e dedo,
E sinto que isto já te satisfaz.

Recebes todo o jorro com tal sede
E pedes pra beber cada gotinha,
Assim passamos juntos toda a noite,
Te quero sempre assim, somente minha...






Meus lábios explorando cada ponto
Sabendo onde chegar devagarinho
Umedecendo o portal do paraíso...



Ardentes os desejos que nos tomam
encaixes mais perfeitos. Sobe e desce
orgástico caminho que se tece



saciar tuas vontades
e matar os teus desejos
neste furioso jogo, amor profano




Publicado em: 15/08/2008 14:27:59
Última alteração:19/10/2008 20:14:13



Rondando meu sonho
Palavras e versos
Caminhos proponho
Enfrento universos
Meu canto eu componho
Em ritos diversos,
Encantos eu ponho
Em rumos dispersos,
Anexos e sanhas
Sermões e montanhas
Palavras risonhas
Mentiras medonhas
Discórdias bisonhas
Estrelas entoas
Enquanto alma voas
Libertas ecoas
Carícias tão boas
Adentro em canoas
E chego ao teu sonho,
Rondando teu sonho,
Palavras e versos
Caminhos proponho
Enfrento universos
Meu canto eu componho
Em ritos diversos,
Encantos eu ponho
Em rumos dispersos,
Anexos e sanhas
Sermões e montanhas
Palavras risonhas
Mentiras medonhas
Discórdias bisonhas
Estrelas entoas
Enquanto alma voas
Libertas ecoas
Carícias tão boas
Adentro em canoas
E chego ao meu sonho.
Publicado em: 10/03/2008 21:22:23
Última alteração:22/10/2008 15:40:57



Montada em seu corcel, cabelo ao vento,
Passeia pelo reino, uma princesa,
Uma esperança surge e toma assento
Refeita nesta tela, uma beleza
Inesquecível sonho de quem ama,
Acende da paixão, pavio e chama.

Meus olhos se perdendo no horizonte
Ao ver uma cortina de fumaça
Parece que se encontram bem defronte
Do amor que imaginei. Imagem passa,
Miragem deste pobre sonhador
Refém de uma ilusão pura de amor...

Publicado em: 05/06/2007 17:11:53
Última alteração:05/11/2008 21:33:15



DESCANSE EM PAZ

O caipira, depois de completar certa idade, cansou de tomar garrafadas de catuaba e, tendo ouvindo falar de um certo comprimido azul que, no Japão é conhecido como AGE-NO-MORTO, resolveu encomendar alguns para experimentar.

Ao ler a bula, depois de ter tomado alguns comprimidos, soube que o remédio só poderia ser usado após uma consulta médica, razão pela qual foi procurar o doutor.

A conversa entre os dois foi, mais ou menos, assim:

-Sabe, Doutor, eu estou tomando o AGE-NO-MORTO por conta própria e não tenho tido sucesso. Além do mais, da primeira vez que tomei o remédio, senti um frio de lascar e, da segunda vez quase morri de tanto calor!

O médico ouviu atentamente e, depois de ponderar sobre os perigos da automedicação, quis saber em que condições ele havia tomado o comprimido, o paciente logo esclareceu:

- Na primeira vez foi numa viagem que fiz a Campos do Jordão em julho do ano passado e a segunda foi em Fortaleza no mês de fevereiro.

Foi aí que o médico entendeu bem as causas do frio e do calor, mas como o comprimido azul não tinha dado nenhum resultado, ele chegou à conclusão de que, se o morto estivesse “morto e enterrado”, não havia remédio que o levantasse, só restando a seu cliente ficar lembrando dos tempos da juventude...

Afinal de contas, quem morre tem o direito divino de “descansar em paz”...

MARCOS COUTINHO LOURES
Publicado em: 15/10/2007 08:46:29
Última alteração:29/10/2008 18:10:21



Descanso em teu regaço meus anseios,
O olhar vislumbra um pedido
A mente imagina o convite luzindo//
Arrepio é energia no corpo quente//
Tua carícia é um sonho frequente//
Rendado peito redondo de delícias//
Num azul turquesa de afagos, das luxuriantes primícias//
É pouso da ave sedenta e errante
Num peito de anjo másculo,ludicamente delirante//
É delírio, sonho morno de retinas em incêndios//
Gemidos gozosos de Amor em candentes silêncios
Não demores menestrel de fonte cristalina urgente //
Descansa tua fronte aguerrida no meu regaço...sou teu oásis azul latente.

KARINNA

Descanso em teu regaço meus anseios,
Inebriante oásis que encontrei
Tomando num instante a triste grei
Vertendo maravilha em belos veios.

Pousando o meu delírio em fartos seios,
O amor que procurava sendo a lei,
No mar deste regaço mergulhei
Tornando os sofrimentos vãos, alheios...

Numa explosão de gozos magistral,
Perfume delicado e sensual
Invade a nossa casa, a sala, o quarto...

E após esta fantástica viagem,
O sol vai dominando esta paisagem
E encontra-me deitado, lasso e farto...
Publicado em: 19/02/2009 17:21:41
Última alteração:06/03/2009 06:17:48



Para que vou protelar,
O que não tem serventia,
Eu só queria um lugar,
Repousar a valentia...
Publicado em: 18/04/2007 19:40:18
Última alteração:28/10/2008 01:02:42



TANTOS AMARES SÃO TODOS LUGARES
SE NOS MEUS PRÓPRIOS MARES NAVEGAR
BUSCANDO NO MEU CANTO TANTO MAR
TANTO QUANTO, POSSÍVEL FOR AMARES.
TANTO QUANTO SERIAM TEUS LUARES
NOS TEUS MARES, MEUS SONHOS NAUFRAGAR
COMER TODAS AS FRUTAS, TEU POMAR
TANTO QUANTO IMPOSSÍVEL, O SONHARES.


COM PERDIDAS MANHÃS PARA HABITARES
NO MUNDO MÁGICO CABEM MEUS DIAS
VAGANDO LOUCO PROCURANDO PARES
QUE PRETENDAM VIVER AS FANTASIAS
DE TODOS OS MEUS CANTOS REVOARES,
VOU PROCURANDO ESPELHOS, FANTASIAS
ROLANDO NOITES, LOUCAS NESSES BARES
ONDE DERRAMAS PASSOS E POESIAS...
Publicado em: 12/12/2006 21:52:33
Última alteração:28/10/2008 20:31:20


Derramas; feito a lua, raras pratas
______________Enluarada/
No tear bordado de estrelas sinto-te/
De ternuras lunares me invades/
Tua palavra doce me toma, em fases.../
De minguante, solitária e triste/
Num crescente desejoso meu coração sorri/
E cheia, minha alma regozija-se suave em ti./
Toco-te no céu azul noite do nosso querer/
Sentes o sereno noturno te acariciar?/
É o meu beijo prateado amoroso num soprar./
Não tardes em vir meu amado.../
Na claridade efêmera da Lua espero-te ansiosa/
Corpo e alma... musa enluarada, inteira e dadivosa.../

KARINNA



Derramas; feito a lua, raras pratas
Por onde tu caminhas; noite afora,
E cada nova fase revigora
A intensa claridade em que arrebatas

Argêntea fantasia cobre matas
E tanta maravilha assim decora
Uma alma sonhadora que te adora
Enquanto os meus delírios; arrematas...

No intenso plenilúnio, a claridade
Estende-se infinita sobre os céus,
Cobrindo as madrugadas, fogaréus

E a chama inebriante, tudo invade,
Mesmo minguante, ou nova, ou na crescente
Tua beleza imensa, iridescente...
Publicado em: 01/03/2009 22:03:34
Última alteração:06/03/2009 01:38:02


Dês
Dês meu ninho em desalinho.
Dês meu linho que te aninho,
Dês meu solo, sou sozinho
Dês meu passo,
Passarinho...
Publicado em: 28/09/2006 20:36:38
Última alteração:29/10/2008 12:12:54



Desamor
Resplandeceste cruelmente bela...
Nas tuas mãos, relíquias maviosas,
Pintores mais felizes buscam tela
Na alvura quirodáctila olorosa...

Tem delicada formosura, face...
A mansidão serena deste rio...
Não há nenhum pecado que disfarce
A brandura feliz do desafio.

Amor, cabedal frêmito, falácia...
Penúrias das canduras e dos medos...
Cortando friamente toda fáscia,
Percorre meus tendões, perfura os dedos...

Frenéticos sentidos se misturam,
Levedo com segredo simples rimas,
Amores sem desejos não maturam,
Laranjas para suco não são limas...

Estimas sem amores, amizades.
As luas sem luares vertem medo.
Primeiro Deus criou as claridades
Depois o sol, me conte esse segredo!

As mãos que me passeiam não são tuas,
Nunca acupunturaste tais agulhas,
As bocas que mordeste estavam cruas
Nos beijos que roubaste, nem fagulhas...

Antítese venal, amor doloso.
Recíproca fatal, versos em branco...
Amores carnaval, sou mais guloso,
Sangria vendaval que não estanco...

Mentores de favores flatulentos,
Não fazes curativos queres gazes?
Não pedes certidões nem documentos,
Bolívia proibindo tantos gases...

Marinha americana, Portobello,
Esquadra escravocrata traz a morte.
Defesas sertanejas num rastelo,
A América sanguínea vem do Norte...

Amores são perfeitos imbecis,
Esquecem de saudades e de medos...
Apanham vergonhosos pedem bis...
Pedradas atropelam os penedos...

Rasteja com idônea insensatez
Vasculha tantas coisas que se perde...
Respinga tempestade sem talvez,
Desfaz esperançosa luta verde...

Amores são palhaças ilusões,
Restolho do que nunca houvera sido.
Abrindo logo fecha os meus portões,
Repara disfarçado olho comprido...

Nas bocas o mau hálito disfarça,
Quem fora indiferente nem parece,
Quem já foi companheiro hoje é comparsa,
Amores infelizes quem merece?

Sisudo cavalheiro vira infante,
Mostrando mais sutil embasbacado,
Formigas se transformam elefante.
Difícil discernir se apaixonado!

Cigarros vou fumando, sem parar,
Cartelas e cartelas devorando...
A lua apaixonante num luar,
As horas demorosas vão passando

Escrevo meus sonetos faço versos,
Respiro mais custoso, quase morro...
Mirando las estrellas do universo,
Não há quase ninguém a dar socorro!

Amores criadores, tanto caso,
Não deixam respirar a criatura..
Do que me restará de vida, ocaso.
Faz parecer um corte, arranhadura...

Melindres se transbordam viram cena.
Sensíveis palavrões a boca rota...
Voando sem ter asas sequer pena,
A vida vai levando à bancarrota!

Disfarçado de rei se sabe reles,
Quem sonha ser princesa espera o sapo.
Amores disfarçados, tantas peles,
No final não dispensa nem sopapo.

Amor é cantilena sem refrão,
Depois de certo tempo, brotam filhos...
As rugas enraivecem coração.
Quem já sonhara esquece os estribilhos!!!

Amores verborrágicos patéticos,
São venais mestres na arte de enganar.
Começam serenáticos, poéticos,
Estrambóticos, bélicos, sem mar...

Martírios, marionetes são palhaços,
Delírios, apoplécticos, mortais...
Amores desfolhantes, visgos, traços;
São bem vesgos, estrábicos, banais...

Amores tartamudos tartarugas.
Canhões se disfarçando em mansidão.
Depois, inevitáveis, vêm as rugas,
A tropa se desfaz do pelotão.

Não quero tais amores, nem pretendo...
Siameses, telúricos, almáticos...
Nem esses lindos olhos, nego, vendo...
Amores que se quebram, são reumáticos...

Não quero misturar alhos com olhos,
Bagulhos nem bugalhos, nem cebolas...
Perdidamente louco nego Abrolhos,
Não quero essa Al Kaeda, nem Hizzbolahs...

Vertiginosamente não mergulho,
O mar já reconheço tempestades,
Distante das marés e do marulho,
Das pestes que me emprestas “veleidades”...

Vingativa virás hipocrisia.
Vastas visões vertigens são velórios.
Sedas sacras, senzalas sacristia,
Não pretendo suspeitos suspensórios...

Vou liberto, matando essas paixões,
Em cada nova ninfa vejo um Demo,
As flores que te dei boca leões,
As que fingiste negam crisantemo...

Nos cravos que entupiste um ataúde
Desejas bons sinais num idiota...
Se faço teus remendos viras grude,
Misturas fantasias, falsa rota...

Não cravo tantos dentes sou banguela,
Nem temo teus acintes, sou velhaco...
Não quero tantos cravos na capela,
Nem quero acompanhar o velho Baco.

Que fazes a chorar, sua imbecil?
Não quero teu amor, já o renego.
Não quero ter nenhuma, nem és mil,
Não posso desfazer se sempre prego.

Não chores por favor, não me comoves...
As lágrimas caídas, crocodilo...
Com sentimentos frágeis não me moves,
Não quero nem mais isto nem aquilo...

Não tentes disfarçar tuas mordidas,
Os beijos que prometes são venenos...
Serpente que se preza dá lambidas,
Depois a presa morta, nem somenos...

Não chores, te implorando por favor!
Não posso me enganar pois, novamente!
Quem fora já picado pelo amor,
Não morre envenenado por serpente!

Não chore assim, te peço caridade,
Os meus lábios secaram toda fonte...
A lua nunca entrega claridade,
A vida começou triste desmonte.

Vem cá, me dê teus braços num segundo,
Meus olhos já procuram pelos teus,
Que vou fazer meu Pai! Pare esse mundo,
Eu não suportarei a luz nos breus...

Não deixe que me leve essa vontade,
Não permita sequer que eu me enamore...
Quebranto vem quebrando a tal saudade
A boca inebriada te percorre!!!

Meu Deus, não me permita essa loucura!
Vem cá me deixe louco de prazer!
Afaste de mim Pai, tal criatura;
Mas se parares certo irei morrer!
Publicado em: 05/10/2006 19:35:35
Última alteração:29/10/2008 12:03:23



DESAMOR
Um novo ser humano se apresenta,
Que tudo faz, na busca do poder!
As leis, as tradições, a tudo enfrenta
Pois o valor da vida está no TER...

Dos ideais humanos se alimenta
E tudo se resume no querer!
Novos caminhos descortina e inventa
Despreza o amor e assim busca viver!

À sua volta medra a sordidez,
Cresce o impostor, o pulha e o bem mais forte,
O Mal se manifesta desta vez!

Sonhos de paz transformam-se em quimeras
E quem quiser a vida, encontra a morte
Pois o amor extinguiu-se, entre estas feras!

MARCOS COUTINHO LOURES
Publicado em: 28/08/2008 12:39:24
Última alteração:17/10/2008 14:22:53


DESAPEGO
DESAPEGO

Podem vasculhar meu coração, lá dentro,
meus amores, suspiros, desalentos,
e o que dorme em minhalma, o desencanto;
podem drenar até secar meu pranto.

Traspassar meu corpo flechas e punhais,
me exilar em ilhas, abafar meus ais;
podem arrancar minhas entranhas,
rezar pr' eu falar línguas estranhas;

Declamar versos, poemas, canções,
quebrar tabus, pregar sermões
me façam; rasgar dos santos o cetim.

Podem o mais sagrado arrancar de mim
sem com que nada disso eu me importe,
porque, de mim, ninguém pode tirar a morte!

GOLBERI CHAPLIN

Qual último alimento de minha alma,
A morte se mostrando pertinente,
Atravessando um peito penitente,
Punhal que me trespassa já me acalma.

Farnel que assim carrego; pleno em trauma,
Enquanto a fantasia me alimente
O fim da longa estada se pressente
Na curva traduzida; a mão, a palma...

Vou célere buscando algum sustento,
Expondo o coração ao forte vento
Que enfim terminará tão longo idílio...

Vivera neste fútil, louca busca,
E agora a noite escura que me ofusca
Promete o derradeiro e sacro exílio...
Publicado em: 28/12/2008 21:12:02



Depois que fiquei rico, não corro atrás de mulher; corro é na frente...
41

Mote

Depois que fiquei rico, não corro atrás de mulher; corro é na frente...

Fiquei rico, meu rapaz,
E agora, todo contente,
De mulher, não corro atrás;
Eu corro mesmo é na frente...

Marcos Coutinho Loures

A mulher vai me seguindo,
Eu armei uma arapuca,
De feioso fiquei lindo,
Mulherada está maluca?
Publicado em: 20/11/2008 09:28:25
Última alteração:06/03/2009 18:51:45



Deus nos deu em pleno amor


Deus nos deu em pleno amor

O seu lar mais verdadeiro

O homem se fez locador

E ficou com o dinheiro...
Publicado em: 03/03/2008 20:33:28
Última alteração:22/10/2008 14:12:20




Devagar um mineirinho, Bem teimoso chega lá,


Devagar um mineirinho,
Bem teimoso chega lá,
Vou propor devagarinho
Não irei te machucar...
Publicado em: 03/03/2008 21:04:39
Última alteração:22/10/2008 14:14:16



Devaneios?

Devaneios?

Devaneios de um aprendiz?
Compadre me de licença
Não é por estar na sua presença
Versando, você sabe o que diz...

Um aprendiz daquilo que da aula?
És a fera que domina toda jaula.
A poesia sem ti vai seguir manca...
Jogando com palavras, é tua a banca.

Confesso amigo às vezes me impressiona
O conteúdo das palavras dos seus versos
Malabarista, vira os versos do avesso.

Um ilusionista! Mal mergulha vem à tona.
Compadre pra terminar, vou lhe dizer:
A poesia jamais vai lhe esquecer.

jrpalácio

MUITO OBRIGADO QUERIDO AMIGO, ESTOU EMOCIONADO COM TUA HOMENAGEM UM ABRAÇO FRATERNO
Publicado em: 12/11/2008 14:27:23


Destino e Desamor!

Em meio a desamor passei a vida,
Esperava teu colo e não vieste...
Amor que em pleno amor somente investe,
Aguarda pela fria despedida...

Não posso mais tentar um novo plano
A salvação não veio e nem virá,
Meu mundo, em desamor se ruirá
Somente restará um ledo engano...

A morte pesarosa companheira,
Por certo sempre ronda meu caminho.
Se ultrapasso os obstáculos sozinho,
Quem sabe terei sorte verdadeira

Se vieres ao lado. Te pedi
Porém eu já percebo com temor,
Que nada vencerá teu desamor,
Eu sinto que para isso, em vão, nasci!
Publicado em: 29/11/2006 22:35:08
Última alteração:29/10/2008 12:02:25


Destino é uma rede que a mão da sorte balança
128

Destino é uma rede que a mão da sorte balança


Se fico contra a parede,
Não me abandona a esperança,
O meu destino é uma rede,
Que a mão da sorte balança...

Marcos Coutinho Loures

Vou tentando a minha sorte,
Nesse imenso carrossel,
Vou lutando até a morte,
De um abismo vou ao céu...
Publicado em: 21/11/2008 12:02:59
Última alteração:06/03/2009 17:02:07


Destino que selamos dia a dia
Regando a bela planta do jardim,
Vivendo a mais perfeita fantasia
Encontro o meu caminho e sigo assim,
Atado nos teus braços, na alegria
Que mostra quanto é bom amor sem fim,
Eu tenho todo amor que eu bem queria
Trazendo uma esperança para mim.




Destino Traiçoeiro

Conheço desde menino
A dor que tanto me dói
E, que aos poucos, me corrói
E domina o meu destino.
Amor sempre me ordenou
Que eu tentasse ser feliz
Mas, vivendo por um triz,
Todo o meu rumo trocou.
Se nada mais me oferece
O destino traiçoeiro
Amor assim verdadeiro
Na vida não aparece.
Vivo sem tranqüilidade
Pedindo só teu amor,
Em troca recebo a dor
E a danada da saudade.
Vou levando, assim, a vida,
Sempre sofrendo no fim
Até que alguém se decida
E tenha pena de mim...
Publicado em: 02/12/2006 23:44:18
Última alteração:29/10/2008 11:59:39



Despedida // Medo,
seu olhar relata// angústia
momento de sofrimento// redime?
princípio da saudade//passado
Mara Pupin// Marcos Loures

Publicado em: 04/04/2007 11:41:31
Última alteração:28/10/2008 06:05:57



Despedida
Nas minhas fantasias, te vi solta,
As marcas do teu beijo em minha boca,
São labaredas, queimam. Minha escolta
Procura navegar a nave louca...
Mas teimo em estampar minha revolta,
A voz que grita aflita, fica rouca...
Meu tempo que perdi, nada edifica
A dor que já sangrei, me dignifica

Não resta nem sequer teu telefone,
Meus versos que joguei garganta abaixo,
Das noites que passei, quedei insone,
Procuro, tantas vezes, e nada acho,
Quem dera fosse assim, um Al Capone;
Das trevas que passei, um simples facho...
Terias, com certeza, mais respeito.
Amar demais passou a ser defeito!

Vomitas imbecis tais impropérios,
Fazendo dos meus versos, teus faróis,
Das mortes que cultuas, cemitérios,
As notas que queimaste sob os sóis...
Vagando não te temo. Necrotérios
Esperam quem zombava nos lençóis...
A vida fez comédia mais sem graça.
A morte, sutilmente, nem disfarça...

Mas teimas, tuas queimas virão lentas...
As asas assassinas são vorazes,
Na chama que te chama, não esquentas,
As dores que me trazes são audazes;
Nas portas, nas cadeiras, onde sentas
Cortando fortemente essas tenazes...
Não quero nada sinto, nem prazer,
As horas que disfarças sem querer...

Cigarros vou fumando sem ter pressa,
Na fumaça percebo tua cara.
Não pretendo nem quero essa conversa,
A maldita cachaça me enganara.
Sentimento profundo, vil. Ora essa!
A boca que me cospe se escancara,
A noite que não tarda, não te viu,
A mão que te servia vai servil...

Perdeste tanto tempo, mas ganhaste,
Essa batalha torpe que me inventas.
As noites que sequer enluaraste,
Na porta das lembranças são sangrentas...
Não podes reclamar nem que ficaste,
Pois são mais convulsivas, violentas...
Na porta da senzala que m’abrigas,
As velhas, costumeiras, vãs, intrigas...

Não sei mais o teu nome, nem me importa...
Carpi teu corpo, morto na memória,
Fechei a tua casa, tranquei porta,
Jamais vou reviver a nossa história...
A boca que cuspiste já vai torta,
Tristezas que traduzes, minha glória!
Pútridas as manhãs que me feriste,
Nessa tua gaiola, nem alpiste...

Me restam pois somente esses segundos,
Não quero reviver tais leviandades,
Irei te perseguir por tantos mundos,
Mataste, bem cruel, felicidades...
Nos mares, caçarei, ‘té nos profundos,
Abismos onde houver as claridades...
Não sinta-se feliz nem satisfeita,
A vingança será mais que perfeita...

Veneno que bebi já faz efeito,
A cabeça rodando vem a paz...
Olhando pro teu corpo no meu leito,
Não quero mais saber se sou capaz...
As horas que se passam, tudo espreito.
Consigo distinguir lá: Satanás!
As mortes que refiz são libertárias.
As dores que senti, se foram, várias...

Meus últimos segundos esvaindo...
A morte acaricia meus delírios
Teu corpo, nossos corpos já vão indo...
Cobertos estarão por belos lírios
Amei-te... Foi demais, e foi tão lindo...
Valeram enfim todos meus martírios...
Vivi profundamente meu desejo...
Despeço-me com calma, nesse beijo
Publicado em: 13/09/2006 22:50:08
Última alteração:29/10/2008 12:12:18



Despedida


Amor que me transtornando
Não me deixa prosseguir,
Venho aqui me despedir,
É melhor seguindo andando.

Toda a minha desventura
Na aventura que tentei
Tanta dor eu encontrei
Vivendo sem ter ventura.

Amor fez estripulia
Com quem menos merecia.
Matou minha fantasia
Acabou com a alegria.

E assim, por toda a vida
Que penei, eu quero paz
Por isso essa despedida.
Graças a Deus! Nunca mais!
Publicado em: 03/12/2006 09:55:39
Última alteração:29/10/2008 11:59:31


desta vida, pouco leva
desta vida, pouco leva
mas eu fiz tudo o que quis,
tendo sol, nuvem ou treva
mesmo assim, eu fui feliz...
Publicado em: 17/01/2010 13:02:24
Última alteração:14/03/2010 20:22:19




Deste amor eu sou consorte

Deste amor eu sou consorte
E pretendo me casar,
No teu dote, a minha sorte,
Minha estrela vai brilhar...
Publicado em: 20/08/2008 20:29:07
Última alteração:19/10/2008 20:27:50


DESOLAÇÃO 4
1

Enquanto foste glória e eu o declínio
Enquanto foste flórea e eu inverno
No olhar por vezes fero ou tanto terno
Aos poucos já perdendo algum fascínio,
E quando percebera o teu domínio
Em novas direções, agora externo
E quando na verdade; morto, hiberno
Não quero mais ouvir teu vaticínio
Tivesse em minhas mãos algum poder
Talvez não fosse assim, mas o que faço?
Errático na vida um mero passo
Ausente do que fora algum prazer,
Tramando apenas morte, o que me traz
Angústia de um final, somente em paz.

2

Fazendo mais tranqüilo o derradeiro
Caminho para o qual já me preparo,
No solo ora se abrindo, último amparo
Certeza de ser meu; único e inteiro,
E quando muitas vezes garimpeiro
Em busca da amizade, prêmio raro,
Aos poucos com ternura me deparo,
O chão nunca seria traiçoeiro.
Nos leitos que eu vivi; pedra cetim,
Momentos tão diversos dentro em mim,
Do sórdido vazio à bela alcova
Agora no final, com mansidão,
Aguardo a mais completa escuridão,
Neste conforto eterno em minha cova.

3

Análises e sínteses da vida,
Momentos discrepantes, mas iguais,
Os vários e terríveis rituais
Uma alameda, um beco, uma avenida
E agora a pressentida despedida
Em ritos tão medonhos, funerais,
Certeza de saber do nunca mais
Verdade derradeira sendo urdida.
Olhando para trás, já nada vejo,
O fim em paz ou guerra é meu desejo,
Alento; finalmente, encontrarei.
Do nada onde surgi retorno agora
Somente no final alma é senhora
De algum recanto meu na imensa grei.

4

As podres ilusões; já não carrego,
O vago se aproxima e nele entranho,
Enfim ao fim da tarde tenho um ganho,
Um derradeiro mar; em paz navego.
O quanto nesta vida ausente e cego,
O olhar sempre distante e quase estranho
O mundo aonde eu quis por ser tamanho,
Agora em mera cova enfim me entrego.
A sórdida figura de um passado
Há tanto pelo sonho abandonado
Cadáver toma a forma finalmente,
Da pútrida paisagem que apresento,
Sem medos ou terrores, sem lamento,
O pouco que restara enfim se ausente.

5

Carnívoros comparsas do festim,
Aonde sou servido em mesa farta,
Enquanto a vida além; sinto, se aparta
O resto decomposto existe em mim,
E chego mansamente ao ermo fim,
O quanto em esperança já descarta,
Do blefe feito em vida, última carta,
Aceso e sem ter volta este estopim,
O solo vai se abrindo e me recebe
Sabendo ser ali, única sebe
Aonde poderei ter meu descanso,
Depois deste vazio feito em vida,
Sem lágrimas, sem dor ou despedida,
A plenitude; em nada, agora alcanço.

6

Das serpes que em Jardins tu já criaste,
Ou mesmo dos demônios que cultivas,
Imagens do passado, mais altivas
Agora no final, mero desgaste,
Quem segue o seu caminho, um velho traste,
Palavras derradeiras; sei que vivas,
Depois de tantas horas, vãs, cativas
Adentro este vazio e mal notaste,
A perda dos meus cais, a sorte inerte,
O quanto fora nada se reverte
E ao pó eterno volve em placidez.
O túmulo cevado com ternura,
Agora em mansidão já se procura
E o pouco que foi vida se desfez.

7

O quanto fora em vão e agora sinto
Aos poucos se eximindo de uma sorte
E tendo no final, raro suporte,
O olhar ausente e o sonho eu vejo extinto
Um gole deste mago e bom absinto
Momento derradeiro me conforte,
E vejo a promissão na doce morte
E finalmente a paz; tento e pressinto.
Além já não vislumbro qualquer chance
E quanto mais ao fim minha alma avance
Percebo com total serenidade
A face desdentada dos parceiros,
Talvez no meu viver, os meus primeiros
Aonde este banquete me degrade.

8

Não vejo com angústia o derradeiro
Caminho que perfaço rumo ao nada,
A pouca vida agora abandonada,
Encontro o meu destino em tal canteiro,
E quando imaginara o verdadeiro
Sentido desta vaga e leda estrada
A morte, noutra face, abençoada
Traduz o meu caráter passageiro.
Dos ermos retornando ao mesmo vão
O pouco que inda resta é refeição
À terra de onde vim, e hoje mergulho.
Ausência do começo ao ermo fim,
Oferecendo à vida este festim,
De algum ato mais nobre, um raro orgulho.

9

Não tenho medo e mato algum temor,
Apenas reconheço o meu vazio,
E quando o meu cenário; aqui desfio,
Entranho nas veredas; desamor.
Não levo nem deixara muita dor,
Somente este caminho ledo e frio.
Percorrera sem luta ou desafio
Raríssimos momentos de calor.
Clamores mais diversos? Não os tive,
E quase mesmo nada inda retive,
Não levo uma lembrança ou sequer mágoa
Um ledo passageiro que se embarca,
Não deixa sobre a terra qualquer marca,
Apenas apagando a frágil frágua.

10

Não tenho nem realço uma desgraça,
Tampouco algum sorriso meritório,
O pouco que inda resta é ilusório
Meu corpo se esvaindo qual fumaça.
O tanto que sonhara? Tudo passa.
Não posso nem dizer que fora inglório
Talvez tão meramente merencório
A pálida figura em erma praça.
Agora me redimo, ou pelo menos,
Ao perceber momentos mais amenos,
E neles ser um pouco ou muito mais
Do que já fora outrora, um vago zero,
Tranquilamente e em paz, somente espero
Os derradeiros passos, funerais.

11

Não tenho as ilusões que me vendeste
De um mundo após o nada onde tivera
Sem ter jardim, ausente primavera
O todo que eu conheço; apenas este.
Nos deuses e demônios que tu creste
Figuras tão diversas, mesma fera
Apenas o vazio já me espera,
Diverso do que em sonho conheceste.
A falta de lembrança me alivia,
Quem nunca conhecera a fantasia
Tampouco da agonia foi parceiro,
O nada meramente respirando,
Num mundo nunca agreste nem tão brando
Começo, meio e fim; mesmo canteiro.

12

Se cabisbaixo eu sigo e nem reparo
Nas cenas deste vão cotidiano,
Não levo nem paixão nem desengano,
Não quero nem suporte ou desamparo,
Um cão que já perdera há muito o faro,
Um ser sem ato nobre, ou tolo e insano,
Não tive mais coragem de ter dano
Tampouco algum momento turvo ou claro.
Passando pela vida e tão somente,
Redimo o meu vazio na semente
Que fartará no fim, única festa,
O corpo se entregando sem defesa
Talvez num ato raro de nobreza
Que alguma serventia em mim atesta.

13

Total indiferença; nada tenho
Senão a mesma marca quase humana,
Minha alma do vazio não se ufana,
Não fora impaciente nem ferrenho,
Apenas retornando de onde venho
Paisagem mais alheia que profana,
O nada noutra face não se empana.
O zero traduzindo o desempenho
De quem se fez ausente e desta forma,
Na ausência novamente se transforma,
Resgate de uma vida inútil, vaga.
O solo que me dera esta existência
Agora com fatídica inclemência
De novo, com furor, o resto draga.

14

O inverno toma conta dos meus dias,
E sei que após o fim desta estação
Somente encontrarei a podridão,
As horas não serão jamais vazias.
Sem mágoas, sem temores e agonias
Os tempos em total fastio irão
Ao confirmarem logo a negação
Inconsistência tola em sacristias.
Preparo esta saída desde quando
No início de meus dias, renegando
Qualquer consolo após minha partida.
Sem chamas nem a glória em paraísos,
Às trevas eternais sem prejuízos,
Na tradução perfeita de uma vida.

15

Edênicos e hedônicos, diversos,
Porém mesma faceta do pecado,
O fim desde o começo anunciado
Ditame soberano em universos,
Não cabem na crueza dos meus versos
O sonho desde sempre sonegado,
O fardo de viver, não compensado,
Os dias entre dias; vão dispersos.
Meu leito como um túmulo, eu declino
E sei quanto se mostra este destino
Resgate do que um dia recebi,
Se nada deste tanto usufrui
Tampouco com terrores me alucino,
A sombra se perdendo? Ora; eis aqui.

16

Uma ávida e também incontrolável
Cratera me levando a cada instante
Ao nada aonde o brinde se garante,
Num ato tão cruel e renovável,
Um ciclo; reconheço, interminável,
A vida na verdade esta farsante
Enquanto se desfaça degradante
Noutro caminho agora é mais louvável.
E como fosse um elo da cadeia
Começo permitindo outro começo
Após a podridão, meu endereço
Transfere-se ao submundo que rodeia
E dele noutra rota se refaz
Num ato nem feliz e nem mordaz.

17

O tempo vai se haurindo mansamente,
Depois já não terei qualquer lembrança
Sequer de ter havido uma esperança
Ou mesmo do terror que se apresente,
Um elo tão somente da corrente,
Enquanto o tempo adentra e sempre avança
Assim do corpo apenas a mudança
Do que resiste aqui, eternamente.
Meus filhos são deveras o que fiz
Não sendo nem mais triste nem feliz,
Apenas passageiro e nada além,
O todo aonde o orgulho em vão se atira
No fundo é meramente uma mentira,
Do nada o mesmo nada ao fim já vem.

18

A terra se oferece qual matrona
E dá do leite farto a quem precisa,
Porém quando esta fera se matiza
E desta dama nobre ora se adona,
Aos poucos os sentidos; abandona
Gerando tempestades desta brisa,
E quanto mais em fúria, a Terra avisa,
Conduta desta raça desabona.
Numa insistência tola, deuses bons,
Dominam pensamentos em seus tons
Justificando enfim tanta mentira
Resgate após a vida? Uma falácia,
Ao ver esta canalha em sua audácia
Bem mais que o sacro leite se retira.

19

O sexo dominando a natureza
Do pólen ao esperma, é sempre assim,
Renovação se faz neste festim,
E nisto não se vê qualquer surpresa,
A podre consistência sem nobreza
Da raça que domina e sela o fim,
Transforma o natural e diz enfim
Pecado, ou heresia tal certeza.
Os donos do perdão e dos pecados,
Vestidos de bufões, engravatados,
Ousando interferir nesta matéria,
Gerando a vara e o açoite onde há prazer,
Hipócrita canalha eu passo a ver
Deste ato mais sublime, uma miséria?

20

As marcas deste sangue inutilmente
Jogado sobre a Terra, ainda vejo
E quando mais a paz enfim almejo,
Maior a fúria intensa que apresente
A súcia apodrecida se apresente
E torna qualquer passo em vil desejo,
E espalha sem juízo, pena ou pejo
A face mais escusa e incoerente.
Em nome dos seus deuses e demônios
Pensando nos poderes, patrimônios
Transformam em total carnificina
Esgoto perambula sobre o solo,
E neste olhar escuso, feito em dolo,
O gozo em mortandade o alucina.
Publicado em: 20/06/2010 06:21:22


DESOLAÇÃO 3
1

Antigos claustros trago dentro em mim
Vazios entre as trevas se compondo,
O todo aonde o medo não escondo
Tomando este cenário trama o fim,
Pudesse adivinhar aonde eu vim
E quando novo passo em mim repondo
Os ermos da existência eu teimo e sondo
Uma colônia imensa, este cupim,
O fato de tentar nova vivência
Sabendo do meu mundo em decadência
Esta excrescência viva que alimento,
Do todo imaginário já me afasto
E vendo este cenário turvo e gasto,
A sorte não traduz qualquer fomento.

2

Aonde se vendera por verdade
A falsa imagem feita em dor e luz,
Negando a consistência desta cruz,
E nela se ausentando a liberdade,
O quanto se percebe e já degrade,
Por isso neste instante agora opus
Do todo iridescente vejo em pus
A mais cruel e torpe realidade.
Ausente de esperança sigo além
Do quanto em sacristias se contém
Nem éden nem inferno, somente ocaso,
Meu corpo se entregando em tal festança
Orgástico delírio agora avança
Reparte-se o total em ledo acaso.

3

Procuras recompensa após a morte?
Ignaro caminheiro do vazio,
O quanto a cada ausência desafio
Sem ter sequer o brilho em que comporte,
Ao ter neste não ser um claro aporte
O olhar não é decerto mais sombrio,
Perdendo com o fim, um frágil fio,
Sem ter alento ou dor que me conforte.
Nem céus ou penitências; nada além
Do corpo decomposto sei tão bem
Gerando nova forma em ares tantos,
Diversidade dita esta verdade
No quanto após o fim já se degrade,
Nem alegrias frágeis, desencantos.

4


Em caudalosos rios fogo e lava,
Ou mesmo em vozes mansas e manás,
O quanto na verdade nada traz
E nisto o meu caminho nega a trava,
Apenas o vazio sente a clava
E nela outros delírios, guerra e paz,
Invento em proteção tal satanás
E como recompensa alma se lava.
Adentro os teus diversos patrimônios
E mato sem perdão torpes demônios
Risíveis caricatos e nefastos,
Ao ver estes cenários já bem gastos,
Herética mentira em providência
Gerando a penitência e a própria sorte,
Transcende a falsa imagem de uma morte,
E teima noutro rumo em vã clemência.

5

Os monges, padres, ritos e pastores,
Rebanhos bebem falsas luzes quando
O templo na verdade se montando
Tentando dirimir imensas dores,
E sei quanto mais forte tu te opores
O mundo te olhará com ar infando,
É necessário sim, o contrabando
Deste perdão após os dissabores.
Vacância eterna e dura pestilência
Representando assim a tua ausência,
Não tendo outro momento senão esse
É como premiar tola criança
E quando mais a vida em fúria avança
É como se os terrores, esquecesse.

6

O campo dito santo na verdade,
Resume-se em cadáveres somente,
E ali se vê brotando outra semente
No corpo quando o mesmo se degrade.
Assim ao se vender à humanidade
A falsa sensação que ora desmente
Realidade torpe onde apresente
Gestando a mais devassa falsidade.
Não creio no perdão como se fosse
O pote delicado em raro doce,
Aonde algum infante se sacia,
Dos mortos tão somente escaravelhos
Deixando sem resposta os evangelhos
E neles vejo a vaga hipocrisia.

7

A morte não traz glória nem perdão,
Apenas terminando a leda história
Jogada pelos ermos da memória
Buscando inutilmente a direção
E quando me adentrar putrefação
Aí se concebendo toda a glória
Renova-se decerto com vitória
O tempo que se fora amargo e vão.
Jogado sob a terra, em tez sombria,
O todo pouco a pouco se esvazia
E os ossos testemunham o que fora,
Um ser já dominado em esperança
E agora quando o nada enfim alcança
Silenciando a senda sonhadora.

8

Pudesse recorrer à eternidade
Teria um lenitivo, não mais quero
O mundo sendo atroz, feroz e austero
Negando com ternura a falsidade,
No corpo que este tempo já degrade,
O olhar impaciente, mas sincero
Aonde noutro tanto destempero
A morte dita o fim em trave e grade.
O passo rumo ao sonho? Mera imagem
Do quanto é tão venal esta engrenagem
Que sempre se alimenta da esperança.
Religiosidade? Tolo mal,
A morte se repete e sempre igual
Quando o cadáver gera a comilança.

9

Guardando neste claustro nada vês
E teimas ter decerto uma razão,
E nela com terrível solução
Do nada ainda geras altivez,
No quanto do vazio tu já crês
E bebes desta fúria feita em não,
Esconde-se da vida e não virão
Momentos onde o mundo enfim se fez.
Um ser opaco ausente, quase fútil,
Uma existência turva mera e inútil,
Tentando redimir o que não sabe,
Sonhando com banquetes, claro céu,
Mal vê que na verdade é seu papel
Servir como repasto aonde cabe.

10

Habito a eternidade em discordância,
Ao menos quero ter novos momentos?
E sei dos mais diversos provimentos
E neles cada passo em discrepância,
O fato de viver sem abundância
Garantiria após claros proventos?
Levado pelo infausto em torpes ventos
Cordeiro se adestrando desde a infância.
Ao aceitar assim sem mais respostas,
As horas, dias, vidas são depostas
E nelas nada resta senão isto,
Ossada em decomposta e mais sombria.
O pouco que tu foste se esvazia
Após o meu final ainda existo?

11

Uma alma se findando com a morte
Negando algum cenário mais diverso,
E quando na ilusão prossigo imerso
Procuro alguma luz que inda conforte.
Na ausência consistente de algum norte,
Um nada não se vê sacro ou perverso,
Apenas deste mundo me disperso
Somente o ermo vazio ora comporte,
Quem tanto perguntara ou aceitara
Das dúvidas e dívidas tal vara
Gerada nos escombros da esperança,
A mão que me punira ou que me afaga,
Não traz sequer a luz tampouco a chaga,
Após o derradeiro o nada alcança.

12

Resumo na masmorra o meu final,
E sei sem quem socorra o quanto busco,
Num ato nem venal, audaz ou brusco,
O tempo não se mostra triunfal,
Naufrago no vazio a velha nau
E tento procurar em lusco fusco
O quanto me ilumino ou já me ofusco,
Ausência de outro tempo original,
O todo que hoje sou é meu legado,
Não temo e nem escondo algum pecado,
Se tanto até perdôo e não me omito
Não é porque na glória eu acredito,
Somente por total mero egoísmo,
Prefiro a paz suave de um sorriso
A ter um mais diverso paraíso,
Ou mesmo este temível; ledo abismo.

13

A vida esta miséria que se espalha
E gera novos deuses cada esquina
Enquanto a massa rude se domina
Na ponta mais cruel desta navalha,
Ausente dos meus olhos tal batalha,
A sede de vingança não fascina,
Somente uma alegria pequenina
Enquanto a sorte além a paz atalha.
Retalhos entre tais retaliações
Em várias discrepantes direções,
Não quero algum alento nem presentes,
Tampouco esta sangria entre meus dentes,
Demônios querubins, falsas imagens
E nelas vejo espúrios torpes pajens.

14

Batalhas entre deuses e diabos
Os santos são imagens demoníacas
E nelas outras formas tão maníacas
Dos tantos dias vários meros cabos,
E quando presencio asas, rabos,
Paisagens discordantes e cardíacas
Geradas por venais afrodisíacas
E nelas entre fomes e nababos,
Ourives da palavra o sacristão,
Vendendo bem mais caro algum perdão,
Vivendo do pecado é mais sutil,
E tanto esta vendeta se previu,
Gerando mais riquezas que promessas.
E assim mal tu caminhas, já tropeças.

15

Apenas vejo agora este espetáculo
Gerado pela insânia de um vivente,
Aonde noutro mundo segue crente
Tentando adivinhar em tolo oráculo,
O corte se aproxima do tentáculo
E bebe cada gole da aguardente
E nele se inebria plenamente
Compondo em desserviço um tabernáculo.
Existe alguma forma após a forma?
Não creio e não preciso deste alento,
Se à terra servirei como provento
Não posso me negar a tal desejo,
E sei que da mortalha que me cobre,
Um ato tanto vil ou mesmo nobre,
Que enfim, sem serventia eu já prevejo.

16

Miséria se espalhando sobre lodos
E nesta fantasia em paz futura
A vida com terror já se amargura
E envolve em imprudência tais engodos,
Macabra realidade? Nada disto,
Existo e tão somente me sacia
Verdade sem venal hipocrisia
Até quando no fim, em paz desisto,
Refeito a velha senda aonde agora
Do ser que imaginara estar inerme
Apenas um banquete e cada verme
Com fúria incontrolável já devora,
O que pensara andara e até sonhara,
Agora a cada instante nova escara.

17

Não quero mais a velha juventude
Nem mesmo a mocidade em tola face,
Porquanto meu final aos poucos trace
Não mais suporto o gozo que me ilude,
E quanto mais ainda a vida mude
E trame com terror o que desgrace
Do tolo caminheiro, nada nasce,
Apenas a matéria se transmude.
E sei do quanto posso ou mesmo deve
A cena sendo rápida e tão breve
A decomposta carne em serventia,
Talvez redima assim um ledo engano
Quem nesta podre vida fora dano
Agora em tal cenário serviria.

18

Dos sóis da juvenil face deposta
Não levo mais sinais e nem os quero,
Assim ao ser deveras mais sincero
Apenas retalhado em fina posta,
A morte noutra face diz proposta
Embora te pareça torpe ou fero
Destino em luz sombria até venero,
Perguntas encontrando em tal resposta
A verdadeira luz que ora se espalha
E tanto neste campo de batalha
Já derrotado e sei que nada vem,
Repasto para a vida que ressurge
O tempo noutro tempo enfim já urge
E após o nada ser serei alguém.

19

Dos frutos renováveis sobre a terra,
A morte me permite a redenção,
E quando mais entranho a podridão,
Destino mais sutil ora descerra,
No pouco ou na semente que se enterra
Percebo a mais perfeita floração
Servindo como tal adubação
Enfim desconhecendo paz e guerra,
Dos ódios, pódios, néscios caminhares
Encontro sob o solo os meus altares
E neles sem saber ou ter o senso,
Aquele que foi parco e inexistente
Agora noutra face se apresente
Num prato delicado em contra-senso.

20

Desolação traduz o meu futuro,
E sei do quanto posso e não renego,
O passo no vazio quase cego,
Do nada aonde teimo me asseguro,
E sei do quanto vago em mundo escuro,
E nada do que penso não navego,
Às ânsias da Natura então me entrego
E assim noutro formato eu já perduro,
Regalo para vermes e bactérias,
Assim ao refazer torpes matérias
E nelas outra forma se moldando,
Abençoado rito aonde entranho,
O jogo finalmente sendo ganho,
Num ato tão voraz, audaz e brando.
Publicado em: 19/06/2010 20:53:56


DESOLAÇÃO 5
1

A vida traduzida na crisálida
Pudesse também ter a face humana,
E quando se pensando soberana
Gerando esta figura vã e esquálida
Aonde deveria ser mais cálida
Ao próprio companheiro já se engana
E assim por sobre a terra se profana
Na imagem mera anêmica, vil, pálida.
Sugando o que puder; draga infernal
Fazer da mortandade um ritual,
O latrocínio em várias dimensões,
Matando a própria mãe que o amamentara
Na Natureza a chaga, enorme escara,
Aos poucos se alastrando expiações.

2

Na busca de um deus bom ou vingativo,
Ousando ser um mero caricato,
Na face mais cruel, duro retrato
De um ser além de tudo imperativo.
No olhar adulterado, audaz e vivo
Ao mesmo tempo lúbrico ou ingrato,
Se desta imagem torpe eu me desato,
Não quero ser do vago um ser cativo.
Negando esta existência em prepotência
Aprendo a perceber a virulência
Dos donos do pecado e do perdão,
A sórdida figura em divindade,
A quem em tanto lucro sempre agrade,
Transforma este seu deus em ganha-pão.

3

Nem deuses nem demônios; nada existe,
Apenas a vontade feita em vida,
A face mais espúria que é vendida
Transforma a natureza bela, em triste,
O dedo indicativo, sempre em riste
Negando a cada passo uma saída,
E assim nesta mentira sendo urdida,
Riqueza de bem poucos se consiste.
Igrejas, ministérios, são vendetas
O que salva seu deus, vivos capetas
Enriquecendo a podre sacristia,
E vejo desolado tão cenário,
Por vezes num olhar mais temerário,
Risível esta farsa: HIPOCRISIA.

4

A mão tão corrosiva de quem pune,
O olhar enclausurado da mentira,
Enquanto à vida, a morte já prefira
Pensando ser deveras quase impune,
Também vendendo a face de um imune
Demônio que deveras nos retira
Vendendo a falsa imagem de uma pira
Num círio ou num cortejo, nos desune.
Do tanto que se vende por aí
Medonha e tão imunda garatuja
A mão que te abençoa, eu sei ser suja
Enquanto te afagando, ludibria,
Roubando dos mais frágeis e indefesos,
Depois saem risonhos sempre ilesos,
Abutres divinais: santa ironia.

5

Ouvindo a voz que afaga e assim perdoa,
Não vês a caradura do canalha,
Enquanto a podridão ali se espalha,
A corja se enriquece e ri à toa,
Vendendo para o eterno esta canoa
Há tanto desolada e sempre falha,
Unidos pela mesma cordoalha
A voz de um ser tão torpe sempre ecoa.
Vivendo sempre às custas do demônio
Gerando sem sentido um pandemônio,
Herdando deste saque, o que puder.
Da falsa imagem sorve cada gota,
A face da mentira, extensa e rota,
Dragando qualquer lucro se vier.

6

Desmoronando a Terra em atos vis,
Os crápulas vendendo esta potência
Aonde não havia esta ingerência
Fazendo desta mãe o que se quis,
No olhar mais temerário do infeliz,
A falta de carinho e de decência
Enquanto gera apenas inclemência
A vida se levando por um triz,
E assim ao desdobrar a realidade
Ainda vendem podre divindade,
Que possa perdoar esta canalha,
Não quero e não suporto mais teu deus,
O rei das trevas gera em nós seus breus
E a fúria insaciável ora se espalha.

7

De heróis e de bandidos estou cheio,
Cansado desta estúpida vendeta,
A cada passo um nobre se acometa
Ousando perpetrar no mesmo veio,
E quando busco a paz e nada veio,
Somente a solidão, mero cometa,
Aonde a realidade se prometa
Desta horda mais imunda, algum recreio.
Apunhalando a mãe que inda o sustenta
Em nome de um senhor, mero e vulgar,
Fazendo da miséria o seu altar,
A podre espécie turva e violenta
Se redimindo em hóstias, rezas, missa
Olhando nada vê, prossegue omissa.

8

A cada esquina vejo um milagreiro
Ou mesmo um dono etéreo da verdade,
E assim esta canalha tudo invade,
Olhando mais voraz para o dinheiro.
E quando desta corja enfim me esgueiro,
Não basta ter real sinceridade,
Algum outro imbecil mais alto brade
E tenta aprisionar livre cordeiro.
Não faço parte algum de rebanho,
Se eu penso, é fato raro e sinto estranho
Por vezes por um cão ameaçado.
Não compro nem perdão, nem o pecado,
Não quero ser assim iluminado,
A morte encerra perda, dano ou ganho.

9

Igrejas e vendinhas, botequins,
Motéis ou armarinhos; tanto faz
O olhar do mercenário é sempre audaz,
Não importando meios, mas os fins.
Vendendo bugigangas, querubins,
Só peço que me deixem, pois em paz,
Do pensamento eu sei e sou capaz,
Não quero esta cambada de chupins.
Pastores, padres, putas, feiticeiros,
Atrás dos deuses nobres, os dinheiros,
Enriquecendo às custas da alma otária
Os juros que prometem noutro além,
Deveras na verdade sempre vem
É só saber da tal conta bancária.

10

Ocasionando a dor aonde um dia
Pudesse acalentar com mansidão,
A fúria desolada de um leão
Esconde-se na tola sacristia,
Javé, Ogum, Tupã, em rara orgia,
Dividem com certeza o mesmo pão
No olhar mais desejoso o sacristão
Na face mais cruel da fria harpia.
Cevando sem labuta, o lucro vem
Olhando com seu ar, raro desdém,
Produto muito fácil de vender,
Usando da trapaça em ameaça
A corja sem limites doma e grassa
E mostra em falsidade este poder.

11

É claro que existira alguma imensa
Potência atrás da eterna criação,
Negar esta verdade? Claro que não.
Porém não vejo pena ou recompensa.
Eternidade após? Espúria crença
Pior vejo a fatal negociação
Ousando no pecado e no perdão,
E disso com certeza não convença.
Em convenções diversas o escolhido
E o gado em vara curta vai tangido
Levado para onde se quiser,
Que deus deixara em terra um advogado?
Eu peço ser enfim, excomungado
Por um ser tão estúpido e qualquer.

12

A velha jogatina se eterniza,
Há tanto se acredita no chicote,
E sei que desta serpe vem o bote
Aonde a realidade se matiza,
E quando na verdade a vida é brisa
Pecado ou heresia, tolo mote,
Que a cada novo dia se desbote
Remota e caricata a face avisa,
Peçonha neste olhar de quem se pensa
Ou mesmo busca apenas recompensa
Num ato mais insano que real,
A vida determina nova vida,
E desta realidade, sem saída,
Não vejo um novo ou raro ritual.

13

Com ágio gigantesco se cobrando
Aquilo que jamais o pertencera,
Do círio da ilusão espúria cera,
O quadro se repete e sempre infando.
O tempo noutro tempo transbordando,
Jamais desta falseta se esquecera,
Quem tanto lucro em vida recebera
Ainda nos herdeiros vai lucrando.
Mentiras e falácias sobre a mesa,
E usada esta palavra com destreza
O cão que rosna estúpido mentor
Negociante em hábil caradura,
Aonde a eternidade se perdura
Desolação gerando o desamor.

14

São santos, igrejinhas, tais oradas,
Mercados em formatos mais diversos,
Reinando sobre todos universos
As orações vendidas ou cobradas.
As farsas entre tantas demonstradas,
Rebanhos sob as varas vão imersos,
Depois seguem seus rumos e dispersos
Recomeçando as fúrias desvairadas,
Após uma semana em novo culto,
Repete-se este cenário incauto e inculto
E arrependida a corja de joelhos
Os olhos do terrível mercenário,
Este ir e vir promete um honorário
Vendendo mais castigos que conselhos.

15

Assim a desolada face eu vejo
De quem se pensa além da vida espúria,
E quando sinto o olhar, frágil lamúria
Percebo na verdade o seu desejo,
Perdão num raro brilho, outro lampejo,
Depois voltando à vida em tal penúria,
Repete vez em quando a mesma injúria
Aproveitando após, um mesmo ensejo.
Enquanto o seu pastor, gado fiel,
Cegando com palavras, duro fel,
Promete em vara curta o seu castigo,
A turba agradecida e agraciada
Sentindo novamente liberada
Voltando ao ritual, comum e antigo.

16

Afaste-se de mim, demônio em vida,
Não quero ter o olhar que se alimenta
Da fúria, do holocausto e da tormenta
Na face mais venal e apodrecida,
Seara que foi dada é repartida,
E a fome com certeza mais fomenta
A face desta escória violenta
Por uma divindade torpe ungida.
Não quero tua unção, pois já me basta
Realidade turva, suja e gasta
Aonde não se vê qualquer cordeiro,
Ao lobo que devora seu irmão
Já não darei qualquer satisfação,
Sequer verá com fome o meu dinheiro.

17

O lucro que se vê na louvação
É sujo e mais canalha que o da puta.
A face mais suave, a mais astuta,
E nela se permite a podridão,
Fazendo da mentira o ganha-pão
Além do que se teima e já se escuta,
Abutre vai sugando da labuta
Vendendo qualquer forma de oração.
Ao evangelizar de bolso cheio,
O olhar da espúria súcia ora rodeio
E vejo noutra face Satanás,
Padrecos e pastores, seres vis,
Em honorários torpes, são gentis,
Mas; por favor, me deixem, pois em paz.

18

Durante algumas noites, devaneios
Vagando por lugares mais bonitos
Tentando desvendar os infinitos,
Os olhos sobre as nuvens vão alheios,
E faço das paisagens meus recreios,
Além de quaisquer pesos, cortes, mitos,
Deixando para trás dias aflitos,
Procuro noutras sendas, novos meios.
Mas quando volto à dura realidade
A fala de um canalha já degrade
Amaldiçoa a mim e a toda gente,
Pedindo um honorário por vingança
Assim à mesma plaga já se lança
Com olhos de pedinte prepotente.

19

Nas mãos que vendem dores e terrores,
Chantagem se mostrando costumeira,
Ousando do perdão como bandeira
Pintando a vida em turvas, grises, cores,
Invés de perpetrar raros amores,
Usando da mentira a interesseira
Matilha pelos cantos já se esgueira
Sem ter sequer disfarces nem pudores.
A podridão em forma de vingança
Ao bolso do imbecil a mão avança
E rouba o que a labuta produzira
É fácil enriquecer e desta forma,
A corja insatisfeita se transforma
E vende como límpida a mentira.

20

Desolação traduz o sentimento
De quem tentara crer num novo dia,
E quando a podridão em heresia
Gerando com terror seu provimento,
Se às vezes de algum sonho eu me alimento
A mão desta horda imunda tudo adia
E vende muito caro o que seria
Apenas o aplacar do sofrimento.
Afasta-te de mim, ó Satanás
E deixe este cordeiro enfim em paz,
Não use desta imagem em ameaça,
Não posso me conter frente à trapaça
E se queres saber, o amor se faz
De graça devolvendo o que é de Graça!
Publicado em: 20/06/2010 07:55:25


DESILUSÃO

Desilusão em vida toma cabo
Entorna uma agonia merencória,
Aos poucos, sem destino, já desabo,
A dor se aprofundando, assim notória.
A quem a vida fez quase um nababo
Agora vai sozinho; pobre escória
Nem mesmo uma ilusão, a mão estende,
À podridão em vida, já recende...

O mundo parecendo mais horrendo,
Apenas o restolho de um passado,
Que segue pelas ruas, vai morrendo,
Distante dum futuro tão sonhado,
O olhar sem ter destino, se perdendo,
Não resta nem sequer um triste brado,
A vida se mostrando mais amara,
Desilusão imensa se declara...

Os sonhos escapando pelas mãos,
Apenas me tocando a desventura.
Os dias se aproximam, todos vãos,
Restando tão somente uma amargura.
Não tendo mais amigos nem irmãos,
Viver passando a ser cruel tortura.
Tentando escapar desta prisão,
Só resta ao coração: desilusão...


Sentimentos divinos, belos, caros
Em dias mais felizes percebidos.
Nas mãos de ásperos males, tão avaros,
Agora em dor intensa vão vestidos.
Restando tão somente os desamparos,
Em sonhos que morreram já despidos
De toda uma emoção que, longamente,
Tentara um mundo pleno e mais contente...

O coração tomado em fria chama,
Perdendo o seu caminho, vai irado,
Errônea e sem destino, a dura trama,
Deixando o que sonhei, desenganado,
Mortalha que se fez invés de cama,
Um novo amanhecer sempre negado,
Os erros cometidos, excessivos,
Os dias se arrastando sem motivos...

Quem teve esta esperança por ventura,
Encontra-se distante destes Céus,
Percebe que encontrou na sepultura
As últimas vitórias, seus troféus.
A vida se mostrando sem ternura,
Estende uma mortalha feito véus
Desilusão cumprindo uma ameaça
Felicidade mata e logo embaça...


depois de tanto tempo em desengano,
A sorte preparando uma vingança,
Causando a quem amara um duro dano,
Traindo toda a nossa confiança.
O medo já transborda soberano,
E a dor ao peito vago enfim se lança.
Quem teve uma ilusão de ser mais forte,
Agora vai buscando a própria morte!

Por vezes deparando com miragem
Pensamos resolvermos nossas vidas.
Mudando num momento em nova aragem,
As luzes se tornando desmedidas,
Depois de certo tempo de viagem
As horas de ilusão se vão, perdidas,
E a dor nos invadindo qual castigo,
Encontra em nosso peito, triste abrigo...

Segredos que guardamos, escondidos,
Transformam em loucuras num momento,
Sorrisos desfraldados, distraídos,
Morrendo em duras penas, num lamento.
Os ventos da tristeza percebidos,
Desilusão nos toma o pensamento,
E pondo uma alegria já por terra,
Reféns de uma emoção, perdendo a guerra...

As horas mais tristonhas já são tantas,
Nos erros cometidos, desencantos,
Cobertos pelo frio em duras mantas,
Derramo em noite e treva duros prantos.
Aos poucos nas verdades, desencantas
E o sonho se transforma num quebranto.
O fogo nos queimando, forte e lento,
Desilusão se torna sofrimento...


Tentando descobrir terrível poço
Aonde mergulhei terror profundo.
Meus erros corrigir, eu já não posso,
Transforma-se em tristeza, num segundo,
Sonho que se mostrara qual colosso,
Transtorna num momento o nosso mundo.
Não posso e nem mais quero concebê-lo,
Não sei mais decifrá-lo nem contê-lo...

O rosto da alegria em má figura
Não tendo uma emoção que seja válida
Retrata tão somente esta amargura,
E a face se mostrando quase esquálida
Felicidade morre em vã tortura,
A fantasia anêmica, mais pálida,
Meus olhos se perdendo no infinito,
Amor desiludido, segue aflito...

Minha alma pelas dores carregada,
Deixando um rastro feito em puro medo,
A solidão voraz, mais forte brada,
Conhece dos amores o segredo,
Rompendo assim feroz, a madrugada,
Trazendo o sofrimento desde cedo,
Desilusão vem logo e se apresenta,
Nem mesmo uma esperança me apascenta...

Depois de tantos dias vãos, passados
Diante deste vento que cortando,
Não deixa mais sobrar campos sagrados,
Fornalha que em momentos vem queimando
Tornando nossos passos descuidados,
E sempre mais cruel nos maltratando,
O dia em tempestades escurece,
Desilusão não deixa sequer prece...

Meus dias em tristezas já passaram
Momentos tão cruéis dos quais eu falo,
E cicatrizes fundas demonstraram,
Num sonho mais difícil de sonhá-lo.
Os medos em momentos me emboscaram,
Numa desilusão imensa, enfim me calo.
E vejo meu futuro mais escuro,
Distante deste porto, um cais seguro...

Quem teve uma ilusão por companheira
E um dia imaginou poder sorrir,
A dor traz solidão por mensageira
Trazendo uma mortalha a nos cobrir,
Não vendo mais estrada alvissareira,
Desiludido passa a refletir
Penando, maltratando o seu jardim,
Matando uma emoção dentro de mim...


Nos sonhos procurando o salvamento,
Encontra uma esperança desarmada,
Não tendo uma ilusão, não me contento
E busco novamente uma alvorada,
Porém sinto a tristeza em frio vento,
Na foz da solidão vai desbotada
Estrela que pensei fosse mais bela,
Distante deste mar, perdendo a vela...


Embora tantas vezes disfarçadas
As ilusões se mostram desmedidas,
Em noites mais felizes, deleitadas,
Nas duras solidões seguem feridas,
As horas se passando destroçadas
As vestes pelo amor, cedo tecidas,
Desilusão atinge e traz desfeita
A vida que se deu por satisfeita...

O coração batendo mais depressa,
Mostrando uma alegria por disfarce,
Na dor de uma ilusão já se confessa
E mostra num segundo a real face,
Felicidade urgindo pede pressa,
Não vê a dor chegando e num enlace
Perdendo o seu caminho, vai deserto,
O peito em duras penas, descoberto...

O dia que se foi, duro passado,
Marcando nosso sonho em véu escuro.
Deixando o mundo vago e maltratado,
Tornando nosso passo cruel, duro,
O peito se mostrando descuidado,
Não tem sequer um porto mais seguro
E assim em noite fria já caminha,
Uma alma que se faz triste e sozinha...

Depois de ter os sonhos por parceiros,
A noite se emoldura em negra treva,
Deixando em meus caminhos, derradeiros
Momentos de tristeza em dura ceva.
Os medos se tornando corriqueiros
A correnteza à dor, sempre me leva.
Uma agonia adentra um triste quarto,
Desilusão num peito amargo e farto.

Quem teve uma ilusão: dias amenos,
Num sonho que se fora transparente,
Da sorte não conhece mais acenos,
Jamais encontrará mundo contente,
Seguindo a correnteza, medos plenos,
Vivendo em tristezas, já pressente
O fim que determina a sua sorte,
Debruça-se, deveras, sobre a morte.


Um sonho mais feliz já se repele,
A dor se demonstrando mais suprema,
O fogo da discórdia invade a pele,
Desilusão se torna então seu lema,
Cavalo da ilusão já não se sele,
Deixando este amargor, único emblema,
A noite transtornada em agonia,
Nem mesmo uma ilusão, a paz trazia...

De tudo que sonhara, no passado,
A vida vai perdendo a sua meta,
O coração então resta gelado,
Não tendo uma ilusão, a dor decreta
Um canto em tristezas deformado,
Lateja a solidão que em fina seta
Dardeja tão profunda em dor tamanha,
Tortura que se faz a cada sanha.

Quem teve uma ilusão esperançosa,
Percebe quanto a vida o maltratou,
A sorte que pensara caprichosa,
Apenas em tristezas vislumbrou
Planície que mostrara desejosa,
Na seca da esperança, derramou,
Desilusão em forma de amargura,
E o fel feito agonia, já tortura...

Os passos vacilantes, já tropeçam,
Deixando bem distantes velhos planos,
Os gritos de agonia recomeçam,
Pintando em noite imensa, desenganos.
Os erros em momentos se confessam,
Os medos se tornando soberanos.
Cerrando nossos sonhos, emoções,
No peito adormecendo as ilusões..

O sonho de alegria, derradeiro,
Morrendo em nascedouro nega a estrada,
Nas farpas, nos espinhos, verdadeiro
Sentido em que se nega uma alvorada,
O corte tão profundo, por inteiro,
Demonstra a sorte morta e desgraçada.
Desilusão entranha e, descontente
A morte num momento se pressente...


Momentos de esperança desandaram,
Deixando tão somente tristes velas,
Os dias em velório já passaram,
As horas se pintando em frias telas,
Nem mesmo uma ilusão, cega, deixaram,
Distante deste céu, morrem estrelas,
As dores se mostrando uma verdade,
Negando a luz em plena claridade...


Quem tantas vezes, cego se fartou,
Agora em ilusão já não recolhe
Sequer as emoções nas quais pensou.
Desilusão depressa logo tolhe
Os passos de quem, sempre, desfrutou,
Mas dores, tão somente é o que se colhe
Tornando a noite amarga e mais escura,
E a vida em desespero, triste e dura...

Uma ilusão de um tempo em que teria
Vontade de saber e estar contente,
Depois da noite enorme, tensa e fria,
O fogo da paixão queimando ardente,
Apenas ilusão, que a mente cria,
Que morre no final, naturalmente.
A dor a cada dia só aumenta,
O sonho- ser feliz – não se sustenta...


O canto em agonia, traz tristeza
Desilusão se mostra a cada esquina,
Negando em minha vida, uma beleza,
O medo de viver chega e domina,
Ao encontrar uma alma sem defesa,
Toda esperança ataca e logo mina,
Secando da alegria uma nascente,
Deixando uma esperança, longe, ausente...

A vida que eu sonhara, não presumo,
Vivendo tão somente este disfarce,
Secando a fantasia, bebe o sumo,
Não deixa mais um sonho levantar-se.
Uma esperança esvai-se em triste fumo,
De dores se permite rodear-se.
Vibrando no meu peito esta agonia,
Matando em nascedouro, um belo dia...

Nas trevas em que triste, agora eu vivo,
Depois de ter sonhando com encantos,
Tentando, muitas vezes não me esquivo
E a noite vem trazendo negros mantos,
Um canto que se fora mais altivo,
Agora dissemina tantos prantos.
Vazio, sem ninguém em desengano,
Um canto mais cruel e desumano...

Meus sonhos se perderam, timoneiros
Do barco que se foi, dura inclemência,
Morrendo sem ter flores, jardineiros,
Mudando mais depressa de aparência
A vida nos transforma e derradeiros
Momentos transbordam inclemência.
Medonhos, estes braços estendidos,
Deixando as esperanças nos olvidos...
Publicado em: 26/10/2007 19:13:28
Última alteração:28/10/2008 13:17:47


DESILUSÃO...

As rugas me fazendo companhia,
Lembranças de uma vida que revela
Em prantos e tristezas, agonia,
E a morte em cada verso, enfim se sela.
As lágrimas rolando em louca orgia,
Enegrecendo o céu, a fosca tela
Mostrada em tão tenaz desilusão,
Já repetindo sempre o mesmo não.
Publicado em: 18/10/2007 17:34:57
Última alteração:28/10/2008 14:13:40


DESILUSÃO...


Desilusão depressa vem chegando,
Fazendo o coração ir apressado,
As luzes do caminho se apagando,
Caminho em solidão, desamparado.
Castelo que eu sonhara, desabando,
Apenas o vazio segue ao lado.
Meu grito se perdendo em frio espaço,
Não tenho mais a força de teu braço...
Publicado em: 27/10/2007 12:24:20
Última alteração:28/10/2008 13:18:05



DESILUSÃO...

Levaste meu sorriso e a fantasia,
Deixando tão somente esta tristeza.
Meu canto em que demonstro esta agonia,
Perdido não encontra mais beleza.
A noite vai caindo leda e fria.
A morte se esparrama sobre a mesa.
De tudo o que sonhei; desilusão
Monopoliza agora, o coração...
Publicado em: 24/11/2007 17:35:26
Última alteração:28/10/2008 12:15:05


DESOLAÇÃO 1
1

Aonde em gelidez eu poderia
Apenas aportar, mas sou conciso,
Na ausência de improvável paraíso
Minha última morada, eterna e fria,
No quanto fui feliz ou não seria,
A sorte se acumula ou prejuízo
Ao fim tudo se perde, e mais preciso,
O passo rumo ao nada se desfia.
Não quero nem lamentos ou as cenas
Aonde muitas vezes envenenas
Com sórdidas lembranças de um ausente
A cruz eu a carrego aqui comigo
Quem sabe no final um manso abrigo
A quem se fez na vida um penitente.

2

Nesta única razão para os meus versos
Aprendo a cada instante um pouco mais,
E sinto os meus dezembros funerais
E neles os meus rumos são dispersos,
Pudesse acreditar em universos
Quem sabe; um derradeiro, manso cais.
Porém ao crer decerto no jamais,
Após somente os ossos sendo imersos.
Não bebo da esperança, nem talvez
Ainda mesmo quando se desfez
Minha última estratégia e me perdi,
Afasto qualquer sombra de ilusão
Jogado sob as pedras, ledo chão,
O quanto inda restara vejo ali.

3

Desolação somente aonde um dia
Talvez houvesse chance de mudança,
Porém quando ao vazio a vida lança
Um fardo que decerto se alivia.
O tanto quanto pude e não teria
Sequer ao fim da tarde uma esperança,
E quanto mais a noite em treva avança
Maior a imagem turva e mais sombria.
Recônditos diversos de minha alma,
Nem mesmo a fantasia vã me acalma,
E bebo com total sofreguidão
Da insânia e da verdade em turbulência
Em pouco só serei a mera ausência
Num corpo em farta e espúria podridão.

4

Sonhando em vida, às vezes comprometo
Cenário derradeiro e sei funesto,
Assim a cada ausência onde me empresto
Motivo para um novo e vão soneto.
Ao corte derradeiro me arremeto,
E tento novamente em louco gesto
Vencer e não ser só um vago resto,
Porém é novo engano que cometo.
Do quanto fora ou não, nada mais valho,
O tempo não perdoa e toma o atalho
Neste assoalho imerso eternamente,
A carne decomposta um ar sombrio,
Mais nada não concebo ou desafio,
Definitivamente estou ausente.

5

Deitando sob o solo em voz suave,
O quanto do vazio tenho em mim,
Ao adubar a terra, outro jardim,
No pasto onde o repasto já se trave,
O corpo decomposto, mera nave,
E nele entranham seres, ledo fim,
Até que da ossatura surja enfim
O derradeiro passo e nada agrave.
O fardo de uma vida se esgotando,
Cenário tanto brando quão nefando,
Dos restos desolados, nada resta,
A voz silenciada; o tempo passa,
Do todo meramente esta carcaça
Que ao máximo gozo assim se empresta.

6

A cura derradeira e mais gentil,
Apressa-se decerto no abandono,
E quando do meu canto enfim me adono
A mais do que decerto se previu,
O solo muitas vezes; quieto, ouviu
O vento perturbando eterno sono,
Um ermo solitário encontra o dono,
Num átimo esta cova em paz se abriu.
E assim neste mergulho em terra pobre,
Somente esta mortalha me recobre,
E adeus após adeus, apenas isto,
Aonde no passado houvera brilho,
Agora sem sequer um empecilho
Tranqüilo e sem esboço algum, desisto.

7

A Terra recebendo o que me dera,
Num ciclo aonde apenas se repete
O nada novamente me arremete
E assim se determina o fim de uma era,
Floradas de outra nova primavera
E nela nada meu inda remete
Ao vago que deveras me compete,
Somente um ermo solo o que inda espera.
Cratera aberta em lúbrico lugar,
A plaga derradeira e acolhedora,
Vivendo do que tanto um dia fora,
E agora enfim consigo desvendar,
A treva toma espaço e nada mais,
Do quanto imaginara outrora em cais.

8

As flores que me levas nada são,
O tempo não se conta mais, apenas
Retalhos de outras épocas amenas
Ausência eterna em mim de algum verão,
A morte não traduz desolação,
Apenas faces calmas e serenas
E nelas outras tantas; vejo plenas
E sinto a calmaria em meu timão;
Não tendo outro lugar, apenas morro.
E quando me entranhando sem socorro
Na leda solidão deste vazio,
O olhar sem horizonte a mente alheia,
A terra toma tudo e me rodeia,
Sem mais anseio, medo, angústia e frio.


9

A lua se derrama em erma plaga
E nada se transforma neste instante,
No quanto em vagos lumes me garante
Nem mesmo a fantasia ainda afaga,
Tampouco o sentimento, dura chaga,
A insólita e nefasta se adiante
E toda a inusitada doravante
Traduz o que talvez moldasse a draga.
Perpetuando o nada que ora adentro,
Nos ermos solitários, sendo o centro
Deste banquete aonde os vermes fartam,
Destroços do que um dia até pensara,
E incrível que pareça já sonhara,
E agora meras sombras não se apartam.

10

Despojos simplesmente de outras sendas,
Resumo de tais mortes, que alimento
E cíclico delírio de um tormento
Aonde novamente em vão atendas,
No corte em podridão logo desvendas
O quanto caberia em provimento,
E tanto quis apenas um alento.
Os ritos pós funéreos geram lendas.
Esgoto o meu caminho sobre a Terra
E quando sob o solo decomposto,
O verdadeiro ser agora exposto,
Já não permite mais outra mudança
Silente ermida resta para mim,
Da flórea expectativa, uma ilusão,
Adentro sem perguntas, ledo chão,
E chego plenamente ao vago fim.
Publicado em: 19/06/2010 18:37:18


DESOLAÇÃO 2


11

Não alimento mais o sentimento
E tendo a solidão por companheira
A face mais escusa, e derradeira,
Do todo ou do vazio algum provento.
O ciclo costumeiro eu alimento,
E tendo a sorte ausente já se esgueira
O corpo noutra face, a verdadeira,
Do nada ao nada volto em vão provento.
Adentro estas vacâncias deste solo,
E assim deste vazio ora me assolo
E mera sombra ausente, nada leva,
O quanto poderia haver após,
Negando da esperança qualquer voz,
Gerando tão somente a eterna treva.

12

Escárnios do passado? Mera ausência,
O risco de viver já não procede,
E quanto mais o corpo à fúria cede
Maior dos vermes sinto esta inclemência,
Não tendo outro caminho, a coerência
À própria fantasia agora excede
E farto comensal já não se impede
De um ser tão soberano, esta excrescência.
O parto transformado em mero aborto,
Negando a quem se vai um cais e um porto,
Silêncio dominando este cenário.
A vida após a morte? Nada disto,
Apenas o vazio e nele existo
Um traste em tom nefasto e necessário.

13

Vinganças? Meramente em tal fastio,
Aonde o que se fez já não concebe,
O solo em paz superna me recebe
E assim entre as mortalhas, nada crio
Somente a provisão que ora desfio
E nesta realidade se percebe
A pútrida visão onde se embebe
O corpo num eterno e torpe frio.
O tanto em ares nobres não existe,
Apensa esta face ausente em riste,
Nem mesmo triste ou sórdida. Fumaça,
O corpo em podridão gerando o ocaso,
Refeito em novas formas, ao acaso,
E assim noutro cenário a vida passa.

14

Uma alma se inda existe após o fim?
Não posso conceber tal heresia
O nada após o nada se desfia
Etéreo caminhar? Jamais em mim.
O sórdido vazio ou nada enfim,
O todo deste pouco não recria
A face mais nefasta ou vã, sombria
Apenas os silêncios de um jardim,
Ausente esta esperança sigo o rumo
E quando terminar, em paz me esfumo
E nada do que fora resistindo,
O pó reinando inteiro sob a terra,
E assim capitulado o tempo encerra,
Em ares mais dispersos eu me findo.

15

A eternidade é mero desvario,
O corpo se transforma e nada mais.
Mortalha rege os ritos funerais
E o tempo noutra face não recrio.
Demônios, deuses, sonhos? Esvazio.
Nem tempestades, brisas, vendavais,
Os ermos são decerto atemporais,
Eterno dentro em mim, somente o estio.
Eclodo em podres ermos e desfaço,
Assim o derradeiro e ledo espaço
Jogado sob o solo escuridão.
O quanto fui ou nada, não importa,
Após ter se fechado última porta,
Apenas nos silêncios, solidão.

16

Teus deuses e demônios não me bastam,
Os riscos de sonhar? Já não carrego.
Apenas ao vazio se me entrego,
Os passos destes vagos, pois se afastam,
E quando novamente se desgastam,
Deixando para trás o quanto em ego,
Pudesse transformar, e nada emprego
Senão os tantos nadas que se gastam.
O parto repatria na partida
E traz outro vazio, mesma ermida
Do pó ao pó retorno e sem memória.
Assim ao completar a minha história
Sem dívidas nem juros, dividendo,
Ao solo esta carcaça se entregando,
Os vermes e bactérias, torpe bando
Em última festança me cedendo.

17

Quisera o lenitivo que tu trazes,
Seria mais tranqüilo, ou não seria?
A cena refletindo esta heresia
E nela se permitem duras fases,
Ainda se em mortalhas tão mordazes,
Assolas com teu medo as sacristias,
Demônios entre deuses logo crias
Somente após o todo te desfazes.
As bases desta tal religião,
São frágeis e tu sabes mesmo disto,
Existo e tão somente inda resisto,
Sabendo no final a negação
Herméticos delírios? Falsos mitos
Assim quais paraísos e infinitos.

18

Edênicas serpentes? Ilusões...
Os cortes e os teus prêmios, nada valem,
Bem antes que teus sonhos já se calem,
Deveras em fatais exposições,
Não tendo nada além desolações
Herméticos desejos nada falem,
Apenas outras eras que avassalem
Os teus caminhos, torpes direções.
Não tento conseguir qualquer alento,
Nem mesmo esta ignorância eu alimento
Já basta o que recebo e não mais quero,
Um ledo caminhar ou turbulência
Deidade não se mostra em ingerência
Nem mesmo outro delírio manso ou fero.

19

Não quero mais promessas sei que falsas
Infernos, edens, riscos, rota face
Aonde esta venal figura grasse
Tentando no futuro tolas balsas,
As almas são finitas, e tu calças
O quanto na verdade te desgrace
Ou mesmo se ofereça além do impasse,
Sonhando com terrores entre valsas.
As sórdidas mortalhas? Nada são,
Nem mesmo a tão feliz premiação
Banquete, na verdade és sobre a mesa.
Do quando nada tens e não terás,
O sórdido caminho não se faz
Apenas do vazio esta certeza.

20

Desolação é mera fantasia?
Mais fácil acreditar e dá conforto,
Ao ver o meu resgate após já morto
Retrato feito em dor e hipocrisia,
Do nada ao mesmo nada se recria
Negando na verdade qualquer porto,
Eu sei que sou somente um mero aborto,
Morrendo sem resgate, ou agonia.
Não tendo mais sequer prêmio e castigo,
O velho deus morrendo em desabrigo,
Apenas um ignaro bebe o vinho,
E inebriado segue sem temer,
A morte é derradeiro escurecer
Levando ao mais silente ermo, sozinho.
Publicado em: 19/06/2010 19:14:14


DESOLAÇÃO 5
1

A vida traduzida na crisálida
Pudesse também ter a face humana,
E quando se pensando soberana
Gerando esta figura vã e esquálida
Aonde deveria ser mais cálida
Ao próprio companheiro já se engana
E assim por sobre a terra se profana
Na imagem mera anêmica, vil, pálida.
Sugando o que puder; draga infernal
Fazer da mortandade um ritual,
O latrocínio em várias dimensões,
Matando a própria mãe que o amamentara
Na Natureza a chaga, enorme escara,
Aos poucos se alastrando expiações.

2

Na busca de um deus bom ou vingativo,
Ousando ser um mero caricato,
Na face mais cruel, duro retrato
De um ser além de tudo imperativo.
No olhar adulterado, audaz e vivo
Ao mesmo tempo lúbrico ou ingrato,
Se desta imagem torpe eu me desato,
Não quero ser do vago um ser cativo.
Negando esta existência em prepotência
Aprendo a perceber a virulência
Dos donos do pecado e do perdão,
A sórdida figura em divindade,
A quem em tanto lucro sempre agrade,
Transforma este seu deus em ganha-pão.

3

Nem deuses nem demônios; nada existe,
Apenas a vontade feita em vida,
A face mais espúria que é vendida
Transforma a natureza bela, em triste,
O dedo indicativo, sempre em riste
Negando a cada passo uma saída,
E assim nesta mentira sendo urdida,
Riqueza de bem poucos se consiste.
Igrejas, ministérios, são vendetas
O que salva seu deus, vivos capetas
Enriquecendo a podre sacristia,
E vejo desolado tão cenário,
Por vezes num olhar mais temerário,
Risível esta farsa: HIPOCRISIA.

4

A mão tão corrosiva de quem pune,
O olhar enclausurado da mentira,
Enquanto à vida, a morte já prefira
Pensando ser deveras quase impune,
Também vendendo a face de um imune
Demônio que deveras nos retira
Vendendo a falsa imagem de uma pira
Num círio ou num cortejo, nos desune.
Do tanto que se vende por aí
Medonha e tão imunda garatuja
A mão que te abençoa, eu sei ser suja
Enquanto te afagando, ludibria,
Roubando dos mais frágeis e indefesos,
Depois saem risonhos sempre ilesos,
Abutres divinais: santa ironia.

5

Ouvindo a voz que afaga e assim perdoa,
Não vês a caradura do canalha,
Enquanto a podridão ali se espalha,
A corja se enriquece e ri à toa,
Vendendo para o eterno esta canoa
Há tanto desolada e sempre falha,
Unidos pela mesma cordoalha
A voz de um ser tão torpe sempre ecoa.
Vivendo sempre às custas do demônio
Gerando sem sentido um pandemônio,
Herdando deste saque, o que puder.
Da falsa imagem sorve cada gota,
A face da mentira, extensa e rota,
Dragando qualquer lucro se vier.

6

Desmoronando a Terra em atos vis,
Os crápulas vendendo esta potência
Aonde não havia esta ingerência
Fazendo desta mãe o que se quis,
No olhar mais temerário do infeliz,
A falta de carinho e de decência
Enquanto gera apenas inclemência
A vida se levando por um triz,
E assim ao desdobrar a realidade
Ainda vendem podre divindade,
Que possa perdoar esta canalha,
Não quero e não suporto mais teu deus,
O rei das trevas gera em nós seus breus
E a fúria insaciável ora se espalha.

7

De heróis e de bandidos estou cheio,
Cansado desta estúpida vendeta,
A cada passo um nobre se acometa
Ousando perpetrar no mesmo veio,
E quando busco a paz e nada veio,
Somente a solidão, mero cometa,
Aonde a realidade se prometa
Desta horda mais imunda, algum recreio.
Apunhalando a mãe que inda o sustenta
Em nome de um senhor, mero e vulgar,
Fazendo da miséria o seu altar,
A podre espécie turva e violenta
Se redimindo em hóstias, rezas, missa
Olhando nada vê, prossegue omissa.

8

A cada esquina vejo um milagreiro
Ou mesmo um dono etéreo da verdade,
E assim esta canalha tudo invade,
Olhando mais voraz para o dinheiro.
E quando desta corja enfim me esgueiro,
Não basta ter real sinceridade,
Algum outro imbecil mais alto brade
E tenta aprisionar livre cordeiro.
Não faço parte algum de rebanho,
Se eu penso, é fato raro e sinto estranho
Por vezes por um cão ameaçado.
Não compro nem perdão, nem o pecado,
Não quero ser assim iluminado,
A morte encerra perda, dano ou ganho.

9

Igrejas e vendinhas, botequins,
Motéis ou armarinhos; tanto faz
O olhar do mercenário é sempre audaz,
Não importando meios, mas os fins.
Vendendo bugigangas, querubins,
Só peço que me deixem, pois em paz,
Do pensamento eu sei e sou capaz,
Não quero esta cambada de chupins.
Pastores, padres, putas, feiticeiros,
Atrás dos deuses nobres, os dinheiros,
Enriquecendo às custas da alma otária
Os juros que prometem noutro além,
Deveras na verdade sempre vem
É só saber da tal conta bancária.

10

Ocasionando a dor aonde um dia
Pudesse acalentar com mansidão,
A fúria desolada de um leão
Esconde-se na tola sacristia,
Javé, Ogum, Tupã, em rara orgia,
Dividem com certeza o mesmo pão
No olhar mais desejoso o sacristão
Na face mais cruel da fria harpia.
Cevando sem labuta, o lucro vem
Olhando com seu ar, raro desdém,
Produto muito fácil de vender,
Usando da trapaça em ameaça
A corja sem limites doma e grassa
E mostra em falsidade este poder.

11

É claro que existira alguma imensa
Potência atrás da eterna criação,
Negar esta verdade? Claro que não.
Porém não vejo pena ou recompensa.
Eternidade após? Espúria crença
Pior vejo a fatal negociação
Ousando no pecado e no perdão,
E disso com certeza não convença.
Em convenções diversas o escolhido
E o gado em vara curta vai tangido
Levado para onde se quiser,
Que deus deixara em terra um advogado?
Eu peço ser enfim, excomungado
Por um ser tão estúpido e qualquer.

12

A velha jogatina se eterniza,
Há tanto se acredita no chicote,
E sei que desta serpe vem o bote
Aonde a realidade se matiza,
E quando na verdade a vida é brisa
Pecado ou heresia, tolo mote,
Que a cada novo dia se desbote
Remota e caricata a face avisa,
Peçonha neste olhar de quem se pensa
Ou mesmo busca apenas recompensa
Num ato mais insano que real,
A vida determina nova vida,
E desta realidade, sem saída,
Não vejo um novo ou raro ritual.

13

Com ágio gigantesco se cobrando
Aquilo que jamais o pertencera,
Do círio da ilusão espúria cera,
O quadro se repete e sempre infando.
O tempo noutro tempo transbordando,
Jamais desta falseta se esquecera,
Quem tanto lucro em vida recebera
Ainda nos herdeiros vai lucrando.
Mentiras e falácias sobre a mesa,
E usada esta palavra com destreza
O cão que rosna estúpido mentor
Negociante em hábil caradura,
Aonde a eternidade se perdura
Desolação gerando o desamor.

14

São santos, igrejinhas, tais oradas,
Mercados em formatos mais diversos,
Reinando sobre todos universos
As orações vendidas ou cobradas.
As farsas entre tantas demonstradas,
Rebanhos sob as varas vão imersos,
Depois seguem seus rumos e dispersos
Recomeçando as fúrias desvairadas,
Após uma semana em novo culto,
Repete-se este cenário incauto e inculto
E arrependida a corja de joelhos
Os olhos do terrível mercenário,
Este ir e vir promete um honorário
Vendendo mais castigos que conselhos.

15

Assim a desolada face eu vejo
De quem se pensa além da vida espúria,
E quando sinto o olhar, frágil lamúria
Percebo na verdade o seu desejo,
Perdão num raro brilho, outro lampejo,
Depois voltando à vida em tal penúria,
Repete vez em quando a mesma injúria
Aproveitando após, um mesmo ensejo.
Enquanto o seu pastor, gado fiel,
Cegando com palavras, duro fel,
Promete em vara curta o seu castigo,
A turba agradecida e agraciada
Sentindo novamente liberada
Voltando ao ritual, comum e antigo.

16

Afaste-se de mim, demônio em vida,
Não quero ter o olhar que se alimenta
Da fúria, do holocausto e da tormenta
Na face mais venal e apodrecida,
Seara que foi dada é repartida,
E a fome com certeza mais fomenta
A face desta escória violenta
Por uma divindade torpe ungida.
Não quero tua unção, pois já me basta
Realidade turva, suja e gasta
Aonde não se vê qualquer cordeiro,
Ao lobo que devora seu irmão
Já não darei qualquer satisfação,
Sequer verá com fome o meu dinheiro.

17

O lucro que se vê na louvação
É sujo e mais canalha que o da puta.
A face mais suave, a mais astuta,
E nela se permite a podridão,
Fazendo da mentira o ganha-pão
Além do que se teima e já se escuta,
Abutre vai sugando da labuta
Vendendo qualquer forma de oração.
Ao evangelizar de bolso cheio,
O olhar da espúria súcia ora rodeio
E vejo noutra face Satanás,
Padrecos e pastores, seres vis,
Em honorários torpes, são gentis,
Mas; por favor, me deixem, pois em paz.

18

Durante algumas noites, devaneios
Vagando por lugares mais bonitos
Tentando desvendar os infinitos,
Os olhos sobre as nuvens vão alheios,
E faço das paisagens meus recreios,
Além de quaisquer pesos, cortes, mitos,
Deixando para trás dias aflitos,
Procuro noutras sendas, novos meios.
Mas quando volto à dura realidade
A fala de um canalha já degrade
Amaldiçoa a mim e a toda gente,
Pedindo um honorário por vingança
Assim à mesma plaga já se lança
Com olhos de pedinte prepotente.

19

Nas mãos que vendem dores e terrores,
Chantagem se mostrando costumeira,
Ousando do perdão como bandeira
Pintando a vida em turvas, grises, cores,
Invés de perpetrar raros amores,
Usando da mentira a interesseira
Matilha pelos cantos já se esgueira
Sem ter sequer disfarces nem pudores.
A podridão em forma de vingança
Ao bolso do imbecil a mão avança
E rouba o que a labuta produzira
É fácil enriquecer e desta forma,
A corja insatisfeita se transforma
E vende como límpida a mentira.

20

Desolação traduz o sentimento
De quem tentara crer num novo dia,
E quando a podridão em heresia
Gerando com terror seu provimento,
Se às vezes de algum sonho eu me alimento
A mão desta horda imunda tudo adia
E vende muito caro o que seria
Apenas o aplacar do sofrimento.
Afasta-te de mim, ó Satanás
E deixe este cordeiro enfim em paz,
Não use desta imagem em ameaça,
Não posso me conter frente à trapaça
E se queres saber, o amor se faz
De graça devolvendo o que é de Graça!
Publicado em: 20/06/2010 07:55:25



DESOLAÇÃO 1
1

Aonde em gelidez eu poderia
Apenas aportar, mas sou conciso,
Na ausência de improvável paraíso
Minha última morada, eterna e fria,
No quanto fui feliz ou não seria,
A sorte se acumula ou prejuízo
Ao fim tudo se perde, e mais preciso,
O passo rumo ao nada se desfia.
Não quero nem lamentos ou as cenas
Aonde muitas vezes envenenas
Com sórdidas lembranças de um ausente
A cruz eu a carrego aqui comigo
Quem sabe no final um manso abrigo
A quem se fez na vida um penitente.

2

Nesta única razão para os meus versos
Aprendo a cada instante um pouco mais,
E sinto os meus dezembros funerais
E neles os meus rumos são dispersos,
Pudesse acreditar em universos
Quem sabe; um derradeiro, manso cais.
Porém ao crer decerto no jamais,
Após somente os ossos sendo imersos.
Não bebo da esperança, nem talvez
Ainda mesmo quando se desfez
Minha última estratégia e me perdi,
Afasto qualquer sombra de ilusão
Jogado sob as pedras, ledo chão,
O quanto inda restara vejo ali.

3

Desolação somente aonde um dia
Talvez houvesse chance de mudança,
Porém quando ao vazio a vida lança
Um fardo que decerto se alivia.
O tanto quanto pude e não teria
Sequer ao fim da tarde uma esperança,
E quanto mais a noite em treva avança
Maior a imagem turva e mais sombria.
Recônditos diversos de minha alma,
Nem mesmo a fantasia vã me acalma,
E bebo com total sofreguidão
Da insânia e da verdade em turbulência
Em pouco só serei a mera ausência
Num corpo em farta e espúria podridão.

4

Sonhando em vida, às vezes comprometo
Cenário derradeiro e sei funesto,
Assim a cada ausência onde me empresto
Motivo para um novo e vão soneto.
Ao corte derradeiro me arremeto,
E tento novamente em louco gesto
Vencer e não ser só um vago resto,
Porém é novo engano que cometo.
Do quanto fora ou não, nada mais valho,
O tempo não perdoa e toma o atalho
Neste assoalho imerso eternamente,
A carne decomposta um ar sombrio,
Mais nada não concebo ou desafio,
Definitivamente estou ausente.

5

Deitando sob o solo em voz suave,
O quanto do vazio tenho em mim,
Ao adubar a terra, outro jardim,
No pasto onde o repasto já se trave,
O corpo decomposto, mera nave,
E nele entranham seres, ledo fim,
Até que da ossatura surja enfim
O derradeiro passo e nada agrave.
O fardo de uma vida se esgotando,
Cenário tanto brando quão nefando,
Dos restos desolados, nada resta,
A voz silenciada; o tempo passa,
Do todo meramente esta carcaça
Que ao máximo gozo assim se empresta.

6

A cura derradeira e mais gentil,
Apressa-se decerto no abandono,
E quando do meu canto enfim me adono
A mais do que decerto se previu,
O solo muitas vezes; quieto, ouviu
O vento perturbando eterno sono,
Um ermo solitário encontra o dono,
Num átimo esta cova em paz se abriu.
E assim neste mergulho em terra pobre,
Somente esta mortalha me recobre,
E adeus após adeus, apenas isto,
Aonde no passado houvera brilho,
Agora sem sequer um empecilho
Tranqüilo e sem esboço algum, desisto.

7

A Terra recebendo o que me dera,
Num ciclo aonde apenas se repete
O nada novamente me arremete
E assim se determina o fim de uma era,
Floradas de outra nova primavera
E nela nada meu inda remete
Ao vago que deveras me compete,
Somente um ermo solo o que inda espera.
Cratera aberta em lúbrico lugar,
A plaga derradeira e acolhedora,
Vivendo do que tanto um dia fora,
E agora enfim consigo desvendar,
A treva toma espaço e nada mais,
Do quanto imaginara outrora em cais.

8

As flores que me levas nada são,
O tempo não se conta mais, apenas
Retalhos de outras épocas amenas
Ausência eterna em mim de algum verão,
A morte não traduz desolação,
Apenas faces calmas e serenas
E nelas outras tantas; vejo plenas
E sinto a calmaria em meu timão;
Não tendo outro lugar, apenas morro.
E quando me entranhando sem socorro
Na leda solidão deste vazio,
O olhar sem horizonte a mente alheia,
A terra toma tudo e me rodeia,
Sem mais anseio, medo, angústia e frio.


9

A lua se derrama em erma plaga
E nada se transforma neste instante,
No quanto em vagos lumes me garante
Nem mesmo a fantasia ainda afaga,
Tampouco o sentimento, dura chaga,
A insólita e nefasta se adiante
E toda a inusitada doravante
Traduz o que talvez moldasse a draga.
Perpetuando o nada que ora adentro,
Nos ermos solitários, sendo o centro
Deste banquete aonde os vermes fartam,
Destroços do que um dia até pensara,
E incrível que pareça já sonhara,
E agora meras sombras não se apartam.

10

Despojos simplesmente de outras sendas,
Resumo de tais mortes, que alimento
E cíclico delírio de um tormento
Aonde novamente em vão atendas,
No corte em podridão logo desvendas
O quanto caberia em provimento,
E tanto quis apenas um alento.
Os ritos pós funéreos geram lendas.
Esgoto o meu caminho sobre a Terra
E quando sob o solo decomposto,
O verdadeiro ser agora exposto,
Já não permite mais outra mudança
Silente ermida resta para mim,
Da flórea expectativa, uma ilusão,
Adentro sem perguntas, ledo chão,
E chego plenamente ao vago fim.
Publicado em: 19/06/2010 18:37:18



DESOLAÇÃO 2


11

Não alimento mais o sentimento
E tendo a solidão por companheira
A face mais escusa, e derradeira,
Do todo ou do vazio algum provento.
O ciclo costumeiro eu alimento,
E tendo a sorte ausente já se esgueira
O corpo noutra face, a verdadeira,
Do nada ao nada volto em vão provento.
Adentro estas vacâncias deste solo,
E assim deste vazio ora me assolo
E mera sombra ausente, nada leva,
O quanto poderia haver após,
Negando da esperança qualquer voz,
Gerando tão somente a eterna treva.

12

Escárnios do passado? Mera ausência,
O risco de viver já não procede,
E quanto mais o corpo à fúria cede
Maior dos vermes sinto esta inclemência,
Não tendo outro caminho, a coerência
À própria fantasia agora excede
E farto comensal já não se impede
De um ser tão soberano, esta excrescência.
O parto transformado em mero aborto,
Negando a quem se vai um cais e um porto,
Silêncio dominando este cenário.
A vida após a morte? Nada disto,
Apenas o vazio e nele existo
Um traste em tom nefasto e necessário.

13

Vinganças? Meramente em tal fastio,
Aonde o que se fez já não concebe,
O solo em paz superna me recebe
E assim entre as mortalhas, nada crio
Somente a provisão que ora desfio
E nesta realidade se percebe
A pútrida visão onde se embebe
O corpo num eterno e torpe frio.
O tanto em ares nobres não existe,
Apensa esta face ausente em riste,
Nem mesmo triste ou sórdida. Fumaça,
O corpo em podridão gerando o ocaso,
Refeito em novas formas, ao acaso,
E assim noutro cenário a vida passa.

14

Uma alma se inda existe após o fim?
Não posso conceber tal heresia
O nada após o nada se desfia
Etéreo caminhar? Jamais em mim.
O sórdido vazio ou nada enfim,
O todo deste pouco não recria
A face mais nefasta ou vã, sombria
Apenas os silêncios de um jardim,
Ausente esta esperança sigo o rumo
E quando terminar, em paz me esfumo
E nada do que fora resistindo,
O pó reinando inteiro sob a terra,
E assim capitulado o tempo encerra,
Em ares mais dispersos eu me findo.

15

A eternidade é mero desvario,
O corpo se transforma e nada mais.
Mortalha rege os ritos funerais
E o tempo noutra face não recrio.
Demônios, deuses, sonhos? Esvazio.
Nem tempestades, brisas, vendavais,
Os ermos são decerto atemporais,
Eterno dentro em mim, somente o estio.
Eclodo em podres ermos e desfaço,
Assim o derradeiro e ledo espaço
Jogado sob o solo escuridão.
O quanto fui ou nada, não importa,
Após ter se fechado última porta,
Apenas nos silêncios, solidão.

16

Teus deuses e demônios não me bastam,
Os riscos de sonhar? Já não carrego.
Apenas ao vazio se me entrego,
Os passos destes vagos, pois se afastam,
E quando novamente se desgastam,
Deixando para trás o quanto em ego,
Pudesse transformar, e nada emprego
Senão os tantos nadas que se gastam.
O parto repatria na partida
E traz outro vazio, mesma ermida
Do pó ao pó retorno e sem memória.
Assim ao completar a minha história
Sem dívidas nem juros, dividendo,
Ao solo esta carcaça se entregando,
Os vermes e bactérias, torpe bando
Em última festança me cedendo.

17

Quisera o lenitivo que tu trazes,
Seria mais tranqüilo, ou não seria?
A cena refletindo esta heresia
E nela se permitem duras fases,
Ainda se em mortalhas tão mordazes,
Assolas com teu medo as sacristias,
Demônios entre deuses logo crias
Somente após o todo te desfazes.
As bases desta tal religião,
São frágeis e tu sabes mesmo disto,
Existo e tão somente inda resisto,
Sabendo no final a negação
Herméticos delírios? Falsos mitos
Assim quais paraísos e infinitos.

18

Edênicas serpentes? Ilusões...
Os cortes e os teus prêmios, nada valem,
Bem antes que teus sonhos já se calem,
Deveras em fatais exposições,
Não tendo nada além desolações
Herméticos desejos nada falem,
Apenas outras eras que avassalem
Os teus caminhos, torpes direções.
Não tento conseguir qualquer alento,
Nem mesmo esta ignorância eu alimento
Já basta o que recebo e não mais quero,
Um ledo caminhar ou turbulência
Deidade não se mostra em ingerência
Nem mesmo outro delírio manso ou fero.

19

Não quero mais promessas sei que falsas
Infernos, edens, riscos, rota face
Aonde esta venal figura grasse
Tentando no futuro tolas balsas,
As almas são finitas, e tu calças
O quanto na verdade te desgrace
Ou mesmo se ofereça além do impasse,
Sonhando com terrores entre valsas.
As sórdidas mortalhas? Nada são,
Nem mesmo a tão feliz premiação
Banquete, na verdade és sobre a mesa.
Do quando nada tens e não terás,
O sórdido caminho não se faz
Apenas do vazio esta certeza.

20

Desolação é mera fantasia?
Mais fácil acreditar e dá conforto,
Ao ver o meu resgate após já morto
Retrato feito em dor e hipocrisia,
Do nada ao mesmo nada se recria
Negando na verdade qualquer porto,
Eu sei que sou somente um mero aborto,
Morrendo sem resgate, ou agonia.
Não tendo mais sequer prêmio e castigo,
O velho deus morrendo em desabrigo,
Apenas um ignaro bebe o vinho,
E inebriado segue sem temer,
A morte é derradeiro escurecer
Levando ao mais silente ermo, sozinho.
Publicado em: 19/06/2010 19:14:14



DESILUDIDO...

Desiludido vago pelas ruas,
Numa procura insana e sem destino.
Estrelas se perderam, vagam nuas,
O quanto em sofrimento me amofino
Percebo que distante continuas,
Matando o que restara de um menino
Que um dia se mostrou pura emoção,
Agora naufragou desilusão...
Publicado em: 24/11/2007 17:38:05
Última alteração:28/10/2008 12:15:12


DESESPERANÇA

Dos caminhos ancestrais
Sobraram alamedas
Infrutíferas
E uniformemente vagas.
Desalento...
Publicado em: 22/05/2008 14:34:37
Última alteração:21/10/2008 06:31:40

Atrás das grades
Que impedem
Meu vôo,
Os olhos perdidos,
Pedindo socorro.
Horizonte distante
Montanhas e campos.
Tramas diversas
E versos inúteis.
Intuo a saída
Que, sei, não virá.
Mas teimo
Queimo-me no vão,
Tentando tentáculos
Que toquem jardins...
Publicado em: 26/11/2008 22:34:46
Última alteração:06/03/2009 16:35:39

Desespero...

A desesperação que se aproxima
Por teres nada feito e sem recados.
Os veros pensamentos, velhos fados,
Entendem que em teus versos, sou a rima.

Embora não percebes como tocas
Os céus de meus desejos quando ris.
O mundo que a sorrir não faz feliz,
Embrenha em nossos sonhos, nossas tocas.

Meu peito não se sente magoado
E Espera que definas tua história.
Talvez conheça enfim a sorte e glória
De poder estar sempre do teu lado.

Mas sinto que esta noite nunca vem,
Embalde em desespero reze tanto.
Amor quando me nega seu encanto,
Esparsa do meu canto todo o bem...
Publicado em: 06/12/2006 23:01:46
Última alteração:28/10/2008 20:49:22


DESGARRADA



Junto a ti nesta contradança
Eu quero sempre aqui ficar,
Em cada verso uma aliança
A desgarrada quer seu par.

Minha viola sertaneja
Neste lusitano luar
A noite inteira ela deseja
A desgarrada acompanhar.
Publicado em: 23/04/2008 19:59:59
Última alteração:21/10/2008 13:24:17


Noite estrelas cama
Chama e desejos..
Quero tua boca
Aberta em meu céu
Da boca...

Línguas, minguantes luas
Plenilúnio no quarto;

Busco o gosto o gesto
A fonte a sede a fome
Afloram tuas pepitas
Quero repitas
Vivas estrelas
Rondando teu corpo
Porto e cais,
Mais e mais,
Até não mais
Cansaços
Regaços
Abraços
Recomeço...
Publicado em: 03/04/2007 16:21:41
Última alteração:28/10/2008 17:21:09



DESEJOS...

Sentindo o teu perfume
Deitada do meu lado,
Na bela transparência
Teus seios fartos, belos.
A mão vou deslizando
Em tuas pernas, chegando
À tua calcinha.
Acariciando teu grelinho
Afasto devagar,
Deixando sentir
Tua umidade.
Meus dedos penetrando devagar,
Enquanto me masturbas.
Deliciosamente.
Minha boca vou descendo pelo teu corpo
Passando por teus seios,
Chego à tua gruta divina
E vou lambendo, sorvendo cada gota
Enquanto me chupas, com fome e com desejo.
Lambendo o meu saco,
Minha língua desce ao teu cuzinho
E prepara com saliva para a penetração;
De um dedo, de dois, de três,
Depois, vou devagarinho colocando
Na tua buceta maravilhosa.
E nesta foda fantástica
Tu engoles meu caralho
E me comes,
Puta,vadia, uma cachorra.
Requebras teus quadris.
De quatro, após isso,
Pedes para que eu coma teu cu
Divino cu, maravilhoso cu.
Até que o gozo venha em profusão.
Bebendo tua boca, teu grelo, teu rabo
Numa explosão de desejos e de sexo.
Fomes e sedes que se matam
Em salgados licores.
Publicado em: 29/10/2007 22:34:20
Última alteração:29/10/2008 19:06:50



Desejo-te deveras, não duvide,

Desejo-te total felicidade
Bem sei que tu mereces ser feliz
Porém, jamais soubeste a verdade
Querer-te como eu, ninguém mais quis

Desejo-te, também, tranquilidade
Amar e ser amado em sintonia
Que teu amor alcance a eternidade
Vivendo em plena paz e harmonia

Desejo-te um querer sincero e claro
Sem lágrimas, sem dor e traição
Que seja dos amores o mais raro
Aquele que escolheu teu coração

Desejo-te os sonhos realizados
E os dois, eternamente, apaixonados ...

GLAUCE TOLENTINO

Desejo-te deveras, não duvide,
E mesmo quando ausentas, eu te sinto,
O que julgaras longe, mesmo extinto,
Agora sobre nós, divino incide.

Assíduas fantasias que povoam
O coração artífice dos sonhos,
Os dias poderiam ser risonhos,
Por mais que as alegrias na alma doam.

Acendo a luz no túnel quando eu ouço
O teu convite à festa que ora anseio,
Legando ao torpe olvido, um vão receio

De ter como uma herança, o calabouço,
Calando bem mais forte esta certeza,
Exponho o sentimento em farta mesa...
Publicado em: 05/03/2009 15:59:06
Última alteração:06/03/2009 01:29:31

Areias escaldantes do deserto.
As brancas testemunhas deste ocaso.
Amor que traduzimos por incerto,
Morrendo na tardinha, findo o prazo...
Um pobre beduíno, céu aberto,
Espera pelo oásis, ao acaso.
A miragem do amor, sem nada certo,
Olhar pleno e distante, morto e raso...

Areias escaldantes desta praia
Delícias de morenas e sereias...
O sol enamorado já desmaia,
Olhando para oásis com ciúme,
Roubando dos prazeres, o perfume...
Casais semi-desnudos se acasalam,
Desfilam seus hormônios nas areias...
Camelo e beduíno, nada falam...
Publicado em: 12/12/2006 15:09:30
Última alteração:28/10/2008 20:30:24



DESEJOS DE AMAR /

A noite cai então erma silente
E olhando eu a lua a me saldar
Sentindo a meresia lá do mar
Você me chega com seu beijo ardente...

Naquela luta plena que é amar
Se enroscando em mim como serpente
O seu veneno aos lábios diferente..
E eu ali então a me esbaldar...

Tomado já de assalto em mar bravio,
Tempestuosamente me entregando
Aos lábios divinais em plena fúria,

Invado com desejos, sacro cio,
E sinto o teu prazer se esparramando,
Em lagos de loucura insana incúria...

GONÇALVES REIS
MVML
Publicado em: 03/09/2007 22:05:56
Última alteração:05/11/2008 12:12:44



Enlanguescente deitas sobre a cama...
Volúpias e desejos no cetim.
Estás sensualíssima: Me chama...
Nas erupções vulcânicas, festim...
No jogo sedutor, acesa a chama,
A fogueira queimando dentro em mim...
Delícias produzindo louca trama,
Quem dera, toda vida fosse assim...

As bocas desbravando cada trilha,
Audazes dedos tecem linda renda...
O mundo transbordando em maravilha.
Devoro e me devoras neste jogo
Que queima tanto quanto fosse fogo
Desejo, necessito que se acenda,
Nos olhos que te buscam, tiras venda,
E vejo nos teus olhos, novo afã.
A lua salpicando nossa tenda,
Prepara aurora grávida: manhã...
Publicado em: 12/12/2006 23:47:21
Última alteração:28/10/2008 20:31:26



Desejos que desejas para mim, Amor ou dor intensa em vago frio. Percorro nos teus olhos o vazio
Acuado entre brasas
um escorpião volve o dardo
e faz o hara-kiri...

Guimarães Rosa

Desejos que desejas para mim,
Amor ou dor intensa em vago frio.
Percorro nos teus olhos o vazio
E bebo cada gota até o fim.

Demônio se disfarça em querubim,
Distrai o meu caminho enquanto crio
O tempo de sonhar, inferna o estio
E tudo corroendo. Sempre assim.

Dos dardos que me lanças, teu veneno,
Que mata por insano, louco e pleno,
O fogo da paixão não me comove.

Por mais que tu prefiras a ferida,
A volta desde agora concebida,
Fazendo que, quem lance, também prove.
Publicado em: 01/09/2008 19:00:33
Última alteração:03/10/2008 16:21:02

Desejo e Verdade
O que um homem deseja, ele também imagina ser verdade. Demóstenes

Desesperadamente creio em ti,
No teu amor, em tudo o que me dizes!
Desejo que sejamos mais felizes
Depois de tanta dor que já sofri!

Eu creio nas palavras que disseste
Na noite em que juramos nosso amor.
Vento da solidão, pleno pavor,
Desvia seu caminho para leste

E me deste carinho e liberdade
No gozo do prazer que desfrutamos.
Eu mal posso entender, mas nos amamos;
Prefiro acreditar nessa verdade!

Quando estamos tão pertos, tudo some,
A vida se transcorre como um rio
Que, indo para o mar, trama nosso cio
E mata nossa sede e nossa fome...

Acredito nas luzes que iluminam
As beiras das estradas que fizemos
Com sangue e com suor que já bebemos
Nas noites que devoram e alucinam!

Eu creio em nosso caso de loucura
Que traz a faca exposta quando beija
Que traz a lua ingrata se deseja
E mata ao mesmo instante que me cura!

Eu creio em nossa vida entreaberta
Não posso duvidar deste teu seio
Exposto nessa noite sem receio
No gozo que me fere e que me alerta.

Eu creio em tuas mãos tão delicadas
Percorrendo os caminhos sem paragem,
Eu creio que no fim desta viagem
As mãos que se procuram, mãos de fadas

Depois de tantas grutas e mergulhos,
Rolando pelos seixos e cascatas
Entrando pelos bosques, pelas matas,
Subindo e derrubando pedregulhos,

Não possam se dizer mais inconstantes
Não deixam de viverem nossos sonhos,
Momentos de prazer bem mais risonhos,
Vértices abissais de dois amantes!
Publicado em: 24/11/2006 14:56:19
Última alteração:29/10/2008 12:10:12




Quero vê-la, sem pejo, sem receios,
Os braços nus, o dorso nu, os seios
Nus... toda nua, da cabeça aos pés!

Raimundo Correia


Desejo esta nudez que sem receios
Adentra no meu quarto em noite mansa.
Com túrgidos mamilos, belos seios,
Nas tramas enlouquece em cada dança.

Aos poucos percorrendo os teus veios
Prazer inigualável já se alcança,
Com força e com ternura os meus anseios
Sobre tua nudez, amor descansa.

Qual Vênus maviosa, que em Carrara
Com mármores e perlas esculpida.
Em tua beleza alva, fina e rara

Trazendo para a Terra argêntea lua,
A boca te procura, distraída,
E louca, se estremece ao ver-te nua...
Publicado em: 15/08/2007 17:07:26
Última alteração:14/10/2008 13:59:57



Desejo guardado /Nos cofres do amor

Sussurro calado / As portas abertas

incontido em sonho / rompendo os desejos

puro delírio! / num êxtase total.

Mara Pupin / Marcos Loures
Publicado em: 23/03/2007 18:57:27
Última alteração:28/10/2008 05:45:39



DÍZIMO

"Se Deus é a estrada, a quem pagamos o pedágio?"
Publicado em: 16/03/2007 22:59:38
Última alteração:28/10/2008 19:02:14


Divindade que se deu E se foi pra nunca mais,

Divindade que se deu
E se foi pra nunca mais,
Meu amor é todo teu
Sem teu corpo, perco o cais.
Publicado em: 22/10/2008 14:11:11



Diz o dito popular
Diz o dito popular
Se ajoelha, logo reza
Se comigo namorar
Meu amor nunca despreza.
Publicado em: 16/01/2010 13:45:57
Última alteração:14/03/2010 20:49:09



Dize-me com quem tu andas e dir-te-ei quem és


Arruda compara Lula a um piloto bêbado
Chamado de última hora para discursar na convenção que o PFL faz hoje para oficializar José Jorge (PE) como vice de Geraldo Alckmin (PSDB), o deputado José Roberto Arruda, candidato do PFL ao governo do Distrito Federal, chutou o balde. E comparou Lula a um piloto de avião bêbado:
- Não estamos aqui para escolher uma pessoa engraçada que faça metáforas futebolísticas e divida um copo de cerveja. O Brasil é um avião. E não gostaria de encontrar nesse avião chamado Brasil um homem companheiro de boteco.
Arruda só falou porque levou alguns correligionários para a convenção.
Uma convenção, aliás, esvaziada, que animava só quando alguém citava o nome de Arruda e do senador Paulo Octávio (PFL), vice dele.
Até agora discursaram lideranças do PFL, o prefeito do Rio, César Maia, e o governador da Bahia, Paulo Souto. Discursa agora o vice de Alckmin, José Jorge.
Alckmin falará logo depois.

Em primeiro lugar, vamos refrescar nossa memória. O José Roberto Arruda, para quem não se recorda, é aquele amiguinho bisbilhoteiro do ACM que violou o segredo do painel do senado, na votação pela cassação de Luiz Otávio.
Realmente é uma pessoa extremamente ética, um cidadão acima de qualquer suspeita.
Esse tipo de gente, que age da forma com que esse crápula agiu, duplamente “digno”, tanto na violação de segredo quanto na “fuga” com o rabo entre as pernas, deve ter autoridade moral para falar de alguém.
Quando tenta atingir a moral do presidente, o faz de maneira totalmente inescrupulosa e indigna.
Se observarmos a afirmação preconceituosa sobre o uso ou não de bebida alcoólica por uma pessoa, este debiloide tenta atingir a toda uma sociedade.
Não vou ficar aqui retrucando qualquer afirmação desse tipo de político, pois o mesmo somente está aí por uma falha da constituição e do regimento do Congresso que permite com que pessoas desse nível, fujam ao julgamento de seus pares, pela porta dos fundos, para retornarem depois, como se nada tivesse acontecido.
O Brasil, com esse piloto bêbado ou não, está em situação econômica e social muito melhor do que quando estava sob o governo dessa corja sóbria na hora de fazer as suas falcatruas, e embriagada pelo poder na hora de fazer as orgias que fizeram com o bem público.
Aliás, se não quer ser governado por esse piloto bêbado, me faça o favor de vazar fora, não só do Congresso, com as calças arriadas, pelos fundos, mas também da vida pública e, se possível, até do próprio país.
A população de Brasília e do Brasil agradeceria imensamente e, com certeza, o país não sentiria a menor falta...

posted by MARCOS LOURES at Quarta-feira, Junho 21, 2006
Publicado em: 03/11/2006 19:13:26
Última alteração:23/10/2008 14:54:43



Dívida de Amor
Quem percebe a beleza deste beijo
Nos lábios sempre sábios com que beijas
Das dádivas divinas que desejas,
As tramas que trouxestes com traquejo.

Quem sabe merecer o teu pecado
Tantos trôpegos passos mais incertos
Que nunca navegaram meus desertos
Em naves que concebes sina e fado.

Amor que se tivesses, eu daria
O mundo, mesmo assim não te bastava
O universo que em sonhos te entregava
O mar, a terra, o céu, a noite, o dia...

E Mesmo assim, querida, não seria
Bastante p’ra tão imenso amor.
Pois quanto mais te dou, sou devedor,
Se quanto mais te amar, mais te amaria!
Publicado em: 30/11/2006 15:10:49
Última alteração:29/10/2008 12:00:56



Distante do teu olhar...
Distante do teu olhar
Na busca do que não vejo
Saudades do teu desejo
Que morreu em meio ao mar.
São tantas saudades tuas
Nas volúpias com que vinhas
Nas noites nossas tão minhas
Tuas carnes, duras, nuas.

Distante do teu olhar...

Como sofro tua ausência...
Não posso mais navegar
As ondas não vão voltar?
Vou pedindo por clemência...
Quero o gosto dessa boca
Nos lábios que não esqueço.
Sem teu amor envileço,
A vida passando, pouca...

Distante de teu olhar...

Esperando tua volta
A volta do meu amor
A minha alma já se solta
Do frio faz-se o calor...

No calor do teu olhar...
Publicado em: 06/11/2008 09:43:31


Distante do torrão em que nasceu,

De pena e saudade
Papai sei que morro
Meu pobre cachorro
Quem dá de comer?
Meu Deus, meu Deus
Já outro pergunta
Mãezinha, e meu gato?
Com fome, sem trato
Mimi vai morrer
Ai, ai, ai, ai

Patativa do Assaré


Distante do torrão em que nasceu,
Vencendo as corredeiras e montanhas,
Abrindo o coração enfrenta as sanhas,
Clareia uma esperança sobre o breu.

Destino que se cumpre, teu e meu,
Partidas mais perdidas do que ganhas
Aprendendo as lições, terríveis manhas
Caminhos pedregosos; conheceu

Quem fez esta viagem da esperança,
Atrás de uma boléia, pau-de-arara
Na ausência do que em vão já procurara

O olhar novo horizonte, sempre alcança
E nele outros chicotes e senhores,
Da seca da ilusão, cultivo as flores...
Publicado em: 03/07/2008 15:40:15
Última alteração:07/10/2008 14:25:52



DIVAGAÇÕES SOBRE O TEMPO 2 COM A MAGNÍFICA PARTICIPAÇÃO DE NATHANPOETA
Tempo bom é o de criança, um mundo de fantasias
Saltita, chora e sorri enquanto se arrasta o tempo
Alegre e no embalo do tempo é natural que sorria
Aproveitando a vida no seu salutar passatempo.

O jovem é aquela criança que resolveu só sonhar
Pior é que enquanto sonhava o tempo se adiantou
Mesmo se dando conta não quis saber de acordar
Foi levando a vida e dizendo: nessa treta hábil sou.

Já maduro e equilibrado e um pouco mais consciente
Corre pra ver se alcança percebe que o tempo correu
Lamenta não ter vivido de um modo mais consequente.

Chegada então a velhice entende que o tempo voou
Cabisbaixo e pensativo com a idade no seu apogeu
Render-se-a ao destino sabendo que o tempo passou.

NATHANPOETA.


Não da pra segurar, ele é demais
Nos transportando em tal velocidade
Aos pouco maltratando a mocidade
O tempo é que nos faz todos iguais.

E feito um rio que só segue em frente
Já começa do momento em que nascemos
E assim sempre vai levando a gente
A outros planos, que desconhecemos!

Ele corre e vai feito um fugitivo
Não da pra segurar, escapa às mãos
Se Deus o fez assim, é solução.

Façamos deste veloz, um lenitivo.
Parado, só da certo mesmo poste.
Se a Terra nunca para, não se encoste.

josérobertopalácio

O tempo não tem nexo nem juízo,
Ninguém consegue mesmo segurar,
Não anda nem depressa ou devagar,
Exato; com certeza ele é preciso.

Mas quanto numa espera o tempo atrasa
Parece que é tão lento este infeliz,
Porém se estou contente e quero bis,
Parece fogaréu, imensa brasa.

O tempo não tem tempo de saber
O quanto o tempo custa pra correr
Se o tempo é contratempo é demorado

Mas sendo pouco o tempo pro prazer,
O tempo vai correndo sem se ver,
Num passatempo o tempo é apressado...
Publicado em: 16/12/2009 12:55:33
Última alteração:16/03/2010 12:17:17



DISSE-ME A NOITE...

Pinta-me...
Colore-me de abraços
Cobre-me com teus lábios
De faíscas rubras...
Desenha-me um amor
Com sentir desmedido e,
Dimensão de alma inteira...
E com a ponta dos teus dedos
Me acaricie
Com toques de infinito...


Neusi Sarda


Desenho no teu corpo em toques multicores
Caminhos em delírio, alçando o Paraíso
E quanto mais audaz, decerto mais preciso
É como se jamais eu conhecera as dores,

E sigo cada passo e vago aonde fores
Amor enlouquecendo entorpece o juízo
Nas tramas deste encanto, amada eu me matizo
E trago o coração exposto em raras flores.

Não deixe que se acabe um sonho tão suave,
Tampouco merecia o medo que se agrave
A noite sem estrela, a tarde sem um sol,

Vencer cada temor e ter em minhas mãos,
Os olhos no infinito, e levo aos solos grãos,
Tramando este jardim, tomando este arrebol...
Publicado em: 02/02/2010 17:12:51
Última alteração:14/03/2010 15:07:25



-dissimulada
dissimulada

as tuas pernas são as guardiãs
do teu tesouro por mim cobiçado
que eu quero afastar todas manhãs
pra chegar onde ele está guardado

porque, mulher, tu és tudo o que quero
na vida pra sentir que vale a pena
e pra ganhar-te, paciente, espero
enquanto tão de longe ele m'acena

não quero resistir ao seu chamado
antes eu quero nele mergulhar
e dele emergir,. feliz, cansado
pr'ainda mais faminto retornar

por que vamos negar a obsessão
se tu és quem me cusa o tesão?

zéferro, 18.dez.2009


Entrego-me aos anseios mais sacanas
Usando nossa cama como altar,
A deusa em suas teias tão profanas,
Sabendo a cada instante conquistar,

Nas loucas aventuras, noites tantas,
Mergulho nos teus seios, tuas pernas,
E entregue aos teus sorrisos, farsas, santas,
Adentro tuas tocas, belas, ternas...

E insano te desvendo, teus mistérios,
Volúpia nos tomando; cada espaço,
Descubro teus reinados, teus impérios,
Mapeio teus caminhos, traço a traço,

E os fogaréus tomando este cenário,
Um pária te penetra, temerário...
Publicado em: 18/12/2009 10:01:06
Última alteração:16/03/2010 11:31:47



Disso tudo eu já sabia


A danada da poesia,
Caprichosa e soberana
Não me larga noite e dia,
Tão vadia esta sacana...
Publicado em: 13/08/2008 20:14:47
Última alteração:19/10/2008 20:03:18




Distâncias alongadas que me tramas
Em versos e desejos mais ciganos
Que sonham dividir milhões de camas,
Com planos e armadilhas soberanos.

Amor sem ter remédio me vicia
E torna nossa vida num inferno...
De todo grande amor se propicia
Os lumes que incendeiam meu inverno...

Amor que sempre trama uma esperança
Nas horas mais difíceis, nunca falha...
Amor que persevera sempre alcança
Mesmo depois de tempos em batalha.

Portanto minha amada não mais tema,
Amar sem ter limites, o meu lema!


Marcos Loures e Marcos Coutinho Loures
Publicado em: 28/12/2006 21:36:21
Última alteração:15/10/2008 13:52:48


“Sobre uma ilha isolada
Por negros mares banhada
Vive uma sombra exilada,
De prantos lavando o chão.”

Fagundes Varella

Distante de teus braços, com saudade
Da boca mais macia que provei,
Não tenho, meu amor, felicidade
O bem que nesta vida, procurei.

Meu sonho de encontrar sinceridade
Esbarra na distância que hoje sei
Impede nosso amor em liberdade,
Na ilha deste sonho, naufraguei...

Sabendo que tu sofres, isolada
Sem nada que consiga confortar,
Aguardo esta alegria tão sonhada,

Tirando do deserto em forma de ilha
Aquela que aprendi, sem medo, amar;
No resgate da vida, a maravilha!

Publicado em: 19/03/2007 22:27:17
Última alteração:15/10/2008 19:42:30



DILÚVIOS
Dilúvios
Eflúvios
Divinos...
Serão quantos necessários?
Publicado em: 16/01/2010 10:20:36
Última alteração:14/03/2010 21:08:29


DIMITRI MEU FILHO
Depois de tantas trevas veio a luz.
Imensa e radiosa como um dia
Me dando a dimensão dessa alegria
Incrível, o seu passo me conduz!
Trazia dentro d’alma tanta dor!
Rasgada toda minha esperança...
Imerso nas tristezas, desamor.

Mostraste que na vida uma aliança
É possível se cremos no futuro
Um dia que passamos neste escuro

Floresce em alvorada mais serena
Invejo toda sua lucidez
Levando em meu caminho bela cena
Hoje sou mais feliz, amor se fez!
O filho que sonhei, minha esperança!
Publicado em: 23/11/2006 22:21:39
Última alteração:23/10/2008 16:23:52



Dimitri
Dimitri é muito levado,
Já me disse mamãe Rita
Eta moleque danado!
Mas ela nunca se irrita...
Publicado em: 11/11/2006 10:21:25
Última alteração:30/10/2008 10:46:21


DISCURSO DE ENCERRAMENTO DA PARTIPAÇÃO DE MARCOS LOURES NO RECANTO DAS LETRAS
Porquanto fosse exótico o caminho
Ainda mesmo assim eu não teria
Lembranças do que outrora em agonia
Vencera sem demora pedra e espinho.

Arcar com meus enganos de poder
Sentir o doce alento da manhã,
Realidade é tosca, torpe e vã
Por mais que a fantasia diz prazer.

Mediocridade grassa sobre a Terra
Matando o que já fora uma arte nobre
Agonizando aos poucos se descobre
A podre realidade em que se encerra.

Dos píncaros às fossas abissais
Literatura, amigo? Nunca mais!

2


Literatura, amigo; nunca mais
Sobreviveu durante tempestades
Durante a Idade Média, duras grades
Tornando-se a refém de vãos boçais.

Usando da palavra sem pensar
Inexistente; eu vejo, algum talento,
Jogada sem destino em raro vento,
A morte se percebe, devagar.

Espúrias criaturas dizem versos
Tentando com seus vômitos dizer
O que jamais conseguem entender
Descaminhos deveras tão diversos

Na pútrida manhã que sinto vir,
Uma arte totalmente sem provir...


3

Uma arte totalmente sem provir
Aonde brados, liras, trovadores
Agora se expressando em novas cores,
As bênçãos de uma Musa vêm pedir.

Porém a divindade se perdeu,
Nos bailes, besteiróis, asnices tantas
Estúpido fantasma tu levantas
Morrendo neste imenso e tosco breu.

Apedrejada; vejo a poesia.
Fatídica expressão tomando a cena.
Causando a quem se deu; imensa pena
O encanto no final putrefazia.

Num mar de incompetência, raros brilhos
Farol em negra noite traça trilhos.

4

Farol em negra noite traça trilhos,
Os quais sem ter ninguém que inda os perceba,
Por mais que a fantasia inda se beba,
Desconhecendo as armas e os gatilhos.

Não creio necessário ter cadência,
Tampouco a rima é base para tal,
Já não suporto a fala sempre igual
De quem não tem noção e competência.

A morte do poema se percebe
Nas vastas redes livres da internet
Aonde um energúmeno se mete,
Universalizando a mente plebe.

Matizes tão diversos, tanta asneira
Uma alma libertária é garimpeira.


5

Uma alma libertária é garimpeira
E traça seu destino com vigor,
Mas vendo a poesia decompor,
Aos poucos, se em juízo, já se esgueira.

A face desdenhosa da mentira
Ardendo nos meus olhos, vil quimera,
Aonde se encontrar a primavera
Se ao abissal caminho enfim se atira.

Verdugos de nós mesmo, imbecis,
Bebendo como fosse mel o esgoto
Percebo o paletó agora roto
E o que fosse banquete se desdiz.

Prazer se renovasse a alegoria?
Ainda mesmo assim eu não teria.


6

Ainda mesmo assim eu não teria
Uma esperança. O tempo não retorna,
E quando a realidade se faz morna,
Jamais se percebendo uma ardentia.

O verso se perdeu no nada ser,
Envergonhando a Musa e transformando
Em ar mais furioso o bardo brando,
No túmulo, decerto a revolver.

Espreita de tocaia, uma ignorância
Sagacidade é coisa de panaca,
E quando nesta merda, já se atraca
Lirismo se transforma em arrogância

Matando quem vencendo “liberdades”
Sobreviveu durante tempestades


7

Sobreviveu durante tempestades
A velha poesia em força tanta,
Mas quando um tumular vento agiganta
Deveras tu percebas que degrades

A sacrossanta e bela maravilha
Exposta aos mais terríveis vendavais
Servindo de repastos pra chacais,
Já não superaria esta armadilha.

A face em podridão se apresentando,
Desnuda-se o cadáver deste sonho
Reforma salvadora inda proponho,
Mas rapineiras voam, ledo bando

Agora proliferam estupores
Aonde brados, liras, trovadores...


8

Aonde brados, liras, trovadores
Cantavam e traziam seu talento,
Perdendo a direção do manso vento,
Agora do vazio, adoradores.

Palavras; expressões que vêm de uma alma
Traduzem realidade e fantasia,
Mas quando o simples nada já se cria
É necessário ter alguma calma.

Boçalidade avança soberana,
A farsa se fazendo mais freqüente,
E enquanto uma cultura já se ausente
Qualquer torpe canalha tenta e engana

Venenos tão sutis ora se beba,
Os quais sem ter ninguém que inda os perceba.

9

Os quais sem ter ninguém que inda os perceba
Navios destroçados pela vida,
A podre sensação enaltecida,
É tudo o que deveras se conceba.

Esgarçam-se os sonetos, morrem trovas
Qualquer boçalidade vira verso,
E assim ao percorrer este universo
Da imensa hipocrisia tenho as provas.

A par do quanto inútil prosseguir,
Matando este poeta que existiu
Agora uma alma insólita e sutil
Bebendo solitária, este elixir.

Reluto e tento vivas; na alma fria,
Lembranças do que outrora em agonia.

10


Lembranças do que outrora em agonia
E agora falecidos os poemas,
Antigamente vivas as algemas,
Agora por venal melancolia

A farsa se transforma no sucesso,
Medíocres imbecis matam sem dó,
Reduzem o talento ao simples pó
Em nome do que fora algum progresso.

Não posso mais lutar contra a maré,
Desisto e me isolando, sou feliz,
Fazer da poesia a meretriz
Dizendo estar rompendo uma galé

Refazem ao dizerem “liberdades”,
Durante a Idade Média, duras grades.


11


Durante a Idade Média, duras grades
Atando com correntes a verdade,
Negando totalmente a liberdade
Reflete o que deveras já degrades.

O fato de ser livre não permite
Qualquer besteira em nome da beleza,
Se poluída vejo a correnteza,
Ultrapassou há tanto meu limite.

Versar sobre o vazio e a estupidez
Negando ao próprio estilo uma existência
Traduz a mais completa incompetência
E nela a maravilha se desfez.

Aonde houvera brilhos em fulgores
Agora se expressando em novas cores.


12

Agora se expressando em novas cores
A poesia morta não tem jeito.
A falta de caráter e o despeito
Impede que se nasçam belas flores.

Mentecaptos vestidos de poetas,
Inúteis versos soltos sem sentido.
Condenam-se ao terror do ledo olvido,
Pior é que envenenam suas setas.

Cansado desta imensa babaquice,
Quem sabe faz agora ou dá no pé,
Prefiro me calar seguir na fé,
Não posso conviver com tal tolice


Ainda que eu procure e não perceba
Por mais que a fantasia inda se beba.


13


Por mais que a fantasia inda se beba
Cansado de um pileque vagabundo,
Procuro inutilmente pelo mundo,
Quem tente adivinhar e até perceba

O quão se fez herética esta história,
Em nome de um provável modernismo,
Criaram no poema um cataclismo
E ainda vêm com ares de vanglória.

Boçalidade em nome, mas de que?
Da fúria desregrada dos boçais?
Não piso neste solo nunca mais.
É tanta idiotice o que se lê.

Quem sabe caminhar, mesmo sozinho,
Vencera sem demora pedra e espinho.

14

Vencera sem demora pedra e espinho
Quem tenta descobrir toda a verdade,
Enquanto a idiotice já degrade,
Ainda restará, quem sabe um ninho.

Por mais que enfim tentasse paciência,
Ultrapassei deveras meus limites,
Não quero de imbecis torpes palpites
Já não terei deveras mais clemência.

Retiro-me dos grupos onde vejo
Somente os assassinos do poema,
E quando se versando sobre o tema,
Com mãos mais afiadas apedrejo.

A pobre poesia? Nunca mais...
Tornando-se a refém de vãos boçais.


15


Tornando-se a refém de vãos boçais
Cultura se tornou quase piada,
Caminha pela rua apedrejada
Mordida por terríveis animais.

Qualquer estúpido promete um verso
E faz desta ignomínia uma verdade,
Já não comento mais nem qualidade
Não quero ser deveras mais perverso.

Fadando-se a morrer de inanição,
Espúrias carpideiras mentirosas,
Espinhos no lugar de belas rosas,
Secando desde sempre a plantação,

Deixando a poesia sem porvir
As bênçãos de uma Musa vêm pedir?


16


As bênçãos de uma Musa vêm pedir
Quem mal conhece as tramas do poema,
Gargalha-se a infeliz ao ter na algema
Do verme que pretende algum porvir.

A liberdade existe e não condeno,
E dela faço o verso que eu quiser,
Mas quando me proponho ao que vier
Já sei que enfrentarei qualquer veneno.

E sendo melancólica esta sanha,
Não deixará sequer que ainda possa
Além da imensa e turva, podre fossa,
Poder se vislumbrar uma montanha

Caminhas entre falsos risos, brilhos
Desconhecendo as armas e os gatilhos.


17


Desconhecendo as armas e os gatilhos
Percorrem a sombria madrugada,
Nas mãos não cabem sequer enxada
Ainda vão buscar nas letras, brilhos.

Já não escapam desta vilania
Milhões e mais milhões de tolos cantos,
Vestindo os mais puídos, rotos mantos
Preparam em velório, a poesia.

Abortos de uma tal inteligência,
Esboços de figuras tão abjetas,
Se auto denominando então poetas
Não têm da maestria uma ciência

Eu pago muito caro por saber
Arcar com meus enganos de poder.


18


Arcar com meus enganos de poder
Tentar ainda ver se ela respira
Envolta por falácias, na mentira
A pobre não irá sobreviver.

Facínoras e estúpidos se vestem
E sonham com os bardos que não são,
Propagam a total escuridão
E nelas, pobres seres, sempre investem.

Non sense, liberdade, modernismo...
É tudo uma mentira deslavada,
Em nome desta imagem depravada
Gerando na cultura um cataclismo

A corja se propaga sem parar,
Usando da palavra sem pensar.

19


Usando da palavra sem pensar
Não vejo poesia em nada disso,
Se às vezes piso em solo movediço,
Pretendo vez em quando flutuar;

Barbárie se espalhando na cultura,
Nefastos caminheiros do vazio.
Secando toda fonte, matam rio,
Assim perto do fim, literatura.

Os erros cometidos tão absurdos,
E ainda vejo esta horda a proferir
Qual fosse uma verdade, um elixir,
Besteiras que nos tornam quase surdos.

Talvez o que ande errado aqui sou eu
Porém a divindade se perdeu.


20


Porém a divindade se perdeu
Deixando no lugar o primitivo,
Pior é quando vejo em ar altivo
Boçal querer entrar num Ateneu.

O joio destruindo todo o trigo,
Contagiosa eu sei tanta burrice,
O quanto de poesia se desdisse,
Eu tento compreender, mas não consigo.

Ao vento se jogando qualquer merda,
Cobrança com certeza o tempo traz.
Confundem heresia com audaz
E arrancam da pantera toda cerda.

Ainda tenho enfim uma clemência:
Não creio necessário ter cadência.



21


Não creio necessário ter cadência,
Porém algum talento: imprescindível
Mantendo pelo menos qualquer nível
Diverso da terrível decadência.

Somando o que não é com o jamais
Assim se faz qualquer vaga besteira,
Depois vou desfraldar uma bandeira
Em defesa dos lobos e chacais.

O resto do que resto já se fez
Mergulha nos grupelhos mais audazes,
E neles percebendo mesmas fazes,
Em fezes se propaga estupidez

A poesia permite em manso afã
Sentir o doce alento da manhã.


22


Sentir o doce alento da manhã
E crer ser tão sensível que inda possa,
Usando um linguajar que cheira à fossa
Declamar “poesia” é coisa vã.

As editoras gostam dos palhaços,
E vivem nestas tais antologias
Vendendo quaisquer merdas, porcarias
Abrindo ao imbecil enormes braços.

E o tolo endinheirado, vendo as cenas
Empolga-se com tal facilidade,
Querendo com soberba eternidade
Seu bolso com certeza é seu mecenas

Por mais que na vida eu siga atento
Inexistente; eu vejo algum talento.


23

Inexistente; eu vejo algum talento
Apenas a total hipocrisia
Anunciada em cada livraria,
Para um público estúpido e sedento.

Os erros se acumulam no presente,
Quem faz sucesso é mago ou prostituta,
Indústria da leitura é muito astuta
Sabendo que a beleza estando ausente

Só pensa no dinheiro arrecadado,
No meio desta amarga realidade
Eu sei, repito sempre esta verdade
Sou eu, e não duvido, este culpado

As putas poesias bancam santas
Nos bailes, besteiróis, asnices tantas.

24

Nos bailes, besteiróis, asnices tantas
Repetem cataclismos do passado,
Ao fogo deveria ser lançado
A turba de terríveis sacripantas.

Macabra realidade ora se expõe
No quadro desairoso da cultura,
Lanterna de Diógenes procura,
Os olhos no vazio; ainda põe.

Brincando de poeta, qualquer ser
Parece um arremedo de palhaço.
E quanto mais buscando, o meu cansaço
Traduz esta verdade em desprazer.

Não falo do escrever tradicional
Tampouco a rima é base para tal.


25


Tampouco a rima é base para tal,
Apenas qualidade e nada mais,
No meio destes textos infernais,
Ao menos um talvez me traga o sal.

Insossa poesia se agoniza
A culpa é de quem acha que é poeta,
Não sabe sem sequer nem alfa ou beta
E do vazio ou nada nos avisa.

Não quero rimas ricas nem tampouco
Escrevo com a verve de um maestro,

Sem ter sequer à vista um amanhã
Porém se pouco a pouco assim me adestro,
Não vou ficar aqui berrando louco
Realidade é tosca, torpe e vã.


26


Realidade é tosca, torpe e vã,
Mas quando a fantasia se empobrece
Nem mesmo que se faça alguma prece,
Imagem que se forma, então, malsã.

Cadáver do que fora poesia
Esboça-se nos sites, nas conversas,
E quando mais estúpido tu versas
Maior o teu sucesso, uma alegria.

Eu tenho mesmo é pena dos antigos
Que tanto em vão lutaram por beleza,
Após o cataclismo uma incerteza
Aos sonhadores restam desabrigos

E a pobre poesia sem alento
Jogada sem destino em raro vento.


27


Jogada sem destino em raro vento
Nem brisa movimenta este marasmo,
Não falo com temor nem com sarcasmo,
Apenas libertando o pensamento.

Às traças versos morrem exauridos
Cansados de lutar contra a maré,
No cérebro de muitos o chulé
Qual fosse bons franceses bem urdidos

Bastando saber mal e porcamente
Ler e juntar palavras em anelos
Mesmo que díspares e nunca belos
Poesia nasceu “naturalmente”

Tirando da beleza suas mantas
Estúpido fantasma tu levantas.


28

Estúpido fantasma tu levantas
Em nome de ser livre, o passarinho,
Cantando igual pardal, segue sozinho
Ou mesmo não seduzes; só me espantas.

Bacana a liberdade do escrever,
Julgar com parcimônia este momento,
Às vezes entender eu juto, tento,
Tem hora que é melhor nem saber ler.

Vicissitudes são tão corriqueiras,
Engodos qualquer um, eu sei comete,
Mas quando a mesma asneira se repete
É hora de baixar minhas bandeiras.

Perdoe se não sou tosco e boçal:
Já não suporto a fala sempre igual.


29



Já não suporto a fala sempre igual.
Por mais que a fantasia diz prazer
Percebo com terror o apodrecer
Gerado pela incúria que é geral.

Sombria realidade me apavora,
Não falo do soneto, nem da trova.
O verso quando livre se comprova
Beleza que também já nos decora.

Eu falo é da total boçalidade
Sem nexo, sem vigor, merdice pura.
Não tendo quem tal joça ainda atura
Depois elogiar! Isso é maldade...

“Percebo com terror o apodrecer
Por mais que a fantasia diz prazer.”


30

Por mais que a fantasia diz prazer
Não vale quando uma alma se apequena,
A falta de talento que envenena
Permite tão somente o nada ser.

E vem depois alguém falar de versos?
Defunto que fedendo não merece,
Sequer pra quem restou alguma prece,
Se em merda tão somente vão imersos.

Lavando com terrível creolina
A mente de um menino, de um petiz,
Depois que bela cena se prediz,
“Quem sabe faz, se não: somente ensina”;

E nesta procissão já tumular
A morte se percebe, devagar.


31

A morte se percebe, devagar
Uma arte moribunda e mesmo chata,
Qualquer palhaço agora se arrebata
E tenta a poesia violentar.

Escuto a mesma velha ladainha:
É tudo permitido, sim senhor.
Então, meu companheiro, faz favor
E vê se noutra cova já se aninha.

Num beco sem saída, é fim de papo,
Não tendo palacete nem castelo,
Qualquer mancebo torto fica belo,
Palácio sendo feito de sopapo.

E a pobre poesia se escondeu
Morrendo neste imenso e tosco breu.

32

Morrendo neste imenso e tosco breu
A verve com vergonha veste luto
Sujeito sem juízo ou mesmo astuto,
Vendendo o que deveras já comeu.

Assim num ciclo parco, o mundo segue,
Regando o seu jardim com água suja,
Desenha com “talento” a garatuja
Gravando algum disquinho, voz de jegue.

Cansado de jogar jóia a suíno,
Eu tiro o time inteiro deste campo,
E noutra freguesia então me acampo,
Se for preciso calo e me domino.

Só não vou suportar a convivência
De quem não tem noção e competência.

33


De quem não tem noção e competência
Porém com uma cara assim de pau,
O verso se fazendo tão banal,
Não merece sequer nem mais clemência.

A porta da esperança está trancada
A chave? Capetão já escondeu
Se até o Belzebu não era ateu
Melhor caminho, amigo, a debandada.

Quem fala desta bosta e ainda goza
Prazer de se dizer um menestrel,
A conta pra ser paga é lá no Céu
Mentira com soberba é perigosa.

Enquanto uma cultura já se enterra
Mediocridade grassa sobre a Terra.


34


Mediocridade grassa sobre a Terra
Jamais eu poderia imaginar,
Quem tanto se perdeu com o luar
Beber do besteirol que a vida encerra.

Eu sinto pelos bardos, podres seres,
Que antanho imaginaram belos dias,
E agora em funerais, as poesias
Perderam seus encantos e poderes.

Jogada pelos cantos, sem descanso,
O rumo da infeliz, uma sarjeta,
E sei que talvez haja algum comenta,
Porém, eis a verdade: não alcanço.

Pululam tantos vermes, mas diversos,
Espúrias criaturas dizem versos

35


Espúrias criaturas dizem versos
Qualquer analfabeto sem talento
Soltando alguma merda pelo vento
Tentando poluir os universos.

Mesquinharia pura ou arrogância,
No fundo sem saber o que inda dizem,
Nas ondas e nos grupos já deslizem
Causando pra quem sabe uma forte ânsia.

O vômito bem sei já não demora,
Comida requentada não faz bem,
Se ainda algum tempero ela contém,
Uma alma tão sedenta inda devora

Pior do que uma Bíblica Maria.
Apedrejada; vejo a poesia.

36


Apedrejada; vejo a poesia
Qual fora uma vadia pelas ruas,
E quando em desvario tu flutuas
Provocas com palavras heresia.

Na fúnebre paisagem que ora vejo,
Um fato me chamou toda a atenção
Qualquer ser se venal ou brincalhão
Matando com vontade o seu desejo,

Entrando num grupelho de outros tantos
Iguais formando até academias
E nelas tais tolices que ora urdias
Derramam nos boçais “doces encantos”.

Enquanto do vazio ele se embebe
A morte do poema se percebe.

37

A morte do poema se percebe
Enquanto tão vorazes rapineiras
Estendem suas garras mais certeiras
E invadem destruindo qualquer sebe.

Outrora havia ao menos o pudor
De crer que nada vale sem talento,
Agora a qualquer verso me atormento,
E vejo repetido este estupor.

Estupram uma Musa em virulência
E matam a suprema inspiração,
Depois se não houver mais floração,
Só restará então a flatulência.

Enquanto uma editora venda e cobre
Matando o que já fora uma arte nobre

38

Matando o que já fora uma arte nobre
Canalha se disfarça em gente boa,
E quando a poesia em vão arpoa
Destroça só pra ver se inda descobre

As tramas pelas quais ele se enreda,
E mesmo quando expondo sua tripa,
A corja não sossega e tudo estripa
Fumaça se demais, o olhar já veda.

Cadenciando a vida desse jeito,
Pensara ser possível um convívio
Morrer vai prometendo algum alívio
Melhor do que lutar, inútil pleito,

Não vou ficar aqui para entender
Tentando com seus vômitos dizer.

39


Tentando com seus vômitos dizer
Alguma coisa mesmo inteligível,
A letra com certeza intraduzível,
Em tanto descaminho se perder...

Jogando esta palavra sempre ao vento,
Alguém escuta e pensa ser bacana
A cara do babaca que te engana
Explode num total contentamento.

Camões ressuscitando nestes dias,
Jamais faria aqui qualquer sucesso,
Segredo para ter algum progresso
É descrever sem fé mil porcarias.

Invés da lua bela, rara e plena
Fatídica expressão tomando a cena.


40


Fatídica expressão tomando a cena
Não deixa qualquer sombra da verdade,
Enquanto o dia a dia nos degrade,
Rasgando este papel, a bruta pena.

Vivemos num momento mesmo incrível
Tecnologia dita o dia a dia,
E assim também destroça a poesia
Gerando cada monstro mais terrível.

Comprou computador, além do Orkut
Fuçando noutros sites o imbecil,
Depressa sem demora logo viu
Local onde o medíocre já se embute

E o débil a poeta então se mete
Nas vastas redes livres da internet.



41


Nas vastas redes livres da internet.
Qualquer bobagem ganha outro sentido,
Defesa do imbecil é “ter sentido”
Aquilo que rabisca e que comete.

Jargões tão costumeiros. Preconceito?
Não posso me furtar aos comentários
Se vejo tão somente estes corsários
Achando que o tesouro é seu direito.

Bancando algum santinho, vez em quando
Eu elogio até papel imundo,
Mas quando na verdade me aprofundo,
Eu creio fielmente, estou pecando.

Agora o que se fez deveras pobre
Agonizando aos poucos se descobre.


42

Agonizando aos poucos se descobre
A face caricata do farsante,
Por mais que venda como um diamante
A poesia é feita em merda ou cobre.

Chacota de quem sabe ou mesmo entende,
A sórdida figura se apresenta,
E tendo em suas mãos tosca pimenta
Qual fora um raro doce logo vende.

Bebendo esta cachaça de terceira,
Uísque paraguaio, com certeza,
Assim ao se mostrar em tal grandeza
Disseminando sempre uma besteira.

Última vez que tento enfim dizer
O que jamais conseguem entender.

43


O que jamais conseguem entender
Não vou ficar aqui me repetindo,
Por mais que o saco seja sempre infindo,
Deveras começando ora a se encher.

Falando em causa própria? Nada disso.
Não sou poeta e nunca hoje seria,
É como entrar deveras numa fria,
Uma coisa que sei e não cobiço.

Nem vou bancar o crítico tampouco,
Somente sou leitor e o que me dói
É ver que cada traça mais corrói
O que já percebi ser muito pouco

A dita poesia se envenena
Causando a quem se deu; imensa pena


44

Causando a quem se deu; imensa pena
A Poesia, uma arte milenar
Percebe o seu castelo se acabar
Enquanto uma ignorância vem e acena.

Um bico na canela é o que merece
Quem tem cara de pau para escrever
Em nome desta deusa que ao morrer
Ao Zeus fez derradeira e triste prece.

Do Olimpo mergulhou num ledo inferno,
Capeta sacudindo a sua ossada,
Da bela já não sobra quase nada,
Entrando num eterno e duro inverno

História no final já se complete:
Aonde um energúmeno se mete.

45

Aonde um energúmeno se mete
Não pode nascer coisa diferente,
Não tendo mais quem isso, amigo agüente
Não enfrento fuzil com canivete.

A porta escancarada qual boceta
Da pobre da Pandora no Passado,
Nem mesmo uma esperança dita o Fado,
Quebrando com “ternura” uma caneta.

Parece que um mamute anda escrevendo
São tantas heresias que ora leio,
O saco na verdade estando cheio,
Não acrescento mais sequer adendo.

E assim do abismo ao ver distante a serra
A podre realidade em que se encerra.

46


A podre realidade em que se encerra
Cultura mundial em fim de Império,
Ao ver que sem juízo e nem critério
Poema moribundo já se enterra.

O quadro se aproxima em tempestade,
E aonde encontrarei qualquer abrigo
Se eu mesmo me livrar nunca consigo
De boçalidade que me invade.

Outrora com soberba e tanta gala,
A poesia em festas e saraus,
Subia mais enfática os degraus
Tomando com beleza toda sala,

Agora na privada vejo os versos:
Descaminhos deveras tão diversos.

47

Descaminhos deveras tão diversos
Levando ao triste fim de uma arte bela
E quando esta verdade se revela,
Culpados pelo mundo estão dispersos.

Aqui ou lá surgia algum panaca
Que sem saber pegar uvas maduras,
Amadurecem verdes e as procuras
Encerra e desta forma o mundo empaca.

Visceralmente contra a idiotice
Metida a sabichona, velha grife
Trazendo à poesia algum esquife
Patifaria é tudo o que se disse.

Bebendo esta impossível fantasia
O encanto no final putrefazia.

48


O encanto no final putrefazia
Deixando na carcaça a fedentina,
A Musa se transforma em cafetina
E a pobre poesia em putaria.

Jogada pelos cantos do bordel,
Vendida pra qualquer sujeito otário
Com paladar escroto e mesmo vário,
Aluga um pedacinho lá no céu.

Depois vem com a cara de imbecil,
Dizendo babaquices como fosse
Momento especial, sonoro e doce,
Na Academia é tudo o que se viu.

Diploma de escritor, besta recebe
Universalizando a mente plebe.

49


Universalizando a mente plebe
Depois de ter um auge esplendoroso,
Motivo de piada este jocoso
Caminho que a verdade hoje concebe.

Se sabe ou mal conhece uma palavra,
Na enxada feita em tinta ou no teclado,
Um imbecil urbano um aloprado,
Na roça sem saber de nada, lavra.

Colheita? Com certeza é maravilha,
Pensando numa pérola marinha,
São poucas Coralinas gente minha,
O resto por buracos toscos trilha.

E a leda poesia neste cais
Dos píncaros às fossas abissais.


50


Dos píncaros às fossas abissais
História do que fora outrora belo,
Sem ter sequer palhoça quer castelo
As trovas entre trevas? É demais...

Meu cérebro não é assim miúdo
Se eu falo não defendo alguma métrica,
Porém a coisa andando assim tão tétrica,
O que falta deveras: conteúdo...

Juntando tudo nesta mesma cesta,
A fedentina é sempre de amargar,
Por isso, meu amigo vou parar,
Não vou ficar aqui bancando o besta

Não bebo desta bosta de elixir
Na pútrida manhã que sinto vir.

51

Na pútrida manhã que sinto vir
Não vou deixar a bunda sempre exposta,
Tem gente que em verdade disto gosta,
Mas paga muito caro no porvir.

Cansei de tentar ser um menestrel,
Cantar as minhas mágoas, dores, sonhos,
Agora que percebo quão bisonhos
Os passos que sonegam claro céu,

Mergulho no ostracismo e me garanto
Bem mais tranqüilo; é bom pro coração,
Ainda bem jamais fiz profissão
Da pobre fantasia do meu canto.

Porém diviso ao longe, poucos trilhos
Num mar de incompetência, raros brilhos.

52

Num mar de incompetência, raros brilhos
Assim já se perfaz a poesia,
Outrora tão sublime e hoje vadia
Enfrenta com certeza os empecilhos.

Mas quando se mostrasse mais audaz,
Talvez ainda houvesse alguma chance,
Distante do que ainda em vida alcance
Só quero é que ao morrer encontre a paz.

Vivi lutando muito pela dita
E bela liberdade de expressão,
Porém do que eu queria, tudo em vão,
Apenas percebendo esta desdita

Puindo com terror minha bandeira,
Matizes tão diversos, tanta asneira.


53

Matizes tão diversos, tanta asneira
Já não consigo ver sem ter enjôos
Os pássaros dos sonhos, seus revôos
Jogados pelo chão, triste lixeira.

Apaziguando assim o velho peito
Que tanto imaginara ser melhor
O mundo e discursava até de cor
Fazendo com vigor supremo pleito

Ao ver a derrocada do seu sonho,
Bancando algum babaca ou mesmo chato,
A porra do escrever ora arremato
Com estes meus sonetos que componho

Berrando das janelas, meu umbrais
Literatura, amigo? Nunca mais!


54

Literatura, amigo? Nunca mais!
Cansei de ficar dando milho aos pombos
Depois de tantas quedas, cortes, tombos,
Servindo de repastos pra chacais

Tomei vergonha nesta minha fuça,
Melhor ficar jogando carteado,
Aí quando não roubo, sou roubado
Malícia desta forma já se aguça.

Pacato cidadão, envelhecido,
Chegando nos cinqüenta. É bom parar,
Melhor do que ficar exposto ao ar
E ser legado mesmo ao nada, olvido.

Só posso lamentar por existir
Uma arte totalmente sem provir...


55


Uma arte totalmente sem provir
A poesia morre e se desmancha,
Melhor surfar amigo, dê-me a prancha
Assim encontro um bálsamo, elixir

Que possa me manter bem mais ativo,
A bunda na cadeira deu escara,
Verdade mais venal já se escancara,
E nessa confusão não sobrevivo.

Espero que inda surja alguém no meio
Da imensa escuridão que agora vejo,
Sinceramente é todo o meu desejo,
Mas dessa luta, agora estou alheio.

Lunático cantor em fortes brilhos
Farol em negra noite traça trilhos.

56


Farol em negra noite traça trilhos,
E espero que isto surja em algum dia,
Salvado a moribunda poesia,
Cansado destes mesmos estribilhos.

Encerro com um pouco de esperança
A minha desventura no soneto,
Enquanto no vazio me arremeto,
O olhar de algum lunático se lança

E trace desta merda que hoje, esterco
A flor que possa dar razão à vida,
Já não tenho saúde, pois perdida,
Então só de fantasmas eu me cerco

Deixando esta mensagem derradeira:
Uma alma libertária é garimpeira.
Publicado em: 14/03/2010 16:09:25
Última alteração:14/03/2010 20:10:01


Dispara o Coração

Rubor, suor, tremor,
Dispara o coração
Amor...
Vagando pelo tempo
Em busca do perdão
Eu vou.
Esqueço o que passei
Jamais procuro o não,
Eu sou.
Eu quero o teu desejo
Viver sem solidão,
Estou.
Querendo que me queiras
Amar é solução.
Me dou...

Vago nosso amor
Cada novo canto
Desejo e rubor
Meu maior encanto
Sinto se suor
Tiro todo o manto
Nas mãos o tremor
Esse amor é tanto
Quero nosso amor,
Que é profano e santo.

Na tarde que não vinha
Amor que procurei
Essa saudade é minha
Amando eu já te achei...

Amor trama perfume
Em rosas mais eternas
Amor queima em ciúme
Nas nossas mãos tão ternas
Não faço meu queixume
Nos olhos quando invernas
Amor é nosso lume
Nos guia qual lanternas...

Por isso meu amor
Eu quero teu prazer
Viver nesse calor,
No seu calor viver.
Mesmo que venha a dor
A dor não vai doer.
Eu quero mansa flor
A flor que vou colher
A flor que estava aqui
Amor qual colibri
Beijou apaixonado
A rosa tão vaidosa
O canto mais amado
O beijo desta rosa...

Parceria com RF
Publicado em: 27/12/2006 14:34:57
Última alteração:28/10/2008 19:07:57


Disparando o meu cavalo,
Disparando o meu cavalo,
Sem destino, vai ao léu,
De manhã não canta o galo
Tempestade no meu céu...
Publicado em: 12/08/2008 13:56:47
Última alteração:19/10/2008 19:51:02




Quando você partiu, eu bem sabia que nada acontecera, de repente... Quem ama vê, nos olhos, lentamente, o amor ir fenecendo, dia a dia.

-Que fazer?..implorar, como um demente
ou fingir suportar, com alegria,
esta separação? Eu não podia
saber que, a um grande amor, também se mente!

Em nome deste amor que, em mim, persiste, faço-lhe um último pedido,. agora:
-Se acaso, alguém disser que eu ando triste,
por ter perdido o amor. que me devasta, responda, por favor, qu'inda me adora! -Que eu viva de ilusões... Isto me basta!

Marcos Coutinho Loures
Publicado em: 06/03/2007 22:00:31
Última alteração:23/10/2008 20:11:49




Digo adeus e vou embora
Digo adeus e vou embora
Não retorno nunca mais,
Sem ter porto o barco ancora
Noutros braços, noutro cais...
Publicado em: 19/01/2009 17:46:34
Última alteração:06/03/2009 07:16:20



Digo buenas, senhorita


Digo buenas, senhorita
Te convido pra dançar
Neste teu laço de fita
Coração se fez amar...
Publicado em: 04/03/2008 22:31:41
Última alteração:22/10/2008 15:13:18



Dias
Dias


Têm dias assim,
cinzentos ...

Que são
pura
melancolia ...
(ivi)

O cinza da fumaça
Em meus olhos
Traduzem
As chaminés que geram
Esperanças em outrem.

Círculo vicioso
De dor e alegria
Senzala e liberdade
Igreja e Cristo.
Antíteses que se encontram
Vez por outra...
Publicado em: 12/03/2008 22:29:29
Última alteração:22/10/2008 14:33:35



Brumas
Nevoeiros
Noites solitárias...
Vago inutilmente
Por meus escombros
Minha alma agrisalhada
Reflete nos espelhos.

Partiu e não voltou
Voltando a todo instante
Somente esta lembrança
Num azedume interminável...
Publicado em: 13/03/2008 20:43:23
Última alteração:22/10/2008 14:34:16


DIETA HIPERPROTEICA /

Tu gostas quando gozo em tua boca
E ri por demais, têm-se um frisson
Parece embriagada - meio louca
Não tens constrangimentos - isso é bom.

A tua gruta quente e apertada
O remelexo todo o rebolado
Me enlouquece sim minha tarada
Adoras me deixar todo esgotado...

E dizes, sem segredos, neste instante
Que assim eu mato a fome e te sacio.
Tu falas de prazer e me garante
Que o leite te protege contra o frio.

Enquanto te alimenta, te alucina,
Salgando tua boca em proteína...

GONÇALVES REIS
MVML
Publicado em: 23/08/2007 21:29:02
Última alteração:29/10/2008 20:51:32



A vizinha dá um beliscão no filho da amiga e esta pergunta o motivo:

- Porque você bateu no meu filho?

- É que ele me chamou de gorducha!

- E você, batendo nele, acha que vai emagrecer quantos quilos?

Compilação de Marcos Coutinho Loures

Publicado em: 04/04/2007 19:58:49
Última alteração:29/10/2008 18:06:39



DOUTORES...
Em matéria de gentileza, muitos podem se igualar a Dr. Waldiney, mas ninguém o suplanta.

Foi com este espírito que, há dias, ao saber que havíamos sido internado, em conseqüência de uma isquemia cerebral, ele nos procurou por não ter ido nos visitar na Casa de Saúde Santa Lucia.

Como não podia deixar de ser, ele discorreu sobre as causas e tipos de isquemias cerebrais, dando ênfase a fatores hereditários e alimentares, afirmando ser a doença menos comum em herbívoros.

Ao fim da conversa, ele se colocou à disposição para qualquer consulta, a respeito do assunto.

Como, de graça até injeção na tesa, aproveitei a oportunidade para saber do Doutor quais seriam os sinais de reversão do quando, isto é, do início da cura da isquemia e ele, atenciosamente, me respondeu:


- um dos sinais mais expressivos é o seguinte: quando passar por você uma bela potranca e você começar a saudá-la com rinchos e relinchos é sinal de que a atividade cerebral está voltando à normalidade.

Aquela observação me causou estranheza, mas tudo se aclarou quando me lembrei que o DR. Waldiney é veterinário e deve ter feito confusão entre mim e um de seus clientes...

MARCOS COUTINHO LOURES


DOS TEMPOS DA ARENA E DO MDB
Nos tempos da ditadura, como todos nós sabemos, havia somente dois partidos políticos no Brasil, mas, por uma desses casuísmos inerentes aos períodos de exceção, havia a divisão dos partidos em “famigeradas” sublegendas, o que permitia, em Muriaé, que a antiga UDN e o antigo PSD andassem lado a lado numa mesma ARENA governistas.

Alguns poucos corajosos, se reuniam no MDB e faziam tripla oposição; aos Governos Federal, Municipal e Estadual, todos unidos sob a égide da cruel ditadura militar que vivíamos.

Em Muriaé, havia uma professora de Português muito querida por todos, de temperamento explosivo e famosa por suas atitudes corajosas e, muitas vezes, intempestivas.

Pois bem, numa eleição para prefeito e vereadores, lá pela década de 70, a nossa amada mestra, resolveu se candidatar.

Como só poderia ser, optou pelo MDB, o que diminuía bastante suas chances de se eleger, mas, mantinha a coerência de uma lutadora.

Tínhamos nesta mestra, além de um excelente caráter, uma purista do idioma, reagindo com indignação a qualquer erro crasso que ocorresse.

Cabo eleitoral de cidade pequena, normalmente, não tem ideologia. A sua principal função, a de arregimentar eleitores, normalmente é recompensada a peso de ouro.

Luisinho Pereba era um dos mais requisitados de Muriaé, tinha dívidas para com o pai de nossa heroína, fruto de casos passados ligados à compra e venda de gado.

Nessa eleição, portanto, não adiantava nem a Arena 1 nem a Arena 2 tentarem contratar Luis, este estava irremediavelmente ligado à nossa candidata.

Estava, mas não ficou...

Não é por causa de “compra” ou aliciamento, como vocês podem pensar não. Luis era incorruptível.

O problema foi a maldita mania de perfeição de nossa mestra com relação ao idioma.

Num comício, para melhor localizarmos, no MAIOR comício preparado pelo MDB, ansioso com a provável votação recorde de sua candidata e a possibilidade de eleger um vereador, fato raro naqueles tempos bicudos, a professora fez um dos mais belos e corajosos discursos.

Ao falar da desigualdade, da opressão, da falta de liberdade de expressão, nossa heroína se emocionara às lágrimas.

Empolgado, Luis, mesmo sem entender muito que a mestra dissera, resolveu tomar o microfone e defender, com unhas e dentes a sua candidata.

Num momento de emoção incontida saiu-se com essa:

-Votem em M..., ela é a MULHER IDEAL PRA “CAMA” DOS VEREADORES DE MURIAÉ!

A professora, ao ouvir tal disparate, não conseguiu se conter:

- Ideal PRA CAMA DOS VEREADORES É A SUA MÃE, SEU IMBECIL!

Surpreso com a reação da professora e sem entender muito bem o porquê, Luis se levantou e retirou-se do palanque. Do palanque e da campanha!

Claro que a nossa mestra não se elegeu, mas pelo menos a sua honra e a da “flor do Lácio” foram respeitadas!

Publicado em: 27/08/2006 06:06:04
Última alteração:26/10/2008 22:37:49



Dos meus olhos porejando
Dos meus olhos porejando
Tantas águas, são salgadas.
Meu amor foi se acabando
Nestas frias madrugadas.
Publicado em: 12/08/2008 13:51:34
Última alteração:19/10/2008 19:50:20



Dos meus versos fiz adaga
Dos meus versos fiz adaga
Que penetra e corta fundo,
A tristeza já me afaga,
Coração tão vagabundo...
Publicado em: 13/08/2008 18:52:49
Última alteração:19/10/2008 19:59:08



DOS PECADOS DE JUDAS E DE MADALENA


Por indicação de Geraldo Alckmin, o advogado Miguel Reale Jr., ex-ministro da Justiça na gestão de Fernando Henrique Cardoso, vai integrar o comitê tripartite que cuidará das finanças da campanha presidencial do PSDB. Os outros dois nomes podem ser indicados pelo PFL.


Lembram-se da homenagem feita na OAB ao, no mínimo escroque caseiro?
Pois é, o homenageante era esse camarada que agora demonstra por que fez aquele ato, no mínimo antiético.
Uma homenagem ao traidor, ao dedo duro, ao fofoqueiro que, sem apresentar provas não fez denúncias relacionadas à corrupção, que não foi comprovada e nem relacionadas ao que se pode afirmar como improbidade administrativa o que também não foi confirmado.
Fez simplesmente uma fofoca, dizendo ter visto o ex-ministro em festas onde haveria prostitutas.
Quem homenageia esse tipo de gente consegue ser, moralmente e eticamente mais frágil do que o fofoqueiro.
Nada contra as denúncias que possam vir acompanhadas de provas ou mesmo de suspeitas sobre atos que lesem o povo brasileiro.
Mas não podemos nos tornar reféns de pessoas que, em busca de fama ou de dinheiro, ferindo a ética social, mercê de suas atividades, venham a público “denunciar” fatos de foro pessoal de outrem.
Não quero admitir que isso seja perdoável, quanto mais louvável.
Os donos e donas de bordéis ou prostíbulos têm uma noção de moral e de ética bem superior a quem age desta forma.
As camas e saunas dos motéis de todo o mundo guardam segredos que não podem e não devem sair deles.
As traições do dia a dia não podem ser louváveis, mas a utilização destas como armas política é INDECENTE, muito pior do que o próprio adultério.
O PECADO DE JUDAS É MUITO MAIS GRAVE DO QUE O DE MADALENA, OU ALGUÉM DUVIDA DISSO?
Não estou discutindo se o caseiro recebeu ou não dinheiro de quem quer que seja; afirmo que suas atitudes foram hipócritas e canalhas.
E se isso foi louvado, quem louvou não merece melhores adjetivos.
Quem de nós não cometeu pequenos pecados que, no íntimo, nos envergonhamos e que tentamos manter sob o sigilo, socialmente aceito e necessariamente aceito; posto que podem, inutilmente, gerar crises existenciais e desestabilizar a própria família tão citada pelos “moralistas”?
Ah se meu fusca falasse!
O que pode-se dizer de alguém que age desta forma?
E quem aplaude isso?
Vejamos que, a CPI dos Bingos termina sem nenhuma PROVA contundente da participação de Palocci em nenhum ato lesivo ao país.
Contudo, a crise econômica que poderia ser desencadeada com esta palhaçada toda, seria extremamente lesiva ao povo mais pobre e humilde.
As atitudes irresponsáveis de quem “denunciou” as possíveis trepanagens do ministro e de quem as aplaudiu como ato de heroísmo mostra do que será capaz essa turma no poder.
Desfio a quem quer que seja que me mostre alguma prova contra Palocci que envolva dinheiro público, a não ser que dinheiro público tenha sido gasto para financiar o caseiro.
Um dos melhores presidentes americanos há pouco tempo, quase caiu por causa de um felatio.
Palocci caiu, por uma denúncia feita sem comprovação, por atos sem comprovação, e sob aplausos de quem comprovadamente permitiu as lambanças feitas com dinheiro público no Espírito Santo, à época de José Inácio e Gratz. Sob os auspícios de FHC. Quem não se lembra?

posted by MARCOS LOURES at Quarta-feira, Junho 14, 2006
Publicado em: 03/11/2006 18:56:41
Última alteração:17/12/2006 13:11:34


DOS POBREMAS QUE ADAPITO

O Português é um idioma muito complicado e traz algumas armadilhas que são extremamente freqüentes e até aceitáveis, tanto que uso a linguajem coloquial e dialética em muitas coisas que escrevo.
Mas, no dia a dia, temos que tomar muito cuidado com as palavras.
Principalmente de acordo com a função social que exercemos.
Conheci um professor de português que não conseguia falar PROBLEMA, sendo inevitável o POBREMA, embora escrevesse corretamente.
Da mesma forma, conheci um outro que pela dificuldade de falar com o p mudo e, mantendo o paroxítono falava invariavelmente os opito, adapito, rapito etc...
Um dia, estava o mestre numa reunião informal com seus alunos, após uma prova que tinha sido extremamente difícil.
Daniela era uma das meninas mais bonitas da turma e por isso, mas não tão somente por isso, era uma das mais assediadas por todos, inclusive pelo mestre, meio solteirão, mas de passado conhecido como namorador e com relativo sucesso com a mulherada, entre alunas e professoras.
Entre as críticas feitas e as respostas competentemente dadas, bem no instante que Daniela estava se aproximando, o nosso Mestre, ao ser perguntado sobre como ele tinha visto o aproveitamento da turma saiu-se com essa:
-Eu capito que tenha sido bom...
Daniela, ouvindo tal resposta e sem estar inteiramente inteirada sobre o assunto, responde de bate pronto:
- É verdade professor, o CAPITO de ontem da novela das oito foi muito bom mesmo!
Publicado em: 27/08/2006 06:09:19
Última alteração:26/10/2008 22:46:32



DOS PERFUMES DA ALMA Marcos Coutinho Loures

Uma das lembranças que tenho de meu pai é do apego que ele tinha pelas flores. Os espaços mais nobres do imenso quintal de nossa casa eram ocupados pelas mais diferentes espécies de roas, dálias, lírios, zínias, palmas, copos-de-leite, margaridas e outras, compondo um imenso jardim.

Todos os sábados, pela manhã, lá estava em nossa casa o sacristão da Igreja Matriz, recolhendo braçadas de flores para enfeitar o Altar do Senhor.

Naquele sábado em que meu pai desceu ao túmulo, o longo dia foi uma interminável sucessão de lamentos, até que a noite chuvosa se abateu sobre nossa dor e nosso cansaço...

Inúmeros parentes, vindos de muito longe, buscavam melhor acomodação, espalhados pelos quartos, salas e corredores de nossa casa.

Já era madrugada quando uma das minhas irmãs se levantou, queixando-se de forte dor de cabeça, provocada pelo perfume dos lírios que atravessava as venezianas e invadia o ambiente.

Uma a uma, as pessoas foram acordando e pudemos sentir, em plenitude, aquele perfume e, para aumentar a ventilação interna, apesar da chuva, abrimos as janelas. Tal fato mereceu de minha mãe, um comentário:

-“Que bom! Assim, quando amanhecer, poderemos levar muitas flores para ele!”

Assim, com as janelas entreabertas e suportando os respingos da chuva intermitente, voltamos a dormir.

Mal a claridade de um novo dia ia surgindo, minha mãe já estava na cozinha, preparando o café e, ao se lembrar do ocorrido pela madrugada, ela abriu a porta do quintal e foi procurar os lírios que deveriam estar enfeitando os canteiros.

Instantes depois, ela voltou e pediu que fôssemos também procurar as flores no quintal, ainda molhado pela chuva da madrugada.

Qual não foi nossa surpresa quando, ao vasculhar cada canto do imenso quintal, não encontramos uma flor sequer! Todas, absolutamente todas, haviam sido colhidas pelo fiel sacristão, no dia anterior...

Sem dúvida, para se despedir, meu pai havia deixado entre nós, o suave perfume de sua boníssima alma...
Publicado em: 09/12/2006 12:50:07



A dor é companheira, parceria...
Meu tesouro guardado nessas grutas.
Não posso descobrir mais alegria,
As luzes que me emanas, formas brutas.
Despencam dos teus olhos tão abruptas

Corcéis, imobilizas, montaria.
As podres maravilhas dessas frutas,
Difícil esquecer com maestria
As noites que perdemos, tantas lutas...
Lutando contra as dores tão astutas.

Meu coração deveras tão vazio
Não penso nas conquistas que não tive
Na cama que roçamos, me contive...
A dor que nunca sai negando o cio

Aurora torporosa já me esquece
E não traz a beleza costumeira
Sem luz que te ilumine por inteira
Matando nosso amor tudo escurece...
Publicado em: 15/12/2006 17:29:30
Última alteração:28/10/2008 20:53:44



Dores de Amores
Se não posso curar a minha dor,
Como queres que eu cure a dor que é tua,
Nas dores minha vida continua
Embora se resguarde deste amor.

A cura que procuras não te dou
Por ter dentro em minha alma te esperado
Em tempos mais distantes do passado
E sempre que te quis sempre negou.

Agora que tu queres que eu te cure
Bem sabes que não posso te curar
Na vida que busquei não pude dar
Enquanto houver a dor que me torture

Não posso precisar sequer a cura
Que tanto necessito por amar-te
Poder curar a dor da dor que parte
Da causadora, minha desventura...
Publicado em: 30/11/2006 18:15:32
Última alteração:29/10/2008 12:01:27


Dois corpos que se irmanam e interagem
Órfão Sentimento/
Sobrevivo de ti na memória do olho
No sumo do teu beijo tatuado na boca/
No arder dessa paixão imensa, nunca pouca./
A dor da tua imagem gravada na íris/
Verte em madrepérolas lágrimas de pupilas/
Esse sentir intrínseco é tão só meu, nas azuis retinas./
Entrego-me chorosa aos fragmentos/
Desse teu amor soprado em meu peito/
Exílio azul suave é a lembrança do teu beijo./
Desisto de ir adiante...adormeço no lamento/
Estrelas incógnitas luzem na orfandade/
Levo-te no âmago da derme... no sono da verdade./
Talvez eu colha dos teus lábios um dia/
A jura de Amor que em delírios, é saudade/
E teu corpo ame minh’alma em suave santidade.../
Quem sabe...


KARINNA


Dois corpos que se irmanam e interagem
Formando em harmonia seus destinos,
São como passageiros na viagem
Passando por caminhos diamantinos.

Desejos tão ferozes e ladinos,
Decoram e azulejam a paisagem
Com brilhantes fantásticos e finos.

Santidade voraz, maliciosa,
Colheita divinal, deliciosa,
Sacrários entre sedas e cetins.

Oráculo que há tempos prenuncia
Bendito amanhecer de um claro dia
Ensolarando enfim, belos jardins...
Publicado em: 25/02/2009 15:07:13
Última alteração:06/03/2009 01:45:02



Dominando meu cérebro: alma e instinto
A dança dos encéfalos acesos
Começa. A carne é fogo. A alma arde. A espaços
As cabeças, as mãos, os pés e os braços
Tombam, cedendo à ação de ignotos pesos!

E então que a vaga dos instintos presos
- Mãe de esterilidades e cansaços -
Atira os pensamentos mais devassos
Contra os ossos cranianos indefesos

Subitamente a cerebral coréia
Pára. O cosmos sintético da Idéia
Surge. Emoções extraordinárias sinto

Arranco do meu crânio as nebulosas
E acho um feixe de forças prodigiosas
Sustentando dois monstros: a alma e o instinto!

AUGUSTO DOS ANJOS


Dominando meu cérebro: alma e instinto
Gerando os dissabores, dores várias,
Vulcão que imaginara estar extinto,
Explode em tantas lavas temerárias.

Nas emoções diversas, nebulosas,
Vagando entre terríveis contra-sensos,
Estúpidas floradas; murchas rosas,
Espaços vãos, vazios, tão imensos.

Em convulsões e espasmos, tombo ao solo,
Num frenesi que julgo interminável,
Seguindo sem domínio não controlo,
A cura parecendo inalcançável,

E a observar tranqüila, esta explosão,
Sentada sobre as pedras, a Razão!

perdoem minha ousadia.
Publicado em: 03/12/2009 15:06:49
Última alteração:16/03/2010 18:49:19



Dona Cotinha procurou o médico porque, segundo ela, os gases que ela soltava, além de não fazerem barulho não tinham cheiro de nada.

O doutor receita um remédio e pede para que ela retorne em uma semana.

Na data prevista, a senhora procura o médico e diz:

-Doutor, agora sou obrigada a reconhecer que os gases que solto não fazem barulho, mas o cheiro....
O que faço agora?

- Procurar um otorrinolaringologista!


Compilado por Marcos Coutinho Loures
Publicado em: 04/04/2007 14:56:27
Última alteração:29/10/2008 18:06:04


Dor de dente latejando
Dor de dente latejando
Não se cansa de doer
A saudade maltratando
Tanto dói que dá prazer...
Publicado em: 20/08/2008 19:25:51
Última alteração:19/10/2008 20:25:07




Dor Pétrea
Minha dor pétrea, tépido deserto..
Míticos sentimentos, dor funérea.
Procuro por minha alma tão etérea...
E, repentinamente, me desperto...
Publicado em: 19/09/2006 10:59:58
Última alteração:29/10/2008 12:12:27



Doces sonhos // Sensualidade

Suave aroma// Em tua boca

terno sabor// mel e garapa;

de você!// doce menina...

Mara Pupin// Marcos Loures

Publicado em: 29/04/2007 19:31:22
Última alteração:28/10/2008 06:04:18


Do teu cheiro eu não me esqueço


Do teu cheiro eu não me esqueço
Ele está no meu jardim,
Será que, rosa, eu mereço
Ser ainda o seu jasmim?
Publicado em: 03/03/2008 22:03:04
Última alteração:22/10/2008 14:19:37


Do teu creme quero mais


Do teu creme quero mais
O teu gozo me sacia,
Dois ousados canibais
Sacramentam putaria.

Publicado em: 14/08/2008 17:50:42
Última alteração:07/10/2008 15:01:18



Olhando o mesmo espelho que faz tempo
Expressa o que por vezes eu escondo
Num vai e vem sem nexo,
Somando em várias formas
Os demônios e senzalas
Que guardo nos recônditos.
Percebo em tantas e disformes
Imagens.
Um ponto de luminescência
Fulgurante.

Astigmático olhar a um primeiro momento
Não consegue discernir
A origem desta luz residual.
Usando meu coração como lupa
Percebo e traduzo finalmente
A razão de ser deste lampejo
Destoando, mas ao mesmo tempo
Num ar de extrema beleza,
Dando uma certeza
Até então
Totalmente desconhecida.

Fui feliz, uma vez na vida, eu fui feliz.
Publicado em: 11/03/2008 22:12:06
Última alteração:22/10/2008 15:36:18



Doce sabor // Lábios carnudos

Do seu corpo // Roçando levemente;

inteiro no meu // beijo macio

prazer...// intensidade...

Mara Pupin // Marcos Loures
Publicado em: 07/04/2007 16:31:25
Última alteração:28/10/2008 06:04:56



Doces em compota

Meu amor bateu na porta
Eu, depressa fui abrir,
Trouxe doces em compota
E amor, trouxe? Me esqueci!
Publicado em: 02/01/2007 23:10:05
Última alteração:28/10/2008 10:04:23


Do olhar quero teu sorriso
Do olhar quero teu sorriso
Da mão a certeza do toque
Do abraço o desvelo preciso
Do amor à verdade estoque

Nestas águas te encontrei
Ancoraste meu barco deriva
Lançaste as mãos me afoguei
Na boca sorriso saliva

Na alegria me entrego
No teu jardim planto a flor
Amor regado, prevejo
Teu corpo juntinho amor

Levo-te na nuvem serena
Levo-te em todos os passos
Na emoção sou verbena
És meu lírio meu abraço

Teu sorriso me tomando
Já permite que eu te veja
Nos meus lábios te beijando
Todo o bem que se deseja

Aos poucos nos inundando
Amor quando assim se almeja
Calmo, doce e mesmo brando
Todo o sonho que preveja

A sorte já nos tocando.
Mesmo em noite mais sobeja
Meu castelo decorando.
Tanta força assim lampeja
Publicado em: 06/03/2008 21:15:10
Última alteração:22/10/2008 15:27:15



Do outro lado, terno eirado,
Do outro lado, terno eirado,
Semente que se derrama
Num terraço do passado,
Brincando num fliperama...
Publicado em: 05/01/2009 17:19:37
Última alteração:06/03/2009 12:33:21



DO DERBY IBITIRAMENSE
Final de campeonato, jogo duro entre Pedra Roxa e Santa Marta. No gol do time de Santa Marta, o reabilitado Pedro Gambá.
No time de Santa Marta, Betinho, o nosso craque da ponta esquerda, recém contratado ao Pedra Roxa.
Betinho estava ansioso para poder mostrar ao ex-time que fora injustiçado; craque que era, ao ser retirado do time.
O apelido de “Cagão” fora incorporado ao nome. Era conhecido como Betinho Cagão e isso o deixava extremamente irritado.
Todo mundo estava consciente disso, do ódio que tinha ao apelido e, se alguém quisesse briga com ele, era só o chamar pelo apelido que tinha.
Como Betinho tinha quase dois metros de altura de ignorância pura e fama de bom de briga, nem a torcida adversária ousava provocá-lo.
Contam que já tinha feito muito cabra valentão virar sócio de dentista por conta disso.
Voltemos então ao jogo. Dessa vez, por precaução, Betinho não procurou ninguém, nem dona Filinha nem ninguém mais.
Pedro Gambá, como todos sabem, era um excelente goleiro, afilhado de João Polino, ex-técnico do time; famoso pelo tiro que deu na bola, impedindo a maior goleada da história entre os dois times.
Os tempos eram outros, Pedro parara de beber e, todos dizem, se fosse mais jovem teria ido para o Rio, defender um time grande.
O jogo transcorria tranqüilo, o time de Santa Marta estava ganhando de um a zero, num golaço de Zeca Aipim, centro avante que viera do Rio passar umas férias e, por conta do futebol, acabara ficando em Santa Marta.
Quando, aos trinta minutos do segundo tempo, num lance estranho, Leozinho Patada, ao bater uma falta, a bola milagrosamente bateu na trave e depois nas costas do goleiro e, na bunda de Betinho, saindo milagrosamente pela linha de fundo.
O goleiro Pedro Gambá, ao comemorar a ajuda do ponta esquerda e sorte salvadora deste, caiu na besteira de fazer o seguinte comentário:
-Ainda bem que você é muito cagão, Betinho.
Antes não tivesse feito. O sangue ferveu e Betinho, sem perceber o que estava fazendo partiu para a agressão contra o pobre goleiro.
Um soco só e o pobre infeliz estava desmaiado, com a boca estourada e os dentes, os pouco restantes, espalhados pelo gramado.
Os dois expulsos, um preso e outro no Hospital.
O jogo terminou para desespero de João Polino em três a um para Pedra Roxa.
A partir daquele dia, realmente Betinho, espera um pouco preu ver se ele não está perto, Cagão teve que encerrar sua carreira.
Publicado em: 20/08/2006 06:36:02
Última alteração:26/10/2008 22:34:37


Do Deus Aspirina ou das Sanguessugas de Cristo
Uma das coisas que tem me chamado a atenção nos programas religiosos que abundam e invadem a maior parte dos canais abertos de televisão, além dos canais pertencentes a Igrejas, inclusive a católica, é a existência de “milagres”, constantes e diários.
Os ditos milagres ocorrem a todo momento , com extraordinária freqüência. Em alguns programas evangélicos e católicos a existência deles chega a cifras recordes.
E esses milagres são das mais variadas espécies. Temos para todos os gostos e preferências.
Há milagres relacionados à vida financeira, inclusive com casos de recuperação econômica ou ganho nas loterias que, de demoníacas, passam a ser operadoras sob os auspícios dos mais diferentes “santos”.
Há os milagres de ordem familiar, em que a “impactação” divina leva a alcoólatras pararem de beber, prostitutas deixarem de se prostituir, drogados pararem de se drogar; como se para que tais fatos ocorrerem, ser necessário somente o auxílio direto dos deuses.
Um sem par de demônios invade cada templo ou Igreja, sendo raros nos locais onde poderiam ser mais comuns, como nos prostíbulos, nos bares, nas casas de comércio, de câmbio ou até mesmo no Congresso Nacional.
Quem quiser ver um demônio de perto, é só freqüentar algumas de nossas igrejas que, por certo, lá encontrará demônios, capetas, “inimigos” em profusão.
Creio que algumas denominações colocam a palavra “Deus” na porta dos seus templos, para que o visitante tenha certeza de que aquela é uma casa de Deus, embora a quantidade de vezes que se fala em “diabos”, leve o incauto a pensar exatamente ao contrário.
Num dos programas mais conhecidos de televisão, repetidos diariamente em vários canais, além do canal pertencente à Igreja em questão, tenho constatado a presença do “Deus Aspirina”.
Pouco antes de pedir dinheiro, situação em que o pastor em questão é mestre, o dito cujo inicia uma sessão de “milagres” no mínimo estranha.
Após “ordenar” que os demônios das doenças abandonem “os corpos” dos doentes, em nome de Deus (embora pareça que Deus seja nada mais nada menos que um empregado ou serviçal de tal pastor), ele pergunta quem se “curou”.
Aí se inicia um tal de curas de dor no ombro, dor no braço, dor na coluna, dor de cabeça, dor... Ou seja, nada mais nada menos do que os “milagres” realizáveis pela Aspirina ou por outro analgésico qualquer.
Sinceramente, nos meus vinte anos de medicina, não presenciei nada que não possa ser explicável pela Ciência. Isso não quer dizer que não existam milagres, mas não os vi.
Obviamente alguns irão me dizer: “A culpa é sua, porque não tens fé bastante para vê-los”.
O problema é que se eu não obtiver o resultado esperado com um tratamento científico, não caberá tal desculpa.
A falta de fé é a justificativa para o fracasso. Bela e confortável desculpa...
Pois bem, após a sessão de milagres aspirínicos, tal pastor “passa a sacolinha”, cobrando muito mais caro pelas “curas” do que um médico recebe do SUS pelo mesmo serviço, isso incluindo o analgésico.
Tenho observado, com temor e indignação, muitos pacientes abandonarem o tratamento por causa desses “milagreiros” de meia tigela. Recordo-me de uma criança diabética, insulino dependente que um bem intencionado imbecil, semi-analfabeto, mas treinado por uma ala da Igreja Católica, na arte de “passar um ferrinho” e diagnosticar, tratando em nome de uma tal “medicina natural”, quase matou quando suspendeu a insulina e passou a mandar a menina tomar chá de “pata de vaca!”
Se não fosse a intervenção rápida e eficaz de um pediatra, a menina teria morrido, graças ao estímulo de setores da Igreja Católica a um tipo de “pais de santo” e raizeiros e benzedeiras tão maléficos quanto irresponsáveis.
Aliás, há uma cultura disseminada de que: Pai de santo cura, pastor cura, padre cura, e médico mata.
O pior é que esses facínoras travestidos de religiosos não têm responsabilidade legal pelos seus absurdos crimes, todos “bem intencionados”. O que me permite afirmar que de boas intenções, o inferno está cheio.
Aproveitando-se do baixo nível cultural do nosso povo, aliado à esperança tresloucada dos desesperados, milhares de entidades e estelionatários se enriquecem, enquanto a saúde pública vai ficando, cada vez mais pobre.
É necessária uma atitude firme e contínua contra esse tipo de charlatanismo que impera nos nossos meios de comunicação. As televisões são concessões públicas, e não podem ser utilizadas desta forma que, além de desinformar, ainda coloca a saúde do povo em risco.
Setores da imprensa colaboram para que isso ocorra, por omissão e medo, já que, dentre as principais redes de televisão e rádio nacionais, têm, na sua base de patrocínio e de “sublocação” da concessão pública, várias Igrejas e “pastores”.
Essa vergonhosa agressão ao povo mais humilde e sofrido, roubado duas vezes, tanto na negativa do poder público de repassar os impostos pagos em ações mais amplas de saúde, quanto na exploração criminosa, através das “dádivas”, “contribuições”, etc. que suplantam, em muito, os dízimos devidos a cada Igreja.
Tudo bem que isso ocorre em todas as camadas sociais, mas estelionatário que explora a pobreza e a miséria é um tipo de criminoso asqueroso e não terá perdão nenhum, nem aqui nem no Céu, pois esses exploradores do corpo sofrido de Jesus e vendilhões das casas de Deus fazem parte de um dos piores tipos de criminosos que pode haver, os sanguessugas de Cristo.
Publicado em: 20/08/2006 07:10:30
Última alteração:23/10/2008 13:13:26


Do domínio público Marcos Coutinho Loures - Marinete e a babá


Marinete, para poder trabalhar, colocou anúncio no jornal procurando uma babá, para tomar conta de seus quatro filhos menores.
O diálogo dela, com a primeira candidata que apareceu, foi mais ou menos assim:
-Você tem experiência?
-Não muita – respondeu a candidata.
-Gosta de criança? – perguntou Marinete.
-Adoro
-E por que você saiu do último emprego?
-Ah... (Suspirou a moça). “É que eu sempre esquecia de dar banho nas crianças...”.
Imediatamente fez-se ouvir um coro de quatro vozes que pedia, insistentemente:
-Fica com ela, mamãe! Fica com ela...
Publicado em: 17/08/2006 18:34:49
Última alteração:29/10/2008 18:47:44


Do Gran Circo de Lourdes


No início da década de 90, lá na Santa Martha de João Polino, aconteceu um fato surpreendente.
Para quem morou nas cidades pequenas deste Brasil, sabe o quanto que o circo representava para as crianças, e mesmo para os adultos.
A vinda de um circo movimentava todo mundo, principalmente as crianças, ansiosas para irem ao espetáculo.
E esse que chegaria no final da semana era, sobremaneira, espetacular.
Pois, além de ter os palhaços de sempre e os malabaristas já conhecidos, apresentaria um Leão. Um leão de verdade, para medo dos mais antigos e delírio da meninada.
Ritinha, nos seus dez anos de sonhadora, era uma das mais animadas, mal contando as horas de poder ir assistir ao fabuloso Circo de Lourdes; que era como se chamava o pequeno circo.
Na verdade, um cirquinho de terceira categoria, meio mambembe mesmo, mas para Santa Martha seria o mais formidável show da história do distrito.
Pois bem, todo mundo em polvorosa, indo às ruas para assistir ao desfile dos carros do circo, culminando com a jaula do leão, devidamente coberta por uma lona, mal permitindo se antever a visão da fera domada.
Entre os habitantes do povoado havia um, em especial, que estava muito animado.
Nas pequenas aldeias, há o costume de se apelidar as pessoas relacionado-as às suas profissões, assim como Tatão Bombeiro, Zeca Engraxate, Pedro Bode...
Pedro Bode, esse era um famoso criador de caprinos que vivia da venda de leite e de carne de seus famosos bichinhos, criados soltos na beira do rio Norte, comendo o capim gratuito e atrapalhando a pescaria de muita gente.
Pedro, um dos poucos que dissera ter visto um leão vivo, estava o tempo todo cercado pelos meninos que queriam, a todo custo que esse descrevesse o famoso felino.
No embalo dessa efêmera fama, Pedro desandou a mentir; “que o leão tinha mais de cinco metros de comprimento; que comia mais de um boi inteiro por dia, que o rugido do bicho quebrava as vidraças das casas, etc”.
Mas, a bem da verdade, o pobre bichano que o circo trazia, realmente um dia, se é que se pode dizer assim, deve ter sido um leão; mas, na atual conjuntura, velho e quase banguela, magérrimo, a juba caindo e se transformando em um tufo de pelos, não tinha muita cara de assustador não.
Mas, como quem foi rei, não perde a majestade, o felino ainda tinha uma arma secreta: o rugido.
Quando rugia, mesmo ao espreguiçar, sua voz de tenor assustava meio mundo, menos aqueles que conheciam o jeito moleirão e preguiçoso do velho animal.
Não era à toa que, dentre os números que participava, um dos mais famosos era quando o domador, Luis Pudim, colocava a cabeça dentro da boca do animal.
O Leão, obviamente com medo de quebrar um dos seus últimos dentes, ou vitimado pela cárie teimosa que não deixava de incomodar, temendo a dor que experimentava a cada refeição, não fazia nada.
Outras vezes, Luis, meio que embriagado, motivo do apelido “Pudim de Cachaça”, mais audacioso, chegava a pular em cima do rosto do bichano que, sem nenhuma reação, como que se ria da situação.
Ritinha, dona da sua ingenuidade, ao ver o animal quase desmaiou; tendo que ser socorrida por João Polino, se tranqüilizando somente quando o velho João contou que, pior que aquele leão eram as onças pintadas que costumava caçar, nos seus tempos de moleque.
Caçada com garrucha, de preferência.
O show fora um sucesso, todo mundo comentando sobre o espetáculo, inclusive sob a inédita presença do gigantesco leão.
Como imaginação de criança é fértil e guarda as coisas do tamanho que imagina, até hoje, para Ritinha aquele foi o maior leão que apareceu no país; mesmo tendo outros em circos maiores, e até no zoológico.
Aquele velho desdentado era o maior de todos e não se discuta!
Todo circo que faz sucesso, a tendência é prolongar a “curta temporada”; foi o que ocorreu com o “Fabuloso Circo de Lourdes”.
Acontece que, com o passar dos dias, Pedro Bode começou a sentir falta de alguns cabritos de seu pequeno rebanho; logo os cabritos mais parrudinhos, futuras cabras e bodes “ispiciais”.
Resolveu montar tocaia, desconfiado de alguma sucuri ou de alguma jibóia ou, quem sabe, até de uma onça!
Mas, ao descobrir a causa do sumiço de seus animais, Pedro ficou uma fera, uma verdadeira onça ou melhor, um verdadeiro leão!
Na madrugada, um dos empregados do circo, aquele que fazia o palhaço Pirueta, agarrou um dos seus cabritos e estava levando-o em direção ao circo.
Pedro não perdeu tempo. Ao ver o safado entrar no acampamento da Companhia Circense, gritou para o sujeito, acordando a todos.
Ao tomar satisfação com o dono do circo, Pedro, sem pestanejar, sacou de sua garrucha e ameaçou matar todo mundo.
Luis Pudim, bêbado como um gambá nem pensou, ao ver o ameaçador dono do cabrito com a garrucha na mão, mais que depressa, abriu a jaula, onde se encontrava o leão.
Esse, ao ver o mafuá saiu, mansamente e, para susto de todos, parou perto do petrificado Pedro Bode. Mas, surpreendentemente, começou a lamber, carinhosamente as mãos de Pedro, como a agradecê-lo as refeições recebidas na última semana...
Publicado em: 03/01/2008 21:16:50
Última alteração:22/10/2008 19:58:53




Do jeito que a gente gosta


Do jeito que a gente gosta
Da maneira que vier
No teu corpo a minha aposta
Tão gostosa essa mulher!
Publicado em: 03/03/2008 22:16:20
Última alteração:22/10/2008 14:21:45



Do lado que me cabe desta rua
Do lado que me cabe desta rua

Não há sequer no mundo que convença

Minha alma a desistir, e continua

Até que meu desejo enfim te vença.



As horas se passando, são eternas,

Os raios do luar, te possuindo...

Quisera ser um deles nestas pernas



Marcando de prazer minha morena

Distante, bem distante vou pedindo,

Abra as portas; te juro... Vale a pena!

Publicado em: 15/03/2008 09:18:32
Última alteração:08/10/2008 21:23:46


do meu sonho quero e faço
do meu sonho quero e faço
a verdade que será,
alegria num abraço
ela sempre me trará...
Publicado em: 17/01/2010 13:47:18
Última alteração:14/03/2010 20:21:06



Do Casamento

Casamento.

A própria palavra diz tudo, casar, associar, juntar, aliar-se.

Podemos dizer que o casamento significa o caminhar juntos, associados por alguns sentimentos comuns, como o amor, por exemplo.

Amor na verdadeira essência da palavra.

Não se ama o que não se conhece e, portanto, o casamento pressupõe conhecimento mútuo.

E respeito às santificadas diferenças que nos tornam, sem que percebamos, diversos na união.

Aliança que liberta e solidifica.

Sem SUPERPOSIÇÃO!

Essa mata qualquer relacionamento humano, principalmente o CASAMENTO.

Saiba que não estás obrigada ao casamento e muito menos à manutenção deste.

Tua obrigação é com a TUA felicidade e com a felicidade do OUTRO.

Respeitar a felicidade do outro é SER HONESTA COM TEUS SENTIMENTOS.

Se o amor acabou ou se nunca existiu, sendo apenas uma ilusão ou, mais comum, a doentia paixão, termine,não se deve mentir ou omitir.

Amor morre sim senhor!

E morre a cada dia que não for cultivado ou for maltratado.
Nunca maltrate o amor, se queres ser feliz.

A fidelidade não se exige, se conquista.

Ser fiel ou não ser fiel é decorrência natural de como tratas o amor e o amado.

Que o sol de cada dia ilumine os caminhos dos dois.

Mas, para isso, ambos devem dirigir seus olhos ao SOL, sem desviarem-se da única direção possível para que o casamento exista:
O AMOR!
Publicado em: 05/12/2006 10:35:42
Última alteração:27/10/2008 21:24:41


Do abandono - Para Maximo Gorki


Havia na pequena cidade no sul do Espírito Santo, uma daquelas figuras folclóricas comuns no interior do país.
Demente, andava pelas ruas, sem lar ou abrigo constante, adotado e abandonado por todos. Um quase mendigo, um quase cidadão, na verdade, quase gente.

Na fria cidade, nas noites mais geladas, às vezes era recolhido pelo Asilo, mas não suportava a clausura e fugia, sempre fugia, retornando às ruas.
Pela característica falta de todos os dentes, ganhou o apelido de “Sem Teclado”.

Não fazia mal a ninguém, nunca se soube de ter agredido a quem quer que fosse incomodando mais pelo mau cheiro e pelo aspecto da falta de higiene do que por atitudes.
Com certeza era menos maléfico que a maioria dos nossos políticos, e muito menos do que certas pessoas das elites governantes de vários locais desse país.

Beber; bebia, mas era raro encontrá-lo bêbado.
De um tempo para cá, dera de buscar abrigo no Pronto Socorro municipal da cidade.
Dependendo de quem estava de plantão, sua presença era suportada.
Muitas das vezes, encontrava uma cama, uns restos de comida e coberta.

Cão sem dono se acostuma a afago, mesmo que seja somente o suportar a sua presença. Esse era o caso. Começara a ir, quase que diariamente, ao Pronto Socorro em busca da cama, do calor e da comida.
Um dia, plantão tranqüilo, noite fria, tudo transcorrendo tranquilamente.
Mas, para susto de todos, ouviu-se uma voz gemente, ao longe.

O gemido aumentava de intensidade, deixando os enfermeiros e o médico de plantão de sobressalto.
Pensando que fosse algum paciente com dor ou tendo seu estado de saúde agravado, o enfermeiro de plantão, resolveu ir ao Hospital, anexo ao Pronto Socorro.
Nada, não havia ninguém gemendo.

Aí, um dos funcionários do Hospital se lembrou dos leitos do Pronto Socorro, afastado do local onde dormiam todos.
A chuva caindo, e a ausência de pacientes graves, deixara todos tranqüilos.
Havia somente dois pacientes no repouso, uma bêbada que sempre exagerava na ingestão de álcool e o “Sem Teclado”.
De repente, ouviu-se a voz estridente do funcionário que, aos brados chamou a atenção de todos sobre o que estava acontecendo.

Num ato de amor, de compaixão ou de selvagem atração, Sem Teclado e a bêbada, entrelaçados se amavam sobre a cama desarrumada.
O funcionário, como se estivesse, naquele momento, assistindo a um ato simplesmente animal, não pestanejou.

A água fria jogada sobre o casal, afastou-os, cães abandonados pela vida, vira-latas sem paradeiro, sem abrigo e sem rumo.

A chuva chorava pelos dois, abandonados por todos, expulsos e jogados na rua, naquela noite incrivelmente gelada da cidadezinha.

O funcionário sem pensar no que falava, repetia a todo o momento:

“-Vai que isso procria”...
Publicado em: 09/12/2006 20:35:23
Última alteração:10/12/2006 11:26:04



Do Amor Demais - Minha Poesia



Falar da noite e do dia,
do açoite e de Maria
do acoitado sonho perdido, despedaçado
falar de nada mais que tudo,
nada inundo
vaga imundo,
cora coração vadio,
vai meu fio
vagabundo rolando entre astros,
entre tantos
entretantos e espreitando
por trás das portas.
Falar do sonho e da fantasia,
do medo e da poesia
do meu último regalo,
meu regato, meu prato e ato
insensatamente, a mente remete-me a ti,
tímida
lânguida e cruel poesia.
Nos nossos concertos e conselhos,
consertavas os velhos
resquícios do início
precipício e me lançavas a esmo

nesse penhasco íngreme
e inerente
Prometeu, escuridão.
Vi meus olhos nos olhos de outros olhos,
infinito espelho
num prisma de oculta chama,
de verbo e Bramas, de lamas
de llamas e de teus sentidos mais confusos,
embriaguez.
A lucidez devora,
a hora de ir embora
nunca se aproxima
e, por cima de tudo,
com ciúmes me observas, me cevas ,
e conservas tuas mãos postas em mim.
Tua boca sussurra meu nome,
urra meu erro, trama
meus males e minhas angústias.
Mina de tantas riquezas falsas,
farsas e falhas.
Minha mina mais cara,
rara e companheira
te quero poesia amada,
necessito-te tanto
esquivo e altivo, mas vivo,
mais vivo em ti,
sobrevivente.
Publicado em: 21/12/2006 20:51:41
Última alteração:28/10/2008 19:07:19



Do amor maior... Maria Feijó e Marcos Coutinho Loures

O primeiro quarteto é de Maria Feijó


Você chegou em minha vida e disse
Ser eu feliz, porque vivo sorrindo...
Mas, em verdade, se minha alma visse,
Iria ver o quanto estou fingindo...

Se o coração ferido, então, lhe abrisse,
Descobriria a dor que vou carpindo;
Talvez você chorasse, se me ouvisse
Dizer que é por você que estou mentindo!

No sorriso-mentira que se vê
Nos lábios tão carentes de você,
Há certezas fatais de minha crença!

Melhor porém trazer n’alma, escondida,
Esta ilusão fugaz mas tão querida,
Que suportar a sua indiferença...
Publicado em: 06/11/2006 22:20:43



DO AMOR

Do amor que se perdeu
Entre espinheiros e pedregulhos,
Trago os cortes
Que um dia, talvez
Não mais me lembrarão
Da queda,
Do medo,
Da dor,
Mas doem... tanto...
Publicado em: 23/05/2008 14:39:30
Última alteração:21/10/2008 06:41:14



Cortando as ondas
Expondo meus incisivos
Por vezes vagando sobre o nada.
Temáticas diversas falando da emoção.
Razão em face dúbia e dual.
A fome de expressão
E de comida
Em antíteses
Não devem ser discernidas
Nem tampouco podem.
Razão/emoção
Alegria/tristeza
Fome/saciedade.

Sociedades diversas
Futuros dispersos
Desamores iguais.

Não deixo de falar dos famintos
Dos injustiçados
Nem tampouco dos vazios de esperança.
Por mais que pareça inútil um verso de amor
É nele que talvez haja a solução.
Ao menos o alívio
Ou quem sabe, mitigue um pouco.
Quando amamos temos alguma semelhança maior com os deuses.
Quaisquer que sejam
Mono ou poli
Teismos à parte
O amor soberanamente
Dita as regras
De um mundo igualitário
E equânime.
Anima
Alma
Ama
Sem amos e senzalas.
Nas ante-salas de um Céu cristão,
Ou de um Nirvana oriental
Somente no amor a razão sobrevive,
Ou seja a dualidade razão/emoção
Se mostra monotônica, mas não monótona.
Muito menos atônica.
Talvez atônita.

O quanto guardo de razão permite dizer que sem emoção e sem razão, a solução inexiste.

Sem a nossa tristeza perante as injustiças a alegria da justiça não sobrepujará.

Somente o medo extremo leva à coragem inaudita.

Da dualidade se faz o uno.
Universo, uno verso, versões várias
Para a mesma face espelhada ao contrário,
Mas essencialmente a mesma face...
Publicado em: 11/03/2008 23:27:34
Última alteração:22/10/2008 14:32:43



Amar é libertar o pensamento
Fazer de cada dia, eternidade.
Recebo o teu carinho como um vento
Que manso já me traz felicidade.
Mergulho nos teus braços, sentimento,
Criticar-nos, quem pode, enfim, quem há de?
No vão destes teus braços carinhosos,
Recebo mil carinhos maviosos...

A chuva que caiu já fez brotar
Sementes que plantamos, minha amada,
Recebo com clareza este luar,
Promessa da beleza da alvorada.
Convido-te, querida, a passear
Comigo na magia desta estrada
Que leva, num segundo para o céu,
Montados na emoção, nosso corcel.

Publicado em: 26/05/2007 17:30:45
Última alteração:06/11/2008 07:19:34



Nós somos passageiros da esperança
Que faz amor ser forte e destemido.
Nos olhos carregamos a aliança
Do sonho que queremos repartido.
Amor é como fosse uma criança
Precisa de carinho, não duvido.
Pois vamos, nesta vida sem ter medo,
Já que nós conhecemos o segredo.



Publicado em: 26/05/2007 17:43:42
Última alteração:05/11/2008 21:52:08



Avassalador; sinto o sentimento
Mais nobre dos que tanto conheci,
Recebo dos teus braços, num momento,
O fogo deste amor que vem de ti.
Aplaca soberano tal tormento
No qual, por tantas vezes, me perdi.
É mais do que previra, mais que vejo,
Amor tão nobre assim, sempre desejo.

Viajo num segundo, ao meu passado,
Do nada que encontrara, tão somente
Tristezas caminhavam ao meu lado,
Jardim já se abortando sem semente.
Sentindo-me por ti, acarinhado,
A vida se refez bem mais contente.
Amor assim demais não se condene,
Só peço que isto seja então, perene...


Publicado em: 26/05/2007 17:45:20
Última alteração:05/11/2008 21:52:03



Meu amor eu sempre sonho
Com a boca mais gostosa,
O meu barco assim disponho
Pra morena toda prosa,
Meu futuro mais risonho,
É contigo minha rosa.
Mas a vida sem mulher
Comer broa sem café.

Todo dia, amor eu penso,
Quero sempre namorar,
Sem namoro fico tenso,
Sem amor nunca vai dar,
Esse mundo é tão imenso
Tão difícil de encontrar
Outro amor que nem o seu,
Coitadim de quem perdeu.

Vem comigo, vem ligeiro,
Vamos logo, minha amada,
Quero ser seu companheiro,
Caminharmos nesta estrada,
Vou cantando o tempo inteiro,
Sem você num sobra nada.
Em você clareia o dia,
Minha paz,minha alegria...


Publicado em: 26/05/2007 19:47:15
Última alteração:05/11/2008 22:58:55


Tua boca delicada
Não me canso de beijar,
Minha amiga, minha amada,
Vem comigo namorar!


Publicado em: 26/05/2007 20:13:26
Última alteração:05/11/2008 21:51:50

Vou fazer um dueto
Que prometo não demora
É rápido nem uma hora
Exige para ser feito.
E, mesmo contrafeita,
A parceira não se importa
Se não gostares.
Provavelmente nem eu
Irei gostar,
Mas, teimosamente,
Ela me aguarda
E não posso contrariá-la.
Vai que ela resolva ficar?

Aí, estou frito.
Não escapo.
Mas, por favor, paciência.
Eu tinha amores
Amadas e flores
Luares e rincões
Certezas senões
Mas era feliz.

Mas ela está, devagarinho se aproximando.
Vou ter que desligar um pouco,
Daqui há pouco eu volto,
Depois do dueto feito.
Eu sei que não tem jeito,
Espere até eu voltar.
Isso se ela deixar.
Que a danada é egoísta
Não há nada que resista
A um dueto com a solidão!
Publicado em: 10/12/2006 15:42:35
Última alteração:28/10/2008 20:29:56



Durante alguns momentos eu pensei

Caro Marcos venho dar-lhe as boas vindas
Sua ausência muito nos preocupou
Felizmente sua angústia está já, finda
Sua saúde está bem, tudo acabou

Os seus amigos aqui deste Recanto
Te aguardavam com bastante ansiedade
Pois já faziam falta os encantos
Dos teus sonetos, sua especialidade

Ao vê-los novamente aqui postados
Rendemos graças pelo seu retorno
Ao grande Deus, por ter sua vida preservado

Tu és bem vindo nobre amigo e poeta
Com seus sonetos preenchendo este entorno
De alegria, razão de, estarmos em festa.

COM CARINHO NATHANPOETA
16de abril de 2009

Durante alguns momentos eu pensei
Que inútil fora a minha caminhada
A noite que sonhei ser estrelada
Em névoas tão profundas encontrei.

Da morte; o seu semblante decifrei,
Julgara ter ausente outra alvorada,
De tudo o que busquei, somente o nada
Tomava no horizonte a minha grei.

Mas quando ouvi a voz do seresteiro
Chamando para a vida, eu percebi,
Toda esta maravilha que há em ti,

Meu grande camarada, companheiro.
Luzeiro que permite que se veja
O que minha alma sonha e mais deseja...
Publicado em: 22/04/2009 14:32:34
Última alteração:17/03/2010 20:47:44

2 comments:

  1. Nonetheless, the mild rosacea attacks can be in effect checkered if
    a upset of the skin.

    my page: rosacea specialist Brownville

    ReplyDelete
  2. They Only be active on and discover shipway
    lipoma types, poignant different genders and age, as well as dissimilar Parts of
    the trunk.

    My homepage ... benign lipoma

    ReplyDelete