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Friday, December 21, 2007

SONETOS 017


Se tenho esses meus olhos mais distantes
Dos olhos de quem disse me querer
Os dias sempre são como eram antes
As horas demorando a transcorrer...

Acendo meu cigarro e, na fumaça,
Os sonhos recomeçam, se misturam.
Quem fora esse menino, numa praça,
As dores se embaralham, não se curam...

Mas tenho tanta chuva que não pára,
Nos lágrimas que seco, sem vaidade.
Na queda nenhum braço me antepara
As minhas cicatrizes da saudade.

Mas tenho teu amor, que nunca cobra,
Amor que sempre tive, e sei, de sobra..

X


Por noites e mais noites sem ninguém
Arrasto estas correntes pela casa.
O frio da saudade sempre vem,
Aos poucos tudo toca e tudo arrasa...

Não sinto mais vontade de viver.
Os olhos embotados, nada dizem,
Distante desta luz e do prazer,
Os sonhos e o real se contradizem.

Não vejo mais o brilho que queria
Neste olhar que o espelho envelheceu.
A noite vai morrendo, perco o dia,
O que tivera em sorte, já morreu...

Da minha juventude já perdida
Arrasto este cadáver pela vida...

X


As horas se passando, vou sem norte.
Procuro minhas sombras, nada vejo...
Quem dera se encontrasse a minha morte
Na boca da pantera, escarro e beijo.

Vencido pelas noites de cansaço,
Só tendo a solidão p’ra repartir.
Em plena madrugada, sem abraço,
Eu não consigo nem sequer dormir...

Tristeza vai tomando tudo aos poucos ,
Não deixa nem espaços de esperança.
Os gritos lancinantes saem roucos.
A morte, mesmo lenta, já me alcança...

Também não quero a sorte de saber
Da solidão que segue o meu viver...

X

Catando meus caquinhos pelas ruas,
Jogado neste canto vou a esmo.
As dores me invadindo, podres, cruas.
Quem dera o nosso amor... Não sou o mesmo...

Carrego esta mortalha que me cobre,
Mas dela tenho orgulho, é minha pele.
Não há força no mundo que recobre,
Que cure quem de tanta dor repele.

Não quero mais abraços nem conselhos.
Meu tempo de sonhar está no fim.
Os olhos se castanhos ou vermelhos
As dores são só minhas, sendo assim

Não peço nem apoio nem migalhas,
As mortes que são minhas, sem batalhas...

X


Amigo, nunca espere pela sorte.
A sorte, uma ilusão que logo cessa.
Erguei; nessa batalha, o braço forte.
A luta todo dia recomeça...

Não tema se a verdade não se aflora
No fim ela virá e te liberta,
Quem sabe nunca esquece quando é hora,
Por isso, nesta vida, sempre alerta...

Por vezes a mulher que não sonhamos
Aquela que nos tira do buraco.
Enquanto a quem tanto dedicamos,
Aos poucos te tornando bem mais fraco...

Se queres para as dores, solução,
A chave sempre está no coração

X

Minha noite é tão vazia
A chuva lá fora é forte
A minha alma é que se esfria
Vai perdida, a minha sorte.

Moça foi a minha sina
Eu gostar tanto d'ocê
Nesta chuva pequenina
Meu amor; vou lhe perder.

Você brinca com saudade
Com saudade não se brinca,
Assim a felicidade,
Num instante já se trinca.

Venha aqui pro meu colinho,
Não deixe esse amor sozinho...

X

Moça num faça comigo
O que vancê qué fazê;
Meu amô num é castigo
Pois ele é tudim procê;

Sô sujeto que trabáio
E gosto de trabaiá
Nesses forró eu num cáio.
Pois nem prindi a dançá;

Mas eu quero seu amô
Eu quero tudim prá mim,
Venha cá faiz o favô
Eu pércizo di carim.

Tanta dô qui tem se cura,
Só na tua fermosura...

X

No vigor das palavras tento um canto
Que não traga somente uma tristeza
Inerente, que para meu espanto,
Vai em tudo que faço, com certeza.

Minhas mãos vão cansadas como o peito
De saber como é dura uma saudade.
Pois amar também deve ser direito
De quem vive buscando uma verdade.

Tantas vezes brincando solitário
Outras vezes sonhando veramente.
Meu amor, que é deveras solidário,
Vai voando; liberto em minha mente.

Quando menos espero pelo bote
Eis de novo saltando. O mesmo mote...

X


Eu canto simplesmente por prazer.
Desafinada a voz, resta a palavra.
Embora tanta coisa por dizer,
Um lavrador escolhe sua lavra.

Poderia dizer da dor terrível,
Da solidão, do medo e da saudade.
Do mundo que derrama mal incrível
De todas as agruras, na verdade...

Poderia falar deste vazio
Que toma todo peito vem em quando.
Da seca, da miséria ou mesmo o frio,
Que queima; que tortura e vai matando.

Em meio a tanto mal e tanta dor,
Recheio esses meus versos com amor!

X

Não deixe que a saudade te consuma;
Aos poucos, se deixar ela te mata.
Dizer-me que com dor já se acostuma,
Mentira. Ninguém ama o que maltrata.

Eu vivo por amar intensamente,
Se tenho ou se não tenho companhia.
A vida vai-se embora, de repente;
Levamos um quinhão de fantasia.

Amiga, guarde sempre uma esperança;
Que a noite não demora, vem depressa.
Não sofra por amor. A vida avança,
De ser feliz, por certo, temos pressa...

Um dia saberás toda a verdade.
Amar é traduzir felicidade!

X


Trazendo o bom humor, uma alegria,
A vida se parece bem mais leve.
Assim já vem surgindo um novo dia
Mas sei que esta alegria; morre em breve.

Renasce no sorriso da criança
Que teima persistir dentro de mim.
Não falo tão somente em esperança,
Também no dia a dia ser assim.

Saber que novo tempo logo vem,
Saber que a juventude vem e passa.
Amar a vida sempre nos faz bem,
Deixar que esta tristeza se esfumaça...

Abrir teu peito a força da amizade,
Do amor, é conhecer felicidade...

X

Quando, ontem, nos teus olhos procurava
Os versos que escrevi pensando em ti;
Nas horas mais serenas encontrava
Motivos para estar de novo aqui.

Nos meus jardins dos sonhos, tantas flores;
E cisnes passeando em manso lago.
As nuvens desenhando novas cores
Num céu que se pretende ser tão vago.

Nos olhos, pois; levaste meu poema.
Meus sonhos; carregaste junto a ti.
Sem eles como vou seguir meu lema
De tanto que te amei, eu me esqueci...

Preciso de teus olhos, minha amada;
Sem eles não escrevo assim, mais nada!

X

Interessante como muitas vezes
Andando solitário pelas ruas
Onde eu procuro nesses tantos meses
Rastros dessas estadas minhas, tuas;


Encontrei os resquícios do que fora
No tempo em que ter amei e em sonhamos.
Nas esquinas, nos bares sempre aflora
Um pouco desse muito quando amamos.

Na mesa, nas cadeiras, nas toalhas,
Neste mesmo garçon, nos bancos, praças...
São como se afiassem navalhas.
Sentindo inda teus braços, como abraças...


Depois de tanto tempo, tantos anos...
Percebo que distantes, nos amamos...

X


Mulher que me jogando aos mansos braços
Trazendo tantos sonhos e delícias
Depois de várias lutas e cansaços
Vem salpicando amor entre malícias.

Trazendo tanto rosas quanto espinhos
Forrando meu caminho de flor e urzes.
Decora destruindo nossos ninhos
Ao mesmo tempo beijos e cruzes.

Mulher que proclamando uma grandeza
E um desejo de guerra insaciável
Leva para os meus sonhos a beleza
E o medo de viver, inconsolável...

Mulher que emoldurando minha cama,
Entre mordidas, beijos; diz que me ama!

Eu não te amo do modo mais sereno
Que poderia apenas dar em nada.
Amo tuas vontades, teu veneno,
E a forma de quereres ser amada.

X

Da mansa sensação deste perigo
Que a noite vem trazendo e te inebria...
Dessa doce emoção, sou teu amigo,
E cobertor na noite dura e fria...

E quando tu me lambes; já me mordes.
A tua garra afias nos carinhos...
Desejo em madrugada quer que acordes
E rasgas com teus dentes, sangras, vinhos...

Bem sei de qualquer lua, santa e pura,
Profana e sensual, doce loucura...

X

Tantas vezes caminhos da madrugada
Nos mais distantes sonhos rumos soltos,
Braços adormecidos; noites acabadas,
Pernas em profusão, lençóis revoltos..

Esse cheiro molenga do prazer
Repartido em ternuras e batalhas...
Total escuridão permite ver
Os lábios tão cortantes são navalhas.

A carne transbordante, extasiada,
Rodando, vai girando sem parar.
As bocas se tocando, minha amada,
O mundo nunca pára de rodar...

E tremo em teus carinhos; radiante.
Do amor que a gente fez num puro instante...

X

Procuro teu retrato no meu rosto.
Percebo o quanto é bom estar contigo
Nas antigas tristezas, meu desgosto,
Decompostas, não levo mais comigo.

Revigorando as forças que esquecera
Num canto mais recôndito, guardado...
De tudo que na vida mais vivera
Espelho nos mostrando lado a lado...

Eu amo teu amor, nunca se esqueça,
Nós somos tão iguais, o mesmo barro.
Por mais que tanto temo que enlouqueça
Na corda em que te ataste; eu me agarro.

E temos, no conjunto, a mesma face.
Teu rosto no meu rosto, sem disfarce...

X

Na nossa noite, loucos, perdidos...
Buscando tanta sede e tanta fome.
Aos poucos os sentidos repartidos
O meu olhar, teus olhos, tudo some...

Nas rosas, nos perfumes, nas espreitas...
Nos jardins que plantamos; nossas flores.
Vorazes nossas bocas, tu deleitas
Com todas as magias dos olores.

Rodamos na tontura que nos salva,
Rolamos na delícia que nos cura...
A noite se promete mansa e alva,
Envolta nos carinhos, na ternura...

E quero teu amor de amor capaz.
Há tanto já perdemos nossos cais...

X

Na canção que preparo em serenata
Versos
inevitáveis sobre amor.
Que pega, acaricia e que maltrata,
Me leva, nos seus braços, onde for...

As noites que passei, todas em claro.
Olhando essas estrelas e cantando.
De tanto, tanto amor que te declaro,
Nos braços deste amor vou me encontrando...

Serenata que faço; madrugada,
Trazendo uma esperança de viver
Ao lado de quem sempre foi amada,
Nos braços em que quero me perder.

Trazendo lenitivo a tanta dor,
Nos lábios que beijei, em puro amor...

X

Meu pensamento busca teu pensar
De forma que pensemos mais unidos.
Os versos que desfilo nesse amar
No mar de tantos sonhos esquecidos...

Tu sabes que vivemos da paixão
À flor da pele, somos tão iguais.
Vivendo nas loucuras da emoção
Em tudo que fizemos, somos mais.

Sabendo quanto ecoam nossos cantos
Nos nossos corações alucinados.
Rolamos nossas camas, rumos, mantos,
Só sabemos viver apaixonados...

Por isso, minha amada meu mergulho
No mar já se explodindo num marulho...

X

Não tenho mais recados p’ra te dar...
Eu sei não ouvirias, estou certo.
De tanto que vivi a te esperar,
A tua ausência lembra-me um deserto.

Na noite que se esfria, tanta sede...
Deitado sem ninguém; espero, enfim,
Que chegues, devagar; na minha rede,
E tragas todo amor que tens p’ra mim...

Aí, juntos novamente, minha amada;
A vida não precisa mais recados.
Esta fotografia emoldurada
Trazendo as esperanças, doces fados...

E vejo, adormecida calmamente,
A mesma languidez de antigamente...

X

Tuadistância amiga, aconchegante;
Trazendo teu calor tão mansamente.
Ao ver-te me imagino estar diante
Da deusa que sonhara urgentemente.

Estrelas fulgurando em claro céu,
Rolando por espaços magistrais,
Procuro meu recanto no dossel
Depois de navegar dores astrais.

Teu corpo, nos contornos definidos,
Presença dos meus barcos naufragados.
Tocando tão de leve; meus sentidos.
Por mares maviosos, navegados.

Te quero, simplesmente tanto quero...
Amor que glorifica e que venero...

X

Quando meu sonho embarca no teu sono,
Misturas as salivas e os sonhos.
Não posso conceber um abandono
Nem dias que se passem mais tristonhos.

O vento que me trouxe não me leva,
Persisto do teu lado, sou cativo...
Na noite que vivemos; tanta treva,
Um sentimento lindo e sempre vivo.

Não quero nem que sofras e nem eu.
As horas percorridas; nossos dedos
Decifram cada sonho que nasceu
Depois de pouca vida e muitos medos...

Eu quero a sensação de liberdade
Imerso no teu corpo, divindade!

X


Palavra que te disse, mansa e louca;
Trazendo teu desejo para mim.
A boca procurando tua boca,
No gozo dessas flores no jardim...

Amada, como é bom falar que eu te amo!
Palavras, sentimentos tão profundos...
Qual lobo solitário; tanto chamo,
Meus olhos viajando nos teus mundos.

Deitado sobre a grama e sob a lua,
Ao ver-te em transparências caminhando,
Teu corpo se define e semi-nua;
Aos poucos meu olhar te desnudando...

E sinto teu respiro junto ao meu,
Meu corpo, nosso corpo, se perdeu...

X


Não quero mais as noites invernosas
Nem as frias montanhas sem amor.
Jardim que se formara; tantas rosas,
Aos pouco recupera a sua cor...

As águas que caiam; cachoeiras,
Agora mansamente para a foz...
Palavras que trocamos; verdadeiras,
Matando essa saudade tão atroz.

Depois de ter vivido sem carinho,
Depois de ter sofrido essa saudade.
Amor, nunca me deixe mais sozinho,
Preciso te saber, felicidade...

Por vezes me imagino sem ninguém
Nas noites em que o frio vento vem...

X

Ao tocar o teu corpo devagar,
Beijando cada canto e cada curva.
A vida começando a nublinar
Desaba nas delícias de uma chuva...

Eu quero passear pelos teus rios,
Andar e conhecer todas as margens.
Mergulhando loucamente nos estios,
Descendo até na foz, toda a viagem...

Entrar nos alagados, afluentes...
Descer tuas cascatas, corredeiras.
Saber destes braços envolventes
Nas ilhas delicadas, nas pedreiras...

Eu quero teu amor completamente,
Morrendo em teus desejos, uma enchente...

X

Eu te peço as ternuras mais amenas
Que tão somente a vida pode dar...
Nas mãos tão delicadas e serenas,
Vontade de carinhos, e ficar...

Eu quero tais belezas dos luares
Trazendo, dos espaços, tanto brilho...
As frutas mais gostosas dos pomares
Que formam, nos meus sonhos, nosso trilho...

Eu quero o cheiro doce da manhã
No gosto dessa broa com café.
Viver na poesia, belo afã,
Amor feito esperança e feito fé...

Não deixe tantos sonhos p’ra depois
Neste universo lindo de nós dois...

X

Nossos medos perdidos e distantes,
Escondidos debaixo da esperança.
Depois dessas loucuras ofegantes
Que tramam cada noite em nova dança.

Depois destas saudades que sofremos,
Dos tempos mais difíceis, no começo...
Agora que encontramos e sabemos
Não quero mais ouvir queda, tropeço...

Juntinhos; adormeces ao meu lado.
Em paz, sem pesadelos ou temores,
Meu sonho com teu sonho misturado.
Somos, em nossa cama, vencedores.

Estou cada vez mais em ti atado,
Vivendo em fantasia, apaixonado...

X

Não creio que este amor inda te queira.
Seus atos me demonstram diferente...
Quem ama tem que dar à companheira
A plena sensação do amor urgente.

A mansidão suave no seu canto,
Ao mesmo tempo intensa proteção.
A cada novo dia, novo encanto.
Jamais adormecer uma emoção...

Saber de tantas datas importantes,
Que foram cruciais para este amor.
Sangrar tantos desejos delirantes,
Vivendo em tal prazer, pleno de ardor...

Amiga, recupere tua vida,
Não deixe ela acabar, adormecida...

X


Deitado no teu colo, olhos fechados,
Querendo teu amor e proteção...
De tantos os caminhos machucados,
De tanta e tão profunda decepção...

Eu peço teu abraço e teu consolo,
Eu quero tua boca tão macia.
Na doce mansidão, gostoso colo.
Tem tudo o que procuro; a fantasia.

Amiga derradeira; tão querida...
Teus braços acalantam meu cansaço.
Durante boa parte em minha vida,
Nossa amizade foi de intenso laço...

Te quero tão eterna, todo dia.
Amiga e tão amada poesia!

X

Ao sentir tua boca sobre a minha
Na sede que matamos, todo dia.
Meu corpo no teu corpo já se aninha,
Dueto tão completo em sintonia...

Dançamos tantas noites sem descanso,
Rolando nossos corpos tão suados...
Depois das nossas danças, mudo; manso,
Namoro estes teus olhos já fechados...

Eu quero ter eterna sensação
De terna e de total felicidade.
Saber que te encontrei; tanta emoção,
Vivendo nosso amor, sinceridade...

Eu quero poder sempre me iludir,
Amor, em tantas vidas, repetir...

X


Meus olhos procurando tais pegadas
Deixadas nestes trilhos que passaste.
De tanto procurar, pernas cansadas,
Seguindo os aromas que deixaste...

Eu quero teu amor, não mais discuto.
É tudo o que bem quis a vida inteira.
Teu nome; estou distante... Nada escuto.
Por tanto que te quero, companheira...

Eu sei que tanto errei, peço perdão.
Meus medos aumentando pouco a pouco.
Errei por tanto amor, tanta emoção.
E temo, desse jeito, ficar louco...

Retorno; tão cansado... Morta a chama.
E te encontro, deitada em nossa cama!

X


Abandonei meus olhos, minha amada,
Bem em frente ao portão onde tu moras.
Não vejo; neste mundo, quase nada,
Preciso te encontrar e sem demoras...

Agora sem meus olhos, como faço?
Tropeço meus caminhos, perco o rumo.
De tanto que procuro, perco o traço,
Será que sem meus olhos, acostumo?

Te peço meu amor, por caridade.
Meus olhos sem teus olhos nada enxergam.
Preciso retornar à claridade,
Sem cores, meus amores já me cegam...

Eu quero me perder no teu olhar,
Meus olhos; nos teus olhos, mergulhar...

X

Enquanto não vierem tempestades
Enquanto o nosso canto persistir
Enquanto se viver felicidades
Enquanto a triste noite não surgir.

Enquanto nossos braços forem fortes
Enquanto nosso amor for mais valente.
Enquanto não perdermos nossos nortes
Enquanto eu te fizer feliz; contente.

Enquanto nossas luzes rebrilharem
Enquanto a solidão dorme, calada...
Enquanto nossas bocas se sonharem
Enquanto te sentires tão amada.

Enquanto em nossa vida, tanto encanto.
Enquanto eternamente, sempre e tanto...

X

Minha deusa dos olhos tão volúveis
Envolto nos teus braços perco o tino...
Curaste estes meus medos insolúveis
Nas tuas mãos entrego meu destino...

Espero sempre em ti, felicidade,
Movendo com teus passos, minha sina.
Encontro, nos teus olhos, claridade,
Embora bela deusa, uma menina...

Não temo nosso amor, mergulho fundo...
Nos cânticos que faço; tanta prece...
De todos os desejos neste mundo,
Viver essa emoção que se oferece.

Aos olhos, aos desejos, sentimento...
Na eternidade vária dum momento...

X

Embale-me nos sonhos que tu sonhas...
Nos braços que ofereço minha sorte.
As noites porventura são risonhas
O canto deste amor é bem mais forte...

Eu quero tua boca me roçando
De leve, nos momentos cruciais.
Aos poucos perceber que estou amando,
Bem mais do que eu amei, assim, jamais...

Não sinto mais o frio que teimava
Nem mesmo a solidão, velha ameaça.
Enquanto nosso amor deliciava,
Dançando de alegria, em plena praça.

Agora que eu já tenho o que eu quis
Eu falo aos quatro ventos: sou feliz!

X

Tantos versos pedindo tua volta...
E nada, não me escutas, nem permites.
Ao mesmo tempo prendes e me solta.
Ao mesmo tempo fere e logo omites.

Penetras no meu peito, qual punhal.
Rasgando totalmente o coração.
Depois, quer ir embora. Teu sinal
Em grande cicatriz, louca emoção...

Mas amo teu amor assim liberto,
Vivendo inseguranças insensatas.
Oásis que encontrei no meu deserto,
Nas horas mais felizes, me arrebatas...

E vivo essa loucura que é te amar...
Doçura que encontrei em pleno mar...

X


Ah! Como é bom poder te amar assim...
Vieste deste modo manso, breve...
Aos poucos foi chegando até que, enfim,
Minha alma se sentiu tão calma e leve.

Quem fora despertado pelo vento
Feroz e tão intenso da paixão,
Vivendo amor sem rumo, em sofrimento,
Rompendo, destruindo o coração;

Ao ter, neste momento, a calmaria;
Percebe como é belo o grande amor.
Trazendo, sem loucuras, a alegria;
Disposta a vir comigo aonde eu for...

Deitado do teu lado, tanto afago.
Na doce placidez dum lindo lago...

X


Sentindo teu perfume em minhas mãos,
Sonhando com teus beijos e carinhos;
Depois de tantas noites; sonhos vãos,
Meus dias não serão mais tão sozinhos...

Renasce, nos meus olhos, primavera;
Trazendo, em teu perfume, o meu jardim.
Voltando, pouco a pouco, a ser quem era;
O cheiro deste sonho entranha em mim...

Minha alma, dos aromas, carregada;
Se esquece dos antigos desamparos.
Percebe-te, querida namorada,
Olores divinais, perfumes raros...

Depois de tanto tempo em abandono,
Renasce a primavera em meu outono...

X

Em meio a tempestades, chuva e frio;
Trazendo tantos medos, tanta enchente.
O tempo revoltoso e mais sombrio,
Mudando todo o curso, de repente.

As nuvens se dissipam, vem o sol;
Seus raios inundando toda a terra.
Seguindo, com meus olhos, seu farol...
Depois que esta tormenta já se encerra.

Encontro tanto brilho que me cega
Por um momento apenas, nada vejo.
Do poderoso lume que carrega
Potência de paixão e de desejo.

E sigo teu olhar de luz tão plena,
Seguindo como ao lume, uma falena...

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