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Friday, December 21, 2007

SONETOS 034

Incrível como os raios deste sol
Invadem a minha alma totalmente.
Lutando tantas vezes, sigo em prol
No
rol de seus caprichos vou demente.

E sinto, enamorado, em cada raio;
A força e a potência desta estrela.
Me prende, não consigo, nunca saio,
Da simples emoção de querer vê-la.

No toque carinhoso matinal,
O sol do seu olhar, cedo me invade,
Na praia dos desejos, sol e sal,
Não posso mais lutar contra, quem há-de?

E quero que me beije com furor
Entregue a seus carinhos, meu amor...

X

Nas mansas águas claras onde embarco,
Meus marcos são teus olhos, os meus guias;
Em cada novo sonho, um novo marco,
Em cada novo marco, a fantasia.

Se marcas e tatuas cada canto,
Abarcas cada encanto com carinho.
Não deixo de sorver e quero tanto,
Bebendo loucamente do teu vinho...

Desnudo meu segredo, solto ao vento,
Inundo sem ter medo, morro solto.
Mascaro com sorriso, o sofrimento,
E deixo o pensamento mais revolto.

Banhando-me em teus rios, mansas águas,
Decerto esquecerei das tantas mágoas...

X

Depois de ter passado tanto tempo,
Vestido de ilusão não mais me mostro.
Não quero ser teu simples passatempo,
Sorver da vida a força de um colostro.

Que faço desses versos, te pergunto;
Que faço dessa vida sem meus versos?
Não vejo mais leveza neste assunto,
Seguindo por caminhos mais diversos.

De versos, diversões, tuas versões
São várias as verdades que inventaste.
Vencido sem saber mais de verões
Não quero que me trates como traste.

Eu amo, simplesmente, nada mais;
Por isso meu amor, até jamais...

X

Sem hora de ser tudo assim, senhora,
Dos dons que te traduzem, sou o resto.
Minha alma na tua alma pede escora,
Mas sinto que sem rumo, nada presto.

Idéio novo canto pra te dar
Em versos mais singelos e serenos.
Não gostas do meu parco versejar;
Nem queres que te mostre meus venenos.

Nas conchas escondidas no oceano,
Amores formam perlas maviosas.
Das dores, sentimento de abandono,
No fundo são espinhos dessas rosas.

Mas quero me espinhar nos teus delírios...
Prazeres escondidos nos martírios...

XXX

Amiga, nestes versos que te faço
Não traço nem caminho nem desdita
Se passo tanto tempo e me esfumaço
Talvez seja por sorte tão maldita.

Se aflita te encontrei sem ter ninguém
Se vem essa vontade de chorar
Se imploras pela vinda deste alguém
Que teima e não se cansa de chamar.

Amiga, o meu destino é sempre a esmo,
Se mesmo de te amar não bastaria,
Se alegre ou se estou triste, sou o mesmo,
Na dor meu coração já te sorria.

Amiga, contarás sempre comigo,
Eu sou, tenha a certeza, teu amigo!

XXX

Aos poucos te conheço e reconheço
Acertos e vantagens em te ter.
Se queres tanto amor, eu te obedeço,
E busco meu amor satisfazer.

Verdade, por pior que sempre doa,
Trazendo lealdade, sempre traz;
Firmeza no que pensas da pessoa
Que sempre verdadeira, amor te faz.

Não posso conviver com tais disfarces
Que, fáceis, muitas vezes nos destroem,
Nos beijos mentirosos, noutras faces,
Não fazem quase nada e nos destroem.

Não deixo me enganar, experiência,
Por tramas que me roubam consciência...

XXX

Eu quero a sensação da liberdade
Do vôo deste canto que te fiz.
Bem sabes navegar eternidade
Por mundos que procuras, mais feliz...

Amor-hemorragia, nunca estanco;
Não deixa de sangrar por cada poro.
Em toda esta esperança me alavanca,
Num sonho em fantasia me evaporo.

E sinto teus desejos satisfeitos
Nos gozos mais profanos e benditos.
Lençóis e travesseiros vão desfeitos
Nos toques mais profundos e bonitos.

Amada, delirantes nossos vícios,
Mergulhos neste mar, nos precipícios...

XXX


Encontro, nos teus olhos, o segredo
Que tanto procurei, sem ter sucesso.
Os raios deste sol que nasce cedo
Concedem aos desejos, réu confesso...

Amar, serenidade, com ternura,
Que invade toda a tarde e toda a noite
Mergulho, insaciado na ranhura
Da boca e também do doce açoite.

E quero a cicatriz em carne viva
Do amor que me inundou, mel e garapa.
Rompante luz solar, luz radioativa
Ao teu calor, a lua, nunca escapa.

E deixa-se entregar intensamente,
Aos raios deste amor, deveras quente...

XXX

Quanto mais repartires sentimentos
Mais forte, com certeza, tu serás.
A força com que lanças pelos ventos
A voz com que se mostra tanta paz.

É sempre a que tu guardas no teu ser.
Eu sinto que não temes mais a morte,
Na sorte maviosa de viver.
Que faz de todo mundo bem mais forte!

Amiga, não permita que a loucura
Invada a sensatez que é tua amiga.
Perceba como é clara uma água pura,
Assim no teu caminho vá, prossiga.

A senda de quem segue é mais estreita
Conforme a tirania a que sujeita...

XXX

Como curar, de amor, a tal ferida;
Que invade terebrante e não me deixa.
Se sinto se esvaindo a própria vida,
Amor quando demais, traz sempre queixa.

Não posso contra amor, sem resistência,
Nem posso com a dor que amor me traz.
Deveras é preciso paciência,
Lutar contra esse amor não sou capaz.

Entregue na batalha, sem defesa,
Entregue nos teus braços, fogo ardente.
Eu sinto que te quero com certeza,
Vencendo que de amor era descrente.

Querida; todo amor que vale a pena,
De penas e de luzes, pinta a cena...

XXX

De manhã acordando tão feliz
O mundo que sonhei achei aqui.
Depois de tanta coisa que sofri
Destino agora trouxe o que já quis


Bem sei que não terei sequer mais bis
O rumo desta estrada que perdi
Me trouxe sem saber do que pedi
O céu que não me cobre qual matiz?

O fim de todos erros desenganos
Os sonhos mais difíceis e profanos.
O chato é que essa cama é meio dura.


Não tem televisão nem celular
Mas também para quem eu vou ligar
Aqui de dentro desta sepultura?

XXX

Nas grandes esperanças que trazia
Dos tempos mais felizes que perdi.
Recebo tal notícia de alegria,
Espero por teus olhos bem aqui.

E cuido dos meus erros, meus enganos,
Procuro consertar os meus caminhos.
Vivendo tantos ermos, abandonos,
Quem fora solitário, sonha ninhos...

Dispersos; os meus gritos são vazios,
Espreito um novo dia, amanhecer...
Meus cantos sem sentido, sós, vadios,
Aguardam novos tempos de viver.

Amor de intensidade tão crescente,
Aos poucos, me tomando novamente...

XXX

Vivendo essa aventura com afinco
Sabendo que me perco e não reparto;
Debaixo do telhado, o mesmo zinco,
Saudade do que fui, cedo descarto.

Não tenho nem ternura e nem afeto,
Sou brusco como nunca imaginei.
Depois de tanto tempo um esqueleto
Agora mais direto, escancarei.

Em toda essa certeza, a timidez,
Que sempre foi voraz uma adversária
Tentando disfarçar essa nudez
Numa agressividade temerária.

Amor foi tão difícil declarar,
Que sempre me escondi, morri no mar...

XXX

Desperto, e de repente nada vejo.
Minha visão turvada por temor,
Sabendo que não sabes do desejo
Que temo traduzir por novo amor.

Meu peito qual algoz sabe a desfeita
Que sempre todo amor, no fundo traz.
De tanta virulência a tez refeita
Procura por um novo capataz?

Não vejo mais saída ó coração,
Tu gostas de sentir-se amordaçado.
Embarco na armadilha da ilusão,
Embora creia esteja vacinado.

Nas sombras desta noite em que caí,
A sorte é que no fim, sobrevivi....

XXX

De tanto mergulhar no nosso mar
Em busca do que penso ser saída,
Por vezes me permito imaginar
Como é profunda e bela nossa vida...

São versos que te faço, companheira,
Palavras que soltei num vento amigo.
Eu quero ser feliz a vida inteira
Levando teu amor sempre comigo.

A noite empalidece com a lua
Esfuma uma esperança nos meus versos,
O canto que te fiz, se perpetua,
Singrando qual cometa , os universos.

Deitado neste intenso pratear,
Eu sinto nosso amor, pleno voltar...

XXX

Quem luta contra amor, nunca resiste.
Amor não se permite uma objeção.
Lutar contra um amor é viver triste,
Viver assim contendo uma explosão.

Não posso compreender hostilidade
Se somos dele eternos prisioneiros.
Eu falo com total honestidade,
Amores, nas batalhas, os primeiros.

Amor se encontra lutas sempre ganha,
Não posso contra amor, num abandono.
A força deste amor é tão tamanha,
Que amor assim, parece-se tirano...

Não tenha meu amor, esta ousadia,
Senão a dor te impede a fantasia.
E assim, por certo, toda uma alegria...

XXX

Amor que me tramara novo canto
Se espanta com teu brilho, mulher-sol.
E vive se explodindo num encanto,
Na mágica atração por teu farol.

Das Minas mais douradas do meu sonho,
As pedras preciosas, diamantes.
Te quero, minha rosa, te proponho,
Os dias mais amantes e brilhantes.

Conquanto nosso amor é néctar puro,
É sol que se embrenhando traz a lua.
No mármore esculpi nosso futuro,
E a vida, transformada, continua...

E sinto que faremos novos filhos,
Nos raios tão sedentos, nossos trilhos...

XXX

De tanto que este amor, amor emana,
De tanto que esta luz implica fogo;
A força que me traga, é tão tirana,
Que sempre irei perder, no fim, o jogo.

É fonte de ilusão mais cristalina,
É fonte dos desejos e dos sonhos.
Amor é ponte louca que domina,
Entre dois portos rudes e risonhos...

Nos cacos que tivemos em junção,
Erguemos um castelo de esperança.
Unindo dois num só, revolução,
Coração-coração, uma aliança.

Eu misturo meu sangue com o teu,
Todo o teu misturado com o meu...

XXX

Não quero inimizade de ninguém,
Meus versos te procuram, cara amiga.
A noite que por certo sempre vem,
Sem ter uma amizade se periga.

Eternamente logro meu destino,
Fugindo deste amor como o diabo.
Exprimo no meu canto sem ter tino,
Em noites mais dolentes eu me acabo.

São rudes os meus versos, disso eu sei,
São pobre minhas rimas, sem sentido.
Amor que me fizera pensar rei,
Por mais que nada fora, decidido...

Estampo um sentimento verdadeiro
Coloco teu retrato num letreiro...

XXX

Te faço a confissão do meu delírio
Em forma de desejo e tanto amor.
A vida adoração que é meu martírio
Em versos que tentei pr’a ti compor...

Tu estás aqui dentro, do meu peito,
Tormenta e maravilha que me sugam.
As lágrimas demonstram satisfeito
Desejo dos meus olhos que se enrugam...

Escrevo com temor quase gelado
Os versos inauditos, miseráveis.
Que falam deste amor que foi jogado
Nos ventos mais difíceis, intratáveis...

Mas tenho teu amo, isso me basta,
E toda a insensatez, amor afasta...

XXX

Levando minha vida pelo mar,
Marés e tempestades, maresias...
Abraços entre lua, sol, amar,
Marulhos de prazeres, alegrias...

Quem dera timoneiro, pensamentos.
Quem dera solidez em novo cais.
Perdendo, nunca mais rosa dos ventos,
Espero pelos mares, mas, jamais...

Não quero perceber, do mar, a trilha,
Nem quero navegar sem sentimento.
Não me deixe sozinho, não sou ilha,
Eu quero teu amor, cada momento...

Levando minha vida; solto a vela,
Amor que tanto quis, já se revela...

XXX

Nos teus encantos perco todo o rumo...
Amada que pensei jamais voltasse.
O canto que te peço, novo prumo
É como enfim viver sem ter disfarce.

Não sinto mais o fogo que queimava
Mas tenho em teu amor suave cais.
A noite que por vezes não chegava
Em versos que te faço, trama a paz...

Um anjo adormecido, bela imagem,
Na pele da morena que queria.
Sentindo em pensamento tal aragem
Que traz no teu sorriso um novo dia...

Minha alma se renova em cada trama,
Revive e te encontrando, logo chama...

XXX

Não quero a noite eterna sem te ter;
Talvez fosse promessa que fizemos.
Se não consigo mais sobreviver
Meus versos; em carinho, concebemos...

Na noite que virá, sem outro dia,
Espero que me encontres. Dê um jeito.
Não deixe esmaecer a fantasia,
Morrer fazendo amor: Isso é perfeito!

Num ato carinhoso de lazer,
Deitado nos teus braços, cavalgado,
Numa agonia intensa do prazer,
Num gesto assim divino, abençoado..~

A certeza absoluta que preciso,
Entrar pelos portais do paraíso!

XXX

A vida que se sangra em cada porto,
Vertendo em hemorrágicas saudades.
Não vale o que se leva tão absorto,
Esquece de brindar realidades.

Eu dou meu testemunho se quiseres,
Eu sou o que seria se não fosse
Amor da forma louca que vieres;
Amor de qualquer jeito, me remoce!

E faça do outonal, primaveril.
E fale com firmeza e com ternura.
Mudando meu destino, amor sutil,
Que emana e se alimenta em fonte pura.

Vislumbro melhor tempo de chegada,
Depois destas procelas, minha amada...

XXX

Deitando calmamente no teu colo,
Depois desta batalha sem ter fim.
Forjando nova vida deste solo,
Plantando tanta luz de amor em mim..

Granulo
uma esperança formidável
Nos versos irmanados, tu e eu.
Ouvindo teu carinho, tão amável,
O medo de morrer, enfim, morreu...

E quero ser semente que engravida
A vida sem temores que propomos;
Tristeza nada faz, morre esquecida,
E como da alegria, tantos gomos.

E quero lambuzar-me neste sumo
Perder, no teu quintal, meu senso e rumo...

XXX

Nós somos filhos desta encruzilhada
Que a vida, de tocaia, preparou.
Herdeiros do vazio, somos nada,
Apenas o que ocaso desenhou...

Da terra malfadada; pedra, espinho.
Do tempo que esquecido, já se foi.
Marcados pelas dores do caminho,
Sangrando neste arado, pé de boi.

Nós somos divisão duma esperança
Jogados nestes córgos, sem futuro.
Traçamos desde sempre essa aliança
Tramada neste chão que é seco e duro...

Mas amo cada palmo desta vida,
Arando meu desejo em ti, querida...

XXX

Ousando ter amor por quem temia,
Sabendo ser feliz quem não se engana.
Da noite que promete ser mais fria,
Eu quero essa doçura, mel e cana...

Bastiões e fortalezas me protejam
Das ondas destes mares mais atrozes.
Amores e saudades se pelejam
Escuto, neste escuro, loucas vozes...

E tento me esconder deste tormento
Que invento, sentimento mais perfeito.
Não quero tomar tento, sofrimento,
Meu peito, deste jeito, satisfeito...

Meus olhos se entregando ao sol, perdidos,
Jamais se encontrarão arrependidos...

XXX

Dos mares tão mineiros que tramamos
Mergulhos nas montanhas das Gerais,
Macios nossos sonhos decoramos
Com mares que mineiros mostram mais.

Os ares das montanhas e das montes
Das fontes que jorramos nesta cama,
Das tramas que fizemos, do horizonte,
Dos versos verdadeiros, veras chamas...

Eu quero versejar e navegar
Os mares que me deste, por empenho.
Vencido pelas minas deste amar,
Das minas e montanhas cedo venho.

E cedo em teu carinho tal ternura
Que vejo em teu amor, a nossa cura...

XXX

Se trago tantos erros, quero acerto.
Se tramo tantos rumos, quero um cais.
Se quero ter oásis num deserto,
Amor que sempre quis, quero demais...

Ceifadas pelas dores, esperanças,
Lavradas com suor, sangue e tristeza.
Não quero o prato frio da vingança,
Apenas que me leve a correnteza...

Quem sabe tanto amor, por certo sonha.
Quem sabe tanta luz, não quer mais breus.
Amar demais, jamais, não me envergonha,
Meu medo se resume num adeus...

Por isso estou aqui de peito exposto,
Sonhando com amor, seu jeito e gosto...

XXX

Não quero o sofrimento como lema,
Tampouco a solidão como estandarte.
Amar é repetido e doce tema,
Por isso é que pretendo sempre amar-te...

Não deixo que se perca o pensamento
Em meio a tantas dores que vivi.
Nas curas que pretendo, bom ungüento,
No mundo sem amores, me perdi...

Cobiço teu carinho em meu carinho,
Anseio pelos seios maviosos.
Amor que louco sinto, é como o vinho,
Inebria em milhares, tontos gozos...

Não quero o sofrimento nem o medo.
P’ra ser feliz, amor, é meu segredo...

XXX

Amiga, tantos versos dediquei
Aos nossos sentimentos mais fiéis.
Sabendo que viver é dura lei,
Nem sempre das abelhas, doces méis...

Mudanças que bem sei em nossos rumos,
São coisas que encontramos no caminho.
Bebendo desta dor,amargos sumos,
No colo desta amiga, meu carinho...

É porto que imagino mais seguro,
É barco que me ajuda a navegar.
É lume que clareia mar escuro,
É sonho tão gostoso de sonhar...

Amiga, te agradeço de verdade,
Bendito teu amor, tua amizade!

XXX

Flechado pelas setas de Cupido,
Envolto na esperança mais sutil.
De tanto que sofrera, já me olvido,
Te sinto novamente, tão gentil...

Eu sei que degeneras numa fera
Se tantas regas nunca forem dadas,
Padeces das complexas quimeras,
As asas, muitas vezes, amputadas...

Mas quero me embrenhar nos teus cabelos,
Vivendo novamente tuas matas.
Talvez inda me venham pesadelos,
Com mãos suaves, sempre me arrebatas...

E morro, novamente em teu destino,
Amor que me domina, sou menino...

XXX

Quem dera ser lascivo passarinho
Que canta conquistando sua fêmea;
Assim com a viola e com meu pinho
Eu busco, no sereno, uma alma gêmea...

Distantes dos meus cantos não me escuta,
Sonhando com seu príncipe encantado.
De músculos bem feitos, força bruta,
Que pena que estará desencantado...

Princesa, me desculpe tal franqueza,
Não falo por inveja nem me escapo.
O dono de tal força e de beleza,
Aos poucos, virará terrível sapo...

Mas deixo que o futuro se apresente,
Apenas não te quero penitente...

XXX

Das cruzes que carrego, em sentimento;
As trevas do que fui inda me pesam.
Não bastam tempestades, chuva e vento,
Olhares incisivos me desprezam...

Não quero que este canto seja isento
Dos erros que perfazem meu caminho.
Mas, juro, minha amiga, sempre tento,
Fazer com mansidão, recanto e ninho...

Instintos que se tornam mais domados,
Indômitos geraram tantas dores.
Agora nestes dias esgotados,
Aprendo a semear algumas flores...

Assim como a amizade real é pura,
Meu canto busca encantos na natura...

XXX

A luz de uma amizade se acendia
Em meio a tantas nuvens carregadas,
Traduzo teu carinho em alegria,
Ajuda nessas dores mal curadas...

Tomando toda a vida como base,
Amigos encontrei, decerto, poucos...
Curando essa ferida, põe a gaze
Impede que meus dias sigam loucos...

Melhor saber que existes, meu amigo.
Dá forças pr’a seguir a dura estrada.
Percebo, em cada curva, outro perigo,
A mão que me sustenta, abençoada...

Por mais que este caminho seja duro,
Nos passos co-relatos, me asseguro...

XXX

Que bom saber que estás dentro de mim,
Embora me escondeste tolamente.
Amor quando em amor se faz sem fim,
Não deixa que isso ocorra, de repente.

Mas sei o quanto quero o teu querer.
Mas sei que te desejo em cada dia;
Entranhas tua vida no meu ser,
Embora eu, meramente fantasia...

Espero; uma ousadia da esperança,
Que venhas desfrutar desta ternura,
Mais forte do que pensas, a aliança,
É feita deste amor, em amor cura.

Não quero ser somente aborto em grão,
Preciso desfrutar nossa paixão!

XXX

Quem dera ser criança novamente,
Brincar em seus jardins, em seus canteiros.
Correndo pela casa livremente.
Meus dias mais felizes, verdadeiros...

Da fruta que roubava no quintal;
Da roupa que quarava sob o sol...
De cores, minha vida, um festival.
No rio, uma esperança feita anzol...

Agora que te vejo assim, meu filho,
Noutros jardins, as mesmas brincadeiras;
Brilhando como o sol, me maravilho,
E vejo renovarem-se tais bandeiras

Do amor que me mostrou como é possível
Ser feliz. Renovar um sonho incrível...

XXX

Doces lembranças guardo do passado,
Dum tempo tão feliz em plena glória.
Sentindo-me, por ti, tão bem amado,
Jogado nos arquivos da memória...

Trazendo em largos dias, tanta paz.
Vivendo o que queria ser vivido.
O quadro na parede, o sonho traz,
Sabendo que jamais vai esquecido...

Erguendo, das saudades, uma taça;
Num brinde de esperança pro futuro.
Não deixe, meu amor, bolor e traça;
Reacenda esse quadro tão escuro...

E vamos renascer, nosso presente,
Amor que sempre fora mais contente...

XXX

Deitada na verdura do arvoredo,
Desnuda sob o sol, desfalecida...
Espera por carinho desde cedo,
Aguarda uma esperança adormecida.

Eu sinto que tu queres tanto amor
Que não posso te dar, nem receber.
Teus braços que sei plenos de calor,
Abraçam essa vontade de viver...

Mas amo teu amor e teu desejo,
Desejo teu amor bem junto ao meu.
Meus lábios aguardando por teu beijo,
Teu beijo que em lábios se perdeu...

E chamo calmamente por teu nome,
Entre as estrelas, nua, a lua some...

XXX

Quando em teus desejos percebia,
A fonte luminosa dos prazeres;
A noite se esfalfando em alegria,
Vivemos nossas tramas dos quereres.

E sinto a natureza deste amor,
Reluz especular olhos nos olhos.
Não falo mais em medos ou pudor,
Apenas vou morrer sem ter abrolhos.

Nos favos onde sorvo o teu bom mel,
Polinizas meu mundo com teu gosto.
Ascendo, sem ter asas, no teu céu,
E vivo loucamente, vou exposto.

E mostro cada parte do meu ser,
Entregue na ventura de te ter...

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