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Saturday, December 22, 2007

SONETOS 099 E 100

A dama da cidade andando nua
Tomando em meu desejo, tanta luz,
Num sonho mais profundo reproduz
A sorte que eu queria e continua.

Em festas a minha alma assim flutua
Roubando todo o gozo que me induz
A ter tão inclemente e dura cruz
Verdade que se mostra nua e crua.

A dama da cidade não disfarça;
Dum desejo imenso, uma comparsa,
Que faz de todo o sonho uma loucura.

Nas bocas que osculava, sem perdão,
Uma ave aprisionando o coração
De quem na sedução, louco; a procura...

X


Amor já é loucura, pode crer,
No amor não há jamais banalidade
Preciso dum amor para viver,
Senão não vale a pena; é falsidade.

Bebemos desta fonte desejosa
Que traz sempre querência e dá prazer
Jardim sem colibri, matando a rosa,
A rosa sem espinhos, vai morrer...

Por isso minha amada, a cada achado,
Que faço nesta vida, um bandeirante,
O verde da esperança, esmeraldado,
Dá força pra seguir, sempre adiante...

Num mar de tanto amor, vivo e navego...
Eu sou feliz, decerto, isso eu não nego.

X

Não preciso provar quanto eu te quero

Tu és minha rainha e meu desejo.

Viver o nosso amor intenso; espero,

Saber de teu carinho em cada beijo...

Em teu gosto e sabor, amor tempero

E faço meu banquete. Sempre vejo

Tua nudez em sonho... E te venero

Por ser esta delícia que prevejo...

Não deixo que jamais alguém te fira

Prefiro fenecer, se for preciso.

O mundo sem parar por certo gira

Mas caio nos teus braços novamente.

Tu és o meu destino e paraíso,

Vem cá quero te amar e bem urgente!

X

O meu amor imenso busca o mar
De amor que encontrará somente em ti,
Procuro em tuas braças navegar,
Nos teus braços amor eu me perdi.

Qual rio que procura desaguar,
Sorrio tão feliz se estás aqui,
Vazante deste amor a te buscar
Por teu amor semente que escolhi

Semeando em palavras e desejos,
Aguando com carinho tão dileto.
A cada novo tempo mil festejos

E o gosto deste mel que sempre vem,
Amar é se sentir bem mais completo
A outra metade inteira de um alguém...

X


Espero teu calor na minha tarde
Depois de tantos sonhos esquecidos.
Amor que tanto queima e que já me arde
Esquece dos desejos mal vividos...

Eu quero essa nudez que me prometes
Nas minhas caminhadas pela vida,
Palavras tão macias que repetes
Transbordam meu desejo enfim, querida...

Eu quero navegar pelos teus portos
Vivendo a fantasia deste cais.
Por rumos que pensara fossem tortos
Encontro essa ventura e tenho paz...

A paz que celebramos, nossa cama,
Queimando e descobrindo cada chama....

X

Um sentimento nobre e tão maior
Além do que no peito já flameja,
Permite que a vontade que poreja
Se torne em cada verso um esplendor.

Não deixa que a saudade, em triste dor,
Que a todo ser humano que dardeja
Amor além de tudo se deseja,
Um canto bem mais forte e sedutor.

Meu grito percorrendo este infinito
Permite que se mostre tudo enfim.
Não quero mais viver um mundo aflito,

Nem quero uma tristeza; na verdade,
Prefiro o bem maior que existe em mim,
Nos braços divinais de uma amizade!

X

Amor que vem chegando, um alvoroço!
A vida já transforma totalmente,
Quem vinha amortalhado, num repente,
Renova-se na luz de um novo moço.

Esperança ressurge lá do poço,
Onde se escondera em triste mente,
Fazendo-nos viver mais plenamente,
Da dor que já sentimos, nem esboço.

Amor quando tardio, enfim confunde,
E transforma o que somos num momento,
Meu corpo no teu corpo já se funde

E mostra quanto é belo e sensual
Amar assim, em pleno envolvimento
Num elo que se mostra sem igual...

X


No teu olhar aberto a sina dos poetas...
O mar que procurava aguarda um horizonte.
A vida representa as curvas e as retas,
Mergulho todo o medo em cima desta ponte.

A minha sina trouxe esmeros destas setas,
Matar a minha sede em toda pura fonte.
As curvas que já fiz são todas incompletas
A sorte em minha vida, espreita-se defronte.

Na tela que hoje traço as cores são disformes.
Procuro por teu rastro, aguardo uma saída.
Desejos de viver, por certo são enormes!

Não quero tanto brilho, ofusca meu olhar,
Eu quero solução que salve minha vida.
Eu quero simplesmente a certeza de amar!

X

Não quero tua morte. Isso jamais seria
Um sentimento duro o bastante p’ra ti!
Pois todo esse tormento, em vão, que já vivi;
Não pode ter a força a qual se pretendia.

Néscio, cruel, mordaz o mundo onde vivia
A tua mocidade. Estou melhor aqui
Distante do que foste, e já sobrevivi.
O breu que trazes na alma, impede a luz do dia!

Caminhas sem destino, errante e sem paragem.
Pegadas nunca vejo em teu rumo e viagem.
Desculpe se te fiz o mal, ou mesmo ofensa...

Não passas do vazio, eu juro, não te odeio.
T’a morte não desejo, a isso estou alheio.
Ao contrário, só tenho em meu peito indiferença!

X


Amiga, se vieres de tardinha,
Verás que já venci os meus cansaços.
Acolho uma esperança nos meus braços,
A sorte no meu peito já se aninha.

Revejo cada sonho dos que eu tinha,
E sigo mansamente velhos passos
Que deixas no teu rumo, ganho espaços.
Coloco a tua mão por sobre a minha

E beijo, calmamente o lindo rosto,
Deixando um sentimento assim exposto,
Muito além de um desejo, da vontade.

Sabendo que contigo eu me perdi,
O mundo mais gostoso encontro em ti,
Que é mais que pleno amor, pura amizade..

X


Um mundo em que vivi sonho encantado,
Guardando as impressões que tive aqui
Sabendo que talvez perceba em ti
O
gosto deste canto iluminado.

Além do que sonhara, desprezado,
O rumo em minha vida, eu já perdi.
Apenas o que vejo agora em ti
Ressurge
como via, um novo Fado.

Em rosas brancas, raios da manhã
Perfumam meu caminho mais deserto.
Nos braços de quem quero, já desperto,

E faço em outro gesto meu afã.
Teu colo tão macio e sensual,
Renova a minha sorte em seu aval...

X

Um coração dorido em tanto arder,
Fazendo da alegria um mero esboço,
Morrendo devagar, embora moço,
Aos poucos se sentindo esvaecer.

O chão que vai se abrindo num tremer
Causado pelo amor em alvoroço,
De um tempo que se foi, querido e nosso,
Aonde se vivia por prazer.

Mas sei que embora longe, amor insiste
E bate em minha porta em grito agudo.
Eu não quero admitir, mas vivo triste.

Vivendo tão somente este desejo
Que às vezes me maltrata. Fico mudo,
Minha boca aguardando por teu beijo...

X

Em volta desta lâmpada, a falena,
Se perde e se queima, morre cedo,
Assim desconhecendo este segredo,
Também minha alma louca já se acena,

Na fantasia atroz, mesmo serena,
Enlaça-se contigo neste enredo.
Caminho tão difícil que enveredo,
Trazendo tal feitiço em noite plena.

Se morrerei ou não, isso não sei,
Apenas eu deixei me seduzir,
Não tenho mais vontade de partir,

Contigo o tempo inteiro eu estarei.
No final, machucado, até ferido.
Mas vale sempre a pena ter vivido!

X

A noite vem caindo devagar
Trazendo para a Terra um manto escuro.
Meu coração deveras inseguro
Pergunta por teus rastros ao luar.

Difícil, realmente acompanhar
Um passo que se deu em chão tão duro.
Escondido, por certo atrás de um muro,
Não faço nada além do que esperar.

Não quero conceber um mundo triste,
Eu creio neste amor que sei, resiste;
Por isso toda noite aqui eu venho.

Embora sem respostas, quero alguém
Que um dia, há tanto tempo foi meu bem
Uma esperança tola; enfim, contenho...

X


Estradas que percorro no trabalho
Qual fossem tempestades, complicadas.
Em curvas, pedregulhos, me atrapalho
Assusto-me com chuvas e guinadas.

No barro me atolando, sem saída,
Procuro a solução destes problemas,
Ao voltar para a casa, a despedida,
Refletem nos teus olhos, meus emblemas.

Eu sou um pobre ser apaixonado
Que vive para amar quem bem me quer,
Querendo retornar para o teu lado,
Revivo teus desejos de mulher.

E rezo pela volta num instante,
Lembrando de teus olhos, minha amante...

X

Pousando minha mão tão dolorida
Em busca de um carinho maternal,
Encontro teu abraço sem igual,
De minha alma, no amor; compadecida.

Ouvir a tua voz que é tão querida,
Amiga e companheira, em bom astral
Afastas de meu rumo todo o mal
Ajudas a vencer a dor da vida.

Quem dera se tivesse mil espelhos
Ungüentos de esperanças mais suaves.
Deitar minha cabeça em teus joelhos

Sentindo teus carinhos docemente,
Dos olhos a visão sem ter entraves
Um mundo se fazendo alegremente!

X

Aquém de todo sonho que tivera
Espreito uma verdade insofismável.
Amor perfeito eu sei inencontrável,
É como regressar à primavera.

Sabendo que terei esta quimera,
A fonte de esperança, inesgotável,
Aos poucos se tornando dispensável,
Mostrando em suas garras, louca fera.

Eu quis amar demais e me perdi,
Eu quis felicidade e nada tive.
Um louco coração que sobrevive

Ainda busca amor, deseja a ti.
Será que inda terá, pois, solução,
Quem quer em todo amor, a perfeição...

X


Vagando tão sozinho por espaços,
Embalde, ninguém ouve, solto um grito;
Nos ermos da esperança, tantos passos,
Perdido e sem carinho, necessito
De tudo o que me lembre fortes braços
Que apóiem meu viver, por certo aflito.

Bem sei quanto vigor em duro inverno
Além do que concebo, em nada penso.
Distante da acolhida – lar paterno,
O mar desta agonia se faz tenso,
A vida se transforma num inferno,
Amor se faz distante e só pretenso.

Uma amizade apenas, já me veste,
Regando com carinho um mundo agreste

X

A vida se transforma a cada dia
Em ventos, ventanias, temporais,
Depois a mansidão em calmaria
Bonança
se promete em manso cais.

Não temas, pois as duras tempestades
Nem nuvens que enegrecem nosso céu.
Aos poucos se dissipam. Claridades
Virão em toda a alvura deste véu.

Quem sabe destas urzes não as teme
Pois sabem que são sempre passageiras.
O mundo, num segundo, sempre treme,
Quando emoções se mostram verdadeiras.

Não tema prosseguir nos mesmos passos,
As dores só estreitam fortes laços...

X

Conquistar teu amor! Meu mais dileto feito...
Andavas toda nua em um sonho divino.
Guardadas no meu peito, as ânsias dum menino.
O mundo em harmonia, amor mais que perfeito!

Pensava que era Deus; a deusa no meu leito...
A noite em fantasia, o riso em desatino...
Na tua boca o gozo... Em sonho me alucino!
Não tinha nem sequer a sombra de um defeito.

Porém, a vida ensina a quem nunca cultiva.
A chaga que te mostro, exposta em carne viva,
Demonstra que fui tolo agindo sem pensar.

Perdi a quem amava, a quem eu tanto quis,
Minha alma se transtorna, estou tão infeliz...
Amor que conquistei, não soube consevar!

X


Meus discos esquecidos numa estante,
Parecem com minha alma abandonada.
Quem fora; por decênios, bajulada
Decadente se mostra num instante

A vida me calando, qual farsante,
Não deixa mais seguir nenhuma estrada,
Sobrando do que fui quase que nada,
Embora tão teimosa e relutante

Não queira abandonar uma esperança,
Nos discos que escutava, festa e dança,
Na estante a solidão do não mais ser.

Atando fogo, queimo esta vitrola,
E tento em novo canto renascer
Qual pássaro quebrando uma gaiola...

X

Meu verso qual aborto que incompleto
Deixou uma placenta no caminho.
Vencido pela dor não me completo
Nem tenho mais um resto deste ninho.

Sou quase, na verdade, um triste feto
Jogado pelas ruas, sem carinho.
No vaso que quebraste sem afeto,
Um parto que se fez, morreu sozinho...

Um ser que tão abjeto vai sem rumo,
Vergastas arrancando minha pele.
Numa acidez terrível, podre sumo

A sorte malfadada me repele.
Quem vive e nunca mais conhece o prumo,
Na morte encontrará enfim quem vele...

X

Compadre, venho aqui falar de tudo
O que passei, perrengues, nesta vida.
A flor que imaginara ver crescida
Agora vai deixando um rastro mudo.

Não ouço mais a voz de quem, contudo,
Um dia se mostrou minha saída,
Eu sei que na verdade eu não me iludo,
Porém não percebi que a despedida

Seria dolorida assim, demais.
Não quero vê-la enfim, pois nunca mais
Irei amar com força e com vontade.

De todos os caminhos que encontrei,
Garanto que jamais imaginei
Sentir num duro peito, esta saudade...

X

A vida;um carnaval em adereços,
Em tantas fantasias me embalando,
Num baile mil ternuras desfilando,
Mudando desta sorte os endereços.

Amor já me cobrando ricos preços
Não sabe conduzir, nem quanto ou quando.
Aos braços de quem amo me entregando,
Percebo em passeata meus tropeços.

Nos lenços que balanças, teu adeus,
Os olhos embuçados quase ateus,
Demonstras quanto dói a decisão.

Mas, amor; implorando por perdão,
No camarote imenso da saudade
Não vi mais desfilar felicidade...

X

Qual fora um louco sonho, um arremedo
Que forja uma saudade que não tenho.
No verso mais ferino não contenho
E digo, com certeza, eu tenho medo.

Do que não mais queria, num degredo,
Em versos incontáveis, logo eu venho,
E quase sem sentidos, fecho o cenho
E calo o sentimento e me enveredo

Por ruas e montanhas tão distantes
Dos olhos que se foram companheiros.
Marcados por dentadas delirantes,

Eu busco o dom de ser, talvez; feliz.
Amar é disfarçar em cada atriz,
Os atos que não foram verdadeiros..

X


Qual fora um beija flor que em manso vôo
Fecunda a rosa eterna do desejo,
Percebo em teu carinho que antevejo
Ser mais do que sonhara em sobrevôo

Os
erros cometidos? Sim perdôo,
Embora nada venha além do beijo.
Ouvindo no teu canto cada arpejo
Um coração feliz; querida, ecôo...

Somamos nossos atos, somos amos
Dos passos que traçamos vida afora,
Querendo renovar, portanto, a flora,

Mil sonhos, em verdade; desfrutamos.
Eu sei que mais felizes, nos amamos,
Na sorte que nos doura e sempre aflora...

X

Chegaste como um dia de verão
Num vento mais suave e bem ameno,
Deixando um velho peito mais sereno,
Regando com ternura um duro chão...

Meu canto se perdendo na amplidão
Envolve em alegria cada aceno,
Destrói da solidão cruel veneno
E mostra enfim caminho e redenção.

Quem veio de um inverno que em frieza
Tornou
meu passo lento e sem destino,
Chegando bem mais forte a correnteza

No sol de uma paixão, calor a pino,
Impede a mutação da natureza
Mostrando uma verdade à qual me inclino...

X


Meu sonho persistente te obedece
Procura a perfeição por um momento,
A solidão depressa se arrefece,
Levada por carinho em livre vento.

Felicidade intensa que germina,
No amor que se mostrou em plenitude.
Montando na esperança, solta crina,
Fazendo com que a sorte, enfim transmude.

Quem sabe mais estável, seja a vida,
Depois desta incerteza em que talhei
A juventude inteira, e assim decida
Mudar em cada brilho, nova lei.

Amor que presenteia quem persiste,
Matando o meu passado, amargo e triste...

X

Quem vive sonhos duros, controversos,
Na busca por carinho, faz mil juras,
Premissas que vieram desde os berços
Enaltecendo a luz em que procuras

Distantes descaminhos, as loucuras,
Mostrando-se no fim que vão dispersos
Os transes em que mostras tão perversos
Os gozos que antecipam as torturas.

Talvez uma esperança sobreviva
Nos braços que estendeste para mim.
Porém figura audaz e tão altiva

Não deixa que esta vida seja assim.
Minha alma até demais, por compassiva,
Vai louca, transtornada até o fim...

X


Rolando neste amor qual fosse um seixo
Que desce pelos rios da esperança,
Do sonho mais disperso, não me queixo,
Pois tenho enfim, contigo uma aliança.

O rumo que encontrara em tal desleixo
Agora em novo canto, a vida alcança
Carinhos que me trazes, doce feixo,
Promessa tão ditosa de mudança....

Um cego se debruça em seu cajado
Assim como eu procuro o teu apoio,
Matando no final, amargo joio,

Restando calmamente do teu lado,
Encontro em teu amor, sinceridade,
Forjando na prisão, a liberdade...

X

A vida que se fez em derrocada
Tomando
meus castelos. Maldição!
Depois de tanto tempo resta nada
Apenas a terrível solidão.

A noite que se fez tão estrelada
Agora, enegrecida, mostra o não.
Amor já se perdeu em negação,
Sobrando só minha alma abandonada.

O medo companheiro, em meus anseios,
Aterroriza sempre em cada verso.
Quem dera, minha amiga, em teus enleios

A vida se mostrasse bem mais minha.
Assim eu poderia, no universo
Salvar minha alma triste e pobrezinha....

X


Na nossa amizade
Encontro esta luz
Que logo seduz
E traz liberdade

Mostrando a verdade
Que enfim me conduz,
Amor reproduz
A sinceridade...

Te tenho querida,
Com força total,
Calor magistral

Tomando esta vida
Assim percebida
No mais alto astral...

X


Elípticos caminhos
Vagando sem destino,
Andara tão sozinho,
Sem rumo em desatino.

Um sonho determino
De ter um novo ninho,
Qual fora um passarinho
Que cedo, me alucino...

Apenas amizades
Ajudam a saber
Por certo, as qualidades

Do que pretendo ter,
Nas solidariedades
Encontro tal prazer...

X


Querendo mais carinho
Eu vejo esta chegada
Depressa em meu caminho,
Mudando nossa estrada

Chegando de mansinho,
Depois de quase nada,
Em versos eu me aninho,
Refaço uma alvorada

Amiga, eu não permito
Que a vida seja assim,
Perder-me no infinito,

Sofrer até que o fim
Tão duro e mais aflito,
Se mostre bem ruim...

X

Na força da amizade
Eu traço o meu destino,
Qual fora assim menino,
Vejo felicidade.

Vou à saciedade
E assim eu me ilumino
Num sonho cristalino
Encontrei a verdade.

E quero que tu venhas,
Amiga predileta
No peito do poeta,

Tu sabes quais as senhas,
Tirando todo entrave,
Tu encontraste a chave...

X


Amiga verdadeira
Eu peço num segundo,
O sonho mais fecundo
Que tive a vida inteira.

Num vale tão profundo
A sorte derradeira,
Se mostra companheira
No amor no qual me inundo.

Eu vejo uma esperança
Em cada verso novo,
Nos olhos do meu povo,

A sorte enfim avança,
Salvando esta criança
Na qual amor renovo..

X


Amiga, em cada verso
Que faço para ti,
Um mundo mais perverso,
Contigo eu já venci,

Um passo no universo
Reverso do que vi,
Amor assim diverso
Encontro sempre aqui.

Prometo uma manhã
Que seja mais bonita
Vivendo neste afã

Minha alma é tão bendita
Pois eu sei que amanhã,
Não terei mais desdita...

X

Eu quero esta cachaça que me traz
A boca mais gostosa da sacana,
Eu sinto esta loucura que se emana
Deixando a minha vida mais em paz.

Eu fico, de repente, mais audaz,
Neste produto mago de uma cana,
À noite me tomando de campana,
Tornado em nossa cama mais voraz.

Eu quero o teu prazer, e o meu também,
Depois na nossa veia, a tal glicose,
Contigo, minha amada a noite vem

E quer que em seu caminho sempre goze,
No tempo anunciado por meu bem,
Depressa antes que chegue uma cirrose...

X

Eu quero ter o gozo da morena
Da loura, da mulata e da crioula
Retiro mansamente esta ceroula
E o mastro anunciando já se acena.

A fonte não é grande nem pequena
Mas traz mais alegria que papoula,
A roupa num momento, a recompô-la
Depressa que já vai fechando a cena.

Caindo o pano, vejo que seu pai
Já vem chegando calmo e sorrateiro,
A casa, se bobeia logo cai

Aí, querida, estou mais desgraçado
Do jeito que este velho é sorrateiro,
Amor, terminarei sendo capado...

X

Por Deus o nosso amor foi contemplado,
A sina que nos une é muito forte.
Caminho sorridente do teu lado.
Contigo reconheço, tenho um norte.

Os olhos impregnados de futuro,
As mãos cultivam frutos condizentes,
Nosso ar vai se tornando bem mais puro,
Acalmam-se panteras e serpentes...

Vagamos por espaços bem mais leves;
Em mares mais serenos, calma areia
Eu peço que jamais retornem neves
Que calem este sol que nos clareia

E vamos, mãos atadas, destemor...
Vivendo na magia deste amor...

X

Decifro em meus desejos a mulher
Que traçou meu destino, a minha vida.
As ilusões que trago, o que vier;
Mostrando a mocidade, vã, perdida.

Desabam tempestades em qualquer
Uma
destas palavras: despedida.
Na pérfida manhã, o teu mister,
Trazer na boca o beijo de partida...

Quem teve o seu destino em frios braços,
Colando sonhos gêmeos siameses,
Estreitam-se demais os nossos passos,

No nó que desataste, veio o frio,
Amor que disfarçaste, tantos meses,
Termina em solidão, neste vazio...

X


Vestígios do que fomos nesta casa,
Teus passos ecoando em meus ouvidos.
Os dias que se foram, repartidos,
Nem mais uma esperança inda me abrasa,

Quem sabe desfrutar tempo que apraza
Deixando-se levar pelos sentidos,
Sabendo destes sonhos divididos,
Por certo nesta vida nunca casa.

Esquece de grinalda e de buquê
Na festa transformada em decepção.
Aquele que no amor, inda revê

Os sonhos de uma eterna recompensa,
Envolto pelas garras da paixão,
Depois de certo tempo em nada pensa...

X

Um canto demorado, repetido.
Nenhuma solidão ronda por perto.
Areia em tempestades no deserto,
O manto das saudades estendido

Não se ouve nem sequer um só ruído,
O vento em seu monólogo comprido,
Trazendo a sensação: dever cumprido.
O mundo dorme atroz, mal repartido.

Distantes os oásis, leda a vida...
Minha alma desprendida, a cordilheira
Espera calmamente que decida

Caminho que percorra, leve e inteira...
O vento no deserto, minha cama...
Ao longe a cordilheira... No Atacama...

X


Morena, em tua boca, minha fonte
De beijos delicados e gentis,
Vislumbro maravilhas no horizonte
E sou, além de tudo, mais feliz.

Não quero mais mentiras que me apronte
A vida em seus meandros tão sutis,
Nem mesmo uma lembrança que remonte
Passado dolorido onde me fiz.

Meus versos vão buscando navegar
Nos sonhos mais fecundos, lisonjeiros,
Amores que me dás são verdadeiros,

Apenas não consigo me livrar
Dos medos que se tornam corriqueiros
Em quem desaprendeu a namorar...

X

Perdoe se eu errei ao decifrar
Sinais que não consigo compreender
Tomado pelos raios do luar,
No sol eu comecei a me perder.

Vertendo uma esperança em negro mar,
Deixei o nosso barco fenecer,
Desculpe se não soube te encontrar
Nem mesmo nos meus versos te dizer

Do sonho que se fez em pesadelo
Na
noite dolorida e tão distante.
A vida a se mostrar mais inconstante,

Enredo meus desejos num novelo,
E o fogo da vontade, da cobiça
Transforma-se na areia movediça...

X


As rosas cultivadas já vicejam
Neste jardim divino que plantamos,
Durante tanto tempo nos amamos,
Os corpos dos amantes se desejam.

Os dias mais felizes antevejam
Brotando no arvoredo novos ramos,
Dos dias maviosos que sonhamos,
Os brilhos da esperança relampejam...

Nas rosas cultivadas, bom perfume,
Deixando suas marcas pelos ares,
Refazem cada fruto dos pomares,

Nascendo novamente,sem queixume,
As rosas que colhemos noite afora,
Vieram sem espinhos, sem demora...

X

A vida me marcando em funda chaga
Fazendo no meu peito uma avaria,
Distante deste sonho, noutra plaga,
Espero te encontrar, quem sabe um dia.

A dor que me consome e já me traga
Dizendo que em amor, velhacaria,
Mas quando vens, querida, tudo alaga
Transforma toda a dor em fantasia...

Navego nos veleiros e jangadas,
Os mares transformando velhos rios,
As noites que retornam consteladas,

Embarcações diversas que me levam,
Tanto calor, às vezes num estio,
Em duro inverno, olhares tristes nevam...

X

As noites que se foram tão imensas,
Mudando o sentimento, em serenatas
Busquei
em teu amor as recompensas,
Vivendo mansamente sem bravatas.

Dos sonhos que tivemos, mil cascatas
Descendo pelos lábios, versos, crenças,
Distante das discórdias, sem ofensas,
Tivemos calmaria em flores natas.

Amores que se formam, catedrais,
Desejos em sonatas, madrigais,
As noites se passando, belos sonhos...

Os corpos misturados, canibais,
Querendo cada vez e sempre mais,
Em atos delicados e risonhos...

X


Falar desta amizade
Estrela que nos guia,
Trazendo a claridade
Que justifica o dia.

Eu quero, na verdade,
Bem mais do que sabia
Falar da liberdade
Que em sonho sempre via.

Serena minha vida,
Afaga meus cabelos,
Estrada mais comprida,

Enleva em seus novelos,
Meus dias; ilumina,
Mudando minha sina...

X

Em cada passo teu, um bom caminho,
Prenúncios de que um dia serás minha.
Meu coração vagando, um passarinho,
Na busca por teus olhos, avezinha.

Nas luzes que em teus olhos me iluminas,
Guardando o teu sorriso tão sereno,
Banhando em esperanças as retinas,
Num fogo imaginário brusco, ameno.

Eu quero e desse tanto não mais fujo,
Misturo sentimentos, não segredo,
De tudo o que deixei; no amor ressurjo,
Deixando sepultado cada medo.

A vida prometida e renovada,
Na esperança dos olhos, minha amada...

X


A dama imaginária que encontrara
Em sonhos, iludido, jamais vem.
Qual fora uma emoção singela e rara
Transporta um sentimento que não tem.

A dama imaginária é fantasia
De quem navega só, faz tanto tempo.
A noite que me engana não traria
Amor, já me causando contratempo.

Ao vê-la assim formosa, nada fala.
Apenas me cerceia e me domina,
Nudez invade a casa, o quarto, a sala,
E aos poucos, mansamente me alucina...

O medo de perdê-la me entorpece,
E rogo sua volta em cada prece...

X

Te amo profundamente, estrela do meu céu!
Imerso na amplidão de todo belo astral,
Persigo seu perfume, amor fenomenal
Que vai pelo infinito etéreo; meu corcel.

Enorme, na esperança, o mundo sem fronteira...
Amor, que ouso cantar, nestes meus pobres versos..
Percorre sem saber múltiplos universos.
Esse amor, imortal, se dispersa sem beira

Sem limite e final. É dom que se procura
Eterno, santifica, em lágrimas me cura...
É tudo que se pretendo, inclui a própria vida!

Estrela, o meu amor intenso e sem defesa,
A mão de Deus o fez num dia de grandeza
Total e verdadeira: amor não tem medida!

X


Amor que se mostrando docemente
Portando em esperanças, namorados,
Meus passos que já foram descuidados
Refazem alegrias novamente.

Tocando bem mais fundo um ser vivente
Em fartas ilusões, traz delicados
Sentidos em que estamos demarcados,
Singrando meus caminhos, minha mente.

Tu és minha senhora, eu sou teu par,
Neste bailado louco que se espera,
Amar é dominar terrível fera

E milagrosamente se encontrar
Debaixo destas garras da quimera
E depois disto tudo; festejar...

X

Vagando no teu corpo, os universos
Percorro sem ter medo da verdade,
Encontrou mil caminhos tão diversos
Retomo num segundo a liberdade

E forjo meu destino nos meus versos
Bebendo desta luz, a claridade,
Os dias que se foram, mais perversos
Transmudam em total felicidade...

Amar é conquistar novos espaços,
Saber que posso ser além de um cais.
Flutuo em meus desejos, tramo passos

Na busca do infinito e quero mais,
Amor que me prendeu em firmes laços,
Não quero me apartar de ti jamais...

X


Uma esperança traz contentamento
A quem tanto procura ser feliz,
Não quero ser além de um aprendiz
Na busca pelo sonho solto ao vento.

Vivendo sem temor cada momento
Quem sabe um bom futuro se prediz
Fazendo nesta vida o que se diz
Tramando noutros olhos, meu alento.

Ó sonhos desejados e diversos
Dos tempos em que fora sempre amargo,
Eu quero renascer e sem embargo

Vasculho tais pegadas pelos astros,
Procura interminável pelos rastros,
Vagando no teu corpo, os universos...

X

Nascente maviosa deste Rio
Que mostra em suas margens, os segredos,
Deriva em esperanças, santo estio,
Deixando para trás tantos degredos.

Esquecimento amargo, duro e frio,
Provoca na minha alma velhos medos.
Porém na fonte insana principio
A trama delicada dos enredos.

Tesouros que guardados nas areias
Das praias onde o rio tem a foz.
Meu coração batendo mais veloz,

Em mãos audaciosas me incendeias,
Quem teve em seu passado curva atroz,
Recebe os teus carinhos, minhas veias...

X

Cantando deste amor, tantos cuidados
Tomando uma esperança como guia
Meus olhos vão felizes aninhados
No peito de quem amo e preferia.

Não quero mais meus dias magoados,
Nem quero mais sangrar a poesia.
Apenas converter em mansos Fados
Os
sonhos temerários dos meus dias

Bem sei o quanto dói ledo destino,
Talvez amarelando verde rama,
Neste amadurecer salve o menino

Da dor que em juventude se derrama.
Meu coração, antigo peregrino,
Atende ao teu chamado e já se inflama...

X

Nosso amor tão amigo e companheiro

Que encara toda a dor com alegria,

Cantando sem temer o mundo inteiro

Fazendo deste verso, a sinfonia



Que louva todo amor sem ter limites;

Em todas as facetas deste sonho...

Te peço, minha amada que acredites

Em tudo o que te canto e que proponho.



Nascemos por amor, vamos por ele,

Nos versos irmanados por um Deus

Que é feito neste amor que se revele

Sem permitir a dor nos olhos teus.



Estamos nos refúgios da esperança

Esse amor-amizade é nossa dança!

X

Eu quero te beijar tão mansamente,
Aos poucos te fazer, inteira, minha,
Neste carinho manso e tão dolente,
Beijar-te por completo, linha a linha.

Eu quero que tu saibas como é bom
Poder ser encantado por teus toques,
De sinos, aos milhares, ouço o som,
Te peço, minha amada, não provoques...

Mal sabes como estou tão ansioso
De ter o teu prazer bem junto a mim,
Eu quero que te sentir, amor fogoso,
Deitada no meu colo; ser-te, enfim...

Meu beijo que te dou com precisão,
É chama tão imensa de paixão...

X

Um verme passeando escatológico,
Da merda faz divina refeição.
Profanando este templo sem perdão
Tornando cada dia mais enérgico.

Crescendo no intestino, proctológico
Passeia pelas pregas, comichão.
Um verme se mostrando tão ilógico
Espreita devagar o mundo cão.

Qual fosse o verme assim tu me maltratas,
Depois vai se escondendo em poço escuro.
Procuro devagar em densas matas,

Mas logo tu te escondes trás o muro
E finges, num sorriso, uma ternura,
E fazes desta vida, bosta pura...

X

A vida não se cansa
De trazer mais surpresa
Quem sonha sempre alcança
Não perde mais a presa,

O tempo sempre avança
E mostra que a beleza
É feita da esperança
O resto é sobremesa.

Não temo mais a dor
Que um dia vai chegar,
Valeu por todo amor

Da vida a nos mostrar.
Quem é um sonhador,
Jamais vai se cansar!

X

Carinha de sapeca,
Brincando sem parar,
Coitada da boneca
Cansada de apanhar.

Depois de uma soneca,
Já vai recomeçar
No chão quando defeca
É bosta a se espalhar...

Criança bem levada,
Não deixa nada em paz,
Depois de madrugada,

Acorda. Isso é demais,
Paixão desenfreada,
No fundo sempre traz...

X

Dimitri faz bagunça
Mamãe logo reclama,
Pareça uma jagunça
Bota fogo na chama,

Não pode dar bobeira
Ele aprontou mais uma,
Fincou mão na roseira
Bicuda, deu na Juma.

Moleque, já sossegue,
Mamãe gritou do quarto,
Batendo até no jegue,
O bichano anda farto

De tanto solavanco...
Mamãe trouxe o tamanco!

X


Balança o coreto
Na dança dileta
Dizia o poeta
Aqui não me meto!

Ser franca e direta
Eu não me intrometo,
Na luz predileta
Que invade meu gueto.

Eu sou teu amigo,
Por certo, querida,
O resto? Nem ligo,

Encontro a saída
Se corro perigo?
Quem sabe duvida...

X

Qual pássaro aflito
Temendo a gaiola,
Amor tece rito
Mas nada consola,
Meu sonho bonito,
Não vai nem decola.

Querendo estar perto
De quem tanto eu quis
Meu peito deserto,
Morrendo infeliz,
Amar é decerto
Eterno aprendiz.

Morrer de saudade,
Não fosse a amizade...

X


Meu verso calado
Depois desta festa
Amor delicado,
Por certo o que resta

Deixando de lado,
Invado a floresta
De sonhos, marcado,
O nada se empresta

E mostra um caminho
Sem paz, claridade,
Deixando sozinho,

Vibrando a saudade
Aquecendo o ninho
Sobrou amizade...

X

Eu sei da promessa
Que a vida nos fez,
Amar sem ter pressa,
Manter sensatez.

A sorte dispersa,
Quimera da vez,
Deixando a conversa
Com muita altivez.

Mas sinto o perfume
Que a rosa exalou,
Distante o queixume,

Foi o que me sobrou,
Amiga, um ciúme,
Tanto maltratou...

X

Amiga querida
Dos tempos de guerra
A noite descerra
Por sobre esta vida,

Que fora perdida,
Sem rumo, já berra
A noite se encerra
Em paz repartida.

Viemos do nada
Jardim morreu flor,
A noite cansada

Matando um amor,
Mas vem alvorada
Tudo recompor...

X


No vento benfazejo
Que a vida agora traz,
Vontades e desejo
De ter somente paz.

No céu que não trovejo
Prevejo mais capaz
Nem só carinho e beijo,
À gente satisfaz...

Uma palavra amiga,
Eu sei que é importante,
Se a vida já periga,

Por um rápido instante
Tua ternura abriga,
Amiga, amada, amante...

X

Amiga na verdade
Eu nunca te esqueci
Pois sei que a claridade
Está junto de ti,

Viver esta verdade
Que sei que existe aqui,
Poder de uma amizade
Sempre reconheci.

Agora não me canso
Jamais de te dizer
Que a sorte em que eu avanço

Mostrando o meu prazer
Transmudado em remanso
Jamais
vou esquecer...

X

Quem não amar a vida vai sentir
O fogo desdenhoso em solidão.
Deixando num momento de pedir
As cores maviosas da emoção.

A morte é benfazeja para quem
Não pode perceber tanta beleza
Que a vida nos mostrando sempre tem,
Nem sabe desfrutar da natureza.

Tolice é não viver cada momento
Deixando pra depois, felicidade,
Carinhos que trocamos, sentimento
Que mostra toda a força da amizade.

Amiga, vem comigo. A vida chama,
Acenda em todo verso a tua chama...

X


Pediste meu amor, não te dou não!
Apenas te darei prazer e gozo.
Bem sei que faço amor bem mais gostoso
Se tudo não passar de uma ilusão.

Não quero mais sentir uma emoção
Que torne meu viver mais doloroso.
Não vou ser teu marido nem esposo,
Amante? Pode ser... mas sem paixão...

Respondo ao teu pedido deste jeito,
Sinceridade dói, mas eu prefiro,
Não queira, por favor me dar um tiro.

Amar ou não faz parte do direito,
Só sei que já me dou por satisfeito
Resposta mentirosa, eu não desfiro...

X

Quando olhas tão gulosa para mim,
Parece que uma loba me devora.
Querendo sempre mais aqui e agora,
Não deixa pra depois, já quer assim.

Plantando uma roseira no jardim,
Uma explosão de cores já se aflora,
Porém ir sem descanso? Vou embora,
Eu não agüento, assim será meu fim...

No teu olhar sapeca, já percebo
Que apenas restará pronto socorro,
No fogo desejoso que recebo

Contigo meu amor é mato ou morro.
Já fui menino, moço, até rapaz,
Agora que estou velho? Vá em paz!

X

Inda quero da vida o gosto bom
Da boca da morena mais sacana,
Vibrando novamente em cada tom,
A mão deste prazer que tanto abana,

Comendo desta fruta, do bombom,
Quem sabe amar, querida, não se engana,
Amar não é somente um doce dom,
Levar a vida inteira, soberana...

Eu quero renascer em cada toque,
Perfeito, mavioso e sensual.
Amor que não se guarda, sem estoque

Permeia minha vida, meu astral,
Menino que brincava com bodoque
Agora se embrenhando em matagal...

X

Vontade de seguir a noite inteira
Nesta balada intensa, sem descanso;
No jogo do prazer que sempre alcanço
Consigo, minha amada companheira.

Vencendo a timidez que é corriqueira,
Neste bailado rítmico que eu danço
Vontade se mostrando feiticeira
Na caça por um porto, por remanso...

Nas conjunções dos astros, das estrelas,
Prevejo meu futuro sem enganos,
Quem pode me julgar? Ninguém há de.

Em gozos, tais vontades; convertê-las,
Depois destes carinhos mais insanos,
Persiste esta de vontade de você!

X


Meu beijo é quase assim um bandeirante
Que busca este tesouro que escondias.
Em matas tropicais, em noites frias,
Invade cada senda a todo instante.

Procura pela mina deslumbrante,
Em noites dedicadas e vadias,
Beijo expedicionário quer as vias,
Chegando ao matagal tão fascinante.

Depois encontra a mina, teus rubis,
E sabe desfrutar de cada fruta
Que trazes nos pomares divinais...

Ao ver o teu sorriso assim, feliz,
Inundação tomando toda a gruta,
E o risco de querer de novo e mais...

X

Eu te ofereço a terra se quiseres
O gosto e o perfume das estrelas
As flores mais divinas, raras, belas,
Por certo darei tudo se vieres.

Tu és a mais bonita das mulheres,
Desejos nos teus olhos já revelas;
Teu corpo que é banquete em mil talheres,
Cavalga-me querida, sem ter selas...

Eu te darei a lua em claridade,
Mas peço-te, querida, um só favor,
Recebo o teu desejo em umidade,

E faço deste sonho tentador,
Vibrante, mavioso em puro ardor,
Somente não darei fidelidade...

X

Não olhe para mim, tão desejosa,
Mal sabes que não posso me conter.
Colhendo no jardim, perfeita rosa,
Vontade de tocar e me perder...

Não quero te deixar tão vaidosa
Mas ao me olhar assim, com tal prazer,
Convida a desfrutar maravilhosa,
No cálice divino irei beber...

Sorvendo gota a gota em nada penso,
Apenas te desejo, e nada mais...
Por sobre um corpo belo, sempre cismo,

E sei que em festa imensa, amor intenso,
Encontro navegante, um santo cais...
O risco que me toma: priapismo...

X

Deitada em minha cama, seminua
Celestial beleza que me encanta,
Recebe mil carinhos de uma lua
Dançando no seu corpo em luz que canta.

A mão que acaricia continua
Na fome desejosa. Tal qual manta
Que cobre a maravilha em que flutua
A lua que seduz já se agiganta.

Ao ver em claridade, esta escultura,
Um deus enamorado vem surgindo,
E deitando sobre ela, com ternura,

Onan ao pressentir tão grande abismo,
Distante desse quadro raro e lindo,
Apela solitário, ao onanismo...

X

Às vezes acontece de eu querer
Um beijo delicado que não vem,
Cansado, nesta vida, de perder,
Não vejo no horizonte mais ninguém;

Meu verso não te encontra, bel prazer,
E vivo em solidão, buscando alguém.
Olhando para frente, para além,
Encontro o meu passado. Perco o trem...

Porém existe sempre uma esperança
Guardada na boceta de Pandora.
Restando tão somente uma lembrança

De um tempo que se foi sem ter nem hora.
Vencido pelo amor sem confiança
Minha alma solitária sempre chora...

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