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Saturday, December 22, 2007

SONETOS 095 E 096

Por sobre o chão que é nosso, caminhamos;
Viemos de um deserto sem tamanho.
Das árvores distantes, somos ramos
Amar é nosso lema e nosso ganho.
Libertos, não sabemos mais dos amos,
Fazemos do egoísmo, algo tacanho...

Passamos pela sombra e pela luz
Agora há liberdade dentro em nós
Num
sonho mais divino nos conduz
No amor nos encontramos bem após
Os medos e as correntes. Já reluz
Um sol em mansidão dentro de nós.

Uma lâmpada acesa em nosso peito
Do brilho deste amor, tão satisfeito...

X

Ao ver o paraíso numa flor

Nascida em verdes campos, primavera,

Percebo quanto Deus fez com amor,

A vida que se vai e regenera.



O mundo no infinito deste grão

Da areia; uma estrela tão gigante,

Pequena frente ao mar, sua amplidão

Percebo eternidade de um momento



Num tempo que transcorre sem parar.

Cabendo em minha mão, aberta em palma

Todo
um infinito a se encontrar

Na eterna sensação de paz e calma...



Além desta ternura, grão e flor,

Carrego em minha mão, o Deus AMOR...

X


Teus seios delicados nos meus lábios,
Delícias a sorver devagarinho.
Meus dedos te percorrem, astrolábios
Mostrando com certeza o bom caminho.

Seguro mansamente os teus quadris
E invado tuas fontes, sem pudores.
Percebo o teu sorriso mais feliz,
E colho do jardim divino, as flores.

Depois de penetrar tuas defesas,
Meus olhos te convidam para amar.
Envolto por totais delicadezas,
Acolhes meus carinhos, devagar...

E vamos sem limites nem bloqueios,
Os lábios, coxas, pernas, quadris, seios...

X

Não pensa que me escapas de repente,

Eu vou atrás do amor que propuseste.

Ninguém pode viver impunemente,

Anel que era de vidro, tu me deste.

Mas saiba que terás prazer urgente

Se à noite, em minha cama; tu vieste.

Meu corpo no teu corpo uma semente

Que brota e simplesmente nos reveste...

Teus olhos transparentes, desejados,

Posseiro desta gleba; quero ser.

Nos cortes tantos lenhos, destroçados,

Queimada em nossa roça, fogo intenso;

Fazendo inundações, nosso prazer,

Que nasce de um delírio, forte, denso...

X

Aventureiro barco em solidão
Nos
bárbaros caminhos desta via
Enfrenta desmedido furacão
Com risos e palavras de ironia.

Sem medo e sem fazer u’a previsão
Se atira nos desejos todo dia.
Após novo naufrágio ou explosão
Refaz-se e não aprende, nem procria.

Vivendo corações já se renega
E mata em cada cais, o comandante.
Do nada que ganhou o nada lega

Apenas os resquícios do naufrágio
Tomando o coração a cada instante.
No fundo se defende, de tão frágil...

X

Com toda magnitude arquitetônica

Os templos dedicados ao amor,

Nos sons de uma aventura supersônica

Nas hostes desta luta sem temor.

Numa emoção divina quase harmônica

O gosto do prazer, semi-torpor

Na beleza sem par, lua nipônica

Mil versos desejosos te compor...

Decifro teus mistérios e segredos,

Teu canto sem igual sempre alucina.

Eu quero me compor em teus enredos.

Na bela flor de lótus mergulhar

Trazendo para mim, essa menina

Que bem cedo aprendi a tanto amar!

X

No fogo da paixão, ardente chama
Que chama para a festa em riso e gozo.
No risco que tracei, meticuloso
A cada beijo intenso, amor reclama.

Na cama, em matagal, areia ou lama;
Ah! Não importa. É sempre tão gostoso
Poder usufruir maravilhoso
Sentido de viver, traçando a trama

Que envolve nossas pernas, nossas bocas.
Nos lábios o começo da viagem
Deixando nossas vozes quase roucas

E em atos sensuais, fornalha pura,
Vestidos de nudez, nossa roupagem,
A noite assim transcorre e se perdura...

X

Teu rosto emoldurado no meu peito

Em telas de desejo e sedução.

Bem sei que, meu amor, sou imperfeito

E tento achar em ti a solução,

Às vezes se pareço contrafeito

A culpa é deste louco coração,

Que busca num caminho tão estreito

Saída para o mar. Tanta aflição!

Mas saiba o quanto espero deste amor

Que é mais do que desejo simplesmente,

Rompendo estas barreiras. Sem temor,

Deitar-me nos teus braços; te levar

A um mágico momento, quando a mente

Se eleva flutuando sobre o mar.

X

Do quase e do talvez, a vida farta,
Na espera de um sinal de boa sorte.
Antes que o sonho livre já se parta,
Surgiste no horizonte, mansa e forte.

No paraíso feito em tanta benção,
Transcorrem nossos dias riso e paz.
Carinhos dedicados e atenção,
Caminhos onde o amor se faz capaz

De dar ao sonhador um novo dia,
Refeito do vazio de outras eras.
Amar além de tudo, merecia
Quem tanto teve nas esperas.

Por isso meu amor, eu não me canso,
De agradecer as bênçãos que eu alcanço...

X

APAIXONADO

Neste sol tão inclemente,
Saudades do meu inverno,
O fogo tal qual do inferno
Atacando toda gente;

Neste lume que aparente
Carinho que fosse terno,
Meu medo se torna eterno
Em fria chama envolvente.

Ao abafar os meus cantos,
Só restando duros prantos
E esse vento mais gelado.

Sem rumo, perco meu norte,
Sem ilusão que suporte,
Vou morrendo, apaixonado...

X

Tomados pela força da paixão
Abençoados sempre por Cupido,
Alimentados somos, de emoção,
A cada novo passo, decidido.

Batendo bem mais forte o coração,
Amor que tanto sonho, faz sentido,
Nas águas delicadas da ilusão,
Um mundo bem melhor, vem renascido.

Eu quero o teu prazer, a cada gota,
Do néctar que provamos, sem limites,
Seguimos par a par a nossa rota,

Nas bênçãos, nos manás, nas ambrosias,
Eu peço, neste amor, tu acredites,
Pois dele surgirão, os belos dias...

X


Menina como é bom poder saber
Que os braços que me esperam estão abertos
Deitar em nossa vida tal prazer
Matando a solidão de mil desertos.

Forrando de beleza o bom viver
Nos olhos, que jamais serão incertos,
Toda a certeza clara de poder
Ter nossos passos firmes e mais certos.

Eternizar um mundo de alegria
Na dança prometida, realidade..
Amar é transformar a fantasia

Num dia a dia pleno e bem real,
Promessa de viver felicidade,
No canto com firmeza sensual...

X

MUITO OBRIGADO, MEU AMIGO.

Amigo ao me trazer um novo dia
Que porte uma esperança mais acesa,
Virando deste jogo, logo a mesa,
A sorte em minha vida principia.

A mão que tantas vezes já me guia
Mostrando um novo mundo com clareza,
Em honras me cobrindo de riqueza,
Transforma minha dor em alegria.

Estampa uma certeza em caridade,
Forrando todo o céu com claridade
Trazendo idéias sempre fascinantes.

Estar contigo, amigo, por instantes
Demonstra como são tão importantes
Os raios que fulguram na amizade...

X

Permita que eu te dê todo o prazer
Que quero. Não discuto mais bobagens
Apenas mergulhar inteiro e ser
Teu companheiro insano nas viagens

Que fazes. Em riachos converter
As águas tão serenas das barragens,
Em cada parte, louco; conceber
O gozo de invadir tuas paragens...

Sorver de teu desejo cada gota,
Levando a maciez de meu carinho
A fonte insaciável não se esgota

Tremula e não permite mais marasmos,
E bem devagar, tocar mansinho...
Até poder vibrar com teus orgasmos...

X

EU TE AMO, TE AMO...

Na divina criatura
Onde amor se fez mais claro,
Encontro todo anteparo
Traduzido por ternura.

Distante de uma perjura,
Amor que se fez tão raro,
No mesmo instante em que paro
Seu carinho imenso cura

Tornando meu braço forte,
Navegando nossos mares,
Cicatriza um fundo corte.

Amor igual nunca vi.
Por isso quando chegares,
Tu me encontrarás aqui.

X

PRA VOCÊ

Refletindo teus olhares
Neste céu onde me aninho,
Perdido buscando um ninho,
Bebendo em distantes bares.

Olhos tais crepusculares
Inebriam, doce vinho,
Nas cordas deste meu pinho
Serenatas aos luares...

Belezas raras que tece
Um coração numa prece,
Em busca das maravilhas.

Seguindo luzes fugazes
Estrelas que sempre trazes,
Por onde passas e brilhas...

X

Adentro delicado em teus caminhos,
Extasiado encontro maravilhas,
Sorvendo desta fonte em mil carinhos,
Percebo a maciez em belas ilhas...

Arranco quando houver alguns espinhos,
E perco-me em delírio nessas trilhas,
Um pássaro buscando por seus ninhos,
Ao ver-te em plena festa já me pilhas

Com néctar e manás deliciado,
Matando minha sede em bela fonte,
Sentindo este querer revigorado

Na fome de te ter sem mais segredos,
Em convulsão derramas no horizonte
Enchentes lambuzando nossos dedos...

X

AH! AMOR...

Quando me lembro, bela e tão cheirosa,
A moça delicada, linda trança.
Sonhava com teus beijos, melindrosa,
No gosto da mulher que não se cansa.

Sonhava simplesmente, moço prosa,
Achando poder ter uma esperança;
A moça, delicada, qual a rosa,
Espinhos me deixando de lembrança.

Não pude conhecer este confeito.
Amores que se foram sem carinho.
Sobraram despedidas. Moço feito,

A porta que restou? A de saída;
Da boca que beijei amargo vinho,
Meus olhos naufragaram, nau perdida...

X

Acordo e não te vendo desespero...
Procuro-te nas ruas, avenidas.
Sem teu amor é vida sem tempero,
É perder, dos caminhos, as saídas...

Porém ao retornar: felicidade!
Encontro novamente o meu sorriso.
Refeito deste susto e com saudade
Voltamos num segundo ao paraíso.

Tu falas da preguiça tão gostosa
Do amor que se faz forte e sedutor.
Perfume inebriante desta rosa;
A rainha absoluta mulher/flor.

E somos tão felizes, desse jeito,
Da rosa ; eu recebendo o amor perfeito....

X

MINHA AMIGA

Nos arredores da cidade, engano.
Abertos sentimentos, em saudade.
Vagando sem destino, qual insano,
Na busca por amor ou amizade.

Todo o pó desta estrada quando espano
Rebrilha com um ar de falsidade
O medo que me toma, desumano,
Esconde em verso triste, esta verdade.

Nas mãos que cultivaram, um rastelo
Deixou a dor por certo em cicatriz.
No canto de quem fora mais feliz,

Apenas um retrato em que revelo,
A sorte de viver só por um triz,
Querendo, minha amiga, o teu castelo...

X

Em perfumes e cores misturadas
Mostrando suas faces bem mais belas.
Distantes ilusões foram aquelas
Que a vida nos tomou, suas guinadas.

Por certo são mais finas, delicadas,
As múltiplas facetas das estrelas.
Das rosas, que vermelhas, amarelas,
Rainhas dentre as outras nas floradas.

Assim, uma amizade nos decora,
Deixando nossos passos bem mais fortes.
Curando calmamente tantos cortes,

Apóia meu caminho mundo afora
Não há nada mais rica, alvissareira,
Que uma amizade plena e verdadeira...

X

UMA AMIZADE PURA


Mostrando a todo mundo os esplendores
Que raiam, descortinam horizontes,
Da vida em teus braços, novas fontes,
Que fazem alegrias dos amores.

Renascem nos jardins, divinas flores
Ao sol que vem surgindo trás os montes.
Tocando nossos olhos, nossas frontes,
Entorna sobre a Terra seus pendores.

Reparte em nossas vidas tantas glórias,
Louvando nossos sonhos esquecidos.
Promete para todos as vitórias.

Impede mil afãs mal resolvidos.
Exemplo de carinho, honestidade,
O sentimento puro da amizade...

X

AMIZADE


Já vem raiando um belo e claro dia
Trazendo no seu bojo a tocha acesa
Que faz iluminar a natureza
Assim que o sol, brilhante se irradia.

Formando em cada raio um novo guia
Que oferta para todos a beleza,
Em força e claridade, uma riqueza,
Assim que uma manhã se principia.

Estampa em cada rosto, a caridade,
Tornando nossos sonhos mais brilhantes.
Amar assim aos nossos semelhantes

É ter uma certeza: ser feliz.
Por isso em cada verso que te fiz
Eu louvo o teu desejo de amizade....

X

O PODER DE UMA AMIZADE


A vida nos maltrata e nos perjura
Roubando um sentimento, às vezes claro.
Olhando os descaminhos logo eu paro,
E vejo noutros céus, outra pintura.

Erguendo as mãos tão frias, em tortura,
Carrasco deste sonho, um ser avaro,
Impede que se faça num reparo,
A vida noutros termos, com brandura.

Profundos dissabores, fundo corte,
Profanam os carinhos, seus altares.
Num vento tormentoso frio e forte

Quem sabe talvez tenha a claridade,
Em sonhos de Quilombo outro Palmares,
Na força e no poder de uma amizade....

X

A FORÇA DA AMIZADE...

Amiga e companheira de viagem,
Eu sei que a vida pode maltratar
Quem vive para amar, leda miragem.
Por isso é que te busco sem parar
Pois sem que sempre trazes na bagagem,
Num brilho mavioso a nos banhar,

Um sonho mais correto e tão perfeito,
Estar contigo é sempre ter afeto.
Se estou querida assim, mais satisfeito
Se o mundo que pretendo está completo.
Eu sei que isto se deve ao manso jeito
Com que fazes amor ser tão dileto.

Na força da amizade é que se vê
O tempo de esperança em que se crê....

X

VENCIDO

Minhas mãos, calejadas, buscam fardos.
O mar bravio, ronca nessa praia,
Um albatroz, voando vem, se espraia;
Num cântico sereno, tantos bardos...

Meus pés estão feridos pelos cardos,
Conheço na castanha, a sapucaia.
A vida me impelindo quer que eu caia
Os olhos do inimigo, baços, pardos.

Conheço nas magias, as ciganas;
Percebo quando tentas, não enganas...
Teu jogo traiçoeiro foi brinquedo...

Vencido, fiz de morto, sem saberes;
Teu garbo, mentiroso, traz quereres
Que, no fundo, parecem arremedo...

X

Teu colo tão macio me recebe
Encantos e ternuras desfrutamos.
E todo esse desejo se concebe
À medida que, loucos, nos amamos...
Prazeres, turbilhões percorro as sebes
Dos gozos que nos tomam, nossos amos...

Em cada novo beijo que me dás,
Toda a sofreguidão já se revela.
Insanas sensações. Feliz, em paz,
Navego no teu corpo, linda tela
E todo este prazer nos satisfaz
Singrando sem parar, paisagem bela.

Guardando dentro em ti, mil explosões.
A noite se tomando de emoções...

X

O TEU AMOR

A boca que me cospe? A que me beija
Nas horas que procuro, sempre escapa...
A mão que acaricia dá um tapa,
Quem me maldiz também, louca, deseja...

Quantas vezes, carícia que m’aleija...
Quem me segura, empurra e cai, derrapa
Quando Copacabana finge Lapa.
Se não arranha céu, sempre rasteja...

A rainha se faz de camponesa,
Mal me devora, espera a sobremesa...
Nunca se faz presente, mera ausência

Quando ajoelho pede por clemência...
Mas quando peco, nega o seu perdão
Diz mente desmentindo o coração...

X

NOVO AMOR...

Nesse banquete; glórias e concertos,
As fantasias, loucas e completas...
Os sonhos impossíveis de um poeta.
No final dessa festa, mais consertos,

Nos tremendos reparos, meus acertos,
Amor novo, Cupido trouxe setas.
As mágicas orgias tão diletas;
E refeitos, meus sonhos vão despertos...

No banquete, bacantes e nudez,
A noite espreita, espera sua vez.
A morte tocaiando, ri-se, espúria...

Nos olhos, lacrimejo, minha mágoa,
A chuva torturante, traz tanta água.
Mas na minha alma em seca, resta anúria...

X

FALAR DE AMOR

Ao escutar teu nome, porventura,
Não posso me olvidar do que passamos...
Pois sempre misturamos com ternura
As velhas dores que jamais negamos,

O nosso amor no coração murmura
Velhos rancores... Nunca mais deixamos
De maltratar amor por desventura...
Quantas palavras duras nos cortamos!

Matamos primavera. Cadê flores?
Amor que assim se fez nunca prossegue,
Mas deve ser tratado com pudores.

No outono de minha alma tudo morre...
Por mais que já tentamos quem carregue,
A culpa é de quem fere e não socorre!

X

O AMOR...

Ao rolar esse rio em mil cascatas,
Nas curvas, bambuais e lambaris...
Respondem tantos sóis as belas matas.
Ladrilhos e jardins: eu fui feliz?

Os olhos dessas águas, mansas pratas,
As margens não se inundam por um triz...
Das belezas divinas, águas pratas
Matas, cascatas, rio velha atriz...

No reflexo das mágoas, sua tiara...
Procuro em alta fímbria meu destino...
Mergulho tocaiando bela Iara...

Se espalha com total insanidade,
Causando furioso desatino.
Na fúria das enchentes, tempestade...

X

O TEU AMOR

A solidão, terrível, mortuária
Se fez em minha vida, em triste treva,
Tragando toda a sorte numa leva;
Força descomunal e temerária.

Cantiga de um amor, tão solitária,
Matando uma esperança, olhar que neva
Por sobre um campo atroz, negando ceva
Tornando uma alegria relicária.

Porém, cedo chegou a calmaria
Trazida pelas mãos de uma mulher,
Depois que quase nada esperaria

Quem teve tão somente impaciência.
Da vida que se fez em penitência,
Já sonha com o dia que vier...

X

Jurando amor eterno tu partiste

E logo não deixaste nem pegada.

Não sei bem se fiquei decerto triste,

Apenas me gastei na madrugada

Fazendo um mutirão que não resiste

Tomando um botequim quente e gelada,

Se eu acredito ou não que amor existe

O certo é que depois não sobrou nada...

Somente uma vontade de dançar

A noite inteira, fui pr’ Estudantina

Bebendo essa morena sem parar.

Não venha agora; amor; estás banida

A sorte noutra vida descortina

Juraste amor eterno? Que bandida!

X

Ao ver-te caminhando pela casa
Envolta na toalha; te desejo.
No banho que tomaste, queimo em brasa
Tua
nudez divina eu já prevejo..

Meus olhos estão presos, cordoalha;
Ligando esta vontade com o fato
Da maciez felpuda da toalha
Tocar essa delícia. Que maltrato

Tu fazes para um pobre coração
Que vive desejoso desta pele
Envolta com carinho. Uma ilusão
Ao mesmo tempo chama e me repele...

Depois, a noite inteira vou sonhando
Debaixo da toalha... Diga... Quando?

X

Amiga, tantas vezes vou incerto
Em rumos que não sai para onde vão.
Bebendo desta vida em tal deserto
Encontro tantas vezes, solidão...
Um dia, assim quem sabe, amiga; acerto
Restando, neste instante, a solução...

Aos Céus, enfim por certo, irei chegar,
Nas asas da amizade angelical.
Nos olhos carregando luz solar,
Estrelas escondidas no bornal.
Mil anos te buscando sem parar,
Amiga, em tua glória, meu final.

Serei qual caminheiro bem ditoso,
Nos braços divinais, tão orgulhoso...

X

Fazendo de um momento intensidade
Que possa transbordar em uma enchente
Dilúvios de prazeres à vontade,
Singrando nosso amor, ganho a corrente

Marinha que me traga a liberdade
De ser e estar em ti, mar envolvente,
Trafegue nosso barco, insanidade,
Deixando nosso mundo mais contente.

Te quero conteúdo, com ternura,
Contato, com destreza; estupefato,
Bailando a sensação mansa e tão pura

Do paraíso-incêndio redentor,
No sol a lua intensa, um aparato
Que trama nossas horas, mar, amor...

X

FALANDO EM AMOR...

Areias escaldantes do deserto.
As brancas testemunhas deste ocaso.
Amor que traduzimos por incerto,
Morrendo na tardinha, findo o prazo...

Um pobre beduíno, céu aberto,
Espera pelo oásis, ao acaso.
A miragem do amor, sem nada certo,
Olhar pleno e distante, morto e raso...

Areias escaldantes desta praia
Delícias de morenas e sereias...
O sol enamorado já desmaia,

Casais semi-desnudos se acasalam,
Desfilam seus hormônios nas areias...
Camelo e beduíno, nada falam...

X


Qual pluma que bailando com o vento
Entregue a tais carícias envolventes.
Parando, recomeça, num momento,
Na dança e nos folguedos mais frementes,

Meu coração aos poucos toma assento
E esquece de outros dias, penitentes.
Querida, não me sai do pensamento
Inveja que causamos a outras gentes.

Anseio te tocar, mas te procuro
Em todas as palavras que eu disser
Em todos os meus sonhos, em meus versos.

A luz que me inebria neste escuro,
A silhueta bela da mulher
Em magnitude plena, os universos...

X

Num fio tênue prende-se amizade
Tecida com raríssimo esplendor.
Nos nós deste tecido uma verdade
Se mostra plenamente em seu fulgor.
Se bem cuidado traz felicidade,
Se maltratado perde o seu valor.

Rolando nas mentiras, no cascalho,
Uma amizade morre sem ter cura,
Quem fora para Deus, como um atalho
Morrendo traz um gosto de tortura.
Não permitindo mais um ato falho,
Uma amizade é plena de ternura.

Não deixe exposta assim, neste relento.
Amor, para amizade, um alimento..

X

Tu tens a formosura da açucena
E todo o bom perfume da esperança.
A pele tão macia da morena
Convida para à noite, nova dança,
Na madrugada a sorte nos acena
Que a noite, sem juízo, uma criança...

Vagando sem parar, estrelas, luas...
Na paz que me ilumina, saciedade...
Nas carnes majestosas, lindas, nuas,
Amor que a gente faz em liberdade.
Voando sem ter asas, já flutuas
Desejo a nos cortar, profundidade...

Maravilhosamente a vida passa
Permita ser de novo, tua caça...

X

UMA AMIZADE

Pedra que muito muda
Jamais produz o limo,
Eu peço tua ajuda,
Amiga a quem estimo,

A vida é tão miúda
Se nunca alcança o cimo,
Calada, resta muda
Sozinho, eu me deprimo.

Na luta desumana
Por paz que seja eterna,
Quem sabe sempre engana,

Esconde uma lanterna
E assim, se desengana
Uma amizade terna...

X

AMOR

Escrevo sobre amor
Assim, querida eu penso
Que o mundo vai tão tenso
Tristonho e sofredor

Sem canto sedutor
Aonde recompenso
Amor demais imenso
Que surge tentador.

Não quero mais quebranto
Nem sonhos doloridos,
Amor secando o pranto,

Tocando meus ouvidos
Com belos, ricos cantos,
Pra sempre resolvidos...

X

COMO TE QUERO!

Futuro mais brilhante
Encontro na rainha
Que se fez importante,
Já sendo toda minha,

Não sou mais arrogante
Amor quando se aninha,
Te quer, dócil amante,
A mão que me acarinha.

Eu quero te encontrar,
Querida, bem amada,
Bebendo este luar,

Tomando a madrugada
É bom demais te amar,
Não quero, enfim, mais nada...

X

EU AMO VOCÊ!

Amor correndo o risco
Em mãos entrelaçadas,
Vivendo tão arisco,
Em frases formuladas,

No canto em que me arrisco
Descalço nas calçadas,
Amar, colher petisco
Em bocas mais molhadas.

Não fecho mais a porta
De um louco coração,
O medo não me importa,

Eu quero a sedução
Da noite que se aporta
No cais desta paixão...

X

MINHA QUERIDA AMIGA

Amiga certamente
A vida nos fará
Num gesto mais clemente
O sol que brilhará,

Quem veio tão descrente
Enfim saberá já
Do sol que no poente
Pra sempre chegará.

Meu verso se faz triste
Distante de teus braços,
O tempo não existe

Seguindo tantos passos,
Um canto que persiste
Estreita nossos laços...

X

EU AMO VOCÊ

Na beira do caminho
Sentado, solitário...
Eu ando tão sozinho,
Perdi o itinerário...

Quem dera um passarinho,
Não fosse temerário
Viver sem ter seu ninho,
Num mundo ledo e vário.

Sou quase um bicho triste
Sem ter o teu carinho,
Amor demais existe,

No peito pobrezinho,
Querendo o teu alpiste,
Amor de um canarinho...

X

Amiga; me desculpe se te enfado
Com tais quinquilharias; eu bem sei
Que são somente sombras do passado.
De um tempo bem distante que passei
Buscando reverter meu triste fado
Sabendo o sofrimento como lei.

Meu ar tão rarefeito, sem promessas,
Morrendo em cada verso, em cada dia.
A vida nos pregando tantas peças,
Matando o que se fora em poesia,
A sorte me virou, fui às avessas,
Somente me restando a fantasia

Que visto nesta tarde de faxina,
Restolhos de uma luz diamantina...

X

Frio? Deixe lá fora, meu amor.
A chuva não terá por certo, encanto,
Deitados nesta sala, aqui num canto,
Dois corpos se aproximam com calor.

Vinho, maravilhoso sedutor,
Aquece meu desejo tanto, tanto...
O frio e a solidão assim espanto
Bebendo em tua boca, o teu licor.

Nos mimos que me trazes, alegrias,
Nos beijos que trocamos, seduções.
Além do que bem sei, tanto querias,

No fogo da lareira, chama e gozo,
Envoltos pelos dedos das paixões,
O dia vai passando, tão gostoso...

X

Amor é como faca de dois gumes,
Tramando uma alegria que entristece
Espinho que se encharca de perfumes
Pragueja simplesmente em cada prece.

Cegando num escuro de tais lumes
Amor não tem juízo e sempre cresce
Nas dores que lhe servem como estrume
Teimoso, nosso amor não obedece.

E faz de suas leis, as artimanhas,
E faz de seus segredos, nossa sina.
Se em todas as derrotas é que ganhas

As sanhas de um amor não têm limites.
É dono da verdade cristalina
Amor nunca aceitou quaisquer palpites..
.

X

Deste corte profundo por herança
Na boca ensangüentada beijos, riso,
Carpindo cada aborto da esperança
Vencidos os meus sonhos sem aviso.

A dor é minha cota de fiança
Os cardos enfeitando o paraíso
O gesto sem sentido da criança
No passo vacilante que repiso.


Mas vejo que se perde esta amargura
No doce da vontade da morena
Nos olhos bem mais verdes da ternura

No tempo que amacia qualquer pranto,
No vento da promessa que me acena
Com jeito tão sereno em raro encanto.

X

Chegamos das senzalas e bordéis,
Dos ocos da existência, medos, trevas.
A vida nos mostrou nossos papéis,
A glória nos negou cantis e cevas.

Mas somos, da esperança mais fiéis,
Rasteiras, pequeninas, boas ervas.
Bebendo sem discórdias mesmos féis
Nascemos e morremos, tantas levas...

Chegamos das cidades e favelas,
Chegamos das mentiras, dos engodos.
Nos restam nascimento, morte e velas.

Amor nos concebeu e nos criou.
Quais perlas que surgindo destes lodos,
A paz do eterno amor glorificou!

X

Que bom que tu voltaste, eu já sofria
Distante de teus braços sedutores.
A noite sem te ter, deveras fria,
Os pesadelos tantos, mil horrores.
Tu és a pura fonte da alegria,
Sem ti a vida morre em estertores...

Sacias minha sede desejosa
De ter esta delícia em meu caminho,
No mel destes teus lábios sei a rosa,
Que vibra delicada sem espinho....
Querida és esperança tão gostosa,
Certeza de que não vou mais sozinho.

Me entrego ao nosso sonho de ternura
Na nossa louca noite... insana e pura...

X

Eu quero saciar a tua sede
Em beijos e carinhos mais constantes
Deitados numa cama ou numa rede,
Dois corpos que se querem, dois amantes;
Não somos só retratos na parede,
Nós somos verdadeiros, radiantes...

Bebermos da alegria em pura fonte
Caminhos maviosos do prazer.
Fazendo desta vida um horizonte
Com olhos e vontades, percorrer.
Não deixe que este mundo mau apronte
Vamos, sem temores, reverter

A dor da solidão em riso franco,
Na paz deste sorriso, calmo, branco...

X

Vontades tão intensas , tentações;
De afagos e loucuras incessantes,
No brilho cristalino, diamantes
Que explodem desejo, alucinações...

Teu corpo no meu corpo... seduções...
As noites são divinas e escaldantes
Desafios de cios galopantes
Na fúria de gostosos furacões...

No movimento leve dos quadris,
No requebro fogoso, bamboleios.
Minhas mãos, os meus lábios, os teus seios...

Mostrando o quanto a gente é mais feliz.
As ondas que percorrem, pensamentos...
Delícia de viver nossos momentos...

X

Eu quero te tocar, beijar inteira;
E desfrutar do gosto do prazer
Roçar tua nudez tão verdadeira
Sem medos, com vontade de te ter...

A boca mansamente, na roseira
Bem sabe dos espinhos. Mas quer crer
Que és minha nessa noite. A rosa cheira
Todo o perfume intenso do teu ser.

Inebriado sinto o teu perfume
E passo toda noite a vasculhar
Deixando já de lado o teu ciúme,

Roubando calmamente o teu desejo.
Sentindo toda a terra se encharcar
Desta umidade densa em nosso beijo..

X

Vencida pela força soberana,
Entrega-se sem sisos a Razão
Causando uma total ebulição
Avança sobre a natureza humana.

Quem sabe e quem conhece não se engana
Estende, com juízo, a sua mão,
Sabendo que esta luta foi em vão,
Santa emoção por certo já se ufana.

Guardando o teu carinho na memória
Além do que pudesse ter sentido,
Amor se faz potente em grande glória,

Sou servo deste amor, estou vencido
E disso há muito tempo percebido
Eu comemoro sempre esta vitória.

X

Amor já é loucura, pode crer,

No amor não há jamais banalidade

Preciso dum amor para viver,

Senão não vale a pena; é falsidade.



Bebemos desta fonte desejosa

Que traz sempre desejo e dá prazer.

Jardim sem colibri, matando a rosa,

A rosa sem espinhos, vai morrer...



Por isso minha amada, a cada achado,

Que faço nesta vida, um bandeirante,

O verde da esperança, esmeraldado,

Dá força pra seguir, sempre adiante...



Te quero mineirinha de Bragança,

E o beijo que te dou daqui, te alcança!

X


A lua companheira dos amantes
Deitando em nossa cama rouba a cena.
Seus raios poderosos e brilhantes
Vibrando em nossa chama nada amena.
Depois de extasiada, por instantes,
De plena vai ficando assim, pequena...

Um dia a lua chega de mansinho
Nos toca e nos levando num segundo
Fazendo sem saber, tanto carinho;
No amor que sempre foi maior do mundo,

Provoca essa mulher maravilhosa
Como uma deusa encharcada de perfume
Rainha dos canteiros, minha rosa,
Tomada, num lampejo de ciúme...

X


Que a vida não permita o desabrigo
De uma prisão escura triste e forte
Que nos detém o rumo, muda o norte,
Da perda de um fiel e bom amigo.

Contigo, companheiro, eu já nem ligo
Se vem uma agonia em duro corte,
Sem ter a mão querida que conforte,
A vida se tornando um só castigo.

Qual fogo que se perde sem ter pira,
Uma amizade morta é fim de linha.
Uma alma que se perde e vai sozinha,

Somente a dor e mágoa assim transpira.
Por isso ao perceber esta verdade,
Eu valorizo sempre uma amizade...

X


Querida, eu quero ser teu namorado,
Numa alegria imensa de querê-la,
Saber que em meu caminho doce estrela
Surgiu me resgatando do passado.

Um rosto tão bonito e delicado,
Que a cada novo dia se revela,
Tornando a minha vida bem mais bela,
Mudando a direção deste meu Fado.

Permita que eu te diga, amada amante,
Do sonho mais gentil e delirante
Que fez a minha vida ter sentido.

Ligados por sutis e fortes laços,
Deitando toda noite nos teus braços,
Meu mundo vai em paz, já decidido....

X

MINHA QUERIDA AMIGA...

Vivendo esta sorte
De ter amizade
Prevenindo o corte
Tendo qualidade,

Mudando meu norte,
Não quero saudade
Amiga em teu porte
O bem da verdade.

Não vejo outra forma
De ser mais feliz,
Na dor que deforma,

No amor por um triz,
Num mundo sem norma,
Amiga, eu te quis.

X


Em vôos delicados, já se espraia
A pomba da aliança prometida.
Lutamos neste amor por toda a vida
Antes que a solidão final nos traia.

Jogados numa areia em vaga praia,
Nós buscamos opção, outra saída
Que impeça nossa estrada estar perdida
Sem que o pano final da peça caia...

O medo de perder é tão intenso
Qual fora um nevoeiro negro e denso.
Porém a sorte imensa e verdadeira

Se faz em cada gesto de carinho.
Qual ave que constrói um novo ninho
Mesmo que seja enfim, a derradeira..

X

Vazio o Templo, Igreja sem cordeiros,
Pastores escolhendo o seu rebanho.
Pensando mais em lucro – quanto eu ganho-
Do que salvar os pobres companheiros.

Os erros cometidos – costumeiros,
Mentiras proliferam deste antanho
Na Cruz, um homem pobre, olha estranho,
Vendido novamente por dinheiros.

Um médico que veio nos salvar
Não tem a clientela que precisa.
Pastor vendendo cura? Em ojeriza

Afasta
quem precisa do doutor.
E cobra os honorários sem pudores,
Não fala de amizade nem de amores...

X


Amor que se proclama
Sem medos, verdadeiro,
Contigo, amor inteiro
Acende sempre a chama,

A vida que nos chama
Num toque feiticeiro,
No nosso amor primeiro
Já tece a sua trama

E mostra alucinada,
A sorte desejada
De quem tanto se quer,

Contigo nesta estrada,
Vem logo, minha amada,
Vem ser minha mulher!

X

Nesta sonoridade de minha alma
Uma alameda imensa do passado
Em toda a recompensa que me acalma
Senti tua presença aqui do lado,
Futuro que se lia em cada palma
Mostrando o que nos fora destinado...

Mas tudo se passou e nada mais
Restou deste caminho que trilhamos.
Percebo que te quero, amor demais,
Se nada aconteceu do que sonhamos
A sorte desditosa foi audaz
Trazendo para nós; verdugos, amos...

Quem teve um grande amor na sua vida
Percebe que sonhar não é saída...

X

Contigo, meu amor, por onde fores;
Trilhando por estradas, sendas, ruas.
Palavras carinhosas como as tuas;
Amenizando sempre minhas dores.

O campo do teu lado em belas flores,
Revivem esperanças antes nuas,
Da forma em que me encantas quando atuas
Trazendo novos sonhos sedutores.

A mão da solidão, triste e sombria
Distantes dos carinhos, todos meus,
Refazes em meu mundo uma alegria.

Presença divinal que vejo enfim,
Contigo estou mais perto do Bom Deus,
Amor que renasceu dentro de mim...

X

O mundo tão corrupto, terra ingrata;
Produz sementes podres, maldições.
Em trevas maltrapilhos corações
A dor se multiplica em vil cascata.

Nem mesmo uma esperança que arrebata
Mostra em caminho simples, soluções.
A fome dizimando multidões.
Mão que sustentaria, já nos mata.

Porém o sol que gira é sempre o mesmo,
O planeta sedento vai a esmo
Num compasso marcado pelo medo.

Vai cega e sem caminho, humanidade...
Mal sabe que na força da amizade,
Encontra-se a verdade; eis o segredo!

X


Querida, minha amiga;
É bom saber de ti.
Ternura mais antiga,
Jamais eu te esqueci.

Não tema, assim prossiga,
Vivendo o que eu vivi,
Bem sei quanto se abriga,
Carinho sempre aqui.

Contigo, amiga, irei
Aonde precisar,
No fundo eu te busquei,

Cansei de procurar.
Agora que encontrei,
Não posso te largar...

X


Na força da amizade
Encontro o meu caminho,
Sabendo a qualidade
Não ando mais sozinho,

Não quero quantidade,
Amigo é como o vinho,
Quanto maior idade,
Mais forte nele aninho.

Amiga não promete
Já cumpre por si só,
Não joga assim confete

Nos fala sem ter dó.
A nós sempre compete
Apertar mais o nó...

X


Eu vejo tua sombra na janela
Passando devagar e tão distante.
A vida novamente se revela,
Um mar que sempre foi tão inconstante

Não quero mais guerrilha nem querela,
Apenas uma luz que mais brilhante
Se mostra em minha vida, e se revela
Tal qual amor divino e fascinante.

Tu foste minha sorte e meu azar,
Espinho que se deu em bela rosa,
Qual nuvem que trazendo um bom luar

Consola a dor que causa, sem pensar.
Mulher tão divinal, mas vaidosa
Enchente que já fez tudo secar...

X


Qual árvore podada com machado
Amor se fez ingrato, em duro chão,
Trazendo velhas dores do passado,
Não sabe mais sequer de solução

Amor não mais deixou nenhum recado,
Se fez apenas triste ingratidão.
Quem dera se tivesse do teu lado,
Um resto tão somente de paixão.

Teria transmudado este cenário
O dia não seria temerário
O mundo não viria tão medonho.

Nascentes já morreram abortadas,
As árvores perdidas nas queimadas,
E eu, tal qual as árvores, tristonho...

X

Meu desejo é ter teu colo,
Moreninha meu amor,
Deitar contigo no solo,
Com carinho e sem pudor.
Em teu corpo me consolo,
Vou vivendo, sonhador.

Quero a boca mais bonita
Que já vi na minha vida,
Meu amor, vê se acredita,
Que te quero assim, querida,
A minha alma andava aflita
Sem saber de uma saída,

Mas sentindo o teu perfume,
Da cegueira veio o lume...

X

No corpo levemente longilíneo
Pretendo aprofundar minhas raízes
Tornando velhos dias mais felizes,
Amor que sei assim, forte, sanguíneo...

Teu corpo delicado e curvilíneo
Provoca em meu amor, novos matizes.
Quem sabe sanarei as cicatrizes
Bebendo o teu desejo retilíneo.

Aos poucos não consigo conceber
Sem gozo, sem vontade de viver,
Perdido em multidão, sem teus segredos.

Eu quero navegar em mar sereno,
Mas tomo desta boca o teu veneno
E sinto em teu amor, antigos medos...

X

Quando estava tão triste, sem certezas,
Ao me negar teu beijo, deste fel,
A boca me mordia, frias presas,
A vida se mostrava um carrossel.

Agora que tu vens pedindo mel,
Tu mentes ao fingir delicadezas,
Vagando a noite inteira em negro céu,
Prometes tolamente sobremesas...

Perdendo as esperanças, fiquei louco,
Vivendo meu amor sem ter vitória.
O resto que me deste: muito pouco.

Tu pensas que este amor não tem memória?
Quem dera se mudasses... Mas tampouco
A vida me permite uma outra história...

X

Inútil sensação de ser feliz,
Passado o tempo a limpo, o que restou?
O gesto de uma amante que aprendiz
Aos poucos, meu domínio penetrou
Deixando na fumaça o que bem quis,
Roubando quase tudo o que pensou.

Coração esmoler não mais resiste
E bate em solitude e nostalgia.
Mais nada me restando, o quase assiste,
Bebendo o que sobrara se extasia.
Não digo que fiquei, com isso, triste,
Apenas fui bem menos que eu queria.

Recebo em troca o gosto violentado
Do tempo em que pensei ter sido amado...

X

Eu quero te encontrar, minha querida,
Matando minha sede de querer
Pegando tua boca distraída,
E num beijo atrevido te beber...

Penetrar em tua alma adormecida,
Invadindo todo o corpo de prazer.
Eu quero desnudar-te, de saída,
No vinho de teu corpo entorpecer...

Levar-te para o céu, olhos abertos,
Lamber todo este mel e vasculhar
Os rumos mais gostosos descobertos,

Arder-te em minha febre, um mar fantástico
De pura sintonia, me entregar,
Momento de delírio, amor, orgástico!

X


Bocas que se procuram
Famintas, cegas, cruas,
Prazeres que se apuram
Em carnes, doces, nuas,

As noites que se curam,
Pedintes, querem luas,
Os lábios se perduram
Nas pernas, lindas, tuas...

Versejo com vontades,
Procuro belas flores,
Deixando tais verdades,

Que formam tantas dores,
Distantes, nas saudades.
Ah! Sonhos sedutores...

X

Querida, vale a pena
A gente se encontrar,
Refazer cada cena
Bem manso, devagar,

A vida que se acena
Pra sempre nos tocar,
Uma dor que envenena
Jamais vou perdoar.

Amor é bem sagrado,
Presença divinal.
Vivendo do teu lado,

Sorriso sensual,
Estou apaixonado,
Tu és meu bem, meu mal...

X

Estrela matutina
Brilhando no jardim,
Teu rosto de menina,
Trazendo amor assim,

A sorte me domina,
Amor que não tem fim,
Vencendo a triste sina,
Todinha para mim.

No teu desabrochar,
Ó rosa tão querida,
Se faz belo luar,

Encharcas minha vida,
Assim tu vens curar,
Em mim, qualquer ferida...

X


Se tantas vezes trago
Meus olhos embargados,
Bebendo em cada trago
Meus sonhos maltratados,

Concebo cada estrago,
Em dias delicados.
Buscando o teu afago,
Em versos dedicados.

Eu quero te querer
A vida não tem pressa,
O mundo traz prazer,

Mas passa tão depressa,
Tua amizade, eu ter,
É tudo o que interessa...

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