Search This Blog

Friday, September 1, 2006

Sextilhas Seu moço me licença

Seu moço me dê licença,
Vou contar para você,
A vida traz recompensa,
Já não quero mais morrer,
Quero o gosto da partida,
Tudo de bom nessa vida;

Não deixa nem um sinal,
No ranço dessa saudade,
Corro meu canavial,
Vou voltar para a cidade,
Nas ondas do rio mar,
Sem ter hora pra voltar...

Quero o desejo da moça,
Na boca que tanto quis,
Não me interessa essa poça,
Eu só quero ser feliz...
Tenho duas mãos cansadas,
Nas carícias, bem treinadas...

Tenho os pés para pular,
Nas mantiqueiras da vida,
Nem preciso mais voar,
Trago dor já bem curtida,
No couro que Deus me deu,
Quem sabe de mim, sou eu...

Quis ver a banda passar,
Cantando coisa d’amor,
Meu amor deixei por lá,
Chora um peito sofredor,
Pelas bandas do sertão,
Eu deixei meu coração...

Nosso amor que eu não esqueço,
E também teve valia,
Tanta dor que não mereço,
Dói de noite, dói de dia.
Mas agora vou de lado,
Esqueci do teu recado...

Tudo em volta era tristeza,
Eu deixei tudo pra trás,
Agora busquei beleza,
Agora eu só quero paz...
Já não quero mais a morte,
Encontrei saúde e sorte...

Nos braços dessa morena,
Foi a minha solução,
Amor demais me dá pena,
Bate firme coração...
No canto da sabiá,
Meu coração bate lá...

Fiz um verso pra Maria,
Joana quem quis ouvir,
Meu amor, bem que queria,
Meu amor eu bem te vi...
Mas não quero mais mentira,
Nem amarras nem embira...

Caprichoso e nordestino,
Fui seguindo meu caminho,
No meu mundo, meu destino,
Antes só que ser sozinho,
Tenho o canto do tié,
Eu canto, canta você...

Já podeis da terra, filho...
Lembrar dessa cigana,
Da vida sei estribilho,
Ela nunca mais me engana...
Sorte cigana cruel,
Muito amargo, traz o mel...

Eu plantei o meu roçado,
Deu formiga comeu tudo,
Nem fiquei preocupado,
Entrou calado sai mudo...
Formiga tanto que deu,
No seu roçado sou eu...

Meu amor troce de Minas,
Ouro em pó e muita rês,
Nas pernas dessas meninas
Enrosco tudo de vez,
Queria ter meu balanço,
Colado contigo, danço...

Faz frio quero teu colo,
Vem comigo se aninhar,
Eu vou te deitar no solo,
Tanto amor pra se amar...
Não reclame dessa sina,
Relaxe minha menina...

Quis um beijo não me deu,
Um abraço me negou,
Meu amor, então morreu,
Nem quer saber mais quem sou...
Chorei, um choro fingido,
É melhor que eu ter morrido...

A lua é de São Jorge,
O cavalo e o dragão;
A saudade em meu alforje,
Vai pesando o coração...
De banda, então eu caminho,
Já não ando mais sozinho...

Quis ter medo nada tive,
Meu segredo sei de cor,
Tanta dor que me contive,
Não quero viver mais só,
Preciso de companhia,
Seja de noite ou de dia...

Vagabundo coração,
Bate tanto sem ter senso;
Meu amor peço perdão,
Noutra coisa já não penso...
Quero a vida divertida,
Nos teus braços quero a vida...

Meu carro perdeu a roda,
Ao subir nessa alameda,
Vou cantando minha moda,
Queimando na labareda...
Faz assim um só carinho,
Coração apressadinho...

Meu amor, quando se gosta,
Não sei rezar outra prece;
Até mesmo um vira bosta,
Cantando nunca se esquece...
Quero teu carinho amada,
Toda noite e madrugada...

Meu amor tem um cadinho
De tudo que posso ter,
Machucando, vagarinho,
Matando sem perceber...
Amor trouxe novidade.
Agora? Maternidade!

Na fumaça do cigarro,
Amor fez as espirais;
No ronco desse meu carro,
Não te esquecerei jamais...
És a rosa na janela,
Tens o lume dessa vela...

Mas um amor pirilampo,
Não merece essa atenção;
É forte como relampo,
Mas num firma o brilho não...
Acendendo e apagando,
Meu coração vai matando...

Amor tem que ter saudade,
Já dizia esse poeta;
Um grande amor, na verdade,
Que é nossa principal meta,
Tem que deixar ess’azedo,
Certeza cheirando a medo...

Terminando meu cantar,
Eu falarei com clareza;
Não dá nem pra comparar,
É no mundo a realeza...
Bem maior, digo a verdade,
Que todo amor, a amizade!

No comments:

Post a Comment