Search This Blog

Tuesday, June 28, 2011

Atípica esperança de quem sabe
A vida em suas quedas e temores
Ardores
E devaneios
Receios
E promessas jogadas pela janela.
Apenas o que o tempo nos revela
Traduz o que não possa ser diverso
Do verso em universo
Que disperso
Ousadamente.
Pouso e no repouso
Desvendo o fim do prazo,
O sol que nos abrasa
A casa
A caça,
E a fumaça do velho fogão,
Chaminés de uma lembrança jogada no tempo.
A broa assando, o café saindo e o peso de uma história envergando,
Calejando os pés e as mãos.
O gado, a horta, o pomar, os espinhos e Maria,
Que se ria e não sabia
Da beleza em sua volta.
Sabiás no terreiro,
O tico-tico açu está ainda ali,
Embora quando virou trinca-ferro se tornou cobiçado,
O almejar do sonho
O alvejar da roupa estendida no varal.
A mãe correndo, o pai na lavoura, a colheita,
E os trocados que sobraram do escambo.
Pobreza farta, fartura de pobre.
Fartura de meninos,
Fartura de verduras,
De frutas,
De alegria,
Mas ausência de esperanças.
Eta que a vida é boa,
Canoa furada, mas boa...
Já sabe arranhar o beabá, é hora de seguir que a terra não espera.
Tem hora pra tudo: brincar, TRABALHAR, e vez em quando estudar.
Da plantação vem o sustento,
Roupa de missa, roupa de festa, roupa... farrapo?
Pega os retalhos e faz a colcha
Combina com o colchão de capim,
Capina e foice,
Capim e gado,
Leite é todo dia,
Feriado? Nem pensar...
Modorrenta vida,
No mormaço da esperança
O vazio do futuro,
O tempo salta o muro, sobe na árvore e cai.

Desvenda mistérios e noutros momentos
Nem sabe como.
É bonito ver o café avermelhando a colheita,
O pé de abacate lotado.
O riacho, os lambaris, minhocas e peneira...
A vida passa atrás da casa
A braúna aguenta qualquer pancada da vida.
O reboco de barro e a panela no fogão,
Lenha queimando, e a chaminé espalha e avisa
Que o almoço já está sendo feito.
Mugindo no alto do pasto o passado realça
A fuga, o mistério,
A sorte e inocência.
O primeiro amor,
O primeiro sonho
O primeiro relógio
E o mar distante...
Água azulinha e salgada...
Será?
A lamparina e as histórias de reis e rainhas,
De cobras amamentando os sonhos infantis.
O retrato na parede,
O recado dentro da alma
E a saudade corroendo...

No comments:

Post a Comment