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Friday, December 21, 2007

SONETOS 059 E 060

Louco! Se eu te pareço enquanto canto;

Meus versos sempre em busca do desejo

De ter um sonho imerso em entretanto

Enquanto em meu caminho eu nada vejo.

Feita destes talhos, quase em pranto

Uma esperança inerte; inda porejo,

Ao meditar no entanto, se me adianto,

Reflexos deste sonho eu antevejo.

Amor, um tema, em versos, tão comum,

Nas invectivas todas que proponho,

Sabendo que dos loucos, sei nenhum

Que deixe que o amor seja esquecido.

Não posso amortalhar um lindo sonho,

Nem mesmo a tanta coisa dar ouvido...

X

O vento que balança este coqueiro
Na praia dos teus olhos sensuais,
Vazante deste rio quer inteiro
As águas que procuram por teu cais.

Menina se me desse verdadeiro
Valor não perderia amor demais;
Nas cordas deste pinho um violeiro
Cantando nunca deixará jamais

Morena que na praia me chamava
De noite para a gente namorar,
Na areia com sereia se encontrava

E logo a lua cheia quis chegar,
O mundo inteiro então se enluarava,
Deitado, olhando tudo viro mar...

X

legria e esperança se irmanadas

Trazendo um bem imenso para quem

Encarou tempestades, trovoadas,

Fazendo para a gente tanto bem;

Eu falo por que sempre procurei

A paz nestas palavras, sentimentos,

Por vezes, sem notar me deparei

Com estranhas rajadas doutros ventos.

No fundo uma esperança se frustrada

Transforma uma alegria em canto triste.

Depois de uma esperança abandonada

Na vida, quase nada mais existe.

Por isso uma alegria cura o tédio;

Um coração alegre é um remédio...

X

Paixão alucinante e sem juízo

Domina cada passo sem pensar.

Vivendo, num pecado, o paraíso

Aos poucos, nos começa a devorar.

Um sentimento assim, tão impreciso

Não deixa nem um jeito de lutar,

Chegando quase sempre sem aviso,

Mal posso, num segundo, respirar.

Ao perder a cabeça, perco o senso,

Vagueio por teu corpo sol e lua,

No mar onde navego; tão imenso

Não tenho mais sentido, nos astrolábios

Meu rumo em teu corpo já flutua

Ao sabor das buscas dos meus lábios...

X

Quem pensa que aprendeu, na vida a amar,

Se engana totalmente, minha amiga,

Amar não é saber nem ensinar,

Esta verdade, embora tão antiga,

Quase ninguém jamais quis escutar.

Amar não tem porque nem como o diga

Se faz sem pelo menos perguntar,

Amor, quem não conhece desabriga

É sentimento livre e sem esporas

Cavalga sem destino e não se esconde

Titubeante nunca quer escoras.

Se faz no dia a dia, sem perguntas,

Amor jamais pergunta: como? Aonde?

São almas diferentes que andam juntas...

X

Percebo os delicados, doces lábios;
Refém de teus carinhos; nada temo...
Amores encantados sabem sábios
Contra más desventuras, sempre remo...

Tão atraente, te desejo tanto...
Delicadeza imensa, borboleta,
Tocando levemente traz encanto
Voando em liberdade, meu cometa...

Eu quero a construção de amor eterno
A cada novo dia se edifica
Na massa do carinho, sempre terno;
Amor quando demais ninguém explica

E corre mansamente para o mar,
Já sabendo em que porto se atracar...

X

Embora tenha pressa em te querer

Espero se preciso mais mil anos.

Um desejo ardoroso invade o ser

E toma meus sentidos. Soberanos

Momentos onde vívido prazer

Tomava nossos sonhos, sem enganos,

Permita que eu prossiga em me perder

Nos braços que embalaram os meus planos...

Porém sofreguidão, ânsia e desejo

Misturam-se nos olhos de quem ama,

Delírios em teus seios, quando arquejo

Na angústia de te ter e não tocar,

A pele se desnuda, em lava e chama,

E clama ansiosamente, busca o ar...

X

Etérea poesia que te faço
Nem penso mais pedir tua atenção
Não posso nem concebo mal disfarço
Tomado por sublime sensação.

Eu sinto teus vapores delicados
Delícias de perfumes naturais.
Vagando sem ter rumo por teus prados
Transporto meu amor para o teu cais.

Desejos fervilhando me alucinam,
E rodam me queimando nesta ardência
Aos poucos, totalmente, me dominam.
Não deixam nem sequer pobre clemência...

E vivo em transparências tais enredos,
De camas, pernas, coxas, de segredos...

X

Dentro do pensamento em liberdade

Ao revolver as sobras do quem dera,

Percebo que não tenho a claridade

Das sombras do que fora a primavera.

Nas gretas dos desertos, mesmo tarde,

Além do que pensara que se espera

Um resto de uma luminosidade

Gargalha de tocaia, vira fera.

Oásis da incerteza do que fui,

Nos passos meio a esmo, mesmo súbitos,

Castelo feito areia, logo rui,

Mas sinto o teu bafejo, boca aberta,

Meus sonhos são de ti, perfeitos súditos,

Inundas de esperança alma deserta...

X

Verdadeira amizade não aceita

Passivamente os pomos da discórdia.

Nem mesmo uma amizade se deleita

Apenas num sorriso que recorde-a.

Se faz de discussões e de debates

Mostrando as diferenças sem termo.

Numa amizade plena, esses combates

São feitos com afeto e com calor.

Não cala-se quem mostra-se um amigo,

Apenas por calar e não querer,

Correr a sensação de ser perigo

Aquilo que precisa-se dizer.

Nesta queda de braços é correto

Falar que tudo vale, com afeto..

X

A lua, num momento de paixão

Se entrega ao trovador enamorado,

Num ato de loucura e sedução,

Neste canto ao deus Eros dedicado.

Aos poucos sem defesa e sem perdão,

Os dois já caminhando lado a lado,

Unidos pelo mesmo coração.

Ao ver que a ele havia se entregado,

Sedenta dos carinhos, a lua ávida,

Aos poucos foi se inflando. A plenitude

Mostrada pela lua, nua e grávida...

Fugindo para o dia, o trovador,

Com medo, sem saber que essa atitude,

Havia de gerar um filho: AMOR...

X

Amor que me inebria loucamente

Fazendo-me perder rumo e saída,

Devora minha história vorazmente

Sangrando, hemorragia que é bem vinda.

Amor é qual farsante que não mente,

Oculta e dissimula. Distraída

Sorte se transtornando totalmente

Encharca num dilúvio a nossa vida...

Um deus que quando fala, silenciam...

Nos vitimando, trama a salvação,

Os dotes deste amor tanto viciam

Que quase nada faço sem seu norte;

É fogo que nos queima em tentação,

Matando já nos faz temer a morte...

X

Carinhos que trocamos; sedução...

Olhando ternamente em teu olhar

Hipnotizado tenho a sensação

De dentro de teu corpo navegar.

Nossa alma assim desnuda na paixão

Se eleva ao infinito e vai buscar

As cores e matizes da amplidão,

Depois mergulha solta no luar...

Percebo o leve toque de teus dedos,

Tocando meus cabelos, fecho os olhos..

Conheces bem de perto meus segredos,

E vives como eu vivo por amor...

Ternuras são colhidas como em molhos,

Na eterna primavera, toda flor...

X

Amigos não se mede em quantidade,

Quem pensa ser amigo qualquer um

Se perde ao conhecer a falsidade

Depois acha que nunca teve algum.

O tempo nos demonstra essa verdade,

Amigo se conhece é pelo zoom,

É necessário ter sinceridade

Senão não vai chegar, lugar nenhum...

Assim como garimpas um brilhante

Assim como cultivas uma bromélia

Uma amizade tem que ser constante,

Na busca e no cuidado valendo ouro,

Uma alma que noutra alma já se espelha,

Amigo vale mais do que um tesouro!

X

Para quem exilado pela sorte

Vivendo em solidão, triste quimera,

O vento da amizade bate forte

Trazendo uma esperança em primavera.

Para quem a vida nunca trouxe

A doce sensação de ser amado,

Para quem alegria como fosse

Um sonho tão distante, sem passado,

Para quem o sabor da vida, amargo,

Perdido num futuro que não vem,

Para esse solitário, vida ao largo,

Que passa a vida toda sem ninguém,

O mundo parecendo tão miúdo...

A amizade é na vida, quase tudo...

X

Amigo, não existe a perfeição.

Apenas procuramos lealdade

Que é feita do carinho e do perdão,

As bases para haver uma amizade.

Quem busca um ser perfeito ao ouvir não

Se perde sem saber toda a verdade.

Viver uma amizade, sensação

De ter e conceder a liberdade.

Não quero neste amigo uma influência,

Apenas confluência de caráter.

Uma amizade é feita em inocência

Sem ter outra intenção senão amor.

Da sociedade célula que é mater,

Mostrando a sua face e seu valor...

X

Ao começar, mil beijos carinhosos

Vontade de ficar ali do lado,

Sorrisos e desejos generosos,

Olhando para o céu, apaixonado...

As mãos se procurando, os orgulhosos

Olhos boiando, lindos campos, prado...

Dizeres quase nunca espirituosos,

Amando e tão feliz por ser amado...

Depois, a tarde vem já se esmaece,

E aos poucos diminui e quase morre,

Amor já se acabando pede prece

Menino-amor, começa assim brincando,

Depois de certo tempo? Sai chorando...

X

Amor é carne e sonho, pão e vinho...

Desejos incontidos, com afeto...

No jogo de ternura e de carinho,

Somente com loucura está completo.

Por medo de seguir indo sozinho,

Amar; meu sentimento predileto,

Buscando noutro amor fazer meu ninho,

Somente sendo assim eu me repleto.

Ao mesmo tempo quero ter teu beijo

E ter a calmaria do depois,

Meus olhos nos teus olhos... Quando vejo

Já mergulhei intenso na emoção,

Neste querer imenso de nós dois,

Nas tramas do querer... Da sedução...

X

Amigo não se cobra e nem se pede

Apenas nos apóia, sem por que,

Quem ganha é quase sempre quem concede

Não tem aonde, nunca nem cadê.

Amigo é mais que irmão, é par, é laço,

Uma alma que nos guia e nos conforta,

Estende sempre a mão, nos dá o braço,

E nunca amigo fecha qualquer porta.

Amigos verdadeiros nos consolam

Embora nunca faltem à verdade,

Amigos verdadeiros não imolam.

E nunca faltará sinceridade

Quando amizade é plena e mais sincera,

Não usa de disfarces nem espera...

X

AMAR É

Amar é decifrar enigma vário
E ser, ao mesmo tempo decifrado.
Viver noutro planeta imaginário
Sem ao menos sair, ficando ao lado

De quem jamais pensara temerário,
Sem medo do futuro ou do passado,
Perdendo o já traçado itinerário,
No passo, um descompasso bem marcado.

Amar é não saber nem mesmo o nome,
E deturpar palavras e sentidos.
De tão gigante fica, às vezes some,

Em meio à multidão morrer de rir,
Abrir o coração, fechar ouvidos,
E não saber sequer para onde ir...

X

Amar é ser mais dócil e mais audaz,

Guardar-se com as garras afiadas.

Embora num carinho pertinaz

Mansas docilidades reveladas...

Amar é ser revolto e buscar paz

Com formas e vontades demarcadas.

Loucura em mansidão amor me traz

Nas nossas incursões nas madrugadas...

Amar é ser o bem, saber o mal,

Viver e se entregar, mostras as presas.

É quase que uma prece sensual...

Amar é não portar nenhum pecado,

Abrir as portas sempre com defesas

Tão doce quanto o mar Morto e salgado...

X

Viver apaixonado, sem medidas,

Saber que a noite chega e o dia vem

Por mais que sejam duras despedidas

Não se poupar jamais. Não morrer sem

Ter tido tantas lutas aguerridas

Na busca da esperança. Nada zen,

Mas é melhor tentar ter tantas vidas

Quantas vidas a vida sempre tem.

Paixão. Um sentimento intenso e soberano

Que amarga com ternura ou com tortura

Rompendo cada dique e todo plano,

Desfazendo o já feito e refazê-lo

Numa velocidade sem brandura.

E depois demonstrar carinho e zelo...

X

Viver intensamente cada dia

Como se fosse assim, último cais,

Traçando com paixão sem harmonia

Às vezes acertando, outras jamais.

A vida tem segredos... Fantasia

Envolta por mil capas tão reais,

Gerando de si própria em agonia

Perdendo-se em desníveis tão banais...

Muitas vezes me perco por excesso

Em outras nada sou senão o vago.

Quando penso seguir; num retrocesso

Sem rumo e sem destino, sou o menos.

Em outras; não contente só com trago

Embriagado; sinto esses serenos...

X

Querida; é necessário te dizer

Do imenso mar de amor que te dedico.

Não posso nem pretendo me esquecer

De quanto o nosso amor me torna rico

Em sonhos, emoções... Toma meu ser

E, assim, como encantado sempre fico,

Buscando nova forma de poder

Que quero teu amor. Eu te suplico

Que escutes, nestes versos, meu cantar,

Que sei que é tão pequeno e sem força,

Mas para mim traz sonhos de um luar

Que aumenta todo dia, a todo instante.

Menina, te desejo, minha moça,

Antes que a lua adentre na minguante...

X

Às vezes eu me pego qual criança

Sorrindo para o nada e sem sentido,

Vestindo todo o verde da esperança

Bailando e me abraçando ao teu vestido...

No vento em que essa vida se balança

Depois de certo tempo já vivido,

Voltando a ter leveza nesta dança

Revivo este passado já no olvido.

Movido pelos lábios tão carnudos

Da boca sensual desta sereia.

Meus olhos encantados ficam mudos

E querem te seguir por essa praia,

Fazendo nossos sonhos; mar, areia...

E as coxas mais roliças, sol e saia...

X

O que falar de ti, meu grande amigo?

Irmão é muito pouco. Pois nem todos

Os irmãos estão juntos neste abrigo

Que é nossa salvaguarda frente engodos.

Às vezes na eminência do perigo

Fugindo das charnecas, limos, lodos

Não ficam e se vão num “nem te ligo”.

Irmãos são quase sempre, Amigo é todos...

O certo é que nem sempre nosso irmão

Consegue ser amigo por inteiro,

Nos traços mais profundos da união

Dois corações unidos na amizade

Num sincronismo belo e verdadeiro,

Irmanam-se em total sinceridade...

X

Caminhos doloridos, percorrera

Aquele que buscara rara luz.

Nas pedras encontradas; percebera,

Que a vida maltratando reproduz

As urzes nos destinos. Toda fera

Ao mesmo tempo assusta e já seduz

Princesa disfarçada na quimera

Que mostra num sorriso, a dura cruz.

Da mesma forma amor que fundo toca

Rasgando a minha pele, não permite

Que tenha uma alegria que se enfoca

No sonho que falseio p’ra mim mesmo.

Não ouço nem sequer sei quem admite

Que amar é como andar bem junto e a esmo...

X

O coração que perde o seu sentido,

Exposto às duras penas e às mazelas,

De tanto que bateu sem ter nem sido

Em busca do quem fora por vielas;

Ao ver-se pelo amor enternecido

Qual barco que levanta suas velas

Enfrenta qualquer mar enraivecido,

Cavalo se soltando, arreio e selas...

As vastas amplidões são, num segundo,

Pequenas cercanias, quase nada...

Enamorado, cruza todo o mundo,

Lutando pelo sonho, s’a defesa

Se mostra na ilusão empunhalada,

Fazendo deste amor, maior riqueza...

X

Nem tudo que és capaz já te convém

Por isso é necessário ter cuidado.

A amizade se faz no querer bem

Tentando confortar o bem amado,

Nem tudo o que fizeres edifica,

Às vezes te destrói, só depois sentes.

O perfume em quem dá, na certa fica

Entranhado. Se amor tu não consentes

De nada vale a vida; pois amor

É base para ter felicidade.

Num edifício feito sem temor

Tijolos são os atos de amizade

Que enfrentarão as chuvas e tempestas.

Inveja e possessão abrem as frestas...

X

Não quero o teu amor por toda a vida,

Amor quando se quer a ultrapassa.

Nem quero que me trague despedida,

O tempo do teu lado nunca passa

Tu és a sensação bem mais querida

Não é apenas laivos da fumaça,

Minha alma na tua alma vai cerzida,

Colada e nunca mais dela se esparsa.

Não quero o teu amor tão corriqueiro

Que bata ponto à noite, manhã se esquece.

Amor se necessita ser inteiro,

Não deve ter nem dia ou calendário,

Amar com tal fervor sugere prece,

Não quero amor assim: um funcionário...

X

Meu verso andando a esmo pelas ruas
Depara-se com quem amei há tempos.
Bonita, como sempre, continuas,
Porém no nosso caso, os contratempos

Fizeram nosso sonho terminar,
Aborto do que fora tão divino,
Mas nunca deixarei de te adorar,
Tu és todo o meu sonho de menino...

Nas horas em que a lua acaricia
Tocando mansamente nos teus seios,
Amor quando em amor, já se vicia

Difícil se esquecer, isso eu garanto,
Mesmo que distante, sem receios,
Teu nome com saudades sempre canto...

X

Cantando nos meus versos a Fortuna

De ser bem mais feliz que merecera,

A sorte desejosa e tão soturna

Por tantas vezes quase se perdera.

A lua conselheira e mãe noturna

Em seu abrilhamento convencera

Qual mar que vai vencendo uma alta duna

Salgando todo o canto me tempera

E faz de cada verso encantamento

Forjado nas fornalhas de um amor,

Que traz contentamento ao pensamento

Buscando em mansidão; quase encantado,

O sonho delicado de compor

A sorte deste amor, mudando o Fado...

X

A menina brincando com tinta

Pintando de esmeraldas o meu céu,

Ao mesmo tempo sonho enquanto pinta

Lambuzo de aquarela o meu corcel

Que vai pelos espaços, se retinta

Da tinta esparramada neste véu

Jogado nalgum canto. Nunca minta

Para menina, abelha, cera e mel.

Menina cavalgando o seu cavalo,

Desponta para o sol, menina-moça

Amor, castelo, toca num resvalo

O coração pacato da menina,

Formando da ilusão em gotas, poça

Paixão adolescente e genuína...

X

Não posso conceber como chegaste

Trazendo no teu canto uma esperança

A quem por tanta dor; vivo desgaste,

Já não sobrara um sonho de aliança.

Agora quando vejo-te qual haste

Que traz nesta presença nova dança

Pergunto a Deus por onde tu andaste

Imersa em catedrais, minha lembrança...

Tu és o meu sustento e minha glória,

U’a majestosa estátua perolada,

Reverte todo o rumo de uma história

Fadada à solidão, erma e vazia,

Minha alma se encontrando extasiada

Roubando da esperança uma alegria...

X

Ao passares pelas ruas ladrilhadas

Emana teu perfume, lembras rosa,

Seguindo neste aroma, quais pegadas

Encontro-te radiante e tão formosa.

As horas de tristezas já passadas

Mostrando que esta sorte deleitosa

Ergueu-se das fortunas destroçadas

Trazida pela mão mais venturosa

Daquela a quem amara num segredo,

Em sonhos endeusara a vida inteira

Salvando-me do eterno e mau degredo,

Curando estas feridas com carinho,

Na mansidão perene e verdadeira,

Forrando com olores nosso ninho...

X

Distante de teus braços, com saudade

Da boca mais macia que provei,

Não tenho, meu amor, felicidade

O bem que nesta vida, procurei.

Meu sonho de encontrar sinceridade

Esbarra na distância que hoje sei

Impede nosso amor em liberdade,

Na ilha deste sonho, naufraguei...

Sabendo que tu sofres, isolada

Sem nada que consiga confortar,

Aguardo esta alegria tão sonhada,

Tirando do deserto em forma de ilha

Aquela que aprendi, sem medo, amar;

No resgate da vida, a maravilha!

X

Teus olhos que irradiam azulejos

Nas fímbrias deste céu tão mavioso

Nas esferas magnânimas; desejos

De um futuro num ínterim, cioso.

Dos luzeiros esparsos, os véus. Vejo-os

Tornando o meu porvir bem mais brioso

Ecoando em sinfonias, em arpejos

Num som tão divinal, malicioso.

Encontro-te na aurora multicor

Fardando com tiaras, seus matizes,

Nas pétalas sedosas a compor

Uma magia intensa e perspicaz.

Em momentos tão raros e felizes

Neste acalanto breve, imerso em paz...

X

Vivendo em nosso amor a fantasia

Que torna todo sonho uma esperança

De ter ao lado teu; tanta alegria,

Que mostre entre nós dois uma aliança

Eterna companheira; em nosso dia,

O vento que nos traga temperança

Mostrando neste encanto uma harmonia

Trazida pela vida, sem tardança.

Entre nós a distância é tão pequena

Embora gigantesca para mim,

A mão que eu desejava só me acena

Dizendo do futuro que virá,

Quem sabe, depois disto tudo enfim,

A nossa bela estrela brilhará!

X

As águas que desceram para o mar,

Lambendo ambas as margens deste rio.

Num sonho transbordante de tocar

As pedras, cachoeiras, fontes... Cio

Nas barrancas... As águas vão chegar

Tomando neste encontro-desafio

A gravidez que faz assorear

Fazendo do seu leito quase um fio.

Depois desta descida, no cansaço

Entrega-se ao mar em larga foz

Num derradeiro canto, num abraço...

Misturam-se distintas fantasias

De lutas, de prazer e gozo atroz

Num regozijo que explode em alegrias...

X

Não quero, amor, tocar em tuas penas,

Nem mesmo escancarar nossas feridas,

Eu penso que se viemos para, apenas,

Vivermos tão tranqüilos nossas vidas.

Mas sei que uma verdade muda as cenas

E mostra nossas casas repartidas,

Voando nesse céu com asas plenas,

Esqueço das promessas não cumpridas.

Tu és o meu quem dera fosse assim?

É verbo que não soube conjugar.

Encontro teu espelho dento em mim

E busco nos meus olhos teu olhar.

Não deixe que este caso chegue ao fim,

Preciso quase sempre o “quero amar”...

X

Às vezes quando a vida nos arranha

Ensina-nos bem mais que quando beija.

No medo de perder muito se ganha,

Bem mais do que se pensa e se deseja.

Depois do vale sempre há uma montanha

E dela um horizonte em que se veja

Beleza sem igual, força tamanha,

Que a vida sem amor já se fraqueja.

Por isso, minha amada, me perdoe

Se às vezes não escuto tua voz

Por mais que dentro em mim, ela se ecoe.

Tu me maltratas tanto vez em quando,

Cravando bem profundo e tão atroz,

Por isso me defendo, magoando...

X

A distância entre amigos não existe

Tampouco ausência cause algum abalo,

Amizade decerto já resiste

Pois sei, amigo sempre onde encontrá-lo.

Amigo de verdade não desiste,

Por isso esta certeza de eu amá-lo,

Quem tem um bom amigo, mesmo triste,

Pode contar com mão a consolá-lo.

Eu sei que este caminho é complicado,

Uma escultura feita com carinho,

Jardim tão bem florido e bem cuidado

Uma amizade consta de alegria,

Ouvir e dar abrigo, rumo e ninho,

Nos vôos desta vida... Em harmonia...

X

Amor; por que mentiste para mim?

Andava solitário pela vida

Mas mesmo em solidão, vivia assim

Com minha sorte plena e decidida.

Achava que jamais teria fim

A calmaria e a paz ali sentida.

Mas logo tu chegaste... Pude, enfim,

Acreditar que havia uma saída...

Depois tu me trocaste por alguém

Deixando-me de novo tão sozinho.

Pior, agora vou buscando um bem

Que possa me trazer um novo dia.

Quem prova deste amor, deste carinho,

Morrendo, sem ter paz e uma alegria...

X

Quanta saudade, eu tenho meu amor!

A vida foi passando e não levou

O gosto do namoro encantador

Que sabe muito bem por que chegou.

No banco da pracinha. Num calor

Que nada mais na vida aliviou,

Sorriso delicado e tentador,

Que a boca sem avisos, te beijou...

As mãos tão atrevidas no cinema,

Buscando o paraíso na cadeira.

Não; amor, por favor... Aqui não gema!

Depois; na lanchonete um bom sorvete...

Lembrando desta luz tão verdadeira,

Ah! Que vontade, meu amor... De sorve-te!

X

Às vezes quando penso em nosso caso

Não sei se tu me queres ou se me amas

Depende do momento... Ou bem me caso

Ou logo vou morrer se não me chamas.

Nos dias mais tristonhos, vem ocaso,

Depois num mar ardente, nascem chamas

Colando o já quebrado e torto vaso.

Mas logo, novamente, tu reclamas...

Assim tem horas que parecem um concerto,

Na bela sinfonia da paixão.

Em outras nosso amor pede conserto,

No dar e no perder, sou só cessão.

Amor se dividiu... Cada secção

Traduz em novo dia, outra sessão...

X

Amor igual ao meu? Jamais terás!

Amor que não se cobra e não duvida,

Amor que em plena guerra só quer paz,

Amor é que é bem maior que a própria vida

Pois nunca te maltrata e sempre traz

A sorte em cada noite bem vivida.

Amor assim igual ao meu jamais

Encontrarás. Eu te amo assim, querida;

De um jeito tão sereno e bem suave,

São tantos os carinhos que te faço.

Não quero e nem serei nenhum entrave

No nosso vôo livre, sou teu ar;

Soltando nossos braços pelo espaço,

Nos laços deste amor, nos libertar...

X

Quando te vejo, assim, namorando,

Passando e provocando meu ciúme,

Te digo, não estás me preocupando,

Pois conheço tão bem o teu perfume...

Às vezes posso até mentir chorando

Fazendo neste canto o meu queixume,

Mas saiba que, com isso te enganando,

Eu já nem me aborreço de costume.

Só sei que já beijei a tua boca,

Nas noites mais gostosas. Que calor!

Agora, por favor, não banque a louca

Querendo meu ciúme provocar.

Quem teve tanto tempo o teu amor,

Nem liga se vê outro em seu lugar...

X

As asas quando abertas pedem vôos

Em plena liberdade rasgam ar

Permitem nossos sonhos sobrevôos

Por terras tão distantes, céu e mar...

Erros que cometer; Amor; perdôo-os;

Bem sei que amar demais é perdoar.

Baixinho, passarinhos, seus revôos,

Beijando esta gaiola, nosso amar...

Lambendo em tua boca, mil delícias,

Tocando nos teus seios, mansamente.

Vibrando no desejo das carícias

Sentindo esta gaiola alucinante

Que vem como alçapão. Mas de repente,

Amor vai se escapando num rasante...

X

Sigo os teus passos... Busco-te... Espero

Que possa te encontrar em cada curva

Da vida; nesta ausência me tempero

Aguardando que venha o fim da chuva.

E, em cada novo dia, degenero...

A sorte caberia como luva

Mas nada além... Vazio... Desespero.

Meus olhos se fechando... A noite turva.

Teus segredos? Meus sonhos decifrados

Nos sonhos que, quem dera fossem nossos.

Meus medos nestes cofres bem guardados.

Um barco que se perde, vela e mastros.

Abriram-se diversos, fundos, poços...

Eu faço dos poemas os meus lastros...

X

Desculpe se não tens por mim, amor,

Bem sei que tantas vezes me enganaste

Dizendo que em teu peito sonhador

Meu sentimento intenso era guindaste

Que te elevava ao céu com esplendor.

Mas cedo, esta cascata que turvaste

Em todas as mentiras, sem pudor,

Que logo, muito cedo me falaste.

Mas mesmo assim te busco em cada sonho,

Meu versos sem resposta fica triste,

De amar; jamais, meu bem, eu me envergonho

Pois sei que mesmo em tanta ingratidão,

Um resto de emoção inda persiste,

Pois é teu, sempre teu; meu coração!

X

Você diz que me quer bem
Mas ontem não riu pra mim,
Deixe desse fingimento,
Quem ama não faz assim.

Tu falas deste amor como se fosse

Uma verdade imensa e sem mentiras.

Aos poucos me vicias neste doce,

Depois sem ter motivos tu me tiras

Da boca o que eu pensei que quem me trouxe

Quisesse, com certeza, ouvir as liras.

Será que encanto mágico acabou-se?

Não sei, mas provoquei as tuas iras?

Cansado de pedir tua atenção,

Vagando pela noite sem juízo...

Desculpe se eu insisto na canção

Que fala da beleza e do sorriso,

Perdoe se eu errei esta lição

Que pode nos levar ao paraíso...

X

Como está tão distante minha amada!

Faz tempo que procuro e não te vejo.

Procuro-te na noite enluarada

No sol desta manhã, no meu desejo,

Na tarde que surgiu; triste e nublada,

Na chuva dentro da alma que prevejo

Procuro o meu amor, não vejo nada

Saudades do sabor do nosso beijo...

Eu sinto alguém em minha porta,

Com tanta força, quase que arrebenta.

Num salto, logo pulo não me importa

Que tenhas me causado sofrimento.

Minha alma em desespero não agüenta!

Vou ver; respiro fundo... Era o vento...

X

No amor, as mil facetas da verdade

Andando com uns laivos da ilusão,

Ceder para alcançar felicidade,

Às vezes é preciso compaixão...

Saber: não há impossibilidade

Que não ache no amor, aceitação.

Olhos fechados, ter na obscuridade

A solução pra toda escuridão.

Não ser mais nada além do que cativo

De um sentimento fero e tão amável.

Amar é se tornar um semi-vivo

Roubando da alegria um doce mel,

E suportar calado, o intolerável,

Achar que a vida sempre leva ao céu...

X

Receba meu amor sem preconceitos
Sou simples navegante sem destino...
Pensando nos desejos, meus direitos;
Perdendo tanto o rumo, me alucino...

Descendo pelos rios, sou naufrágio.
Descendo no teu corpo, quero mais...
Amar é se saber tão forte e frágil,
É ser bem pouco tanto e ser demais...

Nas duras penedias, desamor...
Nas pedras do caminho, novo atalho.
Vencendo ser vencido e perdedor
Inteiro ser inerte, ser retalho.

Receba meu amor de onde que eu venho.
Pois saibas, esse amor: tudo o que tenho...

X

No mundo, com certeza, não terás

Amor como o que trago para ti,

Mil vezes nessa noite viverás

Os sonhos mais divinos que escolhi

Porém se tantas vezes perco a paz

Nesta ilusão terrível que sofri,

Amada, nosso amor te satisfaz?

É tudo o de melhor que tenho aqui.

Talvez amasse alguém, um certo dia,

Distante, num passado que não sei.

Quem sabe o meu amor, plena alegria,

Já possa te encantar. Quem sabe, amor?

Durante muito tempo te esperei,

Deixe eu ser; no teu mar, navegador!

X

Desculpas pra poder te ver de novo,

A cada dia invento, e não me escondo.

Às vezes sei que causo algum estorvo

Depressa, vou meu mundo recompondo.

Meus olhos te procuram pela casa,

Na sala, no banheiro, em nosso quarto.

Ao vê-la tal loucura vem e abrasa

Não largo um só segundo, não me aparto.

Eu quero estar bem perto nunca nego,

Tu és minha vontade de viver.

Sem ti, caminho a esmo, quase cego,

Tu és a claridade. Como ver

Se não te tiver aqui teu brilho e lume.

A flor que nasce em ti, puro perfume...

X

Morena, quero o beijo mais gostoso

Que um dia tua boca já me deu,

Nos olhos um profundo e calmo gozo

De quem tanto se quis e se perdeu

Num mar de amor imenso e delicioso

Aonde naufraguei um sonho meu,

Fazendo-me feliz e tão vaidoso

Por ser o mais quero: ser só teu.

Morena; quero o cheiro desta flor

Guardada nos teus lábios, que vicia,

Te dou o quiseres, meu amor,

Apenas nunca deixe de me dar

Prazer que sem igual se propícia

Cada vez que essa boca, amor, beijar!

X

O mundo só é feito pra quem ama

E deixa em manso amor a sua marca.

Sem fogo, se perdendo toda a chama

Sem mar o que seria desta barca?

Na cura que me queima enquanto inflama

A sorte desejada fica parca

Se não souber viver na maga trama

Que amor, nos abraçando, cedo abarca.

Amar é necessário como o ar;

Fundamental é mesmo, tanto amor.

Se quem durante a vida não achar

Razão para viver e se entregar,

Esqueça o que falou um sonhador,

E deixe esta tristeza te levar...

X

Vou seguindo os teus rastros pela areia

Da praia deste sonho mais bonito;

Minha alma nos teus passos se incendeia

E falo que no amor eu acredito.

Domina, devagar, formando teia

Que logo me transtorna. O céu que fito

Traduz num azulejo o que se anseia

Fazendo deste amor meu mago rito.

E sinto que tu vais para outros cantos

Envolta em densas névoas do desejo.

Roubando à natureza seus encantos,

Mostrando meu futuro mais sereno.

Ao vê-la, nesta marcha já prevejo

Um mundo mais tranqüilo e bem ameno.

X

Eu sei que amar demais é sucumbir

Aos devaneios loucos da paixão.

Que vem ao mesmo tempo destruir

E nos trazer um sonho em construção.

Amar demais é ter que prosseguir

Temendo que a resposta seja não.

Ouvir a voz do vento e repetir

As notas tão errantes da canção

Que faz de uma loucura, sensatez,

Não pensa e já mergulha num vazio

Perder-se sem sentido de uma vez

Ao mesmo tempo exclui, às vezes some,

Amar demais: morrer em louco cio,

Depois sem ter ninguém, morrer de fome...

Viajo por teu corpo tresloucado,

Esqueço dos pudores e dos medos.

Meu canto se tornando alucinado

Querendo te sentir sem mais segredos...

As mãos, as bocas, olhos se consomem;

Com tal sofreguidão que me enlouqueço.

Querendo-te, mulher, sou o teu homem;

Virando o nosso mundo assim, do avesso.

Nós somos dois insanos pela noite,

Vibrando em cada toque; cada beijo,

As feras se entocando. Em cada acoite

Aumenta mais e mais nosso desejo.

Passando a noite inteira em teu encalço

Aos céus do teu prazer, também eu alço.

X

Eu peço: não maltrate quem te adora,

Eu sei que não mereço teu desprezo,

Vivendo a te buscar, sem ter nem hora,

Aos poucos me tornando um indefeso.

Amor quando demais, ninguém respeita,

Destrata o tempo inteiro e nem percebe.

A minha dor te deixa satisfeita?

Amor tu me dás, menos que recebe.

Se não te causo medo nem temor,

Não é motivo, amor pra maltratar.

Não quero que tu tenhas minha dor,

Nem quero, sem motivos, sufocar.

Por isso, minha amada, me perdoa,

Merece só amor, quem amor doa...

X

Semente da paixão quando plantei

Achei que amor iria germinar,

Depois eu percebi que me enganei,

Assim que começo logo a granar

Paixão que tanto tive, nem mais sei,

Se um dia poderei lá desfrutar,

Meus olhos dos teus olhos decorei,

Agora já não sei como enxergar.

Juntei o meu destino com o teu,

O vento da saudade derrubou,

Quebrado, nosso amor cedo morreu.

Agora vou buscar felicidade,

Não acho. Meu amor, o que restou,

Só essa erva daninha da saudade!

X

Preso nesta paixão que me devora

Vivendo todo dia sem poder

Fugir desta tristeza que decora;

Minha alma vem trazendo este sofrer.

Não sei se meu amor já foi embora

Ou se ela vai voltar para viver

A vida que sonhei. Meu peito chora

Morrendo de saudades, sem prazer.

Saudade deste amor que engaiolou

Um pobre passarinho coração.

De dor o pobrezinho só chorou.

Mas resta uma esperança, uma ilusão,

Que quem a minha sorte abandonou,

Na volta, vem trazer libertação.

X

Cheira a terra molhada e forma o cio,

As tanajuras voam, criam pares,

Depois deste momento, no vazio,

Os machos vão morrendo. Pelos ares

As nuvens de saúvas neste estio

Que nasce com as frutas e pomares,

Calando a sensação de manso frio,

Nas primaveras todas, mil altares...

A noite vai se abrindo nos cometas

Num zíper nos permite ver a lua.

Estrelas vagueando qual gametas

Permitem pirilampos sedutores,

Beleza que se entrega mansa e nua,

Nascendo novamente em mil amores...

X

Amiga, sei que o tempo nunca pára

Que as rugas são as marcas desta luta.

Nos preparamos sempre, amiga para

Saber desta verdade crua e bruta?

Bem sei que não. A pele logo enruga,

E disso ninguém foge nem consegue

Saber qualquer caminho para a fuga

A vida, desse jeito, se prossegue.

Mas sei de uma verdade que me acalma

Minha alma não deixei envelhecer,

Conheço cada mão palma por palma,

Amar é sempre rejuvenescer.

Por isso, sem temor e sem marasmo

Tomar a vitamina: entusiasmo!

X

Meus versos palpitando em tanto amor
Enlaces, descaminhos, e torturas...
De tanto que procuro o salvador
Sabor destes teus beijos e ternuras...

Te peço, por piedade, não desfaças
Dos versos que dedico sempre a ti.
Meu corpo no teu corpo, quando enlaças,
Abrasa todo o sonho que pedi.

Aos poucos quando vou te percebendo
Entregue na loucura mais sensata;
De tanto que te quero, me envolvendo;
E me vejo embrenhando em tua mata...

Amada, meu amor tão infinito,
Aguarda teu amor, num mesmo rito...

X

Amor quando “se dá prá quem se deu”

É festa em corações apaixonados,

Numa harmonia intensa, nega o breu

E traz os nossos sonhos, bem colados...

Amor quando em amor bebe na fonte,

É forte e deslumbrante, nada o cega;

Abrindo dentre as nuvens, horizonte,

Amor assim um belo mar navega.

Mas quando amor se faz do desencanto

E não percebe a voz do coração,

No fundo se transforma amor em pranto,

E passa a ser a própria negação

Do sentimento nobre que nos toca,

Amor só noutro amor encontra a toca...

X

Ninguém vai te querer como te quero,

Por certo esta ilusão me acompanhara.

Tu sabes quando amor é mais sincero

Nos traz a sensação de jóia rara

Que deve ser mantida a sete chaves

No cofre mais recôndito, escondido,

Amor que não permite estes entraves

Deve com certeza ser vivido.

Um anjo quase cego nos traia

Dizendo que este amor não mais existe,

No carrossel da sorte, o novo dia,

Surgiu no amanhecer em versos triste.

Mas quando a noite veio, enfim, bailamos,

Nos corpos, mil incêndios, provocamos...

X

Amigo, me desculpe, mas não posso

Deixar de te dizer que esta mulher

Que tanto desejamos cria um fosso

Enorme entre nós dois. O que vier

Será por mim aceito de bom grado,

Eu sei que talvez isso seja um fato

Que possa parecer bem complicado

Mas nada que nos traga um desacato.

Amores são assuntos bem diversos

E neles nunca fala uma razão.

Por mais que nossos sonhos vão dispersos

As ordens que nos dá é o coração.

Por isso, ao esperar que ela decida,

Mantenho esta amizade, tão querida...

X

Se eu fosse um passarinho, meu amor,

Iria da janela; te dizer,

Faz tempo que deixei de ser cantor,

A dor já fez morada no meu ser.

Nas mudas destas penas, sofredor,

Querendo só poder ter teu querer,

Vivendo tão sozinho, um sonhador,

Procura no teu ninho o meu prazer.

E te veria, amor, todos os dias,

Se um passarinho fosse, minha amada,

Meu mundo se encheria de alegrias.

Porém uma esperança em mim nasceu,

Abriste essa janela assim fechada.

Quem sabe esse teu ninho será meu?

X

Meu coração batendo sem descanso

Na espera do teu beijo e teu carinho.

Vivendo no meu sonho sempre alcanço

Desejo de não ser jamais sozinho.

Da triste solidão não sobrou ranço

Nem menos o seu cheiro no meu ninho,

Meu coração contigo bate manso,

Nas cordas tão sonoras do meu pinho...

Alívio de quem ama, uma esperança

Formou a fortaleza do meu peito.

Numa alegria enorme, tanta dança,

Vibrando de contente, sempre quis

Viver na minha vida satisfeito

Vivendo nosso amor, sou mais feliz...

X

Querendo te tocar, perder juízo;

Vencendo estas barreiras, teus temores,

Bebendo cada gota em teu sorriso,

Lançando-me em teu corpo, sem pudores...

Em cada movimento mais preciso

Render a um deus profano, mil louvores,

Não perceber mais onde me diviso

Com teu corpo; nos veios sedutores

Que levam nosso amor para o infinito,

Roubando toda a cena, num segundo.

Sentir cada arrepio. Nosso rito,

Nesta volúpia louca, sempre ser;

Vivendo em nossa cama, amor profundo,

A chama tão gostosa do prazer...

X

Amiga, na pureza de tua alma

Encontro uma alegria pra viver.

Tua presença sempre me traz calma,

Nas horas mais difíceis. Posso crer

Num Deus que te mandou, pois com certeza

Ao fazer isso teve tanto amor

Em forma de ternura e de beleza,

Mostrando por que é Nosso Salvador.

Amiga, muitas vezes nós erramos,

E nisso corrompemos nossos sonhos.

Por sorte, minha amada, te encontramos.

Certeza de futuros mais risonhos.

Pois na tua alma, em forma de pureza,

Deus nos demonstrou Sua grandeza.

Este soneto foi feito em homenagem à Carmita Loures,

Uma das almas mais puras que já passaram pela face da terra.

X

- Antes tarde que nunca.

Até que enfim chegaste, meu amor.
Depois de tanto tempo que esperei!
O teu sorriso meigo e tentador
É mais do que bem sabes que sonhei...

Menina como eu quero me perder
Nos teus cabelos longos e cheirosos...
Viver contigo é mais do quer prazer,
Meus dias, do teu lado, mais formosos...

Eu tanto que queria estar contigo,
Faz tempo! Não pensava te encontrar,
Agora que te tenho aqui, comigo,
Desfilo nosso amor por terra e mar!

Eu tanto te esperei; minha morena,
Mas juro, meu amor, valeu a pena!

X

O amor quando domina toda a cena,

Não deixa mais espaço para nada,

A vida num amor se torna plena

Sem ele, não há rumo nem estrada.

Seu canto, se aproxima e já me acena;

Minha alma se sentindo realizada

Com sonhos de encontrar a paz amena

Nos braços da mulher enamorada...

Não vejo mais motivos p’ra tristeza,

Nem mesmo pro ciúme desmedido.

O canto deste amor, com tal leveza

Invade, acaricia e me entorpece.

Tocando levemente o meu ouvido,

Trazendo a sensação de calma prece...

X

Sou parte reticente deste todo

Que nada mais seria senão isso,

Verdades irmanadas neste engodo

Que mostra meu amor tão movediço.

Eu calo quando fala a voz sublime

Da luta pela paz contigo, irmã.

Não há um sentimento que eu estime

Bem mais do que saber que a noite é vã

Sem serventia mesmo se não vens,

Mesmo que disfarçada em ledo tédio

Quem sabe traga unção sobre tais bens

Que juntos, nunca foram meu remédio

P’ra essa inconveniência: solidão.

No amor que é quase sempre, medo e não...

X

Se tenho tanto amor dentro de mim

E valorizo sempre o seu chamado;

Talvez seja por que a dor, enfim,

Durante tanto tempo, tive ao lado.

A dor que muito ensina, tanto assim;

Deixou-me para amar, bem preparado;

Quem ouve sempre não; aguarda o sim,

E quer noutro desejo, um novo fado.

Eu amo, nunca nego o sentimento

Que sei ser o melhor que trago, pois

Entrego-me nos braços deste vento

Que vem, bate na porta; abre a janela,

Se deita em minha cama e que depois

Descansa sensual, morena bela...

X

O nosso amor se oculta na manhã

Em meio a multidões, vou esconder

Aquilo que desejo num afã

Maior que essa vontade de viver?

Meus olhos vão lotados do amanhã

Numa esperança louca de prazer,

Em consciência plena, vera e sã;

Meus olhos são tão fáceis prá se ler...

Quando te vejo fico transbordando,

Sorrio num olhar, qualquer que seja.

No claro de teus olhos mergulhando,

Não posso nem sorrir, me denuncio,

A boca, sem segredos, já te beija.

E o corpo todo vibra como em cio...

X

Amigo, nunca estamos mais sozinhos,

Os laços da amizade fortalecem

Aqueles que buscando os seus caminhos,

Conosco as esperanças, mesmas, tecem.

Sabendo que isolados, somos fracos,

Devemos nos unir, sem mais temer,

Por mais que nos pareçam serem parcos

Os recursos que trazem nosso ser.

Unidos venceremos as batalhas

Que a vida nos prepara, mil percalços,

Por mais que estas montanhas sejam falhas

Mesmo que nossos pés ‘stejam descalços...

A vida nos demonstra essa lição,

A força sempre vem de uma união...

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